Lauda – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Lauda (desambiguação).


Lauda é um nome genérico dado a cada um dos lados de uma folha de papel, a uma folha de papel impressa ou datilografada ou a uma página, mas também pode referir-se a alguns padrões de paginação (margens, fontes, espaçamentos etc) ou a uma medida convencionada, variável, usada em setores editoriais, jornalísticos, comerciais e acadêmicos como quantidade de texto a ser produzido, editado ou traduzido, e, especificamente, uma folha impressa com marcas de contagem de toques padronizada por órgão de imprensa ou editora, utilizada para a elaboração de textos originais para publicação jornalística ou editorial.[1][2][3][4]

A produção de textos em computadores transformou o sentido da lauda como medida de quantidade de material textual. Usa-se a quantidade de caracteres (incluindo ou não os espaços) ou de palavras, função automática nos programas editores de texto.

Lauda jornalística ou editorial

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Como item físico de trabalho em produção gráfica, lauda é uma folha de papel usada para o trabalho jornalístico ou editorial, com uso posterior à invenção das máquinas de escrever mecânicas (datilografia) e anterior à diagramação por editoração eletrônica e computação.

Uma lauda jornalística ou editorial possuía marcações impressas em apenas um dos lados, delimitando espaços para identificação (nomes de repórter ou redator, título, seção etc.), instruções gráficas (determinações destinadas à composição), margens para uso ao datilografar, números de toques para datilografia (horizontalmente, para contagem de caracteres e espaços) e numeração de linhas (verticalmente, para contagem das linhas datilografadas). O número de toques por linha é sempre estável porque os tipos de uma máquina de escrever mecânica tinham sempre a mesma largura (mesmo o “i” e o “m”). A lauda só podia ser usada por quem datilografa nela na face impressa com marcações[5]; em alguns casos, quando bem mais comprida do que larga, era denominada “linguado”.[5][3][4]

A conformação da lauda permitia a padronização ou uniformização dos originais datilografados, facilitando o cálculo da quantidade de material textual, ou seja, o resultado matemático da multiplicação do número total de toques pelo número de linhas,[6] necessário à contabilização de custos editoriais ou gráficos e o adequado prosseguimento dos trabalhos de preparação da diagramação (projeto visual das páginas de um periódico ou livro) ou para elaboração de artes-finais ou matrizes para impressão. Com o uso de laudas, o cálculo editorial para artes gráficas era feito pela quantidade de toques (caracteres e espaços) e não de palavras.

As laudas mais comuns eram encontradas impressas em formatos ou tamanhos de papel variados, usualmente entre 21,0 x 29,7 cm (A4, internacional) e 22 x 33 cm,[6] além dos formatos com uso dominante nos Estados Unidos e Canadá chamados de “carta”, com 21,6 x 27,9 cm (ANSI A ou letter, 8½ x 11 polegadas), “ofício”, com 21,6 x 35,6 (legal, 8½ × 14 polegadas), e “ofício 2”, com 21,6 x 33,0 cm (government legal, foolscap ou folio, 8½ x 13 polegadas).[7] Se uma lauda fosse impressa por gráfica pertencente a editora de livros ou a empresa jornalística, poderia ser produzida em um formato optimizado pela adequação às subdivisões das dimensões do papel mais usado (por exemplo, de folhas 66 x 96 cm, papel em rolo etc.).

Geralmente no canto superior direito da lauda havia espaço demarcado para colocação da sua numeração. Durante o uso, deveriam ser produzidas cópias por papel carbono ou fotocópias, como segurança ao extravio. Era comum possuírem 54, 65 ou 72 toques por linha e 34, 32 ou 30 linhas por lauda.[6] Usualmente a marcação exigia linhas em espaço duplo, também chamado de “espaço dois”.[8][6] Cada empresa do setor editorial possuía sua própria lauda impressa, geralmente com especificações próprias, inclusive quanto ao número de toques e de linhas,[8] e identificada com marca, logomarca ou logotipo. Hoje as laudas físicas (datilografadas) não são mais utilizadas, mas seu significado e entendimento migrou como referência para cálculos e precificação de trabalhos de revisão textual e tradução, em que a unidade de referência é o número de laudas (com o número de caracteres ou palavras especificado pelo profissional que oferece o seu serviço).

Em algumas situações, lauda também pode ser a designação genérica de cada folha de um original,[6] escrita de um só lado,[3][4] mesmo que ela seja manuscrita.

Lauda como quantificação de texto

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A lauda é uma página-padrão, uma variável auxiliar usada para estimar o tamanho de um manuscrito ou original para revisão, tradução ou publicação. Nos ramos literário, editorial, jornalístico e similares, a lauda, lauda padrão ou página padrão serve como uma base para o cálculo do trabalho ou dos honorários de digitadores, jornalistas, redatores, tradutores, revisores ou editores. Em todos os casos, as laudas têm como subdivisão a linha-padrão, contada em caracteres (para quantificação precisa) ou palavras. Dependendo do trabalho ou da sua finalidade, os espaços vazios também podem ser computados nos custos.

Como medida de quantidade de texto, a lauda pode ter grande variação. Originalmente, em máquinas de escrever, alguns jornais estipulavam laudas de 20 linhas por 60 caracteres em cada linha, o que resultava em laudas de 1200 caracteres. Mas outros veículos estipulavam 25 linhas de 65 caracteres, o que resultava em 1625 caracteres. Hoje, conforme as medidas sugeridas pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, como a ABNT NBR 14724:2011,[9] uma página de texto pode conter mais de 3000 caracteres. Portanto, "lauda" como medida de caracteres precisa ser acompanhada, sempre, da especificação quantitativa: diz-se, por exemplo, "uma lauda de 1.250 caracteres com espaços" (comum em revisão e tradução, embora haja outros padrões), ou "uma lauda literária de 2.100 caracteres".

Em algumas normas técnicas, como na ABNT NBR 6028:2021, para resumo, resenha e recensão, as quantificações são em palavras,[10] o que está em acordo a demanda de esses metadados em algumas plataformas para periódicos acadêmicos (como em OJS, Open Journal Systems).

Para trabalhos acadêmicos, como artigos científicos e trabalhos de conclusão de cursos segundo as normas ABNT NBR 14724:2011, as medidas padrão para a formatação de uma página são[9]:

  • 5 linhas
  • Margem superior: 3,0 cm
  • Margem inferior: 2,0 cm
  • Margem direita: 2,0 cm
  • Margem esquerda: 3,0 cm
  • Citações: segundo as normas ABNT NBR 10520:2002, citações com mais de 3 linhas devem ter seu próprio parágrafo com fonte em tamanho menor que o do texto, com 4 cm de recuo em relação à margem esquerda.[11]
  • Espaçamento das linhas: 1½ (50% maior que o tamanho da fonte)
  • Tamanho de letra: sugere-se corpo 12
  • Tipo de letra: sugere-se Times New Roman ou Arial
  • Formato de papel: A4

Já na televisão, as medidas padrões para a formatação de uma lauda são[12]:

  • Margem superior: 2,5 cm
  • Margem inferior: 2,5 cm
  • Margem direita: 3,0 cm
  • Margem esquerda: 3,0 cm
  • Tamanho de letra: 12
  • Tipo de letra: Times New Roman (fonte serifada)
  • Formato de papel: Carta

Para tradução, a configuração da lauda deve ser dependente do tipo de tradução. Na tradução literária, há 30 linhas com até 70 toques (ou caracteres), resultando em 2.100 toques. Na tradução juramentada, utiliza-se como padrão a lauda de 1.000 caracteres sem espaços (conforme o § 2.° da Deliberação Jucesp No. 05, de 10/11/2011[13]).

Uma lauda jornalística, se por exemplo contivesse um número entre 20 e 25 linhas, com 60 a 70 caracteres por linha, conteria um total entre 1200 a 1750 caracteres por lauda.[14].

Em função da enorme variação no número total de linhas e caracteres abarcados pelo conceito de lauda, e como atualmente a produção textual é feita em computador, recomenda-se medir a quantidades de caracteres, incluindo-se os espaços, através do recurso apropriado dos editores de texto. Na diagramação, é recomendável o uso da pré-diagramação com um texto falso (copy fit) contendo contadores de caracteres.[15]

Referências

  1. Dicionário Aulete Digital. Ver: https://aulete.com.br/lauda
  2. Lauda - dicionário Priberam
  3. a b c HOUAISS ELETRÔNICO: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Objetiva, 2009.
  4. a b c NOVO DICIONÁRIO ELETRÔNICO AURÉLIO. Versão 5.11a. Positivo, 2004. (correspondente à 3ª edição revista e atualizada do Aurélio Século XXI, O Dicionário da Língua Portuguesa, Editora Positivo).
  5. a b PORTA, Frederico. Dicionário de Artes Gráficas. Porto Alegre: Globo, 1958. p. 227; 234.
  6. a b c d e ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; INL – Instituto Nacional do Livro, 1986. p. 135-137.
  7. Ver: https://papersizes.io/. Acesso em: 11 jun. 2023.
  8. a b SILVEIRA, Norberto. Introdução às artes gráficas. Porto Alegre: Sulina; ARI [Associação Rio-Grandense de Imprensa], 1985. p. 79.
  9. a b ABNT NBR 14724:2011: Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos — Apresentação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
  10. ABNT NBR 6028:2021: Informação e documentação — Resumo, resenha e recensão — Apresentação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2021.
  11. ABNT NBR 10520:2002: Informação e documentação — Citações em documentos — Apresentação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2002.
  12. MOURA, Maria Francisca Canovas de. Anexos. In: Jornalismo e Produção em TV. Disponível em: http://www.sitetj.jor.br/anexos.asp?idtexto=11. Acesso em: 11 jun. 2023.
  13. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Deliberação JUCESP no  05, de 10 de novembro de 2011. Disponível em: http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/downloads/deliberacao_05_de_10_11_2011.pdf. Acesso em: 11 jun. 2023.
  14. SINDJORCE – Sindicato dos Jornalistas no Ceará. Redação. Disponível em: https://www.sindjorce.org.br/pisos-e-tabelas/redacao/. Acesso em: 11 jun. 2023.
  15. ROCHA, José Antonio Meira da.  Contagem de caracteres na diagramação. 13 jun. 2007. Disponível em: http://meiradarocha.jor.br/news/2007/06/13/contagem-de-caracteres-na-diagramacao/. Acesso em: 11 jun. 2023.