Julgado de Cagliari – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Julgado de Cagliari

c. 1000 – 1258
 

 

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Julgados da Sardenha
Continente Europa
Região Sardenha
Capital Santa Igia
Língua oficial Grego[1], depois latim[2] (oficial)
Sardo[2] (vulgar)
Religião Cristianismo
Governo Julgado
Juiz-Rei
 • c. 1000-1058 Salúsio I
 • 1256-1258 Salúsio VI
Período histórico Idade Média
 • c. 1000 Isolamento da Sardenha bizantina
 • 1258 Conquista por aliança entre Pisa e os outros julgados

O Julgado de Cagliari (em latim: Judicatus Caralitanus; em sardo: Judicadu de Calaris foi um dos quatro Julgados da Sardenha durante a Idade Média, cobrindo todo o sul e centro-leste da Sardenha. Apesar de receber seu nome de Cagliari, o Judex Provinciae já se movera para a mais fortificada Santa Igia no século IX.[3]

Ver artigo principal: Julgados da Sardenha#Advento

A exata data de surgimento do Julgado de Cagliari é desconhecida. A Sardenha tornou-se uma província do Império Bizantino em 535, após sua conquista através da sua Guerra Gótica.[4] A partir do século VIII, com a rápida expansão do islamismo, piratas muçulmanos começaram a atacar a ilha, não encontrando oposição efetiva pelo exército bizantino, de forma que os embaixadores da Sardenha exigiram assistência militar de Luís I, o Piedoso, Sacro Império Romano-Germânico, denotando autonomia em relação aos bizantinos.[5] Acredita-se que em algum momento o Juiz da Província de Cagliari tenha exercido total controle sobre a ilha, mas a primeira indicação da existência autônoma de quatro diferentes julgados se encontra em epístola do Papa Gregório VII escrita em 1073.[6][7] A origem bizantina dos julgados permitiu a preservação das instituições, costumes e língua do antigo Império.[1]

Primeiros juízes

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O primeiro juiz conhecido pela historiografia foi Salúsio I, do clã Lacon-Gunale (provavelmente a união de duas dinastias: Lacon e Gunale), de quem pouco se sabe. Mais se é conhecido de seu sucessor e primo, Torquitório I. Seu nome de nascença era Orzocco, mas adotou Torquitório como nome dinástico. Talvez em honra a dois membros das famílias originárias (Salúsio de Lacon e Torquitório de Gunale), todos os governantes de Cagliari adotaram alternadamente Salúsio e Torquitório como alcunhas.[8] Nos tempos de Torquitório I, os julgados aceitaram crescente influência de Pisa e Genoa em seus domínios e tiveram sua igreja, antes autocéfala, submetida ao Arcebispo de Pisa, como parte de uma série de medidas correspondentes ao auxílio militar contra os muçulmanos.[8][9] Salúsio III, notoriamente, jurou fidelidade ao Arcebispo de Pisa quando este entrou em conflito com o Arcebispo de Cagliari.[8]

Casa de Massa e dominação pisana

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Efígie da Juiza-Rainha Benedita.

Salúsio III morreu sem filhos homens, sendo apontado como seu sucessor, pois, seu genro, o logudorês Pedro, com o nome de Torquitório III. Este reinou com grande oposição por parte de Pisa, e, após a morte de sua esposa, foi derrubado pelo pisano Oberto de Massa, que se casou com outra filha de Salúsio III. O filho destes, Guilherme, assumiu o nome de Salúsio IV e teve um reino extremamente belicoso, guerreando contra os outros julgados, conquistando Arbórea temporariamente, enquanto mantinha boas relações com Pisa.[10][11] A união entre Cagliari e Arbórea permaneceu brevemente após sua morte, visto que, não tendo filhos homens, o trono foi herdado por sua filha Benedita, que se casou com Barisão de Arbórea.[12]

A união, contudo, apenas durou até a morte de Barisão em 1217, seguindo-se o declínio vertiginoso de Cagliari. Em 1256, Torquitório V tentou se libertar do jugo pisano aliando-se a Genoa, mas foi assassinado por agentes pisanos. Sucedeu-o Salúsio VI, que apenas reinou por dois anos, sendo logo derrubado por uma aliança entre Pisa e os três outros julgados.[3] A curadoria de Campidano de Cagliari, que incluía Santa Igia e Cagliari, foi posta sob domínio direto da República de Pisa, enquanto o restante do antigo Julgado foi dividido em três terços: um com as quatro curadorias na costa oriental da ilha, entregue a Gallura; outro com as quatro mais meridionais, a Arbórea; e o restante, por fim, cedido à família pisana Della Gherardesca.[13]

Divisões administrativas

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Curadorias de Cagliari.

O Julgado era estruturado em dezesseis curadorias (em sardo: curadorìas), derivadas das subdivisões administrativas romanas e bizantinas primárias. Cada curadoria era administrada por um curador nomeado pelo Juiz-Rei, e por sua vez era subdividida em vilas (em sardo: biddas). Cada vila era administrada por um prefeito (em sardo: majore), nomeado pelo curador e encarregado de funções fiscais, judiciais e de segurança.[14]

As dezesseis curadorias eram Barbàgia di Seulo, Campidano di Cagliari, Colostrai, Decimonannu, Dòlia, Gerrei, Gippi, Nora, Nuràminis, Ogliastra, Quirra, Sarrabus, Sigerro, Siurgus, Sulci e Trexenta.[13]

Referências

  1. a b Cioppi 2008, p. 22.
  2. a b Ortu 2005, p. 264.
  3. a b Casula 1998, p. 210.
  4. Casula 1990, pp. 137-52.
  5. Casula 1990, pp. 159.
  6. Meloni & Fulgheri 1994.
  7. Casula 1990, p. 163.
  8. a b c Solmi 2001, p. 173.
  9. Bruce 2006, p. 137.
  10. Casula 1998, p. 205.
  11. Solmi 2001, pp. 189-90.
  12. Solmi 2001, pp. 190-2.
  13. a b Casula 1998, p. 291.
  14. Solmi 2001, pp. 113-40.
  • Bruce, Travis (2006), «The Politics of Violence and Trade: Denia and Pisa in the Eleventh Century», Journal of Medieval History (32): 127-42 
  • Casula, Francesco Cesare (1998), La storia di Sardegna, ISBN 88-7138-084-3, Sassari: Delfino Carlo Editore 
  • Cioppi, Alessandra (2008), Battaglie e protagonisti della Sardegna medioevale, Cagliari: AM-D 
  • Meloni, Giuseppe; Dessì Fulgheri, Andrea (1994), Mondo rurale e Sardegna del XII secolo, Nápoles: Liguori 
  • Ortu, Gian Giacomo (2005), La Sardegna dei Giudici, Nuoro: Il Maestrale