Krystsina Tsimanouskaia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Krystsina Tsimanouskaia
Krystsina Tsimanouskaia
Tsimanouskaia durante a Universíada de Verão de 2019
Informações pessoais
Nome completo Krystsina Siarheeuna Tsimanouskaia
Modalidade Atletismo
Especialidade 100 metros rasos, 200 metros rasos
Nascimento 19 de novembro de 1996 (27 anos)
Klimavichy, Voblast de Mahilou, Bielorrússia
Nacionalidade bielorrussa
Compleição Peso: 61.5 kg • Altura: 168 cm
Clube BFST Dynamo
Período em atividade 2015–atualidade
Medalhas
Jogos Europeus
Prata Minsk 2019 evento por equipes
Universíada
Ouro Nápoles 2019 200m
Campeonato Europeu Sub-23 de Atletismo
Prata Bydgoszcz 2017 100 m

Krystsina Siarheeuna Tsimanouskaia[a] (em bielorrusso: Крысціна Сяргееўна Ціманоўская, transl. Krystsina Siarheyeuna Tsimanouskaya, em Łacinka Kryscina Siarhiejeŭna Cimanoŭskaja; Klimavitchy, 19 de novembro de 1996) é uma velocista bielorrussa.[1] Ela ganhou uma medalha de prata nos 100 metros rasos no Campeonato Europeu Sub-23 de Atletismo de 2017, ocorrido em Bydgoszcz, Polônia, uma medalha de ouro nos 200 metros rasos na Universíada de Verão de 2019 realizada em Nápoles, Itália, e uma medalha de prata no evento por equipes dos Jogos Europeus de 2019 em Minsk, Bielorrússia.[2]

Tsimanouskaia se qualificou para participar dos Jogos Olímpicos de Verão de 2020 nos eventos de 100 metros rasos e 200 metros rasos. Em 30 de julho de 2021, durante os Jogos, ela acusou funcionários do Comité Olímpico Nacional da República da Bielorrússia de forçá-la a competir na corrida de revezamento 4 × 400 m sem o seu consentimento. Em 1 de agosto de 2021, ela foi levada ao Aeroporto Internacional de Tóquio por representantes do CON da Bielorrússia contra sua vontade, onde se recusou a embarcar em um voo de volta para Minsk. Posteriormente, Tsimanouskaia recebeu proteção policial antes de pedir asilo na Polônia, cuja embaixada no Japão a acolheu em 2 de agosto de 2021.

Krystsina Siarheeuna Tsimanouskaia nasceu em Klimavichy, uma cidade no leste da Bielorrússia.[3] Quando tinha cerca de 15 anos, Tsimanouskaia ingressou no atletismo após receber uma oferta de um treinador olímpico. Seus pais ficaram preocupados, imaginando que ela não conseguiria uma carreira no atletismo; eles foram convencidos por Tsimanouskaia e sua avó.[4]

Competições internacionais

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Ano Competição Local Posição Evento Notas
Representando  Bielorrússia
2015 Campeonato Europeu Júnior Eskilstuna, Suécia 100 m 11.85
17ª (h) 200 m 24.51
2017 Campeonato Europeu em Pista Coberta Belgrado, Sérvia 12ª (sf) 60 m 7.39
Campeonato Europeu Sub-23 Bydgoszcz, Polônia 100 m 11.54
200 m 23.32
2018 Campeonato Mundial em Pista Coberta Birmingham, Reino Unido 31ª (h) 60 m 7.37
Campeonato da Europa de Atletismo Berlim, Alemanha 13ª (sf) 100 m 11.34
10ª (sf) 200 m 23.03
2019 Campeonato Europeu em Pista Coberta Glasgow, Reino Unido 60 m 7.26
Universíada Nápoles, Itália 100 m 11.44
200 m 23.00
Campeonato Mundial de Atletismo Doha, Qatar 26ª (h) 200 m 23.22
Jogos Europeus Minsk, Bielorrússia equipe
2021 Campeonato Europeu em Pista Coberta Toruń, Polônia 60 m DSQ
Jogos Olímpicos de Verão de 2020 Tóquio, Japão 38ª (h) 100 m 11.47
200 m NC

Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

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Tsimanouskaia qualificou-se para participar dos Jogos Olímpicos de Verão de 2020, sua primeira aparição nos Jogos Olímpicos representando a Bielorrússia,[5] nos eventos de 100 m e 200 m; em 30 de julho de 2021 (adiada de 2020 devido à pandemia COVID-19), ela terminou em 4.º na primeira bateria da prova de 100 m com um tempo de 11,47.[6] No entanto, antes da prova de 200 m, ela foi retirada da competição.[7][8] Em 2 de agosto, o Tribunal de Arbitragem do Esporte rejeitou o pedido de Tsimanouskaia de anular a decisão do Comitê Olímpico Nacional de Belarus (CON RB) de impedi-la de participar das Olimpíadas de Tóquio, declarando que ela não tinha como provar seu caso.[9][10]

Incidente de repatriação e asilo

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Tsimanouskaia recebida pelo vice-primeiro-ministro polonês Piotr Gliński.

Em 30 de julho de 2021, Tsimanouskaia gravou e publicou um vídeo no Instagram criticando os oficiais do Comitê Olímpico de Belarus (CON RB), dizendo que eles a haviam forçado a correr na corrida de revezamento 4 × 400 m, uma distância que ela nunca havia disputado, sem seu consentimento, depois que outras atletas não puderam competir devido à falta de exames de doping, o que ela também atribuiu ao CON RB.[11][12][13] Em 1º de agosto de 2021, a mídia belarussa relatou a tentativa de devolver Tsimanouskaia à força a Belarus. A Fundação Belarussa de Solidariedade Esportiva (BSSF) convocou jornalistas e membros da diáspora belarussa no Japão para encontrar Tsimanouskaia no aeroporto de Haneda, em Tóquio.[14] Ela chamou a atenção de policiais no terminal do aeroporto, que a levaram sob custódia protetora para um hotel do aeroporto durante a noite.[15] Tsimanouskaia disse aos jornalistas que estava com medo de retornar a Belarus[16] e pretendia pedir asilo na Áustria.[17][18]

Quando a notícia atingiu a mídia internacional, vários países, incluindo a Tchéquia e a Polônia, disseram estar prontos para oferecer-lhe um visto e proteção.[17] Em 2 de agosto, ela entrou na embaixada polonesa em Tóquio e recebeu um visto nacional para o país; uma fonte disse que ela também entrou com o processo de busca de asilo lá.[19] Seu marido, o também velocista, Arseniy Zdanevich, fugiu para a Ucrânia após saber da notícia, dizendo que não pensou duas vezes antes de deixar Belarus.[20] Seus pais disseram a ela para não voltar para Belarus, enquanto relatos dizem que eles e sua avó foram visitados pela polícia.[21] O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou que também estava protegendo Tsimanouskaia e que o ACNUR estava envolvido.[20] O governo japonês também garantiu que se certificariam de que ela estava segura.[12]

Tsimanouskaia optou por buscar asilo na Polônia, embora a maior parte da Europa ocidental tenha-lhe oferecido proteção no final do dia, já que a nação havia explicitamente lhe oferecido a oportunidade de continuar competindo.[20] Embora outros atletas bielorussos tenham criticado diretamente o ditador Aleksandr Lukashenko, e alguns deles tenham sido banidos e presos por participarem de protestos,[20] Zdanevitch disse à mídia que ele e sua esposa eram apenas atletas e não estavam interessados em política ou movimentos de oposição. No entanto, após as críticas de Tsimanouskaia aos treinadores nacionais e descrevendo a tentativa de repatriá-la à força, muitos apoiadores do governo belarusso enviaram para ela mensagens ameaçadoras. O BSSF determinou que sua vida estaria em perigo se ela voltasse para Belarus e patrocinou uma passagem de avião para ela voar para Varsóvia.[15] Tsimanouskaia chegou na capital polonesa em 4 de agosto, recebida por oficiais poloneses e migrantes bielorussos.[22]

O CON de Belarus é liderado pelo filho mais velho do ditador, Viktor Lukashenko, que sucedeu o seu pai nesse cargo. O COI proibiu os dois de participar das Olimpíadas de Tóquio em 2020, após acusações de intimidação por parte de atletas. O CON BR, que também retirou Tsimanouskaia das competições após o vídeo do Instagram, disse estar preocupado com o "estado emocional e psicológico do atleta [...] segundo os médicos".[15] Tsimanouskaia disse que não houve nenhuma consulta médica.[23] Vários outros atletas bielorussos se pronunciaram em apoio a Tsimanouskaia, enquanto outros a condenaram. Alguns contatados pelo The Guardian se recusaram a falar, também querendo evitar temas políticos.[21] A Anistia Internacional informou que os atletas têm maior probabilidade de serem alvos do governo Lukashenko devido ao seu interesse pessoal pelo esporte: os atletas são favorecidos pelo Estado e, por isso, denunciá-lo é visto pelo ditador como uma traição do Estado.[24] Como o incidente ocorreu em meio a um aumento de sanções da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos em protesto ao governo de Lukashenko, este alegou acreditar que Tsimanouskaia nunca teria feito tais protestos por si própria, e na verdade estaria sendo manipulada por poloneses.[25]

Notas

  1. (em russo: Кристина Сергеевна Тимановская, transl. Kristina Sergeevna Timanovskaia)

Referências

  1. «Team results» (PDF). 2019 European Games. Consultado em 9 de novembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 14 de outubro de 2019 
  2. «Belarus sprinter faces long exile in Poland after seeking refuge». The Guardian. 2 de agosto de 2021. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  3. Roth, Andrew (2 de agosto de 2021). «Belarus sprinter faces long exile in Poland after seeking refuge». The Guardian. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  4. «Athletics TSIMANOUSKAYA Krystsina - Tokyo 2020 Olympics». Tokyo 2020 Olympics. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  5. Athletics - Round 1 - Heat 6 Results, Olympics, 30 de julho de 2021, consultado em 2 de agosto de 2021 
  6. «"Они накосячили с девчонками" — белорусская легкоатлетка Тимановская заявила, что "очень крутое начальство" поставило ее на эстафету на Олимпиаде без ее ведома». Telegraf.by. 30 de julho de 2021. Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  7. «Из-за косяка чиновников (они включили дурака и не признают вину) у беларусов в Токио подвисла эстафета 4 по 400. В нее заявляют девушек совсем другого профиля – и это просто жесть». BY.Tribuna.com. Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 30 de julho de 2021 
  8. «CAS отклонил запрос белоруски Тимановской о ее допуске к Олимпиаде». RBC. 2 de agosto de 2021 
  9. «CAS отклонил запрос Тимановской на отмену решения НОК Беларуси, заявив, что спортсменка не доказала свою правоту». sports.ru. 2 de agosto de 2021 
  10. «Belarusian sprinter refuses to leave Tokyo». Reuters. 2 de agosto de 2021 
  11. a b «'We're just normal sports people': Belarusian sprinter arrives at Polish embassy in Tokyo as husband enters Ukraine». Sky News. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  12. «"Чаму я даведваюся пра гэта ад левых людей?" Функцыянеры паставілі спартсменку, якая бегае спрынт, на эстафету 4х400». Наша Ніва (em bielorrusso). Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  13. «Фонд спортивной солидарности/BSSF». Telegram. Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  14. a b c «'We're just normal sports people': Belarusian sprinter arrives at Polish embassy in Tokyo as husband enters Ukraine». Sky News. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  15. «"Проста сказалі збіраць рэчы": Ціманоўская пра выгнанне з Алімпіяды ў Токіа». Навіны Беларусі | euroradio.fm (em bielorrusso). Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  16. a b «Belarus Olympics: Krystsina Tsimanouskaya refusing to fly home». BBC Sport. Agosto de 2021. Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  17. «Belarusian sprinter who criticised coaches refuses to be sent home». The Guardian. 1 de agosto de 2021. Consultado em 1 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2021 
  18. «Belarusian sprinter enters Polish embassy after refusing to board flight». ITV News. 2 de agosto de 2021. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  19. a b c d «Belarus athlete who refused to fly home reportedly seeks asylum in Poland». the Guardian. 2 de agosto de 2021. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  20. a b «Belarus sprinter faces long exile in Poland after seeking refuge». the Guardian (em inglês). 2 de agosto de 2021. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  21. Ptak, Alicja; Tétrault-farber, Gabrielle (3 de agosto de 2021). «Belarusian sprinter reaches Poland after defying order home». Reuters. Consultado em 4 de agosto de 2021 
  22. Олехнович, Виталий (1 de agosto de 2021). «Бегунью Тимановскую тренеры отстранили от участия в Олимпийских играх, ее хотели посадить на самолет из Токио - Люди Onliner». Onliner (em russo). Consultado em 2 de agosto de 2021 
  23. «Belarus: Once a showcase of the country's success, sport is now a battleground for reprisals». Amnesty International. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  24. «Belarus president hits back after 'attempted kidnap' of Olympic athlete sparks furore». 7NEWS. 9 de agosto de 2021. Consultado em 10 de agosto de 2021