Heteroglossia – Wikipédia, a enciclopédia livre

O termo heteroglossia (do grego ἕτερος, transl. heteros: 'outro', 'diferente'; γλῶσσα, transl. glóssa, 'língua') descreve a coexistência de variedades distintas de um único código linguístico. A palavra é uma tradução do russo разноречие, transl. raznorechiye, que significa, literalemente, 'diferentes discursos' e relaciona a condição social ao tipo de linguagem. Assim, a diversidade de tipos de linguagem estaria ligaa a fatores sociais tais como profissão, gênero, personalidade e tendências particulares do indivísuo. O conceito foi introduzido pelo linguista russo Mikhail Bakhtin, no seu ensaio Слово в романе, transl. "Slovo v romane", de 1934, publicado em inglês como "Discourse in the Novel" (em português, 'Discurso no romance'), no livro The Dialogic Imagination: Four Essays. [1]

Bakhtin defende que a potência de um romance provém da coexistência de conflito entre differentes discursos: o discurso dos personagens, o discurso do narrador e até mesmo o discurso do autor. Define heteroglossia como "um outro discurso em uma outra língua, que serve para exprimir as intenções do autor - porém de maneira refratada". Ele aponta o discurso narrativo do autor - mais que as trocas entre personagens - a primeira fonte do conflito .

Referências

  1. BAKHTIN, Mikhail. "Discourse in the novel" in The Dialogical imagination. 15.ed. Austin: University of Texas Press, 2004 (pp. 263, 291 e 293)


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