Junta Nacional do Vinho – Wikipédia, a enciclopédia livre

Edifício da sede da JNV, projetada por Cassiano Branco, em Lisboa

A Junta Nacional do Vinho (JNV) foi um organismo de coordenação económica do regime corporativo do Estado Novo, criada pelo Decreto-Lei n.º 27 977, de 19 de Agosto de 1937[1], com um âmbito alargado de actuação na política de produção e comércio dos produtos vínicos, visando a defesa económica da pequena vinicultura, a regularização dos preços do vinho e a melhoria da qualidade dos vinhos portugueses[2].

A JNV foi em 1986 transformada no actual Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

A Junta Nacional do Vinho sucedeu nas atribuições, então alargadas a todo o território português, à Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal, organismo que havia sido criado em 1933[3].

Atribuições

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A atuação da JNV abrangeu uma alargada gama de funções, no domínio de[4]:

  • vinhos de pasto, desde o fomento da consciência corporativa e o sentimento de solidariedade;
  • emissão de pareceres sobre os assuntos que lhe fossem submetidos;
  • concessão de certificados de origem;
  • promoção da melhoria das condições de fabrico de produtos vinícolas;
  • criação de uma rede nacional de Adegas Cooperativas;
  • assistência técnica e intervenção no sector vitivinícola com vista à regularização dos preços no mercado, garantindo o escoamento dos produtos.

Na vertente da regularização dos preços do vinho, a actuação da JNV centrou-se na obtenção do preço médio anual resultante do equilíbrio entre a oferta e o escoamento, na evolução das produções e a sua relação com a produção média anual e no armazenamento das quantidades excedentes nos anos de grande produção de forma a que as produções pudessem ser compensadas nos anos de escassez[2].

Adegas cooperativas

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A Adega Cooperativa do Cadaval foi construída em 1969

A principal medida foi a criação de uma rede de adegas cooperativas, a partir de 1945, dimensionadas para assegurar as possibilidades de fabrico nos anos de sobreprodução e para garantir a melhoria da qualidade do produtos e criar condições adequadas para a armazenagem da produção que não pudesse ser escoada durante a campanha.

A implantação de adegas cooperativas decorreu em 2 fases:

  • entre 1935 e 1952, a Junta Nacional do Vinho recorreu, principalmente, ao uso de pavilhões temporários e à aquisição de instalações, localizadas nos principais locais de produção. Estas eram, sobretudo, antigos armazéns da FVCSP e de adegas particulares que, beneficiando de obras, foram equipadas com os meios necessários às novas funções a desempenhar.
  • A partir de 1945 as novas adegas cooperativas são instaladas em edifícios constituídos para esse propósito.

Em 1952 a JNV apresentou a proposta de uma rede de adegas cooperativas para a sua área de influência, da autoria de Américo C. Miguel e Rogério V. de Oliveira, dois engenheiros agrónomos técnicos do Gabinete de Estudos da JNV[5]. Este texto compreende 141 adegas distribuídas por 14 zonas, com as respetivas áreas de influência. Contudo, na revisão efetuada em 1974, verifica-se que das 141 adegas inicialmente previstas, existiam apenas 64, em toda a sua área de influência.

Território da rede de adegas cooperativas

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  • I Zona Transmontana;
  • II Zona da Beira Transmontana;
  • III Zona de Lafões;
  • IV Zona da Beira Litoral Norte;
  • V Zona da Bairrada;
  • VI Zona de Baixo Mondego;
  • VII Zona de Leiria;
  • VIII Zona do Baixo Zêzere;
  • IX Zona da Beira Baixa;
  • X Zona do Oeste;
  • XI Zona Ribatejana;
  • XII Zona de Setúbal;
  • XIII Zona Alentejana;
  • XIV Algarve.

Notas

  1. Decreto-Lei n.º 27 977, de 19 de Agosto de 1937, que cria a Junta Nacional de Vinhos.
  2. a b História do IVV Arquivado em 6 de junho de 2011, no Wayback Machine..
  3. Freire, Dulce (1 de dezembro de 2010). Produzir e Beber: A questão do vinho no Estado Novo. [S.l.]: Âncora Editora 
  4. Patrícia Sofia da Costa Livramento (2023). Memória, território, identidade. Percurso pelas adegas cooperativas da Junta Nacional do Vinho. [S.l.]: Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. p. 36. 142 páginas 
  5. Miguel, Américo C. e Oliveira, Rogério V. de, “Planificação de uma Rede de Adegas Cooperativas para a Área da Jurisdição da Junta Nacional do Vinho” in Anais da Junta Nacional do Vinho, Lisboa: Junta Nacional do Vinho, 1952, p.156

Ligações externas

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