Língua de Adão – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Linguagem adâmica é, de acordo com o Judaísmo (registrado no Midrash) e alguns cristãos, a língua falada por Adão (e, possivelmente, por Eva) no Jardim do Éden. Essa é interpretada tanto como a linguagem utilizada por Deus para confrontar Adão (a linguagem divina), ou uma linguagem inventada por Adão com a qual deu o nome de todas as coisas (incluindo Eva), como em (Gênesis 02:19).
Medieval
[editar | editar código-fonte]A exegese judaica tradicional, como Midrash (Gênesis Rabá 38) insiste que Adão falou hebraico porque os nomes que ele dá a Eva - "Isha " (Gênesis 2:23) e "Chava" (Gênesis 3:20) - só fazem sentido em hebraico. Por outro lado, a Cabala assumiu uma "Torah eterna", que não era idêntica à Torá escrita em hebraico. Assim, Abulafia no século XIII assumiu que a língua falada no Paraíso teria sido diferente do hebraico e rejeitou a alegação até então corrente também entre os autores cristãos, de que a criança pequena não exposta a outro estímulo linguístico iria automaticamente começar a falar em hebraico.[1] Umberto Eco (1993) observa que o Gênesis é ambíguo sobre se a língua de Adão foi preservada por descendentes de Adão até a “confusão de línguas” (Gênesis 11:1-9) ou se ela começou a evoluir naturalmente, mesmo antes de Babel (Gênesis 10:05).[2]
Dante Alighieri aborda o tema em sua De Vulgari Eloquentia e argumenta que a linguagem adâmica é de origem divina e, portanto, imutável.[3] Ele também observa que, de acordo com Gênesis, o primeiro ato de fala deveu-se a Eva, dirigindo-se à serpente, e não Adão.[4]
Na sua Divina Comédia, porém, Dante muda seu ponto de vista para outro que também trata a linguagem adâmica como o produto de Adão.[5] Isto teve como consequência que não poderia mais ser considerado imutável, e, portanto, o hebraico não poderia ser considerado como idêntico com a linguagem do Paraíso. Dante conclui (Paradiso XXVI) que o hebraico é derivado da língua de Adão. Em particular, o nome principal hebraico para Deus na tradição escolástica., El (Deus), deve ser diferente nome Adâmico de Deus, o qual Dante considerou como uma ”I” longo.[6]
Idade Moderna
[editar | editar código-fonte]Segundo autores religiosos, teria origem proto-indo-europeia,[7] assim a teoria tem base linguística.
O estudioso Elizabetano John Dee faz referências a uma língua oculta ou língua angélica registrada em seus diários particulares e nos do médium espírita Edward Kelley. Os escritos de Dee não descreve a linguagem como "Enoquiana", preferindo "Angelical", "Discurso Celestial", "Língua dos Anjos", a "Primeira língua de Deus=Cristo", "Santalíngua", ou "Adâmica", porque, de acordo com Anjos de Dee, foi usada por Adão no Paraíso para nomear todas as coisas. A linguagem foi mais tarde apelidada Enoquiano, devido à afirmação de Dee que o patriarca bíblico Enoque (antepassado de Noé) tivesse o último homem (antes de Dee e Kelley) a saber o idioma.
Movimento de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
[editar | editar código-fonte]Joseph Smith Jr, fundador de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, na sua Tradução da [Bíblia] (que alguns chamam de “versão inspirada” e publicada pela Comunidade de Cristo / RLDS sob esse título), declarou que a língua Adâmica teria sido "pura e imaculada".[8] Alguns dos "Santos dos últimos Dias" (membros da Igreja) creem que essa seja a linguagem de Deus.[9]
Alguns outros primeiros líderes dos Santos dos últimos dias, incluindo Brigham Young,[10] Orson Pratt[11] and Elizabeth Ann Whitney[12] alegaram ter recebido diversas palavras da língua Adâmica quando de revelações. Alguns mais recentes desses santos dos últimos dias dizem que a língua aquela “pura” pelo profeta Sofonias[13] e que vai ser restaurada, como a linguagem universal da humanidade no final do mundo.[14][15][16]
O apostolo de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias Orson Pratt declarou que "Aman", uma parte do nome da localidade "Adam-ondi-Amã", Condado de Daviess, Missouri, era o nome de Deus na linguagem adâmica. Uma página manuscrita em 1832 dos “Joseph Smith Papers” intitulada "Uma amostra da língua pura" e supostamente ditada por Smith para "Br. Johnson", afirma que o nome de Deus é Awmen. [17]
O círculo de orações do “Endowment (Latter Day Saints)” incluiu certa vez as palavras "Pay Lay Ale",.[18] Essas palavras não traduzidas não são mais usados nas ordenanças dos Templos e foram substituídos pela versão em Inglês.[19] Alguns creem que "Pay Lay Ale" seja oriunda da frase da língua hebraica "Pe Le El", פה לאל 'boca para Deus'.[19]
Outras palavras pensadas por alguns Santos dos Últimos Dias como sendo oriunda da linguagem adâmica incluem Deseret’ que está no “Book of Mormon” ' ("abelha melífera"), conf. “Book of Ether”.[20] e Ahman ("Deus") de “Doctrine and Covenants” [21]
Na Pérola de Grande Valor (Escrituras dos Santos dos Últimos Dias) está uma parte da tradução de Joseph Smith do livro Bíblias de Moisés, onde há referências a um "Livro de Recordações" que teria sido escrito na linguagem de Adão.[22]
Estudos científicos
[editar | editar código-fonte]O campo da "linguística evolutiva" reapareceu 1988 na Bibliografia linguística, como um subcampo da psicolinguística. Em 1990, Steven Pinker e Paul Bloom (psicólogo) publicaram seu artigo "Linguagem Natural & Seleção Natural", que argumentou fortemente para uma abordagem adaptacionista sobre a origem da linguagem. Seu papel é muitas vezes creditado como algo que reavivou o interesse na evolução linguística. Esse desenvolvimento foi reforçado pelo estabelecimento (1996) de uma série de conferências sobre a evolução da linguagem (agora conhecido como "Evolang"), promovendo uma abordagem científica e multidisciplinar para o problema e o interesse de grandes editoras acadêmicas (por exemplo, os estudos da evolução da série de Línguas têm aparecido com a Oxford University Press desde 2001) e revistas científicas.
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Eco (1993), p. 32 f.
- ↑ Eco (1993), 7–10.
- ↑ Mazzocco, p. 159
- ↑ Mulierem invenitur ante omnes fuisse locutam. Eco (1993), p. 50.
- ↑ Mazzocco, p. 170
- ↑ Paradiso 26.133f.; Mazzocco, p. 178f.
- ↑ Emmerich, A. C. Life of Jesus Christ and Biblical Revelations, 6. Noah and his posterity, 7. The Tower of Babel
- ↑ "Book of Moses" 6:6.
- ↑ John S. Robertson, "Adamic Language" Arquivado em 24 de dezembro de 2011, no Wayback Machine., in Encyclopedia of Mormonism (New York: Macmillan) 1:18–19.
- ↑ Brigham Young, "History of Brigham Young" Arquivado em 12 de junho de 2011, no Wayback Machine., Millennial Star, vol. 25, no. 28, p. 439 (1863-07-11), cited in History of the Church 1:297, footnote (Young prays in the Adamic tongue)
- ↑ Journal of Discourses 2:342 Arquivado em 25 de outubro de 2007, no Wayback Machine. (God = "Ahman"; Son of God = "Son Ahman"; Men = "Sons Ahman"; Angel = "Anglo-man").
- ↑ Woman's Exponent 7:83 Arquivado em 25 de outubro de 2007, no Wayback Machine. (1 November 1878) (Whitney sings a hymn in the Adamic tongue)
- ↑ Zephaniah Predefinição:Bibleverse-nb
- ↑ Oliver Cowdery, "The Prophecy of Zephaniah"[ligação inativa], Evening and Morning Star, vol. 2, no. 18, p. 142 (March 1834).
- ↑ Bruce R. McConkie (1966, 2d ed.). Mormon Doctrine (Salt Lake City, Utah: Bookcraft) p. 19.
- ↑ Ezra Taft Benson (1988). Teachings of Ezra Taft Benson (Salt Lake City, Utah: Bookcraft) p. 93.
- ↑ "Amostra da Língua pura" ca. Mar 1832[ligação inativa]
- ↑ Steven Naifeh and Gregory White Smith, The Mormon Murders (New York: St. Martins's Press, 1988) ISBN 0-312-93410-6, p. 69. "the sign of the Second Token [is] raising both hands and then lowering them while repeating the incantation "Pay Lay Ale" three times"
- ↑ a b "Current Mormon Temple Ceremony Now Available", Salt Lake City Messenger, no. 76, November 1990.
- ↑ 2:3 Scriptures "ether"
- ↑ 78:20 Scriptures Lds.org
- ↑ Moses 6:5, 46.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Anna Catarina Emmerich, Life of Jesus Christ And Biblical Revelations (1790)
- Angelo Mazzocco, Linguistic Theories in Dante and the Humanists, ISBN 90-04-09250-1 (chapter 9: "Dante's Reappraisal of the Adamic language", 159–181)
- Umberto Eco, The search for the perfect language (1993).