Halictidae – Wikipédia, a enciclopédia livre
Halictidae | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Subfamílias | |||||||||||||||
|
Halictidae é a segunda maior família de abelhas[1] (sendo uma das linhagens da superfamília Apoidea), atualmente com quase 4.500 espécies.[2] Elas são comumente chamadas de abelhas do suor, pois geralmente são atraídas pela transpiração.[3][4]
É um grupo extremamente diverso que pode variar muito na aparência. Essas abelhas ocorrem em todo o mundo e são encontradas em todos os continentes[4] exceto na Antártida.[5] Eles são o grupo para o qual o termo "eussocial" foi cunhado para os himenópteros sociais pela primeira vez, pela entomologista Suzanne Batra.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Geralmente de cor escura (frequentemente marrom ou preto) e muitas vezes metálica, os halictídeos são encontrados em vários tamanhos, cores e padrões. Várias espécies são totalmente ou parcialmente verdes e algumas são vermelhas, roxas ou azuis.[4] Várias delas têm manchas amarelas, especialmente os machos, que geralmente têm rostos amarelos, um padrão comum entre as várias famílias de abelhas. As fêmeas desta família tendem a ser maiores que os machos.[6] Esta família é uma das muitas em Apoidea que apresentam línguas (glossa) curtas[6]. Mais tecnicamente, sobre as peças bucais, não apresentam um flabelo, e possuem o mento membranoso; as lacínias apresentam-se em forma de um pequeno lobo sobre a base da probócide, sendo bem separado da maxila. Apresentam uma sutura subantenal, e nã apresentam fóvea facial. Distinguem-se mais facilmente de outras famílias de Apoidea pela veia basal arqueada (ou seja, fortemente curvada) nas asas anteriores[7].
Ecologia
[editar | editar código-fonte]A maioria dos halictídeos nidifica no solo, frequentemente em habitats como solo argiloso, barrancos e margens de rio, embora alguns nidifiquem dentro da madeira.[6] Dentre os insetos conhecidos, as abelhas Halicitidae apresentam a maior gama de expressões de comportamentos de cuidado da prole, que desenvolvem-se em comportamentos sociais. De forma que existem espécies desde aquelas completamente solitárias até as que constroem comunidades envolvendo indivíduos de uma mesma espécie ou mesmo de diferentes espécies. Uma variedade impressionante de comportamentos sociais e de nidificação são exibidos pelos halictídeos, incluindo solitários, comunitários, semi-sociais e primitivamente eussociais.[4] Trata-se, assim, esta família de um modelo muito ilustrativo acerca da evolução dos himenópteros sociais.

Eussocialidade
[editar | editar código-fonte]Muitas espécies de Halictidae são eussociais, pelo menos em parte, apresentando divisão reprodutiva de tarefas (isto é, com casta de rainhas e de operárias separadas, mas diferentes do sistema de castas das abelhasmelíferas). O primeiro grupo de descendentes continua a construir e proteger o ninho, bem como a coletar alimentos para uma nova ninhada de larvas.
Certos comportamentos sociais parecem ser facultativos em várias linhagens.[8] Diferentes fatores bióticos e abióticos podem afetar esses comportamentos, como recursos florais, localização, altitude, estação e clima.[4] As espécies que não têm uma divisão de trabalho permanente e rígida, como Lasioglossum zephyrus ou Halictus rubicundus, são consideradas primitivamente eusociais.[9] Outro exemplo de uma espécie primitiva de abelha eusocial desta família é Halictus ligatus, para a qual a agressão é uma das atitudes comportamentais mais influentes para o estabelecimento e de organização social da hierarquia dentro das colônias.[10]
Cleptoparasitismo
[editar | editar código-fonte]Vários gêneros e espécies de halictídeos são cleptoparasitas de outras abelhas (principalmente outros halictídeos ou abelhas de tamanho semelhante[6]. O comportamento evoluiu pelo menos nove vezes de forma independente dentro da família. As espécies mais conhecidas e comuns são as do gênero Sphecodes, que têm uma aparência mais semelhante à de uma vespa; a fêmea Sphecodes entra na célula com a massa de provisão, come o ovo hospedeiro e põe um ovo próprio em seu lugar. Outros gêneros cleptoparasitas estudados incluem Megalopta e Temnosoma.
Espécies "noturnas"
[editar | editar código-fonte]Halictidae é uma das quatro famílias de abelhas que contém algumas espécies crepusculares; esses halictídeos são ativos apenas ao anoitecer ou no início da noite, portanto são tecnicamente considerados "vespertinos", ou às vezes verdadeiramente noturnos.[11] Essas abelhas, como é típico nesses casos, têm ocelos muito aumentados.
Relação com o humano
[editar | editar código-fonte]Ferroada
[editar | editar código-fonte]Alguns Halictídeos são importantes na polinização de plantações. Embora algumas espécies halictídeos sejam oligolégas (por exemplo, Rophites algirus que apenas visita as flores das plantas de urtiga[2]), a maioria é generalista, o que as torna polinizadores globais valiosos.
Picada
[editar | editar código-fonte]
Somente as fêmeas têm a capacidade de dar uma ferroada.[12] Devido à sua natureza não agressiva, eles só picam se forem incomodados; a picada é leve.[6] Os casos mais comuns de picadas ocorrem ao bater ou ao fazer contato acidental com um halictídeo que tenta lamber o suor de alguém, em busca dos eletrólitos dissolvidos.[13]
Filogenia
[editar | editar código-fonte]Halictidae pertence ao subclado de himenópteros Aculeata (himenópteros urticantes), superfamília Apoidea (abelhas e vespas), parte das linhagens "apidomorfas" tradicionalmente agrupadas em Anthophila (abelhas verdadeiras). Alguns autores ainda listam a família como uma subfamília dentro de Apidae, mas este não é mais o consenso corrente. Fósseis desta família são normalmente encontrados em âmbar da região do Báltico e da República Dominicana e sugerem que os Halictidae existem há pelo menos 96-75 milhões de anos.[2] O registro fóssil mais antigo de Halictidae remonta ao Eoceno Inferior[14] com várias espécies, como Neocorynura electra[15] e Augochlora leptoloba[16] conhecidas de depósitos de âmbar.
A monofilia da família reside sobre aspectos morfológicos de larvas e adultos, principalmente sobre as peças bucais. As relações filogenéticas entre as subfamílias ainda precisam ser melhor esclarecidas, mas Rophitinae aparenta parece ser o grupo irmão das três subfamílias restantes (Nomiinae, Nomioidinae, Halictinae) com base em dados morfológicos e moleculares.[17] No entanto, há ainda questões pendentes, como possível parafiletismo de Rophitinae.
Classificação
[editar | editar código-fonte]Atualmente, a família está dividida em quatro subfamílias, cerca de 75 gêneros e mais de 3500 espécies conhecidas.[7] Por volta de 75% das espécies estão na Região Neotropical, sendo Nomioidinae relativamente pequena e restrita ao Velho Mundo. Quase todas espécies conhecidas do Neotrópico pertencem à subfamília Halictinae.
- Ceblurgus
- Conanthalictus
- Dufourea
- Goeletapis
- Micralictoides
- Morawitzella
- Morawitzia
- Penapis
- Protodufourea
- Rophites
- Sphecodosoma
- Systropha
- Xeralictus
Subfamília Nomiinae:
- Dieunomia
- Halictonomia
- Lipotriches
- Mellitidia
- Nomia
- Pseudapis
- Ptilonomia
- Reepenia
- Spatunomia
- Sphegocephala
- Steganomus
Subfamília Nomioidinae:
Subfamília Halictinae:
Tribo Halictini
- Agapostemon
- Caenohalictus
- Dinagapostemon
- Echthralictus
- Eupetersia
- Glossodialictus
- Habralictus
- Halictus
- Homalictus
- Lasioglossum
- Mexalictus
- Microsphecodes
- Nesosphecodes
- Paragapostemon
- Patellapis
- Pseudagapostemon
- Ptilocleptis
- Rhinetula
- Ruizantheda
- Sphecodes
- Thrincohalictus
- Urohalictus
Tribo Thrinchostomini
Tribo Augochlorini
- Andinaugochlora
- Ariphanarthra
- Augochlora
- Augochlorella
- Augochlorodes
- Augochloropsis
- Caenaugochlora
- Chlerogas
- Chlerogella
- Chlerogelloides
- Corynura
- Halictillus
- Ischnomelissa
- Megalopta
- Megaloptidia
- Megaloptilla
- Megommation
- Micrommation
- Neocorynura
- Paroxystoglossa
- Pseudaugochlora
- Rhectomia
- Rhinocorynura
- Temnosoma
- Thectochlora
- Xenochlora
Fósseis halictídeos indeterminados:
Referências
- ↑ Danforth, Bryan N.; Cardinal, Sophie; Praz, Christophe; Almeida, Eduardo A. B.; Michez, Denis (7 de janeiro de 2013). «The Impact of Molecular Data on Our Understanding of Bee Phylogeny and Evolution». Annual Review of Entomology (em inglês) (Volume 58, 2013): 57–78. ISSN 0066-4170. doi:10.1146/annurev-ento-120811-153633. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ a b c «Bee Diversity». Museum of the Earth. Paleontological Research Institution. Consultado em 6 de dezembro de 2021 Erro de citação: Código
<ref>
inválido; o nome ":1" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ «Sweat Bees». Missouri Department of Conservation. Arquivado do original em 26 de setembro de 2015
- ↑ a b c d e «Sweat bees». Florida Wildflower Foundation. 15 de agosto de 2017. Consultado em 6 de dezembro de 2021
- ↑ Bolt, Clay (16 de Junho de 2023). «Five myths about bees: The truth about these remarkable insects». WWF. World Wide Fund for Nature
- ↑ a b c d e Hauze, Deena. «Halictidae (halictid bees, sweat bees)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 6 de dezembro de 2021 Erro de citação: Código
<ref>
inválido; o nome ":3" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ a b FERNANDEZ, Fernando (2006). Introducción a los Hymenoptera de la Región Neotropical. Bogotá: Sociedad Colombiana de Entomología. 480 páginas. ISBN 9789587017083
- ↑ Yanega, D. (1 de junho de 1993). «Environmental influences on male production and social structure inHalictus rubicundus (Hymenoptera: Halictidae)». Insectes Sociaux (em inglês) (2): 169–180. ISSN 1420-9098. doi:10.1007/BF01240705. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ Batra, Suzanne W. T. (1966). «The life cycle and behavior of the primitively social bee Lasioglossum zephyrum (Halictidae)». Univisty of Kansas Science Bulletin. 46: 359–423
- ↑ Pabalan, N.; Davey, K. G.; Packer, L. (1 de setembro de 2000). «Escalation of Aggressive Interactions During Staged Encounters in Halictus ligatus Say (Hymenoptera: Halictidae), with a Comparison of Circle Tube Behaviors with Other Halictine Species'». Journal of Insect Behavior (em inglês) (5): 627–650. ISSN 1572-8889. doi:10.1023/A:1007868725551. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ Greiner, Birgit; Ribi, Willi A.; Warrant, Eric J. (1 de junho de 2004). «Retinal and optical adaptations for nocturnal vision in the halictid bee Megalopta genalis». Cell and Tissue Research (3): 377–390. ISSN 0302-766X. doi:10.1007/s00441-004-0883-9. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ Carroll, Jackie (25 de junho de 2015). «Sweat Bees In Gardens – Tips For Sweat Bee Control». Gardening Know How (em inglês). Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ «No Need To Sweat Non-Aggressive Sweat Bees Or Lookalike Hover Flies». Forest Preserve District of Will County. Consultado em 7 de dezembro de 2021
- ↑ Engel, Michael S.; Archibald, S. Bruce (fevereiro de 2003). «An Early Eocene bee (Hymenoptera: Halictidae) from Quilchena, British Columbia». The Canadian Entomologist (em inglês) (1): 63–69. ISSN 1918-3240. doi:10.4039/n02-030. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ Engel, Michael S. (1995). «Neocorynura electra, a New Fossil Bee Species from Dominican Amber (Hymenoptera: Halictidae)». Journal of the New York Entomological Society (3): 317–323. ISSN 0028-7199. Consultado em 13 de janeiro de 2025
- ↑ Engel, M.S. (2000). «Classification of the bee tribe Augochlorini (Hymenoptera, Halictidae)» (PDF). Bulletin of the American Museum of Natural History. 250. 1 páginas. doi:10.1206/0003-0090(2000)250<0001:COTBTA>2.0.CO;2
- ↑ Patiny, S.; Michez, D.; Danforth, B. N. (2008). «Phylogenetic relationships and host-plant evolution within the basal clade of Halictidae (Hymenoptera, Apoidea)». Cladistics (em inglês) (3): 255–269. ISSN 1096-0031. doi:10.1111/j.1096-0031.2007.00182.x. Consultado em 13 de janeiro de 2025
Links externos
[editar | editar código-fonte]- Família Halictidae Fotos de diagnóstico em grande formato, informações.
- Tudo sobre a abelha-do-suor - Descrição e foto da abelha-do-suor.
- Galeria de imagens de Gembloux Arquivado em 2016-03-03 no Wayback Machine
- BugGuide – Pesquisa: Halictidae (apenas espécies norte-americanas).
- Guias de identificação on-line para Halictidae do leste da América do Norte
- Halictidae no site UF / IFAS Featured Creatures