Invisibilidade de gênero – Wikipédia, a enciclopédia livre
Na educação, nos negócios, no direito, bem como em outros campos, a invisibilidade de gênero ou invisibilidade sexual[1] é a prática de desconsiderar o gênero como um fator relevante nas interações sociais.
Na educação
[editar | editar código-fonte]Krista Ratcliffe escreve que a invisibilidade de gênero funciona na sala de aula de forma a minimizar a existência de diferenças entre os gêneros, o que tende a reforçar a desigualdade de gênero já existente.[2]
A National Student Genderblind Campaign, fundada nos Estados Unidos em 2006,[3] se declarou a favor de moradias estudantis neutras - em termos de gênero - nas faculdades e universidades para melhor atender estudantes gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e intersexuais.[4]
Na área da saúde
[editar | editar código-fonte]O uso de quartos mistos causou muitas controvérsias nos hospitais do Reino Unido e do Canadá.[5] A ministra da Saúde de Manitoba, Theresa Oswald, fez campanha contra esse tipo de quarto, dizendo que, se a humanidade pode "levar alguém à lua", também pode encontrar uma maneira de atender às necessodades específicas dos gêneros sem levar a atrasos nos tratamentos dos pacientes.[6] A Grã-Bretanha eliminou esse tipo de aposento em 2010.[5]
Alguns especialistas em ética médica criticaram os esforços para retornar aos quartos não-mistos.[6] Jacob M. Appel, defensor dos quartos mistos nos Estados Unidos, escreveu que a oposição a esse tipo de quarto deriva de "preconceito antiquado", argumentando: "Só porque algumas pessoas foram educadas para temerem ou não gostarem de dividir o quarto com uma pessoa do sexo oposto, ou coram com a ideia de vislumbrar uma parte indesejada do corpo do outro quando o roupão se abre sem querer, nós perpetuamos esse preconceito nas políticas sociais".[7]
Na lei
[editar | editar código-fonte]O "reasonable person test", usado para determinar quais atitudes seriam razoáveis em dadas situações, tem sido criticado por invisibilizar a existência de gêneros, o que é especialmente importante quando aplicado em algumas áreas da lei, como a área que lida com o assédio sexual. As mulheres estão sujeitas ao assédio sexual de forma mais normalizada e endêmica do que os homens. Com base nisso, no processo americano 'Ellison v. Brady 924 F.2d 872 (1991)', o tribunal considerou que "uma pessoa comum e razoável, mas que ignore a existência de diferenças entre os gêneros, tende a fazer julgamentos baseados na vivência masculina e a ignorar sistematicamente as experiências das mulheres".[8]
Pesquisa
[editar | editar código-fonte]O tratamento baseado no gênero prevalece em todo o mundo. Em um estudo com organizações que oferecem serviços exclusivamente para mulheres, 23% disseram que sua causa era baseada na desigualdade entre gêneros e no desejo de resolver esse desequilíbrio; 20% disseram que espaços exclusivos para mulheres promovem o desenvolvimento e o empoderamento feminino; 18% disseram que estavam prestando um serviço que não era atendido pelos serviços de gênero misto e que se concentrava nas necessidades específicas das mulheres.[9]
Estudos indicam um amplo respaldo para que as opções de serviços exclusivos para um gênero permaneçam disponíveis. Das 1000 mulheres entrevistadas pelo Women's Resource Centre, 97% afirmaram que as mulheres deveriam ter a opção de acessar espaços exclusivamente femininos se forem vítimas de agressão sexual. 57% indicaram que escolheriam uma academia só para mulheres, ao invés de uma mista.[10] Os serviços exclusivos para um gênero podem proporcionar maior conforto e envolvimento para mulheres que, de outra forma, não participariam destes serviços.[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Listas de todas as mulheres
- Daltonismo (raça)
- Oportunidade igual
- Linguagem neutra em termos de gênero
- Genderqueer
- Pós-generismo
- Terceiro sexo
- Unissex
- Pansexualidade
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Bacchi, Carol Lee (2009). «Policy». In: Essed; Goldberg; Kobayashi. A Companion to Gender Studies. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-1-4051-8808-1
- ↑ Ratcliffe, Krista (2005). «Listening Pedagogically». Rhetorical Listening: Identification, Gender, Whiteness. Carbondale: Southern Illinois University Press. ISBN 0-8093-2668-X
- ↑ «About». The National Student Genderblind Campaign. Arquivado do original em 8 de abril de 2013
- ↑ Redden, Elizabeth (28 de dezembro de 2006). «A Room for Jack and Jill». Inside Higher Ed
- ↑ a b Miner, John (17 de junho de 2010). «Shared room sparks rage». London Free Press
- ↑ a b Bruce Owen, Oswald vows action to stop coed rooms in hospitals, Winnipeg Free Press, 14 May 2010
- ↑ Appel, Jacob M. (18 de junho de 2010). «Are We Ready for Coed Hospital Rooms?». HuffPost. Consultado em 26 de abril de 2019
- ↑ McCammon; Taylor; Reger; Einwohner (eds.). The Oxford Handbook of U.S. Women's Social Movement Activism. [S.l.: s.n.]
- ↑ «Women-only services: making the case. A guide for women's organisations» (PDF). London, UK: Women's Resource Centre. Julho de 2011. p. 18. Consultado em 18 de abril de 2018. Arquivado do original (PDF) em 11 de julho de 2018
- ↑ "Women-only services: making the case" (2011), p. 15.
- ↑ "Women-only services: making the case" (2011), p. 17.
- Definição pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género