José do Canto Moniz – Wikipédia, a enciclopédia livre
José do Canto Moniz | |
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Nascimento | 5 de dezembro de 1912 Porto |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | engenheiro, político |
José Estêvão de Abranches Couceiro do Canto Moniz (Porto, 5 de Dezembro de 1912 — ?) OC • GCIH foi um engenheiro e funcionário público português, «a quem se deve o impulso fundamental para a construção da ponte sobre o Tejo»[1], depois chamada Ponte 25 de Abril, e o seu «grande arquitecto»[2], que ocupou vários altos cargos da administração do Estado, foi ministro das Comunicações (1968-1969) e procurador à Câmara Corporativa.
Biografia
[editar | editar código-fonte]José Canto Moniz licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937[3] Foi técnico do Ministério das Obras Públicas, director de Estradas dos distritos da Guarda e de Santarém, engenheiro-chefe da Repartição Técnica de Conservação da Junta Autónoma das Estradas (JAE) e director dos Serviços de Conservação da JAE (1959).[3][4][5]
Inspector-geral de Obras Públicas, foi em 1958 nomeado director do Gabinete da Ponte sobre o Tejo, em cujas funções foi o responsável pela abertura de um concurso público internacional para que fossem apresentadas propostas para a construção da nova ponte. Após a apresentação de quatro propostas, em 1960, a obra foi adjudicada à empresa norte-americana United States Steel Export Company. Sempre sob a supervisão do Gabinete da Ponte e do seu director Eng. Canto Moniz, os trabalhos iniciaram-se a 5 de Novembro de 1962, sendo a ponte inaugurada (seis meses antes do prazo previsto) a 6 de Agosto de 1966, passando a ser chamada «Ponte Salazar» (ainda que a sua designação legal se mantivesse «Ponte Sobre o Tejo»), em honra daquele presidente do Conselho.
A 28 de Agosto de 1968 Canto Moniz foi nomeado por Salazar ministro das Comunicações.[6] Pouco depois o presidente do Conselho teve o acidente que conduziria à sua morte, sendo substituído a 27 de Setembro desse ano por Marcelo Caetano. Neste mesmo dia Canto Moniz foi exonerado do cargo e de novo nomeado ministro das Comunicações pelo novo presidente do Conselho[7], cargo que ocupou até 27 de Março de 1969.[8] Nomeado ministro dois anos após a inauguração da ponte de que fora o principal responsável, foi durante o seu governo e com a sua assinatura que, a 5 de Novembro de 1968, foi ratificado o convénio entre Portugal e Espanha para regular o uso e o aproveitamento hidráulico dos troços internacionais dos rios Minho, Lima, Tejo, Guadiana, Chança e seus afluentes, assinado em Madrid a 29 de Maio desse ano.[9]
Foi procurador à Câmara Corporativa, por designação do Conselho Corporativo nas X (1969-1973) e XI (1973-1974) legislaturas.[4][10]
Em 1973 era presidente dos Conselhos Gerais dos CTT e das TLP e administrador por parte do Estado da PETROSUL – Sociedade Portuguesa de Refinação de Petróleos, SARL.[4]
Foi Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique a 9 de Setembro de 1966, Senhor Comendador da Real Ordem de Isabel a Católica de Espanha e Oficial da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 5 de Agosto de 1944.[3][5][11][12][13]
Entre 1954 e 1959 foi delegado técnico permanente de Portugal no Comité dos Transportes Interiores da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa e representou Portugal em vários congressos nacionais e internacionais, onde fez inúmeras conferências técnicas sobretudo sobre a problemática das vias rodoviárias, tendo publicado vários artigos sobre a especialidade nas revistas «Técnica», da Faculdade de Engenharia do Porto; do Automóvel Club de Portugal, de Lisboa; «Las Ciéncias» e «Revista de Obras Publicas», de Madrid; «Travaux», de França; «Rodovia», do Brasil; e «Road International», de Londres.[3]
Família
[editar | editar código-fonte]José Estêvão de Abranches Couceiro do Canto Moniz era filho de António Borges do Canto Moniz (1883-1962), director dos Correios, Telégrafos e Telefones (CTT) do Ribatejo, e de sua mulher Maria Carlota de Abranches Couceiro da Costa (1888-1926); e neto materno de Luís Estêvão Couceiro da Costa (Ílhavo, 1847 - ?), sobrinho-neto do 1.º Barão do Paço de Couceiro, e sua mulher (casados a 5 de Janeiro de 1884 na Sé de Viseu) Efigénia de Abranches de Lemos e Menezes (1851-1924), irmã do General Eng.º Silvério de Abranches de Lemos e Menezes.[5][11]
Casou a 10 de Abril de 1938 em Sever do Vouga com Margarida de Almeida Amorim, aí nascida a 8 de Abril de 1916, com geração.[11][5]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- «A Ponte Salazar», Ministério das Obras Públicas, Lisboa 1966. Edição do Gabinete da Ponte sobre o Tejo.
- «Obras públicas : realizações e perspectivas», Lisboa, Edições Panorama 1966.
- «Estudo do tráfego rodoviário para ligação entre as duas margens do Tejo em Lisboa», Lisboa, Junta Autónoma de Estradas 1957.
- «Tendências da moderna técnica das estradas da Suíça, no que respeita a perfis, traçado e pavimentos : impressões registadas numa viagem à Suiça, feita como delegado da Junta Autónoma de Estradas, para o estudo de pavimentos betaminosos, tipo Durit», 1947.
- «Elementos para a organização de projectos de pavimentos betuminosos por mistura», 1946.
- «Notas sobre e estado actual da técnica de construção de pavimentos», publicado no volume II das Publicações Técnicas do Ministério das Obas Públicas.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CASTILHO, J.M. Tavares – «Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974)».
- SERRÃO, Joaquim Veríssimo - «História de Portugal: A governação de Salazar: Grandeza e declínio (1960-1968)», Editorial Verbo, 2010.
- MALTEZ, José Adelino - «Políticos Portugueses da Ditadura Nacional e do Estado Novo (1926-1974)».
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
- SOVERAL, Manuel Abranches de - «Sangue Real», Porto 1998, ISBN 972-97430-1-0.
- «Anuário da Nobreza de Portugal», III, Tomo II, 1985, Edição do Instituto Português de Heráldica, pág.s 312 e 313.
Referências
- ↑ MALTEZ, José Adelino - «Políticos Portugueses da Ditadura Nacional e do Estado Novo (1926-1974)».
- ↑ SERRÃO, Joaquim Veríssimo - «História de Portugal: A governação de Salazar: Grandeza e declínio (1960-1968)», Editorial Verbo, 2010, pág. 281.
- ↑ a b c d GEPB, Volume XL, pág. 152.
- ↑ a b c CASTILHO, J.M. Tavares – «Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974)» = MONIZ, José Estêvão Abranches Couceiro do Canto (http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/OsProcuradoresdaCamaraCorporativa/html/pdf/m/moniz_jose_estevao_abranches_couceiro_do_canto.pdf), in Assembleia da República (www.parlamento.pt) / Biblioteca, Arquivo e Documentação / Publicações on-line.
- ↑ a b c d SOVERAL, Manuel Abranches de - «Sangue Real», Porto 1998, ISBN 972-97430-1-0.
- ↑ Decreto nº 48549 do Diário do Governo 28 de Agosto de 1968.
- ↑ Decretos nº 48598 e nº 48601 do Diário do Governo de 27 de Setembro de 1968
- ↑ Decreto nº 48928 do Diário do Governo de 27 de Março de 1969.
- ↑ Decreto-Lei nº 48661 do Diário do Governo de 5 de Novembro de 1968.
- ↑ Na sua carreia parlamentar foi responsável pelo regime jurídico de construção e exploração de estações centrais de camionagem; legislação de fomento industrial; pelo regime especial dos transportes públicos de passageiros por via terrestre e fluvial nas regiões urbanas de transporte; pelo projecto do IV Plano de Fomento para 1974-1979 (Habitação e urbanismo e Transportes e comunicações).
- ↑ a b c «Anuário da Nobreza de Portugal», III, Tomo II, 1985, Edição do Instituto Português de Heráldica, pág.s 312 e 313.
- ↑ «Anuário das Ordens Honoríficas Portuguesas», Presidência da República, 1967
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Estêvão de Abranches Couceiro do Canto Moniz". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 1 de fevereiro de 2021