Lavras da Mangabeira – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Município do Brasil | |||
Boqueirão do Rio Salgado, chapada residual e atração natural do município. | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Gentílico | lavrense | ||
Localização | |||
Localização de Lavras da Mangabeira no Ceará | |||
Localização de Lavras da Mangabeira no Brasil | |||
Mapa de Lavras da Mangabeira | |||
Coordenadas | 6° 45′ 10″ S, 38° 58′ 19″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Ceará | ||
Municípios limítrofes | Norte: Cedro, Icó e Umari Leste: Baixio e Ipaumirim Sul: Aurora e Caririaçu Oeste: Granjeiro e Várzea Alegre | ||
Distância até a capital | 434 km | ||
História | |||
Fundação | 20 de agosto de 1816 (208 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Ronaldo Pedrosa Lima (PSD, 2021–2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [1] | 947,957 km² | ||
População total (IBGE/2019[2]) | 31 508 hab. | ||
Densidade | 33,2 hab./km² | ||
Clima | semiárido | ||
Altitude | 239 m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
CEP | 63300-000 | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2000[3]) | 0,636 — médio | ||
PIB (IBGE/2008[4]) | R$ 95 925,503 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2008[4]) | R$ 3 133,59 | ||
Sítio | lavrasdamangabeira.ce.gov.br (Prefeitura) |
Lavras da Mangabeira é um município brasileiro do estado do Ceará. A cidade é conhecida por seu ponto turístico (o Boqueirão de Lavras) e por ser a terra de Dona Fideralina Augusto, figura de destaque do coronelismo nordestino. Os seus maiores representantes na área da cultura são os músicos Gilberto Milfont, Francisco Araujo e Nonato Luiz, as artistas plásticas Sinhá d'Amora e Rosa Firmo Beserra, e os escritores Filgueiras Lima, João Clímaco Bezerra, Joaryvar Macedo, Dimas Macedo, Linhares Filho e, Cristina Maria Couto. O município tem 31 508 habitantes, conforme estimativa do IBGE de 2019[2] e sua área territorial é de 947,957 km².
O topônimo Lavras da Mangabeira é uma alusão à mineração de ouro em meados do século XVIII,[5] e o nome da árvore abundante na região, a mangabeira (Hancornia speciosa). Sua denominação original era São Vicente Ferrer de Lavras de Mangabeira, depois São Vicente das Lavras, Lavras e, desde 1911, Lavras da Mangabeira.[6]
História
[editar | editar código-fonte]As terras localizadas às margens do Jaguaribe-Mirim ou rio Salgado, eram habitadas pelos índios de diversa etnias tais como os Kariri, os Guariús.[7][8]
Com a definitiva colonização do território de Ceará no século XVII, passaram a chegar diversas entradas e bandeiras na região dos índios Cariris. Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros contatos com os nativos, estudaram as tribos, catequizaram os indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões.
Os resultados destes contatos e descobrimentos desencadearam notícias que na região das Minas de São José dos Cariris Novos (atual município de Missão Velha), tinha ouro em abundância e em seguida desencadeou-se uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa.
A busca do metal precioso, nas ribanceiras do Rio Salgado, trouxe para a região do Sertão do Cariri, a colonização e com consequência a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos e vilas.
A febre do ouro durou até a segunda metade do século XVII. Várias prospecções se realizaram, porém em vão, uma vez que a extração de referido minério se tornou onerosa às Cortes de Lisboa, que determinaram a sua suspensão, em 2 de setembro de 1758.[5]
Essas aventuras auríferas que se fizeram, entre outros, nos sítios Fortuna, Oiteiro, Barreiros e Morros Dourados e, especialmente, no lugar denominado Boqueirão de Lavras; a criação da capela de São Vicente Férrer, foram as bases que deram início ao centro urbano que hoje chama-se Lavras da Mangabeira.
Com a expansão da Estrada de Ferro de Baturité até a cidade do Crato, em 1917, no município de Lavras da Mangabeira, foram inauguradas três estações de trem (Arrojado, antigo Paino); na cidade de Lavras; e em Iborepi (antigo Riacho Fundo).[9][10][11] Esta malha ferroviária representou o impulso para a economia local, principalmente porque a partir da estação de Paino ou Arrojado, o Ceará ficou ligado à Paraíba via o Ramal da Paraíba.[12]
Famílias que vieram a Lavras da Mangabeira em busca do ouro, estabeleceram-se de modo a constituir essa cidade e consolidar sua própria história. Buscando conservar seu sangue, herança genética e seus sobrenomes, mantiveram uniões entre certas famílias e podem ser observados como verdadeiros clãs, que ainda hoje conservam esses padrões e moram ou mantém fortíssimas ligações com a cidade e entre sua família.
Geografia
[editar | editar código-fonte]Clima
[editar | editar código-fonte]Tropical quente semiárido com pluviometria média de 908,9 mm[13] com chuvas concentradas de janeiro a abril.[14]
Hidrografia e recursos hídricos
[editar | editar código-fonte]As principais fontes de água fazem parte da bacia do rio Salgado, sendo as principais os riachos São Lourenço, do Meio, do Machado, das Pombas, das Pimentas, Unha de Gato e Extremo de Cima, do Mês, do Rosário e outros tantos. Existem 192 açudes, sendo os de grande porte os açude: do Rosário, da Extrema, Pau Amarelo, Três Irmãos.[15][16]
Relevo e solos
[editar | editar código-fonte]As terras de Lavras da Mangabeira fazem parte da Depressão Sertaneja. As principais elevações possuem altitudes entre 200 e 500 metros acima do nível do mar. Com solos que apresentam rochas do embasamento cristalino pré-cambriano, representadas por gnaisses e migmatitos diversos, xistos, filitos e metacalcários. Sobre esse substrato repousam rochas sedimentares (conglomerados, arenitos, siltitos, folhelhos e calcários) do mesozoico.[15]
Vegetação
[editar | editar código-fonte]A vegetação é bastante diversificada: caatinga arbustiva densa, caatinga arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa e mata ciliar (floresta mista dicótilo-palmácea) ao longo dos cursos hídricos. Também há uma pequena área de cerrado no alto do Boqueirão do Rio Salgado.[15]
Subdivisão
[editar | editar código-fonte]O município é dividido em seis distritos: Lavras de Mangabeira (sede), Amaniutuba (ex-Ouro Branco), Arrojado, Iborepi, Mangabeira e Quitaiús.[6]
Geologia
[editar | editar código-fonte]Recursos minerais
[editar | editar código-fonte]Entre as cidades de Lavras da Mangabeira e Farias Brito, existem dois garimpos desativados de ouro.[17] No garimpo localizado próximo à Lavras da Mangabeira, a mineralização ocorre como grãos de ouro disseminados em veios de quartzo leitoso com pirita em gnaisses do Complexo Arábia. No garimpo do Sítio Fortuna, a nordeste de Farias Brito, a mineralização de ouro está associada a veios de quartzo piritosos que cortam os xistos da Formação Independência do Grupo Ceará.[18]
Aspectos socioeconômicos
[editar | editar código-fonte]A maior concentração populacional encontra-se na zona rural. A sede do município dispõe de abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, serviço telefônico, agência de correios e telégrafos, serviço bancário, hospitais, hotéis e ensino de 1º e 2º grau.[15]
A partir de Fortaleza, o acesso ao município pode ser feito por via terrestre através da rodovia Fortaleza/Russas/Icó/Ipaumirim (BR 116) e a rodovia Lavras da Mangabeira/Várzea Alegre/Farias Brito/Crato (BR 230, a mesma Transamazônica que começa em Cabedelo e vai até à Amazônia). As demais vilas, lugarejos, sítios e fazendas são acessíveis (com franco acesso durante todo o ano) através de estradas estaduais, sendo elas rodovias asfaltadas ou estradas carroçáveis.[19]
A economia local é baseada na:
- Agricultura: algodão arbóreo e herbáceo, banana, milho, feijão e arroz;
- Pecuária: bovinos, suínos e avícola;
- Indústria: oito indústrias, sendo quatro de produtos alimentares, uma de química, uma de produtos minerais não metálicos, duas de vestuário, calçados e artigos de tecidos, couros e peles.[20]
Turismo
[editar | editar código-fonte]O turismo também movimenta a cidade devido as suas belezas naturais, com destaque especial ao Boqueirão e a sua gruta, que além de ser um local de imensa beleza, é um objeto de estudo que recebe estudiosos e diversas escolas do interior do estado, para conhecer sua impressionante formação geográfica e histórica, sendo um alvo de lendas que compõe a história da cidade.
Cultura
[editar | editar código-fonte]Os principais eventos culturais são: a festa do padroeiro, São Vicente Ferrer (5 de abril), e a SEACE (Semana de Arte Cultura e Esportes), comemorada todo ano na semana de aniversário da cidade (20 de agosto). Vale destacar também as festas dos padroeiros dos distritos, como São José em Amanuituba e São Francisco copadroeiro, São Sebastião em Mangabeira, Nossa Senhora do Rosário em Quitaius, Coração de Jesus em Arrojado que também comemora o São Pedro, e Nossa Senhora das Candeias em Iborepi. Alguns nomes da música em Lavras da Mangabeira animam os finais de semanas, como Viquinho e seus teclados, Rosivan, Nailton, Ciço Lifrat, Juscelino, Ivo Teles & Darly, Luis Seresteiro, Forrozão Gata Moral. Poetas como Zé Teles, Manoel de Mundoca, Mundoquinha, Zael de Besouro, Valdir Teles, e o poeta Joca do Arrojado e seu neto Arthur Antunes (o maior compositor de Lavras da Mangabeira) enriquecem a cultura lavrense. Outros saíram de Lavras (Distrito de Mangabeira), mas continuam ligados ao município, como é o caso do acordeonista, cantor e compositor Matheus Ribeiro, que atualmente reside em Fortaleza e tem levado por onde passa o nome de sua cidade natal, compondo até canções onde fala de suas raízes.
Política
[editar | editar código-fonte]A administração municipal localiza-se na sede, Lavras da Mangabeira. O atual prefeito da cidade é Ronaldo Pedrosa Lima, popularmente conhecido como Ronaldo da Madeireira.[6]
Esportes
[editar | editar código-fonte]O esporte, principalmente o futebol é uma das maiores paixões do Lavrense. Tiveram grandes equipes e jogadores ao longo de sua existência. Com destaque para a equipe do MONTILLA que, desde 1997 vem sendo um ícone do futebol amador da região, conquistando vários títulos ao longo de sua existência.
O Montilla F. C. é atualmente Pentacampeão de Lavras da Mangabeira, sendo o maior também em títulos municipais, como também conquistando os principais títulos nos municípios circunvizinhos, como Várzea Alegre, Cedro, Aurora e no vizinho estado da Paraíba.
Existem outras equipes que rivalizam com o Montilla, como o Cruzeiro (Tri-Campeão Lavrense), ALFA (Leomar Bezerra), o Meia Lua (Campeão) e o Padre Cícero (Campeão). Também vale destacar a força das equipes dos distritos como o Iborepi, Amaniutuba, Mangabeira, Arrojado, Quitaiús, e também da zona rural, como o Nacional das Melancias, o Guarani do Boqueirão, o Botafogo da Carnaúba. Grandes jogadores fizeram história no nosso município, como José Alves, Cabo Bené, Jandismar (João da Bomba), Neném Alves, Audizio, Bim, Danda, Fanca, Dr. Tavinho (ex-prefeito da cidade), Gerácio e Leonardo (Sendo estes dois os primeiros a atuarem como profissionais), Dr. Mirialdo, Vicente de Tereza, Francisco Holanda (Rapaizão), Tatal Zógob, Magela, Gilmar, Zé Nailton, Paulinho, Tim, Basto, Hamilton, Filho, Diassis, Danilé, Geraldino, Dé (Goleiro) entre outros.
O Futsal é uma das bases sociais na infância do Lavrense. Gato Preto e Cipreg foram duas grandes equipes e famosas na região, mas hoje não tem nenhum clube registrado. Atualmente a cidade envia apenas a seleção municipal para jogos representativos.
Lavrenses notórios
[editar | editar código-fonte]- A fonte de referência sobre os lavrenses que mais se destacaram está no livro - Lavrenses Ilustres (3ª ed. Fortaleza: Editora RDS, 2012), de autoria do historiador Dimas Macedo.
- Eunício Oliveira
- Heitor Férrer
- Joaquim Lobo de Macêdo
Referências
- ↑ IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010
- ↑ a b «Estimativa Populacional de 2019». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 27 de dezembro de 2019
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008
- ↑ a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010
- ↑ a b Brígido, João (1900). «Ephemerides do Ceará» (PDF). Instituto do Ceará. Revista do Instituto do Ceará. 14. Consultado em 10 de setembro de 2024
- ↑ a b c http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/.pdf[ligação inativa]
- ↑ Sebok. Lou, Atlases published in the Netherlands in the rare atlas collection. Compiled and edited by Lou Seboek. National Map Collection (Canada), Ottawa. 1974
- ↑ Aragão, R. B, Índios do Ceará e Topônimos Indígenas, Fortaleza, Barraca do Escritor Cearense. 1994
- ↑ [1]
- ↑ [2]
- ↑ [3]
- ↑ [4]
- ↑ Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME.
- ↑ Instituto nacional de Pesquisa espacial - INPE.
- ↑ a b c d http://www.cprm.gov.br/
- ↑ [5]
- ↑ PRADO; et al. (1980). «Projeto Lavras da Mangabeira. Relatório da Etapa I». CPRM: Serviço Geológico do Brasil. Relatórios técnicos. Consultado em 16 de outubro de 2024
- ↑ PINEO & PALHETA (2021). «Projeto mapa geológico e de recurso minerais do estado do Ceará». CPRM: Serviço Geológico do Brasil. Relatórios técnicos. Consultado em 16 de outubro de 2024
- ↑ [6]
- ↑ [7]