Línguas semíticas – Wikipédia, a enciclopédia livre
As línguas semíticas são a família mais ao nordeste das línguas afro-asiáticas[1] As línguas semíticas mais comuns faladas hoje são o árabe, o maltês, o hebraico, o amárico, o aramaico e o tigrínia.
Destaca-se que a relação entre tais línguas é semelhante àquela existente entre as línguas românicas, como o espanhol, o francês, o italiano, o português e o provençal, de modo que, assim como estas derivam do latim (língua-mãe), as línguas semíticas provêm de uma língua original comum. Acerca do seu nível de preservação com o avanço dos milênios, o orientalista e professor de árabe da Universidade Cambridge de origem judaica William Wright (1830–1889) acreditava que, apesar de em alguns pontos as línguas semíticas do norte, particularmente o hebraico, trazerem uma forte lembrança da língua-mãe, os dialetos semíticos do sul, o etíope e o árabe principalmente, preservaram um maior grau de semelhança com a língua semítica original.[2]
O termo "semítica" para essas línguas é etimologicamente errado de algumas formas, mas é o termo padrão em linguística.
A classificação dada abaixo é provavelmente a mais difundida — segundo Robert Hetzron — mas é ainda hoje discutida; em particular, muitos semitistas ainda discutem a perspectiva tradicional do árabe como parte das línguas Semíticas do Sul, e alguns (p.ex. Alexander Militarev) veem as Línguas Árabes do Sul como um terceiro ramo das semíticas juntamente com as Semíticas Orientais e Ocidentais, ao invés de um subgrupo das Semíticas do Sul.
Línguas semíticas orientais
[editar | editar código-fonte]Controversa (ou Semítica Oriental ou Semítica Noroestina): Língua eblaíta – extinta
Línguas semíticas ocidentais
[editar | editar código-fonte]- Línguas cananitas (veja também línguas hebraicas)
- Língua amonita – extinta
- Língua moabita – extinta
- Língua edomita – extinta
- Língua hebraica bíblica – tem línguas descendentes vivas
- Línguas fenícias (incluindo o antigo púnico) – extinta
- Aramaico
- Ugarítico – extinta
- Língua amorita – extinta (sua existência é comprovada somente a partir de nomes próprios transcritos em acadiano; pode de fato ser a língua-mãe do semítico do noroeste, ou mesmo predatar o desmembramento do semítico central)
Ocidentais
[editar | editar código-fonte]- Línguas etiópicas
- do Norte
- do Sul
- Transversais
- Exteriores
- Árabe do sul antigo – Fonética semelhante ao árabe
Orientais
[editar | editar código-fonte]Características comuns
[editar | editar código-fonte]Todas essas línguas exibem o padrão de palavras formadas com raízes de três consoantes, com mudanças vocálicas, prefixos e sufixos usados para flexioná-las. Por exemplo, em hebraico:
- gdl significa "grande" mas não é nenhuma palavra, apenas uma raiz
- gadol significa "grande" e é um adjetivo, na forma masculina
- gdola significa "grande" (adjetivo, forma feminina)
- giddel significa "ele fez crescer" (verbo transitivo)
- gadal significa "ele cresceu" (verbo intransitivo)
- higdil significa "ele amplificou" (verbo transitivo)
- magdelet significa "amplificador" (lente)
- spr é a raiz para "contar" ou "recontar"
- sefer significa "livro" (contendo contos que são recontados)
- sofer significa "escriba" (os escribas masoréticos contavam versos)
- mispar significa "número".
Muitas raízes são compartilhadas por mais de uma língua semítica. Por exemplo, a raiz ktb, uma raiz significando escrita, existe em hebraico e árabe ("ele escreveu" e katav em hebraico e kataba em árabe clássico).
A lista seguinte oferece algumas palavras equivalentes em línguas semíticas:
Acadiano | Aramaico | Árabe | Hebraico | Português |
zikaru | dikrā | ḏakar | zåḵår | Macho |
maliku | malkā | malik | mĕlĕḵ | Rei |
imêru | ḥamarā | ḥimār | ḥămōr | Burro |
erṣetu | ʔarʿā | ʔarḍ | ʔĕrĕṣ | Terra |
Algumas vezes determinadas raízes diferem em significado de uma para outra língua semítica. Por exemplo, a raiz b-y-ḍ em árabe tem o significado de "branco" e de "ovo", enquanto que em hebraico significa apenas "ovo". A raiz l-b-n significa "leite" em árabe, mas a cor "branca" em hebraico.
É claro, algumas vezes não há nenhuma relação entre as raízes. Por exemplo, "conhecimento" é representado em hebraico pela raiz y-d-ʿ mas em árabe pelas raízes ʿ-r-f e ʿ-l-m.
Outras línguas afro-asiáticas mostram padrão semelhante, mas mais freqüentemente com raízes biconsonantais; v.g., em língua cabila afeg significa "voe!", enquanto affug significa "voo", e yufeg significa "ele voou".
Referências
- ↑ Zuckermann, Ghil'ad (2012), Burning Issues in Afro-Asiatic Linguistics.
- ↑ Wright, William (1896). A Grammar of the Arabic Language (PDF). Volume I 3 ed. Cambridge: University Press. pp. viii–ix. Consultado em 27 de outubro de 2024