Laura de Mello e Souza – Wikipédia, a enciclopédia livre
Laura de Mello e Souza | |
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Nome completo | Laura de Mello e Souza |
Nascimento | 1953 (71 anos) São Paulo |
Nacionalidade | brasileira |
Alma mater | Universidade de São Paulo |
Ocupação | Historiadora e professora universitária |
Principais trabalhos | Desclassificados do Ouro (1983) O Diabo e a Terra de Santa Cruz (1986) |
Prémios | Prêmio Jabuti (2012, 2007 e 1998) Prêmio ABL de História e Ciências Sociais (2007) Ordem Nacional do Mérito Científico (2002) Prêmio Internacional de História (2024) |
Laura de Mello e Souza (São Paulo, 1953) é uma historiadora e professora universitária brasileira. É autora de estudos pioneiros nas áreas da história sócio-cultural e político-cultural de grande importância para a historiografia da História Colonial do Brasil, como, por exemplo, o livro O Diabo e a Terra de Santa Cruz, do ano de 1986.[1]
Lecionou por mais de três décadas na Universidade de São Paulo e, atualmente, é professora titular da Cátedra de História do Brasil na Universidade Sorbonne na França.[2] Ao lado de outras historiadoras, faz parte da segunda geração de mulheres atuantes na historiografia brasileira.[3]
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Laura de Mello e Souza nasceu na cidade de São Paulo, no ano de 1953, sendo filha do sociólogo e crítico literário Antônio Candido e da filósofa Gilda de Mello e Souza, ambos então professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. É irmã da também historiadora Marina de Mello e Souza e da designer e escritora Ana Luísa Escorel.[4]
O fato de seus pais serem intelectuais fez com que a vida de Laura, durante sua infância, se movesse conforme os lugares que estes atuavam profissionalmente. Ainda criança morou por pouco tempo em Assis, cidade do interior de São Paulo. Ao retornar à capital com sua família, estudou no colégio italiano Dante Alighieri até o segundo colegial. Depois disso residiu por cerca de dois anos em Paris. Durante a infância e adolescência, frequentou a casa da família de seu pai numa cidadezinha do interior de Minas Gerais.[4]
Formação
[editar | editar código-fonte]Estudos
[editar | editar código-fonte]O ambiente intelectual em que cresceu e as experiências na Europa quando ainda criança, foram fatos fundamentais para a posterior vida universitária de Laura de Mello e Souza. Ao ingressar, na década de 1970, no curso de graduação de História na Universidade de São Paulo, Laura já falava três idiomas além do português: inglês, francês e italiano.[4] Nesta primeira etapa acadêmica, na qual se bacharelou em 1975, teve como professoras Maria Odila Leite da Silva Dias e Anita Novinski e, como professor, Fernando Antonio Novais.[5] Posteriormente, Novais foi seu orientador tanto na dissertação de mestrado, quanto na tese de doutorado, ambos realizados no Programa de Pós-Graduação de História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma Universidade.
Carreira
[editar | editar código-fonte]No ano de 1983, ingressou como professora de História Moderna na USP, posição que ocupou até o ano de 2014. Além disso, em 1998, foi professora visitante na Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, e, ainda, professora na Cátedra Guimarães Rosa da Universidade Nacional Autônoma do México no ano de 2006. Desde a sua saída da USP é professora emérita da Cátedra de História do Brasil na Universidade Sorbonne em Paris, na França, onde reside.[6][7]
Ofício de historiadora
[editar | editar código-fonte]Laura de Mello e Souza fez parte da onda de crescente atuação feminina na historiografia brasileira, ao lado de outras historiadoras como Junia Ferreira Furtado, Mary Del Priore, Maria Fernanda Baptista Bicalho, Margareth Rago, Rachel Soihet, entre outras. Esta geração sucedeu aquela das pioneiras como Alice Piffer Canabrava, Eulália Maria Lahmeyer Lobo, Maria Yedda Linhares e Maria Odila Leite da Silva Dias.[3]
Em certa ocasião, quando questionada sobre "Por que estudar História?", Laura de Mello e Souza associou a importância do trabalho dos historiadores ao de médicos - assim como o fez Carlo Ginzburg, importante historiador. A associação se pauta no fato de que, da mesma maneira que a medicina, o conhecimento histórico ajuda aos seres humanos a enfrentarem a própria condição humana. Ainda sobre isso, ela afirmou:
A História é fundamental para o pleno exercício da cidadania. Se conhecermos nosso passado, remoto e recente, teremos melhores condições de refletir sobre nosso destino coletivo e de tomar decisões.[8]
Em 2023, Laura de Mello e Souza faz incursão no campo da História Ambiental ao publicar O Jardim das Hespérides, no qual articula quatro dimensões do imaginário do século XVIII acerca do território de Minas Gerais, num livro que reflete sobre a relação dinâmica entre homem e natureza e seus desdobramentos para a constituição social e cultural da região mineira.[9] A intelectual foi contemplada, em 2024, com o Prêmio Internacional de História, concedido pelo Comitê Internacional de Ciências Históricas (Cish, na sigla em francês), sendo ela a primeira mulher a receber o prêmio.[10] Nas palavras da historiadora:
Do ponto de vista pessoal, além da surpresa, o prêmio é uma grande honra. Mas gostaria de frisar a importância dele para a comunidade de historiadores brasileiros, que é numerosa e competente, e tem sua visibilidade reforçada por um fato como esse.[10]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Foi casada com Carlos de Campos Vergueiro, juntos tiveram duas filhas: Dora de Campos Vergueiro e Maria Clara de Campos Vergueiro. Seu segundo casamento foi com Mauricio Accioly Neves, com quem teve Tereza Moura Santos. Atualmente é casada com Renato de Andrade Lessa.[11] Tem três netas.[11]
Principais obras
[editar | editar código-fonte]Entre a produção da autora estão:[12][5][13]
Autoria
[editar | editar código-fonte]- Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII, 1983 (tradução francesa: Les Déclassés de l'or, la pauvreté au Minas Gerais au XVIIIe siècle, 2020, ed. Le Poisson Volant)
- O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial, 1986.
- Feitiçaria na Europa Moderna, 1987
- Inferno Atlântico: demonologia e colonização (séculos XVI-XVIII), 1993.
- Norma e conflito: aspectos da história de Minas no século XVIII, 1999.
- O Sol e a Sombra: política e administração na América portuguesa do século XVIII, 2006
- Cláudio Manuel da Costa - o letrado dividido, 2011
- O jardim das hespérides: Minas e as visões do mundo natural no século XVIII, 2022
Co-autoria e organização
[editar | editar código-fonte]- História da vida privada no Brasil Vol 1: "cotidiano e vida privada na América portuguesa" (organizadora), 1997.
- Virando Séculos, Vol 4: "o Império deste mundo (1680-1720)" (co-autora com Maria Fernanda Baptista Bicalho), 2000.
- O governo dos povos (organizadora, junto a Júnia Ferreira Furtado) 2009.
Prêmios
[editar | editar código-fonte]A autora recebeu os prêmios:
- Prêmio Internacional de História, Comitê Internacional de Ciências Históricas (2024)[10][14]
- Prêmio Jabuti - Biografia - 2º lugar (2012)
- Prêmio da Academia Brasileira de Letras na categoria História e Ciências (2007)[15]
- Prêmio Jabuti - Ciências Humanas - 3º lugar (2007)[16]
- Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico (2002)[5]
- 44º Prêmio Alejandro José Calassa, União Brasileira de Escritores (2002)[17]
- Prêmio Jabuti - Ciências Humanas - 2º lugar (1998)[18]
- Prêmio Manuel Bonfim (1998)[5]
- Prêmio Casa-Grande e Senzala (1994)[17]
Referências
- ↑ Conselho editorial[ligação inativa] - Revista de História da Biblioteca Nacional, (visitado em 19-3-2010)
- ↑ Sorbonnes Université Presses (s.d.). «Laura de Mello e Souza». Consultado em 21 de abril de 2021
- ↑ a b Liblik, Carmem Silvia da Fonseca Kummer (2017). Uma história toda sua: trajetórias de historiadoras brasileiras (1934-1990). Tese de Doutorado em História (UFPR). Consultado em 21 de abril de 2021.
- ↑ a b c Liblik, Carmem Silvia da Fonseca Kummer (2017). "História de vida e profissional da historiadora brasileira Laura de Mello ee Souza: intersecções entre memória e biografia" Oficina Do Historiador, 10.1: 60-77. Consultado em 21 de abril de 2011.
- ↑ a b c d Currículo - Lattes, 10 de junho de 2017 (visitado em 18-6-2017)
- ↑ https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/672/laura-de-mello-e-souza/ Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ «Professora da USP é a primeira pesquisadora das Américas a receber o Prêmio Internacional de História». Jornal da USP. 16 de janeiro de 2024. Consultado em 29 de junho de 2024
- ↑ SOUZA e MELLO, Laura de (13 de maio de 2020). «Por que estudar História». ANPUH. Consultado em 21 de abril de 2021
- ↑ «O Jardim das Hespérides - Laura de Mello e Souza - Grupo Companhia das Letras». www.companhiadasletras.com.br. Consultado em 26 de agosto de 2024
- ↑ a b c Orlandi, Ana Paula (24 de janeiro de 2024). «Laura de Mello e Souza vence o Prêmio Internacional de História». FAPESP. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ a b «Memória de Família :: BUSCA». www.memoriadefamilia.com.br. Consultado em 1 de fevereiro de 2024
- ↑ História como desenho[ligação inativa] - Revista de História da Biblioteca Nacional, 1 de Julho de 2009 (visitado em 19-3-2010)
- ↑ Revista de História da Biblioteca Nacional (13 de abril de 2011). Poeta e inconfidente[ligação inativa], acesso em 15 de abril de 2011
- ↑ ICHS-CISH General Assembly (24 de janeiro de 2024). «Laura de Mello e Souza awarded the 2024 International Prize for History CISH» (em inglês). CISH. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ Academia Brasileira de Letras divulga os vencedores dos prêmios ABL 2007 - Academia Brasileira de Letras, 2007(visitado em 19-3-2010)
- ↑ Saem os vencedores do 49º prêmio Jabuti - 2007 - Entre Livros, 21 de agosto de 2007 (visitado em 19-3-2010)
- ↑ a b Relatório de atividades 2002 - FFLCH-USP, 21 de agosto de 2007 (visitado em 19-3-2010)
- ↑ Vencedores do 41º Prêmio Jabuti Arquivado em 7 de outubro de 2010, no Wayback Machine. - Prêmio Jabuti, 1998 (visitado em 19-3-2010)