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Igreja de Cartago
(Sé Episcopal de Cartago)
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Ruínas da Basílica de Cartago
Líder Bispo de Cartago
Área geográfica África romana
Sede Cartago
Fundador Setenta Apóstolos
Epêneto de Cartago (segundo a tradição)
Origem Séc. II
Separações Igreja donatista
Elevada a arquidiocese no Séc. III

Extinta no Séc. XII

A Igreja de Cartago ou Igreja da África, também conhecida, posteriormente, como Arquidiocese de Cartago (em latim: Archidioecesis Carthaginensis) foi uma Igreja cristã histórica centrada na cidade de Cartago que existiu nos séculos II a XIII.[1][2][3]

O primeiro bispo documentado de Cartago por volta de 230 foi Agripino.[4]

Após a destruição da primitiva Cartago pela República Romana na Terceira Guerra Púnica em 146 a. C., a cidade foi restaurada como a Cartago Romano graças à iniciativa de Caio Júlio César e à implementação deste projeto pelo Imperador Augusto. Quando o Cristianismo estava firmemente estabelecido na província romana da África, Cartago tornou-se seu centro espiritual natural.[5] Cartago posteriormente exerceu a primazia não oficial como arquidiocese, sendo o mais importante centro do Cristianismo em toda a África romana, correspondendo à maior parte do Magrebe.[3] Assim, o chefe da Igreja gozou do título honorário de patriarca, assim como de primaz da África: o papa Leão I confirmou a primazia do bispo de Cartago em 446: “de fato, depois do bispo de Roma, o primeiro arcebispo e metropolita maior de toda a África é o bispo de Cartago”.[3][6][7][8][9]

Assim, a Igreja cartaginesa foi para a primitiva Igreja africana um elo de ligação e unificação, assim como a Igreja romana foi para a Igreja cristã na Itália.[10] A arquidiocese usava o Rito africano, uma variante de um dos ritos litúrgicos ocidentais em latim, possivelmente um uso local primitivo do Rito Romano. Entre as figuras célebres desta Igreja destacam-se - Santa Perpétua e Santa Felicidade, com companheiros (que foram martirizados por volta de 203), Tertuliano (cerca de 155-240), Cipriano (cerca de 200-258), Caeciliano (falecido em 345), Aurélio de Cartago (falecido em 429) e Eugênio de Cartago (falecido em 505). Tertuliano e Cipriano são ambos considerados Pais da Igreja Cristã. Tertuliano, um teólogo de origem berbere, foi fundamental no desenvolvimento do conceito da Trindade e foi o primeiro a fazer uso extensivo do latim em seus escritos teológicos. Assim, Tertuliano tem sido chamado de "o pai da Igreja Latina" e "o fundador da teologia ocidental".[11][12][13] Cartago permaneceu um importante centro do Cristianismo, onde foram realizados vários Concílios em Cartago.[14][15][16][17][18]

No século VI, a Igreja enfrentou sérios desafios que ameaçavam a existência da própria Igreja cartaginesa, eram eles: Donatismo, Arianismo, Maniqueísmo e Pelagianismo. Alguns defensores dessas heresias estabeleceram suas próprias estruturas paralelas.[19][20]

Cartago caiu após a Batalha de Cartago durante a conquista muçulmana do norte da África.[21] O trono arquiepiscopal permaneceu, mas o Cristianismo nessas terras entrou em decadência e foi destruído devido à severa perseguição dos muçulmanos.[21] O último arcebispo permanente, Ciríaco, foi documentado em 1076.[8][22]

Cipriano de Cartago (Táscio Cecílio Cipriano), Bispo de Cartago, Pai da Igreja, martirizado em 258.

Na tradição cristã, o apóstolo Crescêncio, nomeado pelo apóstolo Pedro, ou Esperado, um dos mártires cilitanos é nomeado o primeiro bispo de Cartago. Epêneto é mencionado nas listas dos setenta apóstolos por Pseudo-Doroteu e Pseudo-Hipólito.[17][23] Na história do martírio de Santa Perpétua e seus companheiros em 203, Optato é mencionado, que geralmente é considerado o bispo de Cartago, mas que pode ser o bispo de Tuburbo Menor. O primeiro bispo documentado de Cartago foi Agripino no final do séc. II. Outro bispo documentado de Cartago é Donato, o predecessor imediato de Cipriano (249-258).[17][24][25][26][27]

  1. Nos atos de martírio das santas Perpétua e Felicidade, é feita menção de Optatus ao qual é atribuído o título de "padre", próprio dos bispos: Nonne tu es pater noster? Muitos autores o consideram bispo de Cartago; para Audollent (Carthage romaine, p. 447, nota 1) poderia ser bispo de Tuburbo Minore, que talvez fosse a cidade de origem das duas mártires. Em relação à sua posição antes ou depois de Agripino, as posições não são unânimes.
  2. Apoiador do antipapa Novaciano.
  3. O Concílio de Cartago, de 252, decidiu readmitir a comunhão eclesiástica com os lapsi; um grupo dissidente não aceitou essas decisões, declarou o bispo Cipriano deposto e elegeu seu próprio bispo na pessoa de Fortunato. A partir desse momento, Cartago teve três bispos ao mesmo tempo.
  4. Luciano e Carpoforo foram os sucessores imediatos de São Cipriano, conforme documentado por Santo Optato de Milevi no De schismate Donatistarum. No entanto, os manuscritos deste trabalho contêm duas versões, segundo as quais Luciano precedeu ou sucedeu Carpoforo. Os autores citados entre as fontes bibliográficas preferem inserir Luciano entre Cipriano e Carpoforo.
  5. O texto do De schismate Donatistarum fala de Luciano, Carpoforo et ceteri, isto é, de outros bispos, antes de Ceciliano. Entre esses "outros bispos", alguns autores inserem o nome de Ciro, conhecido graças a um discurso de Santo Agostinho, hoje desaparecido, o De depositione Cyri episcopi Carthaginensi. Morcelli, Gams e Toulotte encaixam Ciro depois de Agripino e Donato; Mesnage (pp. 3-4) depois de Carpoforo. Por Audollent a sua cronologia é incerta (p. 467, nota 1).
  6. Viveu nos momentos difíceis da perseguição de Diocleciano, do início do problema dos lapsi e do nascimento do movimento donatista.
  7. Foi o único bispo africano a participar do concílio de Niceia de 325.
  8. Ele foi consagrado bispo por Donato de Casa Nigra
  9. Figura controversa, chamado pelas fontes como "Donato, o Grande". Segundo Ottato di Milevi, Donato, o Grande, é o mesmo Donato de Casa Nigra; Santo Agostinho em vez disso, distingue os dois personagens. Morreu no exílio, ao qual foi condanado em 347; na sua morte (Audollent, p. 521, nota 8), os seus apoiadores elegeram Parmeniano.
  10. Pseudobispo de Cartago, ele participaria de um concílio romano sob o Papa Júlio I contra os arianos, celebrado entre 337 e 340. Este concílio é atestado apenas por uma falsificação, composta em meados do século IX.
  11. Participou do Concílio de Sárdica (343/344) e presidiu um concílio cartaginês celebrado em um período não especificado entre 345 e 348.
  12. Participou do Concílio de Rimini de 359.
  13. Por conta da ocupação dos Vândalos não pôde participar pessoalmente do Concílio de Éfeso de 431, onde ele foi representado pelo diácono Basula. No calendário litúrgico de Cartago, era lembrado como sanctus.
  14. Foi exilado em Nápoles em 439, onde morreu.
  15. Exilado em Eucaita, morreu em 7 de janeiro de 563.
  16. Mencionado em diversas cartas do Papa Gregório I.
  17. Um selo de chumbo descoberto em Cartago leva o nome de um Stephanus archiepiscopus, de difícil colocação cronológica.
  1. «CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: Early African Church». www.newadvent.org. Consultado em 31 de maio de 2023 
  2. «CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: Carthage». www.newadvent.org. Consultado em 1 de junho de 2023 
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  4. a b András Handl & Anthony Dupont. «Who was Agrippinus? Identifying the First Known Bishop of Carthage». Church History and Religious Culture. 98 (3-4). p. 344-366. doi:10.1163/18712428-09803001 
  5. Bunson, Matthew (14 de maio de 2014). Encyclopedia of the Roman Empire (em inglês). [S.l.]: Infobase Publishing 
  6. Primus archiepiscopus et totius Africae maximus metropolitanus est Carthaginiensis episcopus
  7. Herbermann, Charles, ed. "Africa". Catholic Encyclopedia. (New York: Robert Appleton Company, 1913)
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  32. Ele foi o antecessor imediato de São Cipriano; Audollent (Carthage romaine, p. 467) o coloca entre 236 e 248.
  33. Audollent, Carthage romaine, pp. 485-486.
  34. Audollent, Carthage romaine, p. 506, nota 1.
  35. Mesnage, L'Afrique chrétienne, p. 3.
  36. Audollent, Carthage romaine, p. 514, nota 1.
  37. P. Hinschius, Decretales Pseudo-Isidorianae et Capitula Angilrami, Leipzig 1863, p. 454. Mandouze, Prosopographie de l'Afrique chrétienne, p. 1008.
  38. Audollent, Carthage romaine, p. 544.
  39. Audollent, Carthage romaine, p. 545.
  40. Mesnage, L'Afrique chrétienne, p. 7. Toulotte, Géographie de l'Afrique chrétienne, pp. 95-96.