Erich Honecker – Wikipédia, a enciclopédia livre
Erich Honecker | |
---|---|
Erich Honecker | |
Secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha | |
Período | 3 de maio de 1971 – 18 de outubro de 1989 |
Antecessor(a) | Walter Ulbricht |
Sucessor(a) | Egon Krenz |
Presidente do Conselho de Estado da Alemanha Oriental | |
Período | 29 de outubro de 1976 – 18 de outubro de 1989 |
Antecessor(a) | Willi Stoph |
Sucessor(a) | Egon Krenz |
Dados pessoais | |
Nome completo | Erich Ernst Paul Honecker |
Nascimento | 25 de agosto de 1912 Neunkirchen, Sarre Império Alemão |
Morte | 29 de maio de 1994 (81 anos) Santiago do Chile |
Esposa | Charlotte Schanuel (1945–1947) Edith Baumann (1947–1953) Margot Feist (1953–1994) |
Filhos(as) | 2 |
Partido | KPD (1922–1946) SED (1946–1989) |
Religião | Ateu |
Erich Honecker (Neunkirchen, 25 de agosto de 1912 – Santiago do Chile, 29 de maio de 1994) foi um político alemão, que serviu como presidente da Alemanha Oriental de 1976 até 1989.[1]
Em 1971 substituiu Willi Stoph no cargo de secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA) e Walter Ulbricht no cargo do Presidente do Conselho Nacional de Defesa.[1] Em 29 de outubro de 1976 foi eleito Presidente do Conselho de Estado pelo parlamento da República Democrática Alemã (RDA) (em alemão: Volkskammer, em português: "Câmara do Povo").[1]
Seu governo foi marcado por algumas reformas econômicas e melhorias nas relações internacionais do país, incluindo uma aproximação com a Alemanha Ocidental, embora o Estado policial, encabeçado pela Stasi, tenha sido ampliado para suprimir a oposição política interna.[1] A partir da década de 1980, mesmo com o começo do colapso dos regimes comunistas na Europa Oriental e as reformas liberais na União Soviética (conhecidas como perestroika e glasnost) feitas por Mikhail Gorbachev, Honecker permaneceu irredutível e se recusava a realizar reformas políticas, mantendo um sistema totalitário de orientação stalinista.[1] Porém, os protestos pedindo democracia e liberdade econômica se alastraram pela Alemanha Oriental. Honecker chegou a pedir para Gorbachev para intervir militarmente na Alemanha a fim de reprimir as manifestações anticomunistas, mas o premier soviético se recusou.[1] Em outubro de 1989, Erich Honecker perdeu apoio do Politburo alemão e foi forçado a renunciar pela liderança do partido. Menos de um ano após sua saída do poder, o regime comunista da Alemanha Oriental entraria em colapso.[1]
Em novembro de 1990, um mês após a reunificação da Alemanha, foi iniciado um inquérito oficial. Honecker foi preso por um dia e refugiou-se, depois de estadias - entre outros - num hospital militar das forças armadas soviéticas perto de Berlim, em Moscovo, na União Soviética, em 13 de março de 1991.[1] Devido à ordem de prisão existente, foi extraditado de volta para o território alemão em 29 de julho de 1992, onde foi preso e julgado por ser um dos responsáveis do Schießbefehl, a ordem de atirar em todas as pessoas que tentavam cruzar o Muro de Berlim e a fronteira fortificada entre a Alemanha Ocidental e a Oriental.[1]
Devido a sofrer de câncer terminal, foi solto em 27 de agosto de 1993 e morreu no exílio, no Chile, em 29 de maio de 1994.[1]
Origem e início na política
[editar | editar código-fonte]Honecker nasceu em Max-Braun-Straße em Neunkirchen, agora Saarland, filho de um minerador, Wilhelm, e Caroline Catharina Weidenhof. Honecker tinha cinco irmãos: Katharina, Wilhelm, Frieda, Gertrud, e Karl-Robert.
Entrou na Liga dos Jovens Comunistas da Alemanha (KJVD), uma espécie de União da Juventude Comunista, ou Komsomol do Partido Comunista, em 1926 e só entrou oficialmente no KPD (PCA) em 1929. Entre 1928 e 1930, trabalhou como construtor de telhas. Mais tarde foi até Moscou para estudar no "Colégio Internacional Lênin" e adiante tornou-se um militante político.
Retornando à Alemanha em 1931, foi preso em 1935, dois anos depois da posse nazista. Em 1937, foi condenado como prisioneiro por atividades comunistas, e ficou preso até o fim da guerra, em 1945, voltando às atividades no partido, sob a liderança de Walter Ulbritch, torna-se um dos primeiros membros do recém criado (uma fusão entre o KPD e o Partido Social-Democrata) Partido Socialista da Alemanha Unificado (Sozialistische Einheitspartei Deutschlands - SED).
O SED ganha as eleições em outubro de 1946, e Honecker consegue tomar liderança dentro do partido, participando do Congresso do povo alemão (Deutscher Volkskongress). A República Democrática Alemã era criada em 7 de outubro de 1949 sob nova constituição, e com uma política semelhante a da União Soviética. Honecker foi candidato para secretário do Comitê Central em 1950, mas acabou tomando poder no Politbüro alemão oriental em 1958.
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Honecker foi casado com Edith Baumann de 1950 até e divorciar em 1953. Tiveram uma filha, Erika (n. 1950).
Em 1953 casou-se com Margot Feist, com quem permaneceu casado até sua morte.[1] Tiveram uma filha, Sonja, nascida em 1952.[1]
Margot Honecker serviu por mais de vinte anos como ministra da Alemanha Oriental para a Educação Popular.
A gestão de Honecker
[editar | editar código-fonte]Em 1961, Honecker, como secretário do Comitê Central para assuntos oficiais, esteve na cobertura da construção do Muro de Berlim. Em 1971, iniciou uma militância política, que com a ajuda da União Soviética, o fez chegar até a liderança do partido, substituindo Walter Ulbricht como Secretário-Geral do Comitê Central do SED, também chegou a ser o chefe do conselho de segurança nacional.
Em 1976, chegou à liderança do país, tornando-se Chefe do conselho de estado (Vorsitzender des Staatsrats der DDR) e o chefe de estado, por sinal. Sob a gestão de Honecker, a RDA adotou o "socialismo de consumo", o que resultou em uma melhoria significativa nos padrões de vida dos alemães, bastante alto entre os países do bloco oriental. Mais atenção foi colocada ao se tratar da disponibilidade de bens de consumo, e a construção de habitação foi acelerada.
Nas relações externas, Honecker negou a proposta de uma Alemanha unificada e aprovou a "posição defensiva".
Ele jurou lealdade para com a URSS,[carece de fontes] e flexibilidade para a détente,[carece de fontes] especialmente em relação à aproximação com a Alemanha Ocidental. Em setembro de 1987, ele se tornou o primeiro chefe de Estado da Alemanha Oriental a visitar a Alemanha Ocidental. No final dos anos 1980, o líder soviético Mikhail Gorbachev introduziu a glasnost e a perestroika, as reformas para liberalizar o comunismo. Honecker e o governo da Alemanha Oriental, no entanto, recusou-se a implementar reformas semelhantes na RDA.
Honecker disse a Gorbachev: "Já temos feito a nossa perestroika, não temos nada para reestruturar".
No entanto, como a propagação movimento de reforma e abertura econômica em todo bloco comunista, e principalmente contra a Alemanha Oriental, o governo entrou em erupção, o golpe fatal na Alemanha Oriental foram as manifestações de 1989 em Leipzig.
Confrontados com os distúrbios civis, os camaradas do Politbüro conspiraram para substituir Honecker, que idoso e doente foi forçado a renunciar em 18 de Outubro de 1989, e sendo substituído por Egon Krenz.[1]
Alemanha pós-Honecker
[editar | editar código-fonte]Depois que a RDA foi dissolvida em outubro de 1990, Honecker permaneceu com a família do pastor luterano Uwe Holmer, em seguida, ficou em um hospital militar soviético, perto de Berlim, antes de, mais tarde, fugir com Margot Honecker a Moscou, para evitar processos por acusações de crimes durante a Guerra Fria. Foi acusado pelo governo alemão pelo envolvimento em punições aos alemães orientais que tentaram sair ilegalmente da RDA.
Após a dissolução da União Soviética em dezembro de 1991, Honecker refugiou-se na embaixada chilena em Moscou, mas foi convencido a ser extraditado pela administração de Boris Iéltsin para a Alemanha em 1992.
No entanto, quando o julgamento foi iniciado, já em 1993, Honecker foi libertado, devido a problemas de saúde, e em 13 de janeiro deste mesmo ano, emigrou para o Chile para viver com sua filha Sonja, seu genro chileno Leonardo Yáñez Betancourt, e seu neto Roberto.
Morreu de câncer no fígado em Santiago e seu corpo foi cremado.
Na cultura popular, Honecker foi lembrado e famosamente desenhado beijando o líder soviético Leonid Brejnev em um mural satírico intitulado "Beijo Fraterno" nas localidades do Muro de Berlim (Galeria do lado oriental), pintado pelo artista Dmitri Vrubel.
Citações
[editar | editar código-fonte]- "O Futuro ao Socialismo pertence." (Original: "Die Zukunft gehört dem Sozialismus.") (início dos anos 1980)
- "Sempre avante, nunca para trás." (Original: "Vorwärts immer, rückwärts nimmer.") (início dos anos 1980)
- "O muro estará em pé, até 50 e até mesmo 100 anos, mas isto se as razões pelo qual ele está lá não forem removidas." (Original: "Die Mauer wird in 50 und auch in 100 Jahren noch bestehen bleiben, wenn die dazu vorhandenen Gründe noch nicht beseitigt sind.") (Berlim, 19 de Janeiro de 1989)
- "Nem um boi, nem um burro é capaz de conter o avanço do Socialismo." (Original: "...") (Berlim, 7 de Outubro de 1989)
Referências
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]
- Literatura de e sobre Erich Honecker (em alemão) no catálogo da Biblioteca Nacional da Alemanha
Precedido por Willi Stoph | Chefe de Estado da República Democrática Alemã 29 de outubro de 1976 - 18 de outubro de 1989 | Sucedido por Egon Krenz |
Precedido por Walter Ulbricht | Secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha 3 de maio de 1971 - 18 de outubro de 1989 | Sucedido por Egon Krenz |