Jules Humbert-Droz – Wikipédia, a enciclopédia livre

Jules Humbert-Droz
Jules Humbert-Droz
Nascimento 23 de setembro de 1891
La Chaux-de-Fonds
Morte 16 de outubro de 1971 (80 anos)
La Chaux-de-Fonds
Cidadania Suíça
Ocupação jornalista, político, teólogo, membro da resistência
Movimento estético pacifismo
Religião protestantismo

Jules Frederic Humbert-Droz (La Chaux-de-Fonds, 23 de setembro de 1891La Chaux-de-Fonds, 16 de outubro de 1971) foi um comunista suíço e membro fundador do Partido Comunista da Suíça. Ele foi importante no Comintern na década de 1920 e esteve envolvido na Oposição de direita em 1928. Antes de se tornar comunista, Humbert-Droz era pastor.[1] Tornou-se um social-democrata na década de 1940 e serviu como secretário geral do Partido Social-Democrata da Suíça de 1946 a 1965.

Nascido em uma família de relojoeiros com algumas crenças socialistas, ele começou a se envolver cada vez mais no movimento esquerdista. Depois de estudar teologia protestante em Neuchâtel, Paris e Berlim, ele escreveu uma tese sobre 'Socialismo e cristianismo'. Ele se tornou pastor em 1914 e começou a escrever no jornal socialista La Sentinelle logo depois.[2] Casou-se com Eugénie Perret em 1916, que o acompanharia em sua vida política com o nome Jenny Humbert-Droz.[3]

Ele se opôs à Primeira Guerra Mundial e se recusou a servir no exército suíço, sendo preso por conta disso.[4] Em 1918, ele recebeu outra sentença por sua participação em uma greve geral.[2] Ele apoiou a revolução bolchevique e, mais tarde em 1921, no terceiro Congresso Internacional do Comintern, Jules Humbert-Droz foi eleito sob proposta do próprio Lenin para secretário da Internacional Comunista.[2] Ele se tornou depois de 1920 um destacado líder no movimento comunista internacional, viajando pelo mundo para organizar as seções nacionais do Comitern. É nesse papel que se desloca a Lisboa em 1922 para solucionar o conflito entre as duas facções dominantes do recém-fundado Partido Comunista Português, encabeçadas respetivamente por Henrique Caetano de Sousa e José Carlos Rates, e para tornar oficial a integração deste partido na Internacional.[5]

Exerceu também algum controle sobre o partido comunista francês e chamou a si mesmo de "o olho de Moscou em Paris". Ele acabou se tornando o primeiro diretor do Secretariado Latino da Internacional Comunista.[6] Ele era um aliado e amigo de Nikolai Bukharin. Após o sexto congresso internacional, Bukharin ficou isolado politicamente e apenas poucas pessoas no aparato de Moscou permaneceram leais a ele, incluindo Humbert-Droz,[7] que eventualmente foi removido de seus cargos.[6] Essa amizade eventualmente acabou. Droz disse em suas memórias públicadas em 1971, que a razão disso foi que, em seu último encontro com Bukharin, ele disse que entrou em contato com Zinoviev e Kamenev para se livrar de Stalin e que eles planejavam usar terror individual (assassinato) contra ele. Humbert-Droz discordou disso, porque achava que esse terror destruiria a liderança bolchevique, e porque ambos conheciam os crimes de que Stalin era capaz.[8][9] Ele depois voltou a ser membro do Comitê Executivo da Internacional Comunista após se autocríticar e adotar a visão hegemônica no partido. Mas em 1943 ele foi definitivamente expulso do partido comunista suíço.[4] Ciente de seu valor e de sua experiência, o Partido Socialista Suíço o convidou a retornar ao partido. Droz esteve na secretaria central do partido socialista até 1959, depois se aposentou em La Chaux-de-Fonds, mas ainda permaneceu politicamente ativo. Ele militou contra o armamento atômico da Suíça e contribuiu para vários jornais. No final de sua vida escreveu as suas memórias, publicadas entre 1969 e 1973.[10]

  • L’œil de Moscou à Paris, 1922-1924
  • L'origine de l'Internationale communiste de Zimmerwald à Moscou
  • Mon Evolution Du Tolstoisme Au Communisme: 1891-1921
  • De Lenine à Staline. Dix ans au service de l'Internationale communiste 1921-1931
  • Dix Ans de Lutte Antifasciste, 1931-1941
  • Le couronnement d'une vie de combat, 1941-1971

Referências

  1. «Nachts kamen Stalins Häscher - DER SPIEGEL 42/1978». www.spiegel.de. Consultado em 5 de agosto de 2020 
  2. a b c «Morte de Jules Humbert-Droz, ex-secretário da Internacional Comunista». Le Monde.fr (em francês). 19 de outubro de 1971 
  3. «Jules Humbert-Droz». rts.ch (em francês). 16 de fevereiro de 1971. Consultado em 5 de agosto de 2020 
  4. a b Caballero, Manuel. «Latin America and the Comintern, 1919–1943 pág 158». Cambridge Core (em inglês). Consultado em 5 de agosto de 2020 
  5. Luís Carvalho (6 de março de 2021). «Caetano de Sousa, o primeiro secretário-geral do PCP». Jornal Público. Consultado em 29 de abril de 2021 
  6. a b McDermott, Kevin; Agnew, Jeremy (1996). The Comintern. History of international Communism from Lenin to Stalin. London: MacMillan. pp. 85–86. ISBN 0-333-55284-9.
  7. Cohen, Stephen F. (1980). Bukharin and the Bolshevik Revolution: A Political Biography, 1888-1938 (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  8. ««Une charogne», ou les destins croisés de Boukharine et Humbert-Droz». Le Temps (em francês). 6 de julho de 2017. ISSN 1423-3967 
  9. Humbert-Droz, Jules; Humbert-Droz, Jules (1971). De Lenine a Staline: dix ans au service de l'Internationale communiste, 1921-1931. Col: Memoires de Jules Humbert-Droz. Neuchatel: Baconniere 
  10. «Ville de La Chaux-de-Fonds». cdf-bibliotheques.ne.ch. Consultado em 28 de setembro de 2020