Língua udi – Wikipédia, a enciclopédia livre

Udi
Falado(a) em: Rússia,Azerbaijão, Geórgia
Total de falantes: 10 000
Família: Caucasiana
 Caucasiana do Nordeste
  Lezguiana
   Udi
Estatuto oficial
Língua oficial de: -
Regulado por: Sem órgão regulador
Códigos de língua
ISO 639-1: -
ISO 639-2: cau

A língua udi faz parte da família das línguas caucasianas. É falada pelo povo udi e é a principal língua da Albânia. Esta língua remonta ao século X, e atualmente é falada por cerca de 10 000 pessoas.

Este idioma pertence ao grupo lezguiano das línguas nack-daguestânicas. Está dividida em dois dialetos: nidj e oguz,[1][2] mas a diferença entre eles não impede a compreensão mútua, ainda que cada dialeto se desenvolva independentemente. A língua udi é considerada ágrafa, apesar dos esforços para a criação de uma escrita própria.

O udi só é utilizado na vida cotidiana. A título de língua oficial, as pessoas desta etnia utilizam a do país em que vivem: o azeri, no Azerbaijão, o russo, na Rússia, o cazaque, no Cazaquistão, o georgiano, na Geórgia etc. A maioria do povo udi domina duas ou, frequentemente, três línguas.[3]

Segundo especialistas, o udi na antiguidade era um dos idiomas mais difundidos na Albânia e na base da mesma surgiu, no século IV, a escrita da Albânia (agvana).

O udi tem dois dialetos: nidj e de Vartashen (vartasheno-oktomberi). O dialeto nidj tem tipos de falas que se dividem em três subgrupos: inferiores, intermediários e superiores. Existe a opinião de que todas estas divisões eram historicamente falas independentes (talvez dialetos, em certo tempo) da língua udi. Depois da migração dos udi de distintos lugares (de Nagorno-Karabakh, Tauza e dos povoados vizinhos) ao povoado nidj, estas falas uniram-se, aos poucos, ao dialeto nidj. Ao dialeto de Vartashen, pertencem duas falas: a de vartashen, propriamente dita, e o oktomberi.[4] A fala oktomberi não se diferencia muito do dialeto de Vartashen, já que o povo udi migrou para Oktomberi em 1992.

Escrita antiga

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No ponto de vista histórico, a língua caucasiano-albanesa é a mais próxima da língua udi, e mais ainda, ao udi antigo. O alfabeto tinha 52 letras. Posteriormente, este alfabeto aplicava-se amplamente: à língua caucasiano-albanesa (não confundir com o albanês falado na Albânia, país situado na região dos Bálcãs) foram traduzidos textos bíblicos e nela foram celebrados rituais religiosos. Entretanto, consequentemente, por causas históricas, esta escritura desapareceu gradualmente.

Localização

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A língua udi está difundida de um modo compacto no povoado Nidj, na região de Qabala (antiga Kutkashen), e no centro regional de Oğuz (antiga Vartashen), no Azerbaijão, no povoado Zinobiani, na região de Kvarelsk, na Geórgia, e também de forma esparsa na Armênia e outros países. Em 2002, na Rússia, foram registradas 2.960 pessoas que falam udi (entre 3.721 pessoas etnicamente udi).

Investigação científica da língua

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Uma etapa importante na história da língua udi ocorreu entre o século XIX e o começo do XX. Neste momento começou a investigação científica da língua e ocorreram as primeiras tentativas de dar ao idioma udi um alfabeto.

O começo do estudo da língua udi está relacionado com A. A. Schiefner, que imprimiu a primeira monografia sobre o idioma.[5] Posteriormente, A. Dirr continuou este trabalho, e em 1902 publicou a monografia Gramática da língua udi.[6][7]

O povo udi deu grande importância à pesquisa da língua e deu-lhe uma forma escrita. Já nos anos 50 do século XIX, Gueorgui Bezhanov, um udi de Vartashen, ajudava ativamente Schiefner na investigação da língua. Ele começou a compor o dicionário deste idioma, mas sua morte prematura interrompeu o trabalho. Depois, no final do século XIX, foram publicados textos na língua udi, escritos em alfabeto cirílico, na obra Coleção dos materiais para a descrição das localidades e das tribos do Cáucaso, com diferentes contos e lendas udi.[8] Estes materiais foram recolhidos pelos irmãos C. e M. Bezhanovs, ambos etnicamente udi, de Vartashen. Mas o maior texto publicado na mesma edição foi Santo Evangelho de Mateus, Marcos, Lucas e João, também traduzido e preparado pelos irmãos Bezhanovs.[9]

Pesquisaram muito sobre a língua udi Akbar Payzat e Semion Uruzov, ambos etnicamente udi, de Vartashen. Uruzov pesquisava sobre o léxico do idioma e editou um dicionário. E. F. Dzhejranishvili (udi de Zinobiani) e V. N. Panchvidze também deram uma grande contribuição à pesquisa científica sobre a língua udi, amlém de compararem os dois dialetos do udi pela primeira vez. É necessário ressaltar o trabalho científico do pesquisador Voroshil Gukasyan, udi de Nidj. Em 1974, ele publicou o Dicionário udi-azeri-russo.[10] Na realidade, Voroshil Levonovich foi o primeiro dicionarista dos dois dialetos da língua udi.

Diferentemente dos trabalhos anteriores desta espécie, este dicionário foi feito em alto nível profissional. Para a designação dos sons da língua, aplicava-se o modo geral da transcrição prática para todos os povos do Cáucaso - da transcrição à base da grafia cirílica, com a adição de sinais adicionais. Entretanto, ainda que o dicionário udi tenha sido publicado, e o povo udi tenha conseguido a possibilidade de designar os sons da língua através da escrita, o idioma seguiu como antes, sem escrita; em parte, pela publicação do dicionário não ter sido destinada a objetivos práticos, pois este tinha mais caráter científico.

Situação atual

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Uma nova etapa no desenvolvimento da escrita e do ensino da língua udi começou depois da decomposição da União Soviética. Em 1992, em Baku, Azerbaijão, foi publicado o projeto de ensino da língua udi para as classes iniciais. O projeto foi proposto por G. A. Kechaari, um ilustrador udi, e J. A. Ajdynov, colaborador de ciências pedagógicas no Azerbaijão. O projeto indicava a publicação do abecedário udi e de um livro neste idioma. Primeiramente, o abecedário foi feito com base na escrita cirílica e os sons foram designados segundo o modelo do alfabeto no dicionário de V. Gukasyan. Porém, com a posterior aceitação do novo alfabeto azeri com base na escrita latina, o alfabeto udi também teve que ser traduzido ao alfabeto latino (no total, o sistema de designação dos sinais ficou o praticamente o mesmo, com poucas diferenças ao usar as letras latinas). Como resultado, em meados da década de 1990 foi publicado o abecedário udi e um livro nesta língua, para as classes inicias de ensino. Atualmente, o udi é ensinado em escolas de Nidj.

Entretanto, o ensino não ocorre no nível necessário. Em raras oportunidades pode-se encontrar alguém que lê com fluidez o novo alfabeto. Isto deve-se parcialmente ao fato de que a variante do alfabeto udi que se usa na atualidade ficou inconveniente para o estudo e sua aplicação, considerado difícil até para os estudantes que tentam aprender a língua. O idioma udi é ensinado também nas classes inicias em Zinobiani. Lá, o alfabeto udi (utilizando a escrita georgiana) e o manual para o estudo da língua foram compostos pelo udi local Mamuli Neshumashvili. No entanto, apesar de a língua udi ser ensinada nas escolas georgianas, o conhecimento da língua materna por parte dos udi da Geórgia não é muito grande.

Em 1996, foi publicado pela primeira vez o livro em udi Nana Ochal (A Pátria), uma coleção de obras literárias de diferentes autores. O livro foi publicado com base no alfabeto cirílico, seguindo o modelo do alfabeto de Gukasyan. Em 2001, foi publicado o livro de G. Kechaari Orayin (Manancial). Nele estão inclusos pemas, contos, lendas e também os provérbios udi e anedotas. Em 2003, foi lançado mais um livro de G. Kechaari, Buruxmux (Os montes), uma coleção de poemas na língua udi. Estes livros já foram escritos com o novo alfabeto, com base na escrita latina. Os três livros estão escritos no dialeto de Nidj.

O alfabeto udi de 1992.[11]

Durante muito tempo, a língua udi seguiu sem escrita. Em diferentes períodos, trataram de traduzi-la à escrita cirílica e tentaram ensiná-la nas escolas primárias de Nidj. Na década de 1990, foi criado um alfabeto udi com base latina, no Azerbaijão.[12]

A a B b C c Ç ç D d E e Ə ə F f
G g Ğ ğ H h X x I ı İ i Ҝ ҝ J j
K k Q q L l M m N n O o Ö ö P p
R r S s Ş ş T t U u Ü ü V v Y y
Z z Ц ц Цı цı Eъ eъ Tı tı Əъ əъ Kъ kъ Pı pı
Xъ xъ Şı şı Öъ öъ Çı çı Çъ çъ Ć ć Jı jı Zı zı
Uъ uъ Oъ oъ İъ iъ Dz dz

[13]

Anteriores Centrais Posteriores
i (y) u
ɛ ɛˤ (œ) ə ɔ ɔˤ
(æ) ɑ ɑˤ
Fonemas consoantes da língua udi[14]
Labiais Dentais Alveolares Palatais Velares Uvulares Glotais
lenis fortis
Nasais m n
Plosivas Sonoras b d ɡ
Surdas p t k q
Ejetivas
Africadas Sonoras d͡z d͡ʒ d͡ʒː
Surdas t͡s t͡ʃ t͡ʃː
Ejetivas t͡sʼ t͡ʃʼ t͡ʃːʼ
Fricativas Surdas f s ʃ ʃː x h
Sonoras v z ʒ ʒː ɣ
Vibrantes r
Aproximantes l j

Referências

  1. Dzheiranishvili E.. Udinskij jazik (сс. 453—458)//Jaziki mira: Kavkazskie jaziki. Moskva, 1999. (Russo)
  2. Panchevidze V., Dzheiranishvili E. — Udinskij jazik//Языки народов СССР. Т.4, Иберийско-кавказские языки Moskva, 1967 г.
  3. Gukasjan V. «K trexjazichiyu udin». Problemi dvujazichija i mnogojazichija, Moskva, 1972., str. 286-295 (Russo)
  4. Gukasjan, V., Udinsko-azerbayjansko-russkiy slovar. «Kratkaya grammatika udinskogo yazika» (str. 251) Baku, 1977
  5. Schiefner A. Versuch über die Sprache der Uden // Mémoires de l’Académie des Sciences de St.-Pétérsbourg, VII-e serie; t. VI. no. 8, 1863 (А. Шифнер. Опыт описания языка удин. — На нем. яз.)
  6. Дирр А. М. Грамматика удинского языка // СМОМПК. Тифлис, 1904. Вып. 30.
  7. М. Дирр. Грамматика удинского языка. Тифлис, 1903.
  8. Бежанов С., Бежанов М. Господа нашего Иисуса Христа евангелие от Матфея, Марка, Луки и Иоанна на русском и удинском языках. (СМОМПК, XXX.) Тифлис, 1902.
  9. «Сборнике материалов для описания местностей и племен Кавказа», вып. 6, 1888 г.
  10. Voroshil Gukasyan. Dicionário udi-azeri-russo.. Baku, , 1977.
  11. Çejrani, Tөdөr. Samçi dәs. Suxum, 1934
  12. Aydınov Y.A., Keçaari J.A. Tıetır. Bəkü, 1996
  13. (em inglês) Hewitt, George (2004): Introduction to the Study of the Languages of the Caucasus. LINCOM, Munich. Page 57.
  14. (em inglês) Consonant Systems of the Northeast Caucasian Languages on TITUS DIDACTICA

Ligações externas

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