Humé – Wikipédia, a enciclopédia livre
Humé, Umé Jilmi ou Humai ou Umai ((H)ummay; m. 1086)[1] foi o primeiro maí (rei) do Império de Canem da dinastia sefaua e governou de 1075 a 1086.[2]
Vida
[editar | editar código-fonte]Humé tinha um nome que derivada de Maomé,[3] o nome do profeta, e possuía ascendência ou era berbere, com sua mãe pertencendo aos cais (coians).[4] Isso explica o trecho no Girgam (Divã), a crônica real de Canem, que afirma que até a quarta geração de sucessores de Humé, todos os maís (reis) eram vermelhos como os beduínos.[5] Ele talvez pode originário de Cauar, um oásis a oeste de Canem, mas isso é incerto.[6] Ele foi fundador de sua dinastia (por vezes designada Banu Humé) e chegou ao trono após ser convertido. A tradição atribuiu a Maomé ibne Mani, um missionário islâmico, a conversão ou ao menos a confirmação e fortalecimento desse monarca no islamismo. Humé é por vezes tido pelos cronistas como o primeiro maí muçulmano de Canem, porém o maram (carta de privilégio) concedido à família de Mani indica que viveu no país sob três reis antes da ascensão de Humé.[5]
Roman Loimeier sugeriu que tenha se convertido ao islamismo sunita-maliquita, possivelmente sob influência do Império Almorávida, que localizava-se mais a oeste, e isso refletiria a negação da corrente ibadita que estavam sofrendo crescente marginalização no norte da África nessa época.[2] Humé assumiu ao poder mediante a usurpação do trono dugua ou Bani Ducu, uma linhagem que por vezes é associada aos zagauas, os fundadores de Canem.[5] É possível que sua ascensão ocorreu pela aliança com os canúris e a promessa de aumentar os lucros advindos do comércio transaariano pela hegemonia dos aliados perante clãs vizinhos.[7] Faleceu no Egito, talvez enquanto fazia o haje (peregrinação) a Meca, e foi sucedido por seu filho Dunama I, nascido de mulher de origem tubu.[8]
Ver também
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Precedido por Abdal Jalil[9] | Maí de Canem 1075—1086 | Sucedido por Dunama I |
Referências
- ↑ Lopes 2017.
- ↑ a b Loimeier 2013, p. 84.
- ↑ Lange 2010, p. 268.
- ↑ Lange 2010, p. 274.
- ↑ a b c Silva 2009.
- ↑ Lange 2010, p. 269; 293.
- ↑ Middleton 2015, p. 484.
- ↑ Lange 2010, p. 274; 284.
- ↑ Lange 2010a, p. 529.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Lange, Dierk (2010). «Cap. X - Reinos e povos do Chade». In: Niane, Djibril Tamsir. História Geral da África – Vol. IV – África do século XII ao XVI. São Carlos; Brasília: Universidade Federal de São Carlos
- Lange, Dierk (2010a). «Cap. XV - A região do Chade na qualidade de entroncamento». In: El Fasi, Mohammed; Hrbek, I. História Geral da África – Vol. III – África do século VII ao XI. São Carlos; Brasília: Universidade Federal de São Carlos
- Loimeier, Roman (2013). Muslim Societies in Africa: A Historical Anthropology. Bloomington e Indianópolis: Indiana University Press
- Lopes, Nei Bras; Macedo, José Rivair (2017). «Umé». Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI. Belo Horizonte: Autêntica Editora
- Middleton, John (2015). World Monarchies and Dynasties. Londres: Routledge
- Silva, Alberto da Costa (2009). A Enxada e a Lança - A África Antes dos Portugueses. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira Participações S.A. ISBN 978-85-209-3947-5