K2 – Wikipédia, a enciclopédia livre
K2 | |
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O K2 | |
K2, fronteira China-Paquistão | |
Coordenadas | |
Altitude | 8614 m (28251 pés) Posição: 2 |
Proeminência | 4020 m Posição: 22 Cume-pai: Monte Everest |
Isolamento | 1315.59 km |
Listas | Sete segundos cumes 8000s Ponto mais alto de um país Ultra |
Localização | Baltistão, China e Paquistão (fronteira) |
Cordilheira | Caracórum |
Primeira ascensão | 31 de julho de 1954 por Achille Compagnoni Lino Lacedelli |
Rota mais fácil | Ascensão sobre pedra/neve/gelo |
O K2 (também conhecida como monte Godwin-Austen, Chogori, Dapsang ou Qogir Feng)[1] é a segunda montanha mais alta do mundo, depois do Monte Everest, a 8614 metros de altitude. Tem proeminência de 4020 metros, e isolamento topográfico de 1315,59 km.[2] Está localizado na fronteira China-Paquistão[3] entre Baltistão, na região de Guilguite-Baltistão do norte do Paquistão, e o Condado Autônomo Tashkurgan em Sinquião, China.[4] O K2 é o ponto mais alto da cordilheira de Caracórum, o ponto mais alto no Paquistão e Sinquião, e a montanha mais alta fora dos Himalaias.
Montanhismo
[editar | editar código-fonte]Devido à extrema dificuldade de subida, o K2 é conhecido pelos alpinistas como "montanha selvagem" e "uma entidade de humor oscilante".[5] Com cerca de 300 ascensões bem-sucedidas de sucesso e 77 mortes, sua taxa de fatalidade (cerca de uma pessoa morre na montanha a cada quatro que chegam ao cume[6]) é a terceira[7] maior dentre as montanhas com mais de oito mil metros de altitude, só superada pela do Annapurna (191 ascensões e 61 mortes[8]) e do Nanga Parbat (326 ascensões e 68 mortes[9] ).
A ascensão do K2 é considerada pela maior parte dos alpinistas como sendo mais difícil que a do monte Everest. Até setembro de 2013, 344 pessoas tinham conseguido atingir o topo, enquanto aproximadamente 4000 já haviam escalado o Everest.
É mais difícil e perigoso atingir o pico do K2 pelo lado chinês; assim, o lado paquistanês é mais popular para os alpinistas.
Ascensões
[editar | editar código-fonte]Foi explorado pela primeira vez em 1856 por um europeu, Thomas George Montgomerie, na expedição liderada por Henry Haversham Godwin-Austen, que o nomeou como K2 (Karakoram 2).
A primeira tentativa profissional de ascensão ocorreu em 1902, mas apesar de cinco tentativas infrutíferas e mortais, seu topo não foi atingido até que uma expedição italiana realizou este feito em 31 de Julho de 1954. A expedição era liderada por Ardito Desio, e os dois alpinistas que atingiram o topo foram Lino Lacedelli e Achille Compagnoni.
O K2 foi escalado no inverno pela primeria vez em 16 de janeiro de 2021 por Nirmal Purga[10].
Caso K2
[editar | editar código-fonte]A primeira ascensão do K2 por parte dos alpinistas italianos Achille Compagnoni e Lino Lacedelli causou uma serie de polêmicas, conhecidas também como ‘caso K2’.[11] Na noite entre 30 e 31 julho de 1954, os dois montanhistas italianos estavam a esperar os cilindros de oxigênio para poder concluir com sucesso o alanceamento do cume. Os cilindros (cerca de 40 kg no total) foram carregados pelo jovem alpinista lombardo Walter Bonatti e pelo hunza Amir Madhi até o ponto de encontro, bem no começo de um íngreme plano de gelo ao redor de 8000 metros, conhecido também como Gargalo de Garrafa,[12] onde Achille e Lino deveriam ter alocado uma barraca. Mas os dois montanhistas deslocaram, contrariamente do que foi concordado, a barraca para um lugar um pouco mais alto,[13] impedindo assim que Bonatti e Madhi pudessem aproveitar do abrigo e talvez juntar -se a Achille e Lino na tentativa de atingir o topo.[14] De consequência Walter e Amir foram obrigados bivacar em lugar aberto com condições proibitivas, sem equipamento, comida ou água para poder sobreviver além do limite vertical[12][15] (uma linha imaginaria sobre os 8000 metros de altura, onde, por causa da extrema rarefação de oxigênio, o corpo humano deteriora progressivamente sem possibilidade de recuperação[16]). Após esta noite, Walter conseguiu descer sem sérias consequências de saúde, enquanto Madhi sofreu a amputação de todos os dedos dos seus pés,[17] devido aos congelamentos e a falta de um equipamento adequado (aos portadores paquistaneses, de fato, não foram fornecidos o mesmos materiais técnicos dos alpinistas italianos).[15]
Uma vez concluída a façanha com sucesso, Bonatti se tornou vitima de acusações absurdas e difamatórias por parte seja dos conquistadores do cume (Campagnoni e Lacedelli), seja do líder da expedição, o geólogo Ardito Desio.[18][19][20][21][22] Dentre as varias acusações, o Walter foi considerado responsável por ter consumido uma quantidade significativa de oxigênio a fim de aumentar, por um lado, suas probabilidades de sobrevivência durante seu bivaque com Madhi, e, por outro, tentar boicotar este ambicioso projeto himalaio.[23][24] Na verdade, como posteriormente admitido pelo próprio Lacedelli[25], as máscaras e misturadores indispensáveis para o correto funcionamento dos cilindros ficaram em possessão de Compagnoni e Lacedelli,
O caso K2 só foi resolvido 50 anos depois, quando o Clube Alpino Italiano (CAI), após uma reunião dos ‘três sábios’, confirmou completamente a versão de Walter Bonatti.[26] Enquanto Compagnoni e Desio nunca admitiram a verdade, Lino Lacedelli, com a publicação do seu livro ‘K2: Il prezzo della conquista’ (K2: O preço da conquista) confirmou em boa parte a versão sustentada por Walter Bonatti.[25]
Mortes
[editar | editar código-fonte]Até 2013, 83 pessoas morreram no K2, 13 das quais em 1986 no que ficou conhecido como "Verão Negro". O ano de 2008 também foi especialmente trágico, quando 11 montanhistas morreram quase simultaneamente após uma avalanche atingir um serac (glaciar suspenso) e também romper cordas fixas. Essa tragédia deu origem ao premiado documentário "The Summit".
Apesar de o Everest ser mais alto, K2 é muito mais letal. A taxa de fatalidade - percentual de mortos para cada pessoa que atinge o cume - do K2 é superior a do Everest. Até 2009, o K2 registrava uma taxa de 25,75% (299 pessoas que chegaram ao cume contra 77 mortes) enquanto que a taxa do Everest era de 7% (2972 chegadas e 208 mortes).[27][28] Em outras palavras, de cada quatro pessoas que chegaram ao topo do K2 uma morreu.[5]
Escalada por montanhistas de países lusófonos
[editar | editar código-fonte]Esta montanha só foi até hoje escalada por 4 montanhistas de países lusófonos. Em 2000 o brasileiro Waldemar Niclevicz, que usou, em parte do percurso, oxigênio artificial, atingiu o cume e os brasileiros Moesés Fiamoncini e Karina Oliani foram os últimos lusófonos a escalar a montanha em 2019. Karina Oliani se tornou também a primeira brasileira a atingir tal feito [29]. O alpinista João Garcia[30] foi o primeiro português a atingir o seu cume, em 20 de Julho de 2007, sem recurso a oxigênio artificial. [31] João Garcia participou do projeto À conquista dos Picos do Mundo, onde escalou, sem recurso a oxigênio, entre 2006 e 2010, oito das catorze montanhas com mais de oito mil metros de altitude, totalizando assim em 2010 os catorze cumes.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Geografia do Paquistão
- Mapas: (lat. 35° 53' 0'' N – long. 76° 31' 0'' E)
Referências
- ↑ «K2 Chhoghori». Consultado em 10 de outubro de 2016. Arquivado do original em 4 de março de 2016
- ↑ Peakbagger.com. «K2, China/Pakistan». Consultado em 19 de abril de 2018
- ↑ «Text of border agreement between China and Pakistan» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 11 de fevereiro de 2012
- ↑ «K2». Britannica.com. Consultado em 23 de janeiro de 2010
- ↑ a b FIORATTI, Gustavo Uma entidade de humor oscilante: Alpinistas, novatos e seus valentes carregadores sobem o mortal K2. Folha de S.Paulo, Ilustríssima, p. 3, 28 de junho de 2015. Acesso em 30 de junho de 2015.
- ↑ «AdventureStats - by Explorersweb». www.adventurestats.com. Consultado em 21 de outubro de 2015
- ↑ «Montanhas Mais Perigosas Do Mundo - Discovery». www.brasil.discovery.uol.com.br. Consultado em 18 de outubro de 2016
- ↑ «Stairway to heaven». The Economist. Consultado em 20 de abril de 2015
- ↑ «Nanga Parbat». www.8000ers.com. Consultado em 18 de outubro de 2016
- ↑ Brummit, Chris (16 de dezembro de 2011). «Russian team to try winter climb of world's 2nd-highest peak». USA Today. Associated Press. Consultado em 26 de setembro de 2015
- ↑ Costantino, Muscau (25 de dezembro de 2015). «conquista del K2, nuova verita'». Corriere della Sera. Consultado em 17 de outubro de 2016
- ↑ a b Bonatti, Walter (2003). K2 la verità - Storia di un caso. Milano: Baldini Castoldi Dalai
- ↑ Mantovani, Roberto (Junho de 1994). «K2. La fabbrica dei sogni». Rivista della Montagna
- ↑ «K2, la verità 60 anni dopo: "Compagnoni e Lacedelli erano a corto di ossigeno"». Repubblica.it. 25 de julho de 2014
- ↑ a b Messner, Reinhold (2015). Walter Bonatti: il fratello che non sapevo di avere. Milano: Mondadori
- ↑ Huey, Raymond B.; Xavier (15 de setembro de 2001). «Limits to human performance: elevated risks on high mountains». Journal of Experimental Biology (em inglês). 204 (18): 3115–3119. ISSN 0022-0949. PMID 11581324
- ↑ «Il Buongiorno di Gramellini: Bonatti, l'uomo che ha scalato l'ingiustizia». LaStampa.it. Consultado em 7 de outubro de 2016
- ↑ «Il K2 di Bonatti, una verità a scoppio ritardato». www.ilsole24ore.com. Il Sole 24 ORE. Consultado em 7 de outubro de 2016
- ↑ Bonatti, Walter (27 de maio de 2010). The Mountains of My Life (em inglês). [S.l.]: Penguin Books Limited. ISBN 9780141957166
- ↑ Bonatti, Walter (7 de maio de 2015). K2: la verità: Storia di un caso (em italiano). [S.l.]: Rizzoli. ISBN 9788858679586
- ↑ «Il K2, Bonatti, Compagnoni, Lacedelli, Desio...». www.verticalmente.net
- ↑ «Il Caso K2 - 40 anni dopo». www.eneafiorentini.it. Consultado em 7 de outubro de 2016
- ↑ Giglio, Nino (26 de julho de 1964). «Come Bonatti cercò di precedere Compagnoni e Lacedelli». Nuova Gazzetta del Popolo
- ↑ Giglio, Nino (1 de agosto de 1964). «I dieci anni del K2 celebrati a casa Compagnoni - L'inviato a Karachi conferma che l'hunza Mahdi tentò con Bonatti l'attacco alla vetta». Nuova Gazzetta del Popolo
- ↑ a b Lacedelli, Lino; Cenacchi, Giovanni; Worthington, Mark (1 de janeiro de 2006). K2: The Price of Conquest (em inglês). [S.l.]: Mountaineers Books. ISBN 9781594850301
- ↑ Club Alpino Italiano, Il consiglio Centrale ai tre saggi per il giudizio storico sul K2, approvato nella riunione del Consiglio Centrale, 14 fevereiro 2004
- ↑ PORTILHO, Gabriela. Por que o K2 é a montanha mais perigosa do mundo? Mundo Estranho, n. 88, julho de 2009, Editora Abril. Acesso em 29 de junho de 2015.
- ↑ AdventureStats. K2 Route Statistics. AdventureStats.com - Keeping track of adventure history. Acesso em 30 de junho de 2015.
- ↑ Alexandrino, Renato de (30 de julho de 2019). «Karina Oliani comemora escalada da montanha mais perigosa do mundo». Radicais - O Globo. Consultado em 5 de outubro de 2023
- ↑ João Garcia
- ↑ Alexandrino, Renato de. «Karina Oliani comemora escalada da montanha mais perigosa do mundo». Radicais - O Globo. Consultado em 8 de outubro de 2020
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com K2 no Wikimedia Commons
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