Iauareté – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Distrito do Brasil | ||
Localização | ||
Coordenadas | ||
Estado | Amazonas | |
Município | São Gabriel da Cachoeira | |
Características geográficas | ||
Área total | km² | |
População total | 3 000 habitantes hab. |
Iauareté, ou Iauaretê, é um povoado do município brasileiro de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas.
O nome
[editar | editar código-fonte]Seu nome, como o de várias outras dessa região de fronteira, é definido nas inúmeras narrativas míticas até hoje guardadas pela memória social dos povos indígenas da área. Iauareté é a "cachoeira das onças", local onde em um passado remoto viveu uma gente-onça, propensa à guerra e ao canibalismo, e cujo extermínio coube aos irmãos Diroá, personagens-deuses dos mitos indígenas, que legariam aos homens de hoje vários rituais e conhecimentos xamânicos.
História
[editar | editar código-fonte]Iauaretê foi também uma povoação de grande importância durante a história mais recente de colonização da região. Situada no ponto de confluência dos rios Uaupés e Papuri, sub-regiões densamente povoadas pelos índios Tariano, Tukano, Pira-Tapuia, Wanano, Arapasso, Tuyuka e outros, serviu como ponto de referência para inúmeros viajantes que percorreram a área desde o final do século XVIII, para seringueiros e comerciantes que exploravam a mão-de-obra indígena e, finalmente, como base para os missionários salesianos que em 1930 implantaram ali uma grande missão dedicada à catequese dos índios. Em cinco décadas de funcionamento, seus internatos receberam centenas de alunos indígenas. No fim dos anos 1980, foram construídos em Iauaretê um pelotão do Exército e uma pista de pouso, no âmbito de um programa de defesa e colonização da fronteira norte-amazônica, o chamado Projeto Calha Norte.
A população local é de cerca de 3 mil pessoas, e o aspecto do lugar é o de uma pequena cidade, com energia elétrica, telefonia, televisão, colégios e comércio.
Geografia
[editar | editar código-fonte]Maiores acumulados de precipitação em 24 horas registrados em Iauaretê por meses (INMET) | |||||
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Mês | Acumulado | Data | Mês | Acumulado | Data |
Janeiro | 124 mm | 07/01/1971 | Julho | 100,7 mm | 25/07/1967 |
Fevereiro | 146,8 mm | 01/02/1993 | Agosto | 98,8 mm | 15/08/2005 |
Março | 132,9 mm | 21/03/1997 | Setembro | 172,1 mm | 26/09/1999 |
Abril | 189,9 mm | 24/04/2002 | Outubro | 143 mm | 29/10/2003 |
Maio | 158,1 mm | 12/05/1977 | Novembro | 105,4 mm | 21/11/1989 |
Junho | 137,6 mm | 08/06/2003 | Dezembro | 153,8 mm | 18/12/2002 |
Período: 1961 a 1990 e a partir de 1993[1] |
Iauareté está localizado dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro, no extremo noroeste da Amazônia brasileira. A localidade é o ponto onde o rio Uaupés adentra o território brasileiro, após percorrer uma extensa zona desde suas nascentes na Colômbia e delimitar por largo trecho a fronteira entre os dois países.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1961 a 1990 e a partir de 1993, a menor temperatura registrada em Iauaretê foi de 15,8 ºC em 19 de julho de 1975,[2] e a maior atingiu 39,4 ºC em 13 de fevereiro de 2010.[3] O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 189,9 mm em 24 de abril de 2002. Outros grandes acumulados superiores a 150 mm foram 172,1 mm em 26 de setembro de 1999, 158,1 mm em 12 de maio de 1977 e 153,1 mm em 18 de dezembro de 2002.[1] O mês de maior precipitação foi maio de 1976, quando foram registrados 952,2 mm, seguido por janeiro de 1971 (934,6 mm), março de 1971 (849,7 mm) e janeiro de 1976 (705 mm).[4]
Dados climatológicos para Iauaretê | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 38 | 39,4 | 37,1 | 37 | 36,2 | 39,8 | 36 | 36,8 | 37,8 | 37,8 | 37,6 | 38,1 | 39,4 |
Temperatura máxima média (°C) | 32,4 | 32,1 | 32,3 | 31,9 | 31,4 | 31 | 30,8 | 31,6 | 32,6 | 32,7 | 32,4 | 32,2 | 32 |
Temperatura média compensada (°C) | 26,2 | 26,2 | 26,3 | 26,2 | 26 | 25,6 | 25,3 | 25,8 | 26,3 | 26,4 | 26,4 | 26,2 | 26,1 |
Temperatura mínima média (°C) | 22,1 | 22 | 22,1 | 22,3 | 22,2 | 21,8 | 21,4 | 21,6 | 21,8 | 22 | 22,2 | 22 | 22 |
Temperatura mínima recorde (°C) | 17,7 | 18,8 | 19,2 | 18,8 | 17,4 | 16,8 | 15,8 | 17 | 18,8 | 18,4 | 19,5 | 18,5 | 15,7 |
Precipitação (mm) | 233,3 | 234,5 | 279,1 | 328,5 | 378,7 | 341,1 | 313,2 | 243,9 | 220,9 | 240,6 | 215,7 | 233,2 | 3 262,7 |
Dias com precipitação (≥ 1 mm) | 17 | 16 | 18 | 20 | 22 | 21 | 21 | 19 | 16 | 16 | 14 | 17 | 217 |
Umidade relativa compensada (%) | 87,3 | 87 | 87,5 | 87,5 | 88,7 | 88,8 | 88,7 | 87,2 | 85,5 | 86,2 | 86,4 | 87,6 | 87,4 |
Insolação (h) | 109,3 | 89,5 | 106,3 | 96,3 | 98,8 | 93,9 | 108,6 | 123,4 | 131,5 | 127,1 | 124,3 | 115 | 1 324 |
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (normal climatológica de 1981-2010;[5] recordes de temperatura de 1961 a 1990 e a partir de 1993)[2][3] |
Patrimônio cultural
[editar | editar código-fonte]A Cachoeira de Itaueretê
[editar | editar código-fonte]Devido às mudanças no cenário e ao novo estilo de vida que os índios passaram a adotar, algumas das lideranças locais solicitaram ao IPHAN, em 2004, o registro da Cachoeira de Iauaretê como patrimônio imaterial no Livro de Lugares, dentro do contexto do Decreto 3551/2000, que dispõe sobre o registro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial.
Atendendo à solicitação dessas lideranças, o IPHAN desenvolveu, entre 2004 e 2005, um extenso trabalho de documentação da cachoeira, que deu origem a um dossiê sobre os significados culturais do lugar e de seus diversos acidentes geográficos (rochas, pedrais, canais e ilhas que cristalizam os feitos dos seres criadores do começo dos tempos).
Em agosto de 2006, o Conselho Consultivo daquele órgão aprovou o pedido de registro, baseando-se na documentação técnica produzida por técnicos do órgão e do ISA. A Cachoeira de Iauaretê é, agora, o primeiro bem cultural que figura do recém-aberto Livro dos Lugares, ato de reconhecimento pelo Estado que implica o desenvolvimento de outras ações de salvaguarda visando à conservação desse patrimônio cultural.
A Serra do Bem-Te-Vi
[editar | editar código-fonte]Porém, no mesmo ano, a Aeronáutica anunciou planos para dinamitar o afloramento rochoso da Serra do Bem-Te-Vi, com vistas a aumentar a pista de pouso local. Tal serra tem importância local semelhante à da Cachoeira do Iauaretê, e os índios tarianos acreditam ser lá a morada espiritual de Kamewa Perisi, ancestral dos principais sibs[nota 1] dos grupos étnicos. Em resposta às manifestações, a Comissão de Aeroportos da Amazônia (COMARA) anunciou a suspensão das obras em outubro.
Referências
- ↑ a b «BDMEP - série histórica - dados diários - precipitação (mm) - Iauaretê». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de setembro de 2014
- ↑ a b «BDMEP - série histórica - dados diários - temperatura mínima (ºC) - Iauaretê». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de setembro de 2014
- ↑ a b «BDMEP - série histórica - dados diários - temperatura máxima (ºC) - Iauaretê». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de setembro de 2014
- ↑ «BDMEP - série histórica - dados mensais - precipitação total (mm) - Iauaretê». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 11 de setembro de 2014
- ↑ «NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DO BRASIL». Instituto Nacional de Meteorologia. Consultado em 6 de maio de 2018
Notas
- ↑ sibs ou fratrias são uma espécie de linhagem social, dentro do grupo étnico