Leôncio Pilato – Wikipédia, a enciclopédia livre

Leôncio Pilato
(† 1366)
Nascimento Primeira metade do Século XIV
Seminara, Calábria,  Itália
Morte 1366
Veneza,  Itália
Alma mater Estúdio Florentino
Ocupação Humanista, erudito, filósofo, pedagogo e tradutor italiano.

Leôncio Pilato (sinonímia: Leonzio Pilato, Leontios Pilatos, Léonce Pilate) († 1366), foi um humanista, erudito e tradutor calabrês e um dos primeiros protagonistas dos estudos gregos na Europa Ocidental. Leôncio comentou e traduziu para o latim obras de autores gregos tais como Eurípides, Aristóteles e Homero,[1] incluindo a Odisseia[2] e a Ilíada. Foi também o primeiro professor de grego da Europa Ocidental.[3]

Pilatus foi aluno de Barlaão de Seminara. Em 1350 empreendeu uma viagem para Creta para aperfeiçoar o seu grego clássico. Em 1342, quando Barlaão se torna bispo de Gerace vamos encontrá-lo nessa cidade. Barlaão transmite a ele o amor pelas viagens tornando-o um aventureiro errante. Em 1360 retornou a Florença a convite de Boccaccio.

Embora se acreditasse que Leôncio fosse de origem grega,[4][5][6][7][8][9][10] sabe-se atualmente que nasceu em Seminara, Reggio Calabria, graças a uma famosa carta endereçada a Boccaccio; Petrarca também afirma que o monge era totalmente calabrês e ralha consigo mesmo ao imaginá-lo grego, ao invés de italiano.[11]

Leo noster vere Calaber, sed ut ipse vult Thesalus, quasi nobilius sit grecum esse quam italum (Sen. III, 6).

Tradução: O nosso Leôncio é na verdade um calabrês, mas poderíamos considerá-lo natural da Tessália como se pensássemos que seria mais nobre ser grego do que italiano.

A sua real importância reside na relação que tinha com Petrarca e Boccaccio. A sua tradução de Homero para o latim foi uma prosa muito primitiva e praticamente literal, segundo Boccaccio, que subsequentemente a enviou para Petrarca, que devia uma introdução para o poeta e a Pilatus, e estava ansioso por obter uma tradução completa. Pilatus também forneceu a Boccaccio alguns materiais para a sua genealogia dos deuses (Genealogia deorum gentilium), que foi, segundo Edward Gibbon: uma obra de fantástica erudição para aquela época, e que ele ostentosamente salpicou de passagens e expressões em grego, para excitar a imaginação e os aplausos dos seus leitores mais ignorantes.

Ao retornar para o Império Bizantino, em dezembro de 1365, percorrendo a travessia em direção a Veneza, o seu barco vem a naufragar nas proximidades do Golfo de Veneza. Leôncio morre, e junto dele, aparecem os livros que provavelmente levava consigo.

  1. John Larner, (1971). Culture and society in Italy, 1290-1420. Scribner. p. 247. ISBN 0-684-12367-3. "Seu aluno, Leôncio Pilato, outro grego da Calábria, foi persuadido por Boccaccio a ir para Florença entre 1360 e 1362, e lá na universidade ele traduziu e fez comentários sobre Homero, Eurípides, e Aristóteles."
  2. Alberto Manguel, (2007). Homer's the Iliad and the Odyssey: Books That Shook the World. Allen & Unwin. p. 94. ISBN 1-74114-900-2. "Leonzio Pilato, monge calabrês de origem grega, traduziu a Odisseia e a Ilíada para o Latim".
  3. Gilbert Highet, (1985). The classical tradition: Greek and Roman influences on western literature. Oxford University Press US. p. 16. ISBN 0-19-500206-7. "Leôncio Pilato, tornou-se o primeiro professor de grego da europa ocidental— em Florença, onde foi por muito tempo o centro desta atividade."
  4. Holton David, (1991). Literature and society in Renaissance Crete. Cambridge University Press. p. 3. ISBN 0-521-32579-X. "Mais significativa é a informação de que por volta de 1350 um grego natural da Calábria que atende pelo nome de Leôncio Pilato passou vários anos em Creta."
  5. Paul F. Grendler, (2004). The universities of the Italian Renaissance. JHU Press. p. 78. ISBN 0-8018-8055-6. "Boccaccio convenceu a comuna para nomear Leonzio Pilato, que era um grego da Calábria, a ensinar o idioma grego, o primeiro professor a exercer esta cadeira da Europa Ocidental."
  6. John Larner, (1971). Culture and society in Italy, 1290-1420. Scribner. p. 247. ISBN 0-684-12367-3. "O seu aluno, Leonzio Pilato, outro grego da Calábria, foi convencido por Boccaccio para ir a Florença entre 1360 e 1362, e lá na universidade ele traduziu e fez comentários sobre Homero, Eurípides, e Aristóteles."
  7. Ronald G. Witt, (2001). Italian humanism and medieval rhetoric. Ashgate. p. 99. ISBN 0-86078-875-X. "Muito se aprendeu recentemente sobre os objetivos das obras de Leonzio Pilato, o desagradável grego da Calábria, que ocupou a primeira cadeira de grego no Estúdio Florentino por volta de 1360/2."
  8. John Miles Foley, (2005). A companion to ancient epic. Wiley-Blackwell. p. 185. ISBN 1-4051-0524-0. "uma tradução interlinear feita por um grego da Calábria extremamente desagradável, Leonzio Pilato, que morreu mais tarde depois de ser atingido por um raio (precedente que não inibiou os tradutores posteriores)."
  9. Sears Reynolds Jayne, (1995). Plato in Renaissance England. Springer. pp. 3–4. ISBN 0-7923-3060-9. "Do mesmo modo que Petrarca, Boccaccio não lia em grego; o tradutor que ele escolheu de sua preferência era um visitante grego chamado Leonzio Pilato que ele contratou usando recursos do seu próprio bolso para ensinar grego e traduzir Homero."
  10. Alberto Manguel, (2007). Homer's the Iliad and the Odyssey: Books That Shook the World. Allen & Unwin. p. 94. ISBN 1-74114-900-2. "Leonzio Pilato, um monge calabrês de origem grega, traduziu a Odisseia e a Ilíada para o Latim."
  11. Nancy Bisaha, Creating East and West: Renaissance humanists and the Ottoman Turks (A Criação do Oriente e do Ocidente, os Humanistas renascentistas e os turcos otomanos), University of Pennsylvania Press, 2006, p. 119.