Karen Strier – Wikipédia, a enciclopédia livre

Karen Strier
Karen Strier
Nascimento 1959 (65 anos)
Alma mater
Ocupação primatologista, antropóloga, professora universitária
Distinções
  • Fellow of the AAAS
Empregador(a) Universidade de Wisconsin–Madison
Muriqui-do-norte. Fêmea em Caratinga, Minas Gerais
Muriqui-do-norte. Fêmea adulta com filhote na Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala

Karen B. Strier é uma antropóloga estadunidense. Atualmente preside a Sociedade Internacional de Primatologia e membro-honorário da Sociedade Brasileira de Primatologia.[1]

Strier ocupa as cadeiras de Vilas Research Professor e Irven DeVore Professor of Anthropology na Universidade de Wisconsin–Madison. O tema principal de sua pesquisa é o muriqui-do-norte, espécie endêmica da Mata Atlântica e um dos primatas mais criticamente ameaçados do planeta.[2] É co-editora do Annual Review of Anthropology.[3] No Brasil, é diretora de pesquisa da Sociedade para a Preservação do Muriqui,[4] gestora da Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala.

Formação acadêmica e carreira

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Karen Strier se formou pelo Swarthmore College, em 1980, nas áreas de Ciências sociais e Biologia.[1] Continuou seus estudos na Universidade de Harvard, na área de antropologia, obtendo o mestrado em 1981 e o doutorado em 1986.[5]

Depois de permanecer em Harvard por mais um ano, assumiu uma posição no Beloit College e mais tarde, em 1989, transferiu-se para a Universidade de Wisconsin-Madison, onde foi Hilldale Professor de 2006 a 2011 e tornou-se DeVore Professor em 2009 e Vilas Professor em 2011.

Sua pesquisa tem como principais focos entender a ecologia comportamental de primatas numa perspectiva comparada e contribuir com os esforços de conservação desses animais. O muriqui-do-norte, que Strier estuda desde 1982 na Mata Atlântica brasileira, é um modelo para comparações com outros primatas. Uma das atuais prioridades de seu estudo de campo de longo prazo é entender como flutuações demográficas estocásticas e histórias de vida de indivíduos da espécie afetam viabilidades populacionais e comportamentos. Strier pesquisa também variações no nível populacional e sua relevância para a pesquisa básica na antropologia biológica.[6]

O Projeto Muriqui de Caratinga

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Iniciado em 1983, o Projeto Muriqui de Caratinga é um dos mais antigos estudos de campo ativos sobre um primata em vida selvagem. A longo de sua existência, o projeto fez descobertas significativas sobre a ecologia do comportamento, a biologia reprodutiva e histórias de vida dos muriquis-do-norte, ampliando a compreensão científica dos primatas em geral e contribuindo muito para a conservação e o manejo desta espécie.

É desenvolvido na Reserva Particular Patrimônio Natural – Feliciano Miguel Abdala (RPPN-FMA), localizada perto da cidade de Caratinga, em Minas Gerais. Embora tenha somente certa de 1.000 hectares, esta reserva abriga uma das mais importantes populações de muriquis-do-norte. A sobrevivência dos muriquis desta população é essencial para a sobrevivência da espécie, da qual se estima que menos de 1.000 indivíduos existam, em poucos fragmentos da Mata Atlântica;

Desde o começo do projeto, a população de muriquis de Caratinga cresceu significativamente. A pesquisa ali desenvolvida está documentando a influência de fatores de flutuação demográfica, como a proporção entre o nascimento de machos e o de fêmeas e a sobrevivência, nas adaptações comportamentais e ecológicas dos muriquis.

Dirigido por Karen B. Strier em colaboração com Sérgio Lucena Mendes (Universidade Federal do Espírito Santo), o projeto tem uma longa e continuada tradição de preparar estudantes brasileiros. Desde 1983, mais de 75 alunos de graduação e pós-graduação já participaram dele, contribuindo para o monitoramento de longo prazo e individual dos membros da população."[7]

Extrato do livro O Muriqui, Símbolo da Mata Atlântica

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"O projeto [Projeto Muriqui de Caratinga] foi iniciado com as pesquisas de Karen B. Strier para a tese de doutorado da Universidade de Harvard. Karen estava interessada em testar hipóteses sobre a relação entre a ecologia alimentar dos primatas e organização social. Quando ela ouviu seu orientador, Prof. Irven DeVore. falar sobre os muriquis, percebeu que havia encontrado o objeto de estudo ideal. DeVore estava narrando um documentário, O Grito do Muriqui, produzido por Dr. Russell Mittermeier, que na época era vice-presidente do World Wildlife Fund, e Andrew Young, estudante e cineasta de Harvard. Karen tinha programado um estudo piloto de dois meses a partir de junho de 1982 e Mittermeier concordou em apresentá-la para os muriquis da Fazenda Montes Claros e para os conservacionistas brasileiros, como o professor Célio Valle e seus alunos da Universidade Federal de Minas Gerais.

"Para Karen, foi amor à primeira vista. Os muriquis eram tão fascinantes quanto apareceram no filme do World Wildlife Fund e o sr. Feliciano foi um gentil e generoso anfitrião durante a sua estadia. Ela também estava entusiasmada com os seus planos para voltar em junho de 1983 para um estudo de 14 meses, que seria a base de sua tese de doutorado. (...)

"Originalmente, a pesquisa era concentrada na obtenção de informações básicas sobre a alimentação dos muriquis, comportamento social e comportamento sexual, através da observação de um dos grupos que utilizaram parte da floresta mais próxima da base de pesquisa. Para a coleta desses dados comportamentais, era necessário caminhar pela floresta até localizar o grupo e, em seguida, registrar o que cada indivíduo comia, para onde eles iam e como eles interagiam uns com os outros a cada 15 minutos, ao longo do dia. Com o conhecimento das preferências alimentares dos muriquis e de onde esses alimentos estavam na floresta, tornou-se mais fácil prever para onde eles estavam se dirigindo. As observações demonstraram, também, que os muriquis são excepcionalmente pacíficos, com relações sociais tranquilas. (...)

"Essas observações iniciais permitiram a comparação dos muriquis com outros primatas, de maneira a inseri-los na literatura científica comparativa. Semelhante a outros campos da ciência e outros estudos científicos de outros primatas, cada nova descoberta sobre os muriquis levou a novas questões e, consequentemente, nosso foco mudou ao longo dos anos. Por exemplo, a chegada de dois muriquis adolescentes do sexo feminino, durante o primeiro ano do projeto, juntamente com as fortes relações amigáveis entre os machos, sugeriu para Karen que a sociedade muriqui era caracterizada por fêmeas que dispersam de seus grupos natais e machos que permaneceram com suas mães e parentes do sexo masculino por toda a vida. A confirmação desse padrão levou anos para se estabelecer, mas foi uma descoberta importante, tanto para fins científicos quanto de conservação."[8]

Prêmios e homenagens

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2013 - Membro-honorário, conferido pela Sociedad Latinoamericana de Primatologia (SLAPrim)

2013 - Cidadão Honorário de Caratinga, conferido pela Câmara Municipal de Caratinga - MG

2013 - Pesquisadora Visitante Especial, programa da CAPES - Brasil (bolsa de três anos)

2011 - Membro-honorário, conferido pela Sociedade Brasileira de Primatologia

2010 - Prêmio Notável Primatólogo de 2010, conferido pela Sociedade Americana de Primatólogos (EUA)

2009 - Eleita membro da Academia Americana de Artes e Ciências (EUA)

2006 - Doutorado em Ciência Honorário, conferido pela Universidade de Chicago (EUA)

2005 - Membro da Academia Nacional de Ciências (EUA)[1]

1989 - Prêmio Presidential Young Investigator, conferido pela Fundação Nacional de Ciências (EUA)

Strier é autora de:

  • Primate Behavioral Ecology (Allyn and Bacon, 1999; 5th ed., Routledge, 2016)
  • Faces in the Forest: The Endangered Muriqui Monkeys of Brazil (Oxford University Press, 1992)
  • Planning, Proposing, and Presenting Science Effectively - A Guide for Graduate Students and Researchers in the Behavioral Sciences and Biology (Cambridge University Press, 2006) – co-autora, com Jack P. Hailman
  • Faces na Floresta (Sociedade para a Preservação do Muriqui, 2007)

É editora-associada de:

  • Primates (revista científica)[2]

Foi a editora de:

  • Primate Ethnographies (Routledge, 2014).

Referências

  1. a b Lenon, Jordana (October, 10, 2016) "Karen Strier is elected president of International Primatological Society", University of Wisconsin-Madison News
  2. Strier, Karen B. (1996). «Reproductive Ecology of Female Muriquis (Brachyteles arachnoides)». Boston, MA: Springer US: 511–532. ISBN 978-1-4613-4686-9 
  3. «Search Results - Annual Reviews Directory». www.annualreviews.org 
  4. «PRESERVE MURIQUI». preservemuriqui.org.br 
  5. «Karen B. Strier». Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  6. «Strier, Karen B.». Department of Anthropology (em inglês). 1042. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  7. https://strierlab.anthropology.wisc.edu/research/ (em inglês)
  8. Lucena Mendes, Sérgio et alii (2014). O Muriqui, Símbolo da Mata Atlântica. Vitória, ES: IPEMA - Instituto de Pesquisa da Mata Atlântica. pp. 107–109 
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