Igreja de Santa María del Naranco – Wikipédia, a enciclopédia livre
Santa María del Naranco é uma igreja Pre-românica Asturiana situada a três quilómetros de Oviedo, sobre a ladeira Sul do Monte Naranco, que originalmente foi o palácio do rei Ramiro I, construída em 842 e consagrada em junho de 848.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Construída a 3 Kilómetros de Oviedo, faz parte de um conjunto de edifícios Pré-Românicos que inclui a Basílica de San Miguel de Lillo, construída a cerca de 200 metros a Noroeste de Santa María del Naranco. Esta Aula Régia foi transformada em Igreja por volta so Século XII, evidenciado na sua citação na Crónica Silense como "Templo de Santa Maria".[2] Como este edifício estaria nas redondezas de um bosque no qual a caça era abundante, e o facto de que está ausente um a Abside para o trono real, crê-se que este possa ter servido a função de Palácio de Campo ou Residência real destinada ao ócio. A função palacial deste edifício é ainda mais reforçada pelo facto que existem poucas de depicções religiosas, sendo depictadas na sua arquitetura maioritariamente cenas do quotidiano, de caça, ou elementos naturalistas.[1]
Ao longo dos séculos, o edifício sofreu várias alterações, como a Casa Sacerdotal anexada à fachada Ocidental ou a Sacristia Barroca, erguida em 1678, adossada à fachada Oriental. Sofreu também várias adições ao seu interior, como um Púlpito, uma torre sineira, um altar e um Batistério.[3]
Entre 1929 e 1934, o Arquiteto Luis Menéndez Pidal intervem em Santa María del Naranco com o fim de devolver este edifício ao seu estado original. Nesta intervenção é derrubada a Sacristia e a Casa Sacerdotal. O interior e o Exterior foram limpos dos aditivos posteriores e os miradouros foram restaurados. Durante estas escavações foram descobertas partes inferiores do edifício que eram anteriormente desconhecidas.
Já em 2006 ocorreram mais intervenções, especialmente para limpar os arredores do edifício e consolidação da drenagem exterior do edifício.[3]
Estas intervenções ocorreram denovo a 2 de Outubro de 2023, onde se descobriu no vestíbulo uma peça que poderia funcionar como base para um sarcófago, introduzindo a possibilidade deste monumento ter servido como panteão real para o próprio Ramiro I.[4][5]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]Em termos de planta, este edifício tem estrutura tripartida, isncrita num retângulo de 21 x 6 metros, e em termos de comprimento encontramo-nos com dois miradouros, medindo 4 metros de comprimento cada. Entre os dois miradouros está a ala central, medindo esta 12 metros de comprimento. Em altura o edifício mede 9 metros. Encontramos uma escadaria bilateral no lado Norte do edifício que faz a ligação com o piso superior.
Uma das características-chaves que é demonstrada neste edifício é a existência de uma abóbada de berço inferior e superior, que corre todo o comprimento do edifício. Esta forma de cobertura assimila-se muito à morfologia da Câmara Santa da Catedral de Oviedo. Na planta superior que se acede através das escadas exteriores, encontramo-la coberta pela abóbada de berço mencionada anteriormente, suportada por arcos que a correm, articulando o espaço. As paredes laterais estão decoradas com arcadas cegas que descansam em colunas adossadas, servindo também para auxiliar no suporte do peso da construção.[6]
A planta inferior tem uma distribuição parecida à superior, contendo uma ala central e duas alas laterais que a flanqueiam, tendo uma delas uma porta para o exterior para Oeste e a outra três janelas orientadas para Este. São desconhecidas as funções das alas inferiores mas teoriza-se que a ala Este tenha servido como uma "Sala de Banho".[6]
Os Miradouros que ladeiam o edifício contêm cada um 5 arcos de volta perfeita peraltados, três arcos na face principal e dois laterais para cada lado. Esta disposição frontal é depois refletida na janela tripartida acima destes (a uma escala menor) que serve de janela a duas câmaras inacessíveis e coroando simetricamente o edifício nos dois lados. Na face Norte e Sul do edifício, vemos então contrapostos simples que suportam o peso e que correspondem aos arcos de suporte interiores, tendo a face norte a escadaria anteriormente referida.
Observando a morfologia deste edifício, destaca-se então a sua verticalidade, obtida pelos arcos peraltados, pelos contrapostos e pelas abóbadas, dando-lhe então um claro aspeto distinto, simétrico e vertical, claro antecessor do estilo Românico.[7]
Iconografia Escultórica
[editar | editar código-fonte]Santa María del naranco segue um rico programa iconográfico promovido pela corte de Ramiro I. Não existiam indícios de programas artísticos tão ricos e equilibrados, tanto arquiteturalmente como escultóricamente como vemos em Santa Maria de Naranco, inspirando-se especialmente na Arte Bizantina.[7] A sua decoração está repartida entre Capitéis, Medalhões, Linhas Historiadas e Cruzes:
- Capitéis: Suportados por colunas com fustes riscados, sendo deles que se desenvolve a decoração do edifício. Podemos encontrar capitéis com grande variedade temática: geométricos, coríntios (Ao contrário de outros edifícios como Santulliano, aqui os capitéis não são reutilizados),[7] figuras da natureza, quotidiano e religiosas (raramente);[6]
- Medalhões: Existem um total de 32 distribuídos no exterior e interior, colocados nas juntas dos arcos, depictando principalmente figuras zoomórficas. Os círculos que rodeiam o medalhão representão padrões vegetalistas, deliminados por cordas;
- Faixas Historiadas: São de forma retangular, encontrando-se nas paredes Norte e Sul do edifício. Os espaços em que se desenrolam os relevos são delimitados, mais uma vez, por cordas, mas neste caso estão divididos em quatro compartimentos (Dois em cima e dois em baixo), representando cada um personagens diferentes, no entanto, nos dois compartimentos superiores estão sempre representados dois anjos de asas abertas.
- Cruzes: Como em todos os edifícios Pré-Românicos Asturianos, estão aqui também representadas várias cruzes, neste caso adjacentes aos medalhões do lado transversal do edifício. Têm enorme importância pois agem aqui como a primeira representação da cruz grega ligada à monarquia asturiana, que depois se tornaria em símbolo.[7]
Outra irregularidade escultórica no edifício é o altar que está presente no miradouro Oriental do edifício. Este altar pertenceu originalmente a San Miguel de Lillo, mas foi colocada aqui, estando a original agora no Museu Arqueológico das Asturias. A sua inscrição lê: "Este ara de bendición a la gloriosa Santa María" (Este altar de bendição à gloriosa Santa Maria)
Galeria
[editar | editar código-fonte]- Capitel de Inspiração Coríntia
- Altar no mirador Este
- Janela Tripartida
- Porta de arco ogival, posterior à construção original
- Face Norte
- Lado Sul
- Lado Este
- Lado Oeste
Referências
- ↑ a b Centre, UNESCO World Heritage. «Monuments of Oviedo and the Kingdom of the Asturias». UNESCO World Heritage Centre (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023
- ↑ Páramo, Lorenzo A. R. I. A. S. «SANTA MARÍA DE NARANCO». Consultado em 2 de dezembro de 2023
- ↑ a b Monedero, Miguel (2007). Las restauraciones arquitectónicas de Luis Menéndez-Pidal arquitecto de la Primera Zona. Oviedo: Loggia Arquitectura & Restauración. pp. 9–10–12 line feed character character in
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at position 36 (ajuda) - ↑ «Santa María del Naranco». Turismo Astúrias. 2023. Consultado em 28 de abril de 2024
- ↑ Nortes, Redacción (22 de abril de 2024). «Santa María del Naranco podría haber sido la "pirámide" de Ramiro I». Nortes | Centradas en la periferia (em espanhol). Consultado em 1 de setembro de 2024
- ↑ a b c «Santa María del Naranco». La Cámara del Arte (em espanhol). Consultado em 2 de dezembro de 2023
- ↑ a b c d Fernandéz, Carmen Adams (2020). El Arte Asturiano. España: Editorial Picu urriellu. pp. 66–67–68–69–72–73–74–76. ISBN 84-96628-00-0