Levante dos Tupinambás – Wikipédia, a enciclopédia livre

Forte do Presépio localizado na cidade de Belém do Pará

O Levante Tupinambá (1617-1621), também chamado de Revolta dos Tupinambá, aconteceu no dia 13 de janeiro de 1618 e foi liderado pelo tuxaua (cacique) Guaimiaba

(Cabelo de Velha). que reuniu diversos grupos indígenas nativos da movimentada região de Mairi (atual cidade de Belém do Pará)[1] para travar uma luta contra os portugueses, devido aos abusos cometidos por estes colonizadores ao explorarem a mão de obra indígena na Conquista do Pará. Movimento marcante dentre uma série de levantes que ocorreram na região no período de 1617 à 1619. As disputas culminaram no ataque em janeiro de 1619 dos tupinambá ao Forte do Presépio (fortificação portuguesa), localizado às margens da baía do Guajará.[2]

No início do século XVII, os portugueses faziam expedições pelo território brasileiro. Onde a região do extremo norte do país estava invadida por ingleses e holandeses, que criaram feitorias para explorar a matéria-prima que seria vendida na Europa. Assim, os portugueses iniciaram campanhas militares para fortalecer o domínio no território amazônico e garantir a exploração dos recursos naturais local (drogas do sertão),[3][4] devido a perda de concorrência no mercado asiático para os holandeses. Onde em 1580 ocorreu a invasão portuguesa e a implantação de um núcleo colonial com o capitão Castelo Branco e,[5] em 1616, os colonos fundaram a cidade de Belém e se assentaram na Amazônia, com o objetivo de proteger a entrada do Rio Amazonas. Fizeram aliança com os tupinambás nativos do local (povo formado a partir da migração de Tupis que habitavam o litoral nordestino).

A aliança com os tupinambás do Pará, foi mediada pela etnia do Maranhão que já tinha uma relação com os estrangeiros, buscando benefícios no comércio e nas guerras. Porém os colonos passaram, então, a escravizar os tupinambás, assim como fizeram com indígenas do nordeste do país, a primeira a ser conquistada.

Os abusos da escravidão resultaram na união contra os portugueses. Os indígenas capturados sofriam com imposições físicas, culturais e religiosas por parte dos portugueses, via missionários franciscanos e jesuítas, além de servirem como mão de obra na produção colonial. Os levantes resultaram em massacres e prisões de nativos, que serviam de tropas para as disputas dos portugueses.

A expansão marítima europeia, iniciada no século XV, surgiu da necessidade dos países de ampliarem seu comércio em crise, principalmente devido ao monopólio comercial dos turcos na região do Oriente e o domínio dos árabes na África. Com o aumento do preço das mercadorias asiáticas e africanas, como pedras preciosas, perfumes, tecidos e especiarias, os europeus iniciaram grandes viagens de navios para o descobrimento de novas terras a serem exploradas. As viagens portuguesas e espanholas resultaram na conquista de diversos territórios, entre eles, o continente americano. Com o objetivo de dividirem as terras a serem dominadas por cada um deles, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. O acordo separava o mundo por um meridiano imaginário: o lado oriental era português e o ocidental era espanhol. O meridiano de Tordesilhas cortava o território brasileiro em duas partes e Portugal tinha direito, apenas, da área que hoje compreende a região nordeste e uma pequena parte do sudeste do país. Contudo, a iniciativa colonizadora dos portugueses no Brasil, para exploração das riquezas naturais e o povoamento, foi ampliada para além dos limites definidos pelo Tratado, durante os séculos XVII e XVIII.[6]

No século XVII, as disputas territoriais e a concorrência entre as potências europeias foram as motivações para a exploração da Amazônia, um território vasto e com variedade de riquezas, ainda desconhecidas pelos colonizadores.[7] De acordo com o tratado, a área estava designada aos espanhóis. Contudo, após se consolidarem na região nordeste do Brasil, os portugueses começaram a estender seus domínios, visando colonizar todo o território. A dominação dos portugueses no Brasil teve três principais agentes sociais: os colonos, os missionários e os índios. Os missionários viajavam ao Brasil com o objetivo de catequizar os índios, enquanto os colonos se aproveitavam dos índios nativos para construção do seu domínio de bens e poder. Havia uma luta de interesses e motivações entre os dois grupos europeus.[8] Apesar de obrigarem os indígenas a se converterem a uma nova religião, os religiosos também defendiam as tribos diante dos exageros cometidos pelos colonos.[9] Então, a ação dos missionários era ambígua, uma vez que eles denunciavam os abusos e entravam em conflito com os colonos e, ao mesmo tempo, faziam parte do povo português, dependendo de relações com os poderosos para se manterem.[10][11]

Escravização indígena

[editar | editar código-fonte]
Sebastião I, Rei de Portugal e Algarves (reinado 1557 - 1578)
Rei da Espanha de 1556 até sua morte e também Rei de Portugal e Algarves como Filipe I a partir de 1581

No século XVI, os colonos se deslocavam ao sertão brasileiro para apreender índios, que depois seriam tratados como escravos, trabalhando sem nenhum tipo de remuneração e sendo trocados e vendidos. Houve tentativas, de parte dos próprios portugueses, de limitar esse tratamento explorador e servil. Em 20 de março de 1570, D. Sebastião promulgou a primeira lei proibindo essa prática de exploração feita pelos colonos. Contudo, a lei legitimava a captura de indígenas em duas situações: em guerras justas travadas com licença do governador ou do rei e quando fossem para prevenir a antropofagia. Os colonos passaram a se aproveitar das concessões da lei para justificarem o aprisionamento dos índios. Posteriormente, o rei Filipe II foi pressionado pelos missionários e anulou a lei sebastiânica, determinando que os nativos não poderiam mais ser capturados, a não ser em guerras ordenadas pelo rei. Em 1605, Filipe III confirmou o decreto do pai sobre o assunto. Em 1609, a captura de muitos índios na cidade de Jaguaribe, no Ceará, originou uma nova declaração. Filipe III declarou que todos os gentios eram livres e deveriam ser remunerados por seu trabalho. Porém, as leis e declarações não eram suficientes para conter as hostilidades feitas com os índios. A lei de 1609 não conseguiu garantir a liberdade dos nativos e, dois anos depois, em 1611, Filipe III reafirmou a liberdade dos índios e definiu que, se houvesse rebelião ou guerras com os povos nativos, a necessidade de fazer a guerra contra eles seria discutida em uma Junta. Somente com a aprovação, a guerra aconteceria e os colonos poderiam apreender os índios. Na teoria, a escravização era restrita e condicionada. Na prática, não havia controle dos abusos cometidos pelos portugueses e os casos de captura de índios eram generalizados.[8]

Os índios aliados e submissos tinham, dentro do possível, a liberdade garantida pelos colonizadores, porque os portugueses reconheciam que eles eram a principal mão de obra e força para garantir a defesa do território e a ampla exploração dos recursos naturais. Os indígenas que não resistiam ao projeto colonizador do Brasil tinham suas terras preservadas e ganhavam uma remuneração justa.[12] Nesse sentido, a escravidão era determinada pela distinção entre os índios mansos, adeptos ao programa de civilização dos colonizadores; e os índios insubordinados e agressivos. Muitas vezes, o mesmo grupo de índios poderia ser considerado bom e depois agressivo.[13] A escravização era legitimada pela guerra justa e o resgate, em situações de antropofagia e outras prisões entre índios de tribos diferentes. As guerras chamadas de justas eram as que visavam à expansão territorial e à evangelização dos nativos. No sertão amazônico, especialmente no Pará, os cativeiros eram violentos e ilegais. Mesmo com as leis, a situação de ilegalidade não era revertida, porque a prosperidade da expansão e colonização se devia à exploração dos indígenas.[14]

Colonização amazônica

[editar | editar código-fonte]

A região norte do Brasil era disputada pelos países europeus.[15] Durante os reinados dos três Filipes no Brasil, havia poucos grupos de colonização no litoral do nordeste e o objetivo de expandir o território colonial com expedições para o interior do país, explorando o norte. A ocupação portuguesa do Pará, por exemplo, aconteceu em 1616, com a construção do Forte do Presépio em Belém.[16] Antes da dominação portuguesa no local, o vale amazônico foi descoberto pelos espanhóis. Depois, a região foi explorada e ocupada pelos ingleses e holandeses. Em 1542, Francisco de Orellana explorou a Amazônia de oeste a leste, seguindo o rio Amazonas, no mesmo grupo de expedição de Gonzalo Pizarro, que havia conquistado o Peru. Em 1545, Francisco de Orellana voltou ao Amazonas, com o título de adelantado, nome dado aos primeiros espanhóis que exploraram o território americano. Francisco não obteve sucesso. Apenas em 1560, houve uma nova expedição espanhola à região, começando no Peru e chegando ao Oceano Atlântico no ano seguinte. Os integrantes dessa expedição assassinaram, no decorrer da viagem, o comandante, General Pedro de Ursua. Já os holandeses e ingleses iniciaram as expedições na região amazônica em 1596. A presença portuguesa na Amazônia teve início ainda no século XVI, quando foram criadas as capitanias. Os portugueses não realizaram expedições para lá, o que possibilitou a entrada e ocupação de outros povos europeus na região.[17]

A competição mercantilista transferiu as tensões das rivalidades entre os povos europeus para as tribos indígenas, provocando divisões e conflitos entre as tribos do Brasil indígena e culminando na formação do Brasil colônia. Com finalidades políticas e econômicas, ingleses, holandeses e portugueses estabeleceram alianças com os povos nativos, aproveitando para explorar as antigas rivalidades tribais. A colaboração dos indígenas se tornou imposição dos portugueses, que obrigavam as tribos a trabalharem e lutarem pelos objetivos lusitanos de expansão do território e extração de riquezas naturais para o comércio. As disputas das tribos aliadas aos portugueses com indígenas aliados a outros países, como Inglaterra e Holanda, resultavam na captura de prisioneiros de guerra, que serviriam de escravos para estabelecer as primeiras instalações de Portugal na região norte.[7] Dessa forma, a competição pela posse e domínio da mão de obra indígena teve papel fundamental na história de formação do país.[18]

Francisco Caldeira Castelo Branco, capitão-mor português, fundador da cidade de Belém

Entre os anos de 1614 e 1615, os portugueses resolveram começar a expandir seu território em direção à região amazônica. A ocupação da Amazônia começa durante o período dos reis Felipes, época da União Ibérica. O progresso na conquista do Amazonas começou no final de 1615, quando os portugueses venceram os franceses e conseguiram ocupar São Luís. Nesse início das expedições na área, a chefia foi do Capitão Francisco Caldeira de Castelo Branco. Ele fundou Belém, com a necessidade estratégica de proteger a região amazônica. Por isso, no final de 1616, na região chamada de "Feliz Lusitânia" (Belém), Castelo Branco ordenou a construção de um forte, com o nome de Presépio. Os índios que dominavam a região eram os Tupinambás, que não se mostraram agressivos nesse primeiro contato. Os colonizadores presentearam os indígenas com ferramentas e outros objetos que carregavam. A artilharia de São Luís passou a ocupar o forte recém-construído. Em 1617, o Pará começou a receber mais homens, com o intuito de manter a dominação na área. Um grupo de franciscanos, dirigidos pelo Frei Antônio de Merciana, chegou ao local e fundou uma casa, iniciando a relação com os índios tupinambás.[17] Além dos perigos do comportamento dos indígenas, os portugueses ainda enfrentariam os ingleses e holandeses, que ocupavam as áreas próximas.[19]

A partir de fevereiro de 1617, a região seria palco de vários conflitos entre os portugueses e os tupinambás. No início, os índios desconfiavam dos portugueses, porque sabiam de outras tribos que haviam sido oprimidas e capturadas como escravas pelos colonos. Houve um choque, porque os tupinambás tinham uma relação amigável com os franceses, que estavam na região. Logo nas primeiras semanas, houve conflito entre portugueses e indígenas, porque Castelo Branco não conseguiu manter uma boa relação com os índios.[16] Nas primeiras revoltas, os nativos enfrentaram grupos de colonos comandados pelo Sargento-Mor Diogo Botelho e pelo Capitão Gaspar de Freitas. As lutas resultaram em mortes de muitos indígenas e na destruição das aldeias do Caju e Mortiguera.[17] Os tupinambás sofreram abusos e foram tratados com violência. Em reação a essa conduta dos portugueses, as tribos se uniram para atacar os colonos na área de Belém. Porém, o Forte do Presépio estava muito próximo aos indígenas e os portugueses conseguiram enfraquecer rapidamente o movimento, graças às armas guardadas no forte.[20]

A luta dos tupinambás para a expulsão dos portugueses de suas terras foi mais sangrenta e longa do que os conflitos com os povos europeus que ocupavam o território amazônico anteriormente. A brutalidade com que os portugueses tratavam os indígenas era uma forma de acabar com as revoltas rapidamente e colocar medo nos demais, para que não repetissem os atos. A maioria dos índios rebeldes eram mortos e alguns eram presos, principalmente os líderes, que costumavam ser levados para serem mortos pelos canhões. Os tupinambás também realizavam assaltos no povoado português, causando tensão pela região. Diante dos acontecimentos, Castelo Branco se recusou a conversar com o rei e solicitar ajuda. Ainda no ano de 1617, ele pediu para o alferes Francisco de Medina atacar os inimigos de surpresa. A tentativa foi falha, porque os portugueses atacaram duas canoas e os índios fugiram a nado. Nas várias batalhas entre os dois grupos, os índios não dispunham das mesmas armas que os portugueses, mas tinham uma boa estratégia de atacar e se retirar constantemente, como numa guerrilha. No começo de 1618, para proteger o povoado, o governo português decidiu recrutar o Bento Maciel Parente, que foi nomeado assistente do Antônio de Albuquerque em Pernambuco. Bento obteve algumas vitórias contra os índios, o que originou uma disputa entre os próprios portugueses. Antônio queria levar os créditos pela conquista.[21]

No dia 13 de janeiro de 1618, os tupinambás do Pará e do Maranhão se uniram para fazer um levante contra os abusos dos portugueses, em defesa de suas terras.[7] Muitos indígenas foram mortos e os abusos continuaram. Outras pequenas revoltas aconteceram ao longo do tempo, porque os índios estavam sempre em alerta. Para agravar a situação, o capitão Francisco Caldeira Castelo Branco perdia a credibilidade entre a população portuguesa. O sobrinho do capitão havia assassinado um homem sem motivo e não foi punido pela ação. Castelo Branco foi deposto de seu cargo e retornou a Portugal, onde foi preso em 1618.[21] Os desentendimentos eram a oportunidade para um novo ataque dos índios. Assim, no dia 7 de janeiro de 1619, os tupinambás se reuniram para atacar do Forte da cidade de Belém. O líder indígena, Cabelo de Velha, foi morto pelos portugueses. Como resultado, os colonos invadiram e atacaram cruelmente as aldeias de Iguape e Guamá.[17]

Consequências

[editar | editar código-fonte]

Os conflitos brutais entre indígenas e portugueses resultaram em mortes e aprisionamentos. As relações entre os dois povos foi marcada pela violência e imposição dos lusitanos, muitas vezes disfarçada pela presença dos missionários.[14] Baltazar Rodrigues foi enviado para substituir o capitão deposto Castelo Branco e teve o apoio do Capitão-Mor Jerônimo Fragoso para conter a situação de conflito na região. Com ele, Bento Maciel Parente, um colono conhecido pela crueldade, se deslocou ao local. O grande massacre promovido por ele fez com que os índios alguns sobreviventes se tornassem integrantes do exército português.[16] Com o líder Cabelo de Velha morto, os demais foram obrigados a suprimir a revolta e se renderem, tornando-se prisioneiros de guerra. Os levantes dos índios acabaram servindo o esquema de captura de nativos para mão de obra escrava, reforçando as violências cometidas contra eles.[7]

II Levante Tupinambá (7 de janeiro de 2021)

[editar | editar código-fonte]

O "II Levante Tupinambá" em Belém é o movimento de retomada ancestral do território sagrado de Maery Tupã’mbae, deflagrado no dia 7 de Janeiro de 2021, durante o Ritual de Retomada realizado no Forte do Castelo, no mesmo dia e local onde em 1617 foi assassinado o Cacique Guamiaba Tupinambá, um dos líderes do Levante Tupinambá (1617-1621). O Ritual de Retomada é o anúncio e convocatória à luta de libertação social. Começamos a reunir o povo de Maery e com este ato político chamamos o Tocantins, Caeté, Colares, Maracanã, Cururupu e Cumã e se erguerem nas fileiras da luta anticolonial na Amazônia.

A origem Tupinambá dos municípios do Pará

[editar | editar código-fonte]

Período colonial 1616 - 1808

[editar | editar código-fonte]

1616 - Mairi (Belém-PA)

[editar | editar código-fonte]

“Em 12 de janeiro de 1616, a cidade de Belém foi fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco. Lançou os alicerces da cidade no lugar hoje chamado de Forte do Castelo. Ali edificou um forte de paliçada, em quadrilátero feito de taipa de pilão e guarnecido de cestões. Essa fortificação teve inicialmente o nome de Presépio, hoje o histórico Forte do Castelo. Em seu interior, foi construída uma capela, sendo consagrada a Nossa Senhora da Graça. Ao redor do forte começou a formar-se o povoado, que recebeu então a denominação de Feliz Lusitânia, sob a invocação de Nossa Senhora de Belém.

Nesse período ocorreram guerras, em decorrência do processo de colonização através da escravização dos povos indígenas Tupinambá e Pacajás, e da invasão dos holandeses, ingleses e franceses. Vencidas as lutas com os invasores, a cidade perdera a denominação de Feliz Lusitânia, passando a ser Nossa Senhora de Belém do Grão Pará.

Em 1650, as primeiras ruas foram abertas, todas paralelas ao rio. Os caminhos transversais levavam ao interior. Era maior o desenvolvimento para o lado Norte, onde os colonos levantaram as suas casas de taipa, dando começo à construção do bairro chamado de Cidade Velha. Na parte sul, os primeiros habitantes foram os religiosos capuchos de Santo Antonio.”.

- Em Mairi dos Tupinambá e Belém dos Portugueses: Encontro e confronto de memórias, p.22, Aldrin  Figueiredo alude que:


“Antes da chegada dos portugueses, em janeiro de 1616, os Tupinambá chamavam de Mairi o local onde hoje está o núcleo urbano de Belém. O antropólogo Manuel Nunes Pereira (1892-1985) registrou, no seu compêndio de narrativas indígenas Moronguetá, que os índios do Rio Negro, na primeira metade do século xx, guardaram na memória um nome que vinha desde os

tempos coloniais – Mairi. O termo já havia sido registrado em outros compêndios e vocabulários amazônicos. O conde Ermanno Stradelli (1852-1926), conhecido folclorista, fotógrafo viajante ítalo-brasileiro, que realizou expedições à Amazônia nas últimas décadas do século XIX recolhendo relatos de mitos dos povos indígenas, em especial entre os Uanana, anotou o termo Mairi, no vernáculo nheengatu, como sendo “cidade”, e seus habitantes como

“mairiuára” e “mairipora”. O médico Alfredo Augusto da Matta (1870-1954), por sua vez, no seu Vocabulário Amazonense, dá ao termo Mairi o significado de “velha”. Interessante notar que a junção dos dois usos para a palavra Mairi conforma exatamente o nome do bairro que abriga atualmente o centro histórico de Belém – Cidade Velha.”.


“Eidorfe sugere que o primeiro forte construído pelos portugueses na Amazônia foi, por mais de um século, tão somente uma paliçada, uma espécie de “castrametação improvisada, com a participação ativa dos tupinambás”. A seguir, complementa: “A não ser a artilharia, nada mais indicava aí uma fortificação em largo estilo”. (E. Moreira, Belém e sua Expressão Geográfica, p. 31 apud FIGUEIREDO, Aldrin, p.23).


“Também está suficientemente claro que, em matéria de construção, quase tudo o que Belém teve em seu começo dependeu dos Tupinambá. A imagem dos índios à espera dos portugueses, na representação da pintura histórica do início de século xx, portanto, é apenas parte da narrativa da paisagem. A construção do forte em pedra, pintado por Theodoro Braga, é mais uma invenção da história visual que pretendia enaltecer a presença do conquistador, suas habilidades e suas riquezas frente ao insano trabalho indígena no desenho da primeira imagem de Belém. Aos poucos vamos sabendo que as fortalezas coloniais, mitos de origem de várias cidades amazônicas, são frutos de trocas, intercâmbios e muitos conflitos entre europeus e indígenas. No caso de Manaus, por exemplo, o Forte da Barra do Rio Negro, elo perdido no tempo e nas invenções dos memorialistas à cata de uma igual certidão de batismo para a capital do Amazonas, é exemplo de terra já povoada por várias comunidades indígenas.”. (FIGUEIREDO, Aldrin: Mairi dos Tupinambá e Belém dos Portugueses: Encontro e confronto de memórias, p. 25).


“Milton Hatoum critica justamente essa dimensão simbólica dos antigos historiadores e memorialistas em entronizar a marca do branco sobre a história dos índios, como “uma presença soterrada, passado que se pretende morto”. (M. Hatoum, “Amazonas capital Manaus”, p. 50, apud FIGUEIREDO, Aldrin).


“A imagem mais tocante dessas fortalezas é o Forte do Presépio de Belém, contrastando com o povoado tupinambá e sua fogueira, assim como o Forte da Barra de Manaus, assentado sobre o cemitério Baré, pontos fulcrais na mitologia historiográfica da Amazônia. Essas análises convergem para comprovar que os indígenas foram os moradores e ocupantes do primeiro núcleo de fundação dessas cidades e, posteriormente, foram “expulsos” para as áreas de seus futuros bairros, em especial para os subúrbios e periferias. O maior de todos os espólios da memória é certamente esse: como vista ou paisagem, Belém não podia deixar de ser também uma cidade indígena, mesclada que foi no arruamento português, que tomou frente no peso da mão dos historiadores do passado, como presença histórica e afirmação política.”. (FIGUEIREDO, Aldrin: Mairi dos Tupinambá e Belém dos Portugueses: Encontro e confronto de memórias, p. 25).


- Em Moronguetá: Um Decameron Indígena, Manuel Nunes Pereira define Mairi, em Nheengatu, como o nome atribuído a Belém.

- Em Compêndio das eras da província do Pará de 1838, Antônio Ladislau Monteiro Baena registra repetidamente a presença do povo Tupinambá na região.

A Ilha de Mosqueiro, localizada a cerca de 80 quilômetros de Belém, oferece mais de 17 quilômetros de praias. Seu nome origina-se da prática chamada moqueio, método que os índios tupinambás, habitantes da região, utilizavam para conservar animais perecíveis. Com uma área de 212 quilômetros quadrados e uma população de aproximadamente 27 mil habitantes, Mosqueiro, ou Ilha do Amor, como é popularmente conhecida, é a maior ilha do município de Belém. Contém 15 praias de água doce, entre elas: Paraíso, Farol, Chapéu Virado, Bispo, Baía do Sol, Areião, Marahú, Praia Grande, Prainha, Murubira (praia mais frequentada da ilha), Porto Artur, Carananduba, Ariramba e São Francisco.

1635 - Cametá

[editar | editar código-fonte]

Originária do sítio Camutá Tapera, fundado em 1620 próximo à aldeia dos índios Camutás, pelo Frei Cristovam de São José, à margem esquerda do rio Tocantins. Em 14 de dezembro de 1634 foi criada a capitania de Cametá. Em 1635 teve suas terras doadas por Francisco Coelho Carvalho, 1º Governador do Maranhão, a seu filho Feliciano Coelho, que fundou a Vila de Viçosa de Santa Cruz de Cametá. Em 1848, passou à categoria de cidade.

A palavra "Cametá" vem do tupi "Ka'a" (floresta, mato, vegetação densa) e "Mutá" (degrau, palanque, elevação), logo, Cametá, numa tradução livre significa "degrau da floresta".

Os povos nativos que habitavam a região eram chamados de "camutás", pelos tupinambás, pois moravam em casas construídas nos topos das árvores, que facilitavam a caça de animais.

Em 1635, Feliciano Coelho de Carvalho ancorou sua caravela na primeira porção de terra firme da margem esquerda do Tocantins. Encontrou a tribo dos Camutás já pacificada pelo Frei Cristovão de São José e em 24 dezembro fundou a vila Viçosa de Santa Cruz do Camutá, a primeira cidade no baixo rio Tocantins. (....)

Tão logo é fundada Belém, as atenções dos colonizadores portugueses voltam-se para a zona do rio Tocantins, mesmo porque franceses e holandeses já tinham se estabelecido no nordeste e feito o reconhecimento para exploração desta região. Com a expulsão dos estrangeiros intensificou-se a colonização na região para que a Coroa Portuguesa não perdesse território em função do Tratado de Tordesilhas. Assim sendo, começa a colonização do Tocantins, mais de um século após o descobrimento do Brasil e Cametá é a segunda localidade fundada no Pará.

As primeiras incursões são dos padres jesuítas, que no seu afã catequético avançam aos mais longínquos e inóspitos rincões. Deste modo, novo governador do Maranhão e Grão-Pará, Jerônimo e Alburquerque, incumbe os padres capuchos de Santo Antônio da catequese do gentio no território que governa. Por estas plagas habitavam os índios Camutás, possivelmente uma tribo pertencente à grande nação Tupinambá, pois utilizava o Tupi como idioma. Saliente-se ainda que essa língua já foi a mais falada nessa região, tanto que ficou registrado no toponímia local. O primeiro sacerdote a realizar o trabalho de catequese por estas plagas foi Frei Cristovão de São José.

Por aqui ele aportou por volta de 1617 numa faixa de terra que é a primeira porção de terra firme às margens do Tocantins – Cametá-Tapera. Imediatamente entrou em contato com a tribo dos Camutás, conhecidos como hábeis remadores em montarias e exímios caçadores. Depois de árdua catequese conseguiu arrebanhar os índios para a circunvizinhança de uma ermida às margens do rio, isso ocorreu por volta de 1620, originando-se assim o primeiro povoamento do baixo rio Tocantins. Essa povoação serviria posteriormente como alicerce para a donataria de Feliciano Coelho de Carvalho.

A donatária de Camutá foi concedida a Feliciano Coelho de Carvalho por ato do governador do Maranhão e Grão-Pará Francisco Coelho de Carvalho que em 14 de dezembro de 1633 doou para seu filho a vasta capitania que cobria todo o vale do rio Tocantins.

Que a palavra Cametá é de origem tupi dúvidas não há, diferem, portanto, algumas interpretações. Por isso, cumprem-se arrolar algumas delas: segundo Jorge Hurley, deriva de caá mato, floresta e mutá ou mutã – espécie de degrau ou “palanque” instalado em galhos de árvore feitos pelos índios para esperar a caça ou para morar. Para Carlos Roque, o significado literal de Cametá é “degrau do mato”, abanado inclusive por Victor Tamer, pois derivaria de Camutá. Luiz Tubiriçá, trata o vocábulo como derivado de caá + mytá – choupana suspensa em árvore para espera de caça. No Dicionário Toponímico da Microrregião do Camutá acrescentamos ao significado de Jorge Hurley, o hábito dos índios Camutás de construírem suas habitações tão altas quanto as árvores, ou quem sabe até nas copas destas.

- “As pesquisas históricas comprovam a existência do grupamento indígena Camutá, pertencente à nação Tupinambá. Há registros que o povo Tupinambá habitava a região dos baixos rios e a ilha do Marajó”. (POMPEU, J. D. P. Evolução territorial e urbana do Município de Cametá. Cametá: NovoTempo, 2002)

- Em Limites Municipais do Estado do Pará (1916, p.293), Palma Muniz afirma os indígenas Camutá como sendo da família Tupinambá:

1663 - Bragança

[editar | editar código-fonte]

Uma das cidades mais antigas do Pará, sua origem data de 1622, quando concedida a Gaspar de Souza.  Fundada em 1627, com sede em Vera Cruz do Gurupy. Em 1664, é transferida para a aldeia do Caeté; em 1663, passa a ser vila, denominada de Souza. Em 1753, passou a chamar-se de Bragança; em 1854, passa à categoria de cidade.

Bragança, inicialmente habitada pelos índios apotiangas da nação dos tupinambás, está localizada à margem esquerda do rio Caeté, razão pela qual é chamada de Pérola do Caeté”. É uma das cidades mais antigas do Estado do Pará, com quase quatro séculos de história.

- Em MAUÉS, Heraldo (1967, p.379):

“Já estabelecidos em terras da Guiana, os franceses poderiam, partindo dali para o sul e do Maranhão para o norte, estender suas conquistas, no sentido de dominar todo o litoral da atual Amazônia brasileira. Assim é que, a 8 de julho de 1613, Ravardière,

"com uma fôrça de quarenta praças, dez marinheiros e vinte principais tupinambás, deixou o Maranhão, sob salva de artilharia do forte de São Luís, num pequeno navio do comando de Charles des Vaux, com o objetivo de fundar uma colônia no Pará" (HURLEY, Jorge: 1938, p.50, apud MAUÉS, Heraldo: 1967, p.379)

Um dos pontos por onde passou Ravardière foi uma aldeia de índios tupinambás, situada à margem do rio Caeté. Provàvelmente foi essa a aldeia que, no futuro, daria origem à cidade de Bragança. Nela teria passado um mês, retirando-se a 17 de agôsto.”

- Em Apostilas de História do Pará (1915, p.18), Theodoro Braga também cita o aldeamento dos Caetés, relatado nas expedições francesas, assim como o registro de extensa povoação Tupinambá às margens do Rio Pará:

- Em História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas, Claude d'Abbeville, um capuchinho francês que fez parte da missão e da expedição de La Ravardière, em 1612, no Maranhão, também narra sobre:


“De Comá até Caietê, próximo a Rio Grande do Pará, a oeste, a cerca de quatrocentas léguas ou mais da Ilha do Maranhão, existem ainda muitas outras aldeias de índios tupinambás, os quais habitam em terra firme às margens dos rios e das costas. Caetê é também lugar de residência dos tupinambás e aí se encontram de vinte a vinte e quatro aldeias, todas muito povoadas. Dizem que para além do rio das Amazonas há ainda inúmeras aldeias desses índios, que são da mesma nação dos da Ilha Grande do Maranhão, de Tapuitapera e de Cumá, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes e com os quais podem os franceses negociar com segurança por serem amigos e aliados dos do Maranhão, seus semelhantes.”

Incumbido de executar um plano de expansão do império português no norte do Brasil, Francisco Caldeira Castelo Branco veio fundar Belém do Pará – a Feliz Lusitânia – em 1616. Não foi o primeiro que chegou às terras mais a oeste da região; aqui já se faziam presentes holandeses, franceses, espanhóis. A missão, pois, era ocupar o território para mitigar a presença de outros europeus.


Naturalistas, Henry Walter Bates e Alfred Russel Wallace;  Johann Baptist von Spix (zoólogo)  e Carl Friedrich Martius (o botânico), chegaram a Amazônia  nas primeiras décadas do século XIX, deixaram breves, porém significativos registros de passagens pela Vigia no trajeto para a capital. Fizeram o mesmo caminho que Castelo Branco teria percorrido antes de fundar Belém, na foz do Rio Guamá, tendo vindo costeando, desde São Luiz do Maranhão, sempre seguindo para o oeste em busca de um lugar seguro para instalar seu forte militar.


Conclui a narrativa popular da Vigia – notadamente inspirada pela historiografia disponível, sobretudo “Motins Políticos” (Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará) – que a missão militar portuguesa saiu da capital maranhense no Dia de Natal de 1615 e instalou um posto militar na  aldeia tupinambá dos índios Uruitá, no furo que interliga as Baías do Marajó e do Sol, dando origem à Vila da Vigia menos de um século depois.


Dessa “vigia”, que controlava o tráfego na Baía do Marajó, nasceu uma povoação depois que o colonizador português Jorge D’Alemó, em 1652, ganhou do imperador D. João  IV (segundo o historiador vigiense Paulo Cordeiro) uma sesmaria onde mais adiante se fez a vila, nomeada município em 1854. “Vigia” teria sido denominação cunhada pelo próprio Alemó, reproduzindo o nome de uma localidade portuguesa.

No livro “Fundação de Belém do Pará – Jornada de Francisco Caldeira de Castelo Branco” (2004 – Senado Federal), Ribeiro do Amaral diz que a história de Belém – por consequência a da Vigia – é lacunosa, sendo “escassas, apagadas e, sobretudo, muitíssimo incompletas, são as notícias da jornada de Francisco Caldeira Castelo Branco”.


A despeito de não haver prova documental de que a missão de Castelo Branco passou pela aldeia Uruitá, dos Tupinambá, a sudeste da ilha do Marajó, dias antes de fundar Belém, Vigia festeja sua fundação a seis de janeiro, desde meados da década dos anos 1970, quando o então prefeito, José Ildone Favacho Soeiro, decidiu oficializar a data comemorativa.

O desenvolvimento e consolidação do hoje denominado município de Vigia de Nazaré foi determinante para os rumos da Ilha de Colares. Daí a importância de retratar suas origens.

Os índios Tupinambás habitavam uma aldeia chamada Uruitá (cesto de pedra), onde hoje localiza-se a sede do município da Vigia, referindo-se a denominação indígena, provavelmente às formações rochosas que circundavam a orla da localidade.

Dom Jorge Gomes dos Álamos, fidalgo português foi o primeiro colonizador daquela povoação. Porém, a fundação da vila de São Jorge dos Álamos deve-se ao bandeirante português Estácio Rodrigues, bisavô de Felipe Patroni, segundo o historiador Ernesto Cruz.

Sobre o município da Vigia, o historiador, pesquisador e membro da Academia Paraense de Letras, Professor JOSÉ ILDONE, oferece informações valiosas, que são registradas em sua obra “Noções de História da Vigia” (Belém-PA, Cejup, 1ª . ed., 1991). Em sua obra, consta que:


“O trabalho de Jorge dos Álamos, porém, tinha transformado a simples aldeia num espaço preenchido pelas casas, pequeno templo, arruamento, plantações e estaleiro para construção e recuperação de embarcações”. (ob. cit. pág. 12)

O rei Dom João IV doou as terras à Dom Jorge, porém as mesmas retornaram ao domínio da Corôa após seu embarque para Portugal em 1653.

O Pe. JOSÉ DE MORAIS assim registrou:


“Buscando a cidade do Pará, se segue a vila da Vigia.

Dera o Sereníssimo Senhor D. João IV faculdade a Jorge Gomes Alemo, homem de negócios e de grandes cabedais, para fundar uma vila na Capitania do Pará.

Depois de lhe dar princípio com o nome de Vigia, quebrou no negócio, e não podendo contribuir com os muitos gastos, para acabar o começado, a deixou tão pouco avultada, que reduzindo-a a melhor forma o Governador e Capitão-General Gomes Freire de Andrade, fez com que ficasse pertencendo ao real domínio.

Tem bons ares, e é muito farta de peixe e mariscos, ainda que a sua situação por estar em terra rasa, é notavelmente alagada.

Tem senado, capitão e sargento-mor da ordenança.

Conservam nela os reverendos religiosos do Carmo um hospício, e outro os reverendos religiosos das Mercês.

Tem de mais os padres da Companhia uma grandiosa igreja, com princípio para fundar um colégio por concessão real do Fidelíssimo Senhor D. João V, de eterna memória.

A sua matriz arruinada se erigiu dos fundamentos por ordem do excelentíssimo e zelosíssimo prelado o Senhor D. Frei Miguel de Bulhões, que com particular atividade tem promovido a sua fatura, e se acha ao presente muito adiantada esta obra, formando um bonito e asseado templo de pedra e cal, dedicado a Maria Santíssima debaixo do suavíssimo título de Nossa Senhora de Nazaré. É imagem de suma veneração para aqueles, e todos os mais moradores da cidade do Pará, com um tal respeito e devoção, que são contínuas as romarias, obrigados da singular virtude de seus admiráveis prodígios.” (ob. cit. pág. 140)

Em 21 de março de 1719, foi sagrada a Igreja Madre de Deus, ao mesmo tempo em que, na Capital, era sagrada a Igreja de Santo Alexandre.

A Vigia, teve os foros de vila, em 1693, sendo o patrimônio territorial concedido por Carta de data de Sesmaria de 25 de agosto de 1734.

Com o ato Régio de 11 de maio de 1731, o jesuíta José Lopes, provincial da Ordem foi autorizado a construir uma casa, chamada “Casa Mãe de Deus”, que ensinava a lêr e também ofícios diversos, construida em 1732 foi erigida juntamente com um templo. Este patrimônio, com seus quadros e pinturas de cunho religiosos foram preservados.

A tradição religiosa de culto a Nossa Senhora de Nazaré no Estado do Pará iniciou em Vigia de Nazaré.

RAYMUNDO HERALDO MAUÉS, professor e antropólogo, registra em “Padres, Pajés, Santos e festas - Catolicismo Popular e Controle Eclesiástico - Um estudo antropológico numa área do interior da Amazônia”:


“Possíveis analogias e identificações podem ser postas de lado, mas o certo é que as referências às origens de Vigia, são de modo geral, bastante imprecisas, confundindo-se o “mito” e a “verdade” histórica, o que aliás acontece com vários outros episódios, de modo especial no que se refere à história religiosa do município e da região do Salgado. O próprio posto de vigilância que teria dado origem ao nome da cidade, segundo Raiol, não pôde ser confirmado por nenhuma outra fonte. Todavia Baena (1969, 119)*, cronista do período colonial, escrevendo na primeira metade do século XIX, refere-se a um posto de arrecadação da alfândega, servindo como “soldados de guardas”, na “aldeia dos tupinambás da ilha do Sol” (Colares), para vigiar o extravio de mercadorias dos navios que se dirigissem ao porto de Belém, estabelecido em 1688". (ob. cit. pág. 115, Editora Cejup)


O renomado autor ANTONIO LADISLAU MONTEIRO BAENA (1782-1850) em seu consagrado «Compêndio das Eras da Província do Pará» informa sobre fato ocorrido durante o governo de Gomes Freire de Andrade (1685/1687):


“Estabelece o Governador na Aldea dos Topinambazes da ilha do Sol afastada da Cidade nove legoas um Registro a bem da arrecadaçaõ dos rendimentos da Alfandega servindo os Soldados de Guardas que a bordo dos navios em quantro elles naõ fundeaõ no porto da Cidade vigiem sobre os extravios das mercadorias, que se possaõ intentar em contravençaõ das Leis.” (ob.cit. pág.119. Coleção Amazônica, UFPA, 1969).

Em Compêndio das Eras da Província do Pará, Antonio Ladislau Monteiro Baena faz menção ao porto com a função de fiscalizar as mercadorias (atual Vigia), o qual identifica como Aldeia dos Tupinambá da Ilha do Sol (atual Colares, que veio a desmembrar de Vigia).

1750 – Abaetetuba

[editar | editar código-fonte]

Fundada em 1724, à margem direita do rio Tocantins, sob o nome de Nossa Senhora da Conceição do Abaeté. Elevada à categoria de vila em 1750; foi extinta em 1833, seu Território anexado à capital até 1844. De 1844 a 1877, fazia parte de Igarapé Mirim, retornando à jurisdição de Belém até 1880, quando torna-se novamente autônoma. É elevada à categoria de vila em 1895, e a partir de 1944 passa a denominar-se de Abaetetuba.

Há divergência quanto às primeiras incursões no território. Segundo a tradição, a primeira penetração no território de Abaetetuba foi feita por Francisco de Azevedo Monteiro quando, em 1745, ali aportou com toda sua família, ao fugir de um temporal.

Porém, segundo Palma Muniz, a fundação de Abaeté ocorreu em 1750 e as primeiras incursões foram feitas pelos antigos frades capuchos que fundaram o Convento da Una, seguindo-os, mais tarde, os Jesuítas, exploradores do rio Uraenga ou Ararenga.

Inicialmente, esse município chamava-se Abaeté, topônimo indígena que significa “homem forte e valente”. Entretanto, por força da legislação federal que proibia a duplicidade de topônimos de Cidades e Vilas brasileiras e por haver outra cidade brasileira com esse nome, em 1944, Abaeté, PA, teve o nome alterado para Abaetetuba, nome de origem tupi que significa “lugar de homem ilustre”.


- Fonte: site da Prefeitura (https://www.abaetetuba.pa.gov.br/omunicipio.php)


O distrito de Beja foi o berço da colonização de Abaetetuba. Por volta de 1635, padres capuchinhos vindos do Convento do Una, em Belém, após percorrerem os rios da região, juntaram-se a uma aldeia de tribos indígenas nômades. O aglomerado foi chamado de "Samaúma" e, depois, batizado de "Beja" pelo governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado.

1757 - Colares

[editar | editar código-fonte]

Originária da aldeia dos Tupinambás; é elevada à categoria de vila em 1757;       extinta em 833, recriada em 1883; extinta em 1890, quando é anexada à Vigia; recriada novamente em 1961.


- FONTE: Site da Prefeitura de Colares (https://colares.pa.gov.br/o-municipio/historia/)


A história do município de Colares está estreitamente vinculada ao processo de configuração original e definitivo do município de Vigia. Nos seus registros históricos, há referência de que o povoado original encontrava-se assentado em território da nação dos índios Tupinambás, a mesma que foi colonizada pelos frades da Ordem Jesuíta, por volta do século XVII, o que veio a resultar na constituição do município de Vigia, no ano de 1693.


Dessa forma, Colares manteve-se instalado no mesmo território em que foi fundado como povoado (até então área patrimonial do município de Vigia), a partir do qual, ao longo do tempo, chegou à categoria de Município. Nos trabalhos escritos por Palma Muniz e Theodoro Braga, encontram-se referências diretas sobre a história de Colares, a partir do ano de 1833, data esta em que o povoado que lhe deu origem foi elevado à categoria de vila. A elevação de Colares à Vila – determinação adotada pelo Conselho de Governo da Província, nas sessões realizadas de 10 a 17 de maio deu-se em cumprimento à Lei que promovia uma nova organização aos municípios paraenses Com base nessa Lei, a Vila de Colares foi reconhecida como município, passando a configurar o seu patrimônio territorial com terras desmembradas do município de Vigia. (...)

No ano de 1905, com o Decreto nº 1.388, de 21 de julho, foi promovida a divisão da sub-prefeitura de Colares em duas e ficou ratificada a sua condição de área sob influência da Comarca de Vigia. Em 29 de dezembro de 1961, através da Lei Estadual nº 2.460, Colares voltou a ganhar autonomia como Município ficando, dessa forma, desmembrado do município de Vigia. Hoje, conta com único distrito que leva o seu nome, constituindo-se a sede municipal.

- FONTE: Associação dos Amigos da Ilha de Colares/AAICO (http://amigosdecolares.blogspot.com/2010/05/outros-grupos-indigenas-em-colares.html)


A respeito do “descimento” de índigenas de outra região para a Ilha de Colares, realizado pelo Pe. Francisco Veloso, há na obra do Pe. JOÃO FELIPE BETTENDORF (1627-1698) o seguinte registro:


“Francisco Velloso percorreu o Amazonas até o rio Negro, regularisando os casos da servidão, a que estava sendo limitado o captiveiro; depois subiu o Tocantins, donde attrahiu grande leva de Tupinambás e a veio localizar na Ilha do Sol, que tomou o nome daquelle gentio.” (ob. cit., pág. XIX)


O Pe. JOSÉ DE MORAIS, que, reitere-se,conviveu com os nativos de Colares nos primórdios da ocupação estrangeira na Ilha, por volta de 1653, informa-nos a respeito do descimento de tribos indígenas - os tupinambás e goiapires – levados à Colares. a existência de uma fábrica de Anil na Ilha; a concessão de mão-de-obra indígena que foi utilizada na construção da Igreja na Vigia; a ocorrência; de uma epidemia de bexigas e relata importantes informações envolvendo os jesuítas, os nativos e os colonizadores:


“Do rio Jari desceram os nossos padres a que hoje se acha no Curuçá ², com não pequeno trabalho e gastos do colégio, obrigando-se os índios a servirem tão-somente aos padres, pagando-lhes o seu serviço, dando-lhes terra e o mais preciso para as suas lavouras, como fizeram e se tem até o presente conservado, com mútua satisfação de uns e outros, pelo bom trato e assistência que recebem, embora assistam com o seu trabalho com prontidão e alegria.

Neste tempo já os nossos padres tinham em Mamaiacu alguns poucos índios com que lavraran alguma roça para sustento dos religiosos, aos quais depois se ajuntaram alguns poucos tupinambás e goiapires, que tinham descido do rio Tocantins o Padre Francisco Veloso, e quiseram voluntariamente servir aos padres, precedendo primeiro licença do governador, que aprovou a resolução; tendo recebido primeiro para o serviço de el-rei passante de mil almas, como que gloriosamente se recolhia aquele insigne operário, fundando na baía do Sol a aldeia que depois se chamou dos tupinambás ³, e hoje se chama do Anil em razão da fábrica que ali se formou sem efeito; ou com o nome de Cabu, que é o mais trivial e conhecido dos moradores. Estes poucos casais, que tinham vindo com aquele grande descimento, e ido, pelo assim o pedirem os índios ao Padre Veloso, para a nossa fazenda de Mamaiacu, foram depois malsinados pelos invejosos para que se nos tirassem, olhando mais para os poucos com que ficamos que para a grande multidão que tinham às suas ordens, devido à atividade e zelo daquele bom padre, sendo uma das maiores aldeias que tinha Sua Majestade, ao princípio do sítio que foi de José Bento, que depois passou a título de venda aos religiosos das Mercês, chamando-se a aldeia do Espírito Santo, onde havia duas igrejas, como me afirmaram homens antigos, e por causa de uma grande mortandade epidêmica do contagioso mal de bexigas se passou para a costa no lugar que dissemos de Cabu, onde fui algum tempo missionário. Porém o Sereníssimo Sr. D. Pedro, de saudosa memória, mandou no ano de 1685, que os padres os conservassem sem controvérsia, e os governadores não bulissem com eles.

Depois de muitos anos, no de 1729, quis o Governador e Capitão-General Alexandre de Sousa tirá-los, como tirou, pondo-os no Guamá; porém, ou o escrúpulo do receio de contravir às ordens reais os fez logo restituir ao mesmo lugar de Mamaiacu, junto da vila da Vigia, onde ao presente se acham socorrendo com seu serviço ao colégio que, posto que pago, sempre o julgo digno do nosso agradecimento a tão bons e cuidadosos índios.

Dou esta notícia, pelas que tenho diante dos olhos destes princípios, para que os vindouros saibam o título que nos servíamos de tão preciosos obreiros, mas porque ao tempo que fui missionário de Cabu o fui também da aldeia de Tabapará, que por falta de terras em que lavrassem os índios, no lugar antigo, a mudei para quase sobre a costa uma légua por terra distante do antigo sítio, onde fiz igreja e casas novas, com consentimento do Governador e Capitão-Generela João de Abreu Castelo Branco, que a deu a requerimento dos mesmos índios, estando no sítio de Matias Caetano, onde se achava convalescendo, não muito distante de Tabapará (que sem preceder esta licença a não quis mudar); o de que me argüiram os moradores da Vigia, que eu mudara a dita aldeia sem licença do governador, contra as ordens de Sua Majestade, como é verdadeiro que a dita aldéia é do serviço privativo dos pobres, e mais que todos necessitados dos moradores da Vigia, que mudara a dita aldeia sem licença do governador, contra as ordens de Sua Majestade, como é verdadeiro que a dita aldeira é do serviço privativo dos pobres, e mais que todos necessitados moradores da mesma vila, pela descerem à custa da sua fazenda do interior do sertão, para se servirem deles por repartição nas suas necessidades, como fizeram sempre, até que o Governador e Capitão-General Mendonça absoluta e potencialmente os mandiu ajuntar com os índios de Cabu, aldeia do serviço real; destinada para a arrecadação dos dízimos; o que não poderá deixar de redundar em grave prejuízo dos miseráveis moradores.

E se disserem que quando fui missionário lhes não dava os índios que me pediam, não era por falta de vontade, mas pela penúria dos ditos índios, e ter já dado os poucos que havia para as obras da igreja da milagrosa imagem da Virgem Senhora de Nazaré, por concordata que com seus fregueses fez o reverendo e zeloso vigário, de cederem deles os moradores enquanto durasse a obra, devoção destes fervorosos vigilenses, cujo direito ao serviço dos índios de Tabapará quis perpetuar nesta história, que em todo o tempo poderá recorrer à real piedade de seu rei em orden à antiga utilidade da sua repartição.

Perdoem-me os leitores, por breve, a digressão a que não pude faltar neste lugar, levado da propensão de aclara a verdade àqueles tão necessitados como pobre moradores.” (ob. cit. págs. 226-227)


² Outrora Vila Nova del-Rei

³ Colares.


As informações sobre os primeiros tempos da colonização de Colares, constam em “História da Companhia de Jesus no Brasil” de autoria do Pe. SERAFIM LEITE que transcreve informes de outros religiosos como MATEUS DELGADO e MANOEL DE SOUZA que realizaram trabalho missionário junto aos índios das aldeias situadas nos arredores do Pará, no ano de 1653. Trancreve ainda, informações do Pe. JOSÉ DE MORAIS com vasta informação historiográfica sobre aquele período.


A chegada dos missionários jesuítas ao Pará se deu em 05 de outubro de 1653. Tendo o Pe. Antonio Vieira permanecido na casa dos jesuítas com o Pe. Souto-Maior, determinou ao Irmão Simão Luís que tomasse conta das oficinas da casa e nomeou os demais missionários: para as aldeias de baixo nomeou os Padres Francisco Veloso e Manuel de Sousa; para as aldeias de cima ou do Cametá, os Padres Antônio Ribeiro e Gaspar Fragoso; por fim nomeou o Pe. Mateus Delgado missionário da aldeia de Mortiguara (*) e vizinhas àquela. Mamaiacu, passou a ser denominada, Lugar de Nossa Senhora de Porto Salvo, a partir de 1757.

* Mortiguara: Vila do Conde.


ENSAIO COROGRÁFICO SOBRE A PROVÍNCIA DO PARÁ Antônio Ladislau Monteiro Baena

BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Compêndio das eras da província do Pará de 1838.

1758 - Acará

[editar | editar código-fonte]

Antiga freguesia que passa à condição de vila em 1758, por ordem de Mendonça Furtado. Em 1833, é extinta e anexada a Belém; recriada em 1839; extinta em 1864; recriada em 1875; com o nome de São José do Acará, desmembrada de Mojú. Em 1930, é extinta e anexada a Belém, sendo recriada em 1932.

Acará é uma expressão indígena cujo significado é “aquele que morde”, uma referência aos peixes popularmente conhecidos como acarás ou carás, que são encontrados nos cursos dos rios de água doce e que habitam o rio Acará.

1758 - Almerim

[editar | editar código-fonte]

Originária da aldeia do Paru dos frades Capuchos de Santo Antônio, à margem esquerda do rio Amazonas; em 1745 foi construído o forte. A história de Almeirim começa quando frades capuchos de Santo Antônio fundaram, por volta do ano de 1620, juntamente com os indígenas Tupinambá, a Aldeia do Paru. É elevada à categoria de vila em 22 de fevereiro 1758, por Francisco Mendonça Furtado, com o nome de Almerim. Em 1930, é extinta, e recriada no mesmo ano. Em 1943, com a criação do território do Amapá, o município perde parte de seu território para o surgimento do município de Mazagão, no Território do Amapá.


- Fonte: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/almeirim/historico)


Os fundamentos do atual município de Almeirim, situado na zona fisiográfica da Baixo Amazonas, foram lançados pelos frades capuchos de Santo Antônio, e fundaram, juntamente com os índios descidos do centro, a Aldeia do Paru. Ela prosperou, inclusive, quando uniu-se à taba dos índios do Rio Uacapari.

Manoel da Mota e Siqueira, objetivando defender o território, construiu à margem esquerda do Rio Amazonas, no local onde se encontra a Sede Municipal, um forte de pedra e barro, denominado forte do Paru. Essa iniciativa foi um dos principais fatores do desenvolvimento do povoado Aldeia do Paru.

Em 1758, por ato do Governador e Capitão-General, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, adquiriu categoria de Vila, passando a chamar-se Almerim. Entretanto, na época da Independência veio a ser extinta, em virtude da preocupação do Governo da Capitania de alargar os domínios coloniais portugueses, para o Alto Amazonas.

Em 1835, Almerim foi palco de Cabanagem, que assolou o interior da Província. Com o advento da República, em 1890, readquiriu categoria de Vila e também de município. Porém, em 1930, o então município foi extinto, sendo seu território anexado ao de Prainha, onde se restabeleceu no mesmo ano.


FONTE: D C IO N ÁR IO ETNO - H ISTÓ R IC O DA A M A Z Ô NIA C O LO N IA L - (Antônio Porro) - ALDEIAS E LUGARES *principais contingentes indígenas que deram origem à população de cada vila e cidade amazônica:


ALMEIRIM (Já Paru e Forte do Desterro)

Povoado na margem esquerda do Baixo Amazonas, junto à foz do rio Paru. Formado com índios Apama e Carapeuara.

1758 - Santarém

[editar | editar código-fonte]

Originária da aldeia dos Tapajós ou Tupaius, instalada em 1661 pelo Padre João Felipe Bettendorf da Companhia de Jesus, em local estratégico, na confluência do rio Amazonas com o rio Tapajós. Em 1693 foi construída uma           Fortaleza na aldeia, que abrigava os expedicionários protugueses nas incursões pela região. Elevada à categoria de vila, em 14 de março 1758, por Mendonça Furtado, momento em que criou outras vilas, como Alter do Chão (Aldeia dos Borais), Boim (Aldeia dos Tupinambás) e Vila Franca (Aldeia dos Arapiuns). Elevada à categoria de cidade em 1848.


FONTE: D IC IO N ÁR IO ETNO - H ISTÓ R IC O DA A M A Z Ô NIA C O LO N IA L - (Antônio Porro) - ALDEIAS E LUGARES *principais contingentes indígenas que deram origem à população de cada vila e cidade amazônica:

VILA BOIM (Já Sto. Inácio e Tupinambaranas)

Povoado na marg. esq. do baixo Tapajós, cerca de 100 km acima da foz, para onde os jesuitas transferiram os Tupinambarana da ilha homônima.

Período Imperial 1808 - 1889

[editar | editar código-fonte]

1843 - Igarapé-Miri

[editar | editar código-fonte]

Antiga paróquia, erguida em 1753, sendo elevada à categoria de freguesia em 1758. Passa à categoria de vila em 1843,e de Cidade no mesmo ano.

Em 1930 é extinta e anexada a Abaetetuba, sendo recriada em 1930.


- FONTE: IBGE


Conhecida como a “capital mundial do açaí”, por ser o maior produtor desse fruto no mundo. Localizado à margem direita do rio homônimo, na zona fisiográfica Guajarina. No reinado de D. João V. as terras estendiam-se desde a margem do Rio Santana do Igarapé-Miri, pelo centro, até do Rio Itamimbuca.


FONTE: Site da Prefeitura de Igarapé Miri: https://igarapemiri.pa.gov.br/o-municipio/historia/#:~:text=Etimologia,a%20entrada%20de%20grandes%20embarca%C3%A7%C3%B5es.


Traduzido do tupi, Igarapé-Miri significa “Caminho de Canoa Pequena”, da junção de ygara (canoa), pé (caminho) e mirim (pequeno). O nome faz referência ao rio homônimo que banha a cidade, o mesmo não permite a entrada de grandes embarcações.

1856 - Moju (Tupujuru)

[editar | editar código-fonte]

Cortada por rio Tupujuru, originária da antiga paróquia do Espírito Santo do rio Moju; estabelecida em 1754. Passou à categoria de vila em 1856; extinta em 1887; recriada em 1889; extinta, novamente, em 1930, quando é anexada a Belém; recriada em 1933.


FONTE: Site da Prefeitura (https://moju.pa.gov.br/o-municipio/historia/)


Em tupi Moju significa “Rio das Cobras” (da junção de mboîa (cobra) e ‘y (rio). Desde os primeiros tempos coloniais esse rio foi percorrido por exploradores, que vinham à procura das “drogas do sertão” e muitos deles se radicaram às suas margens.


A sede do município de Moju está situada na margem direita do rio do mesmo nome, abaixo da saída do canal de Igarapé- Miri, em terrenos doados por Antonio Dorneles de Souza à Irmandade do Divino Espírito Santo, em julho de 1754, quando o Bispo D. Frei de Bulhões, em visita a pastoral hospedou-se no sítio desse cidadão, e correspondendo aos desejos do povo, criou a freguesia sob a invocação do orago da Irmandade existente.


Decaiu o núcleo de povoado, após a sua primeira criação em freguesia, a ponto de ser completamente abandonado pelos poderes públicos, desaparecendo inteiramente a categoria eclesiástica que lhe fora concedido, entrando esquecido para o período da independência. Em 1839, com a lei nº. 14, de 9 de setembro, obteve a atual sede municipal a categoria de freguesia novamente, com toda a jurisdição dos rios Acará e Moju.


A lei nº. 279, de 28 de agosto de 1856 criou o município de Moju elevando a vila à freguesia do Divino Espírito Santo, constituindo com as freguesias do mesmo Divino Espírito Santo, de São José do Rio Acará e de Nossa Senhora da Soledade do Cairari a nova comuna.

FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/moju/historico)

A sede do município de Moju está situada à margem direita do rio do mesmo nome, abaixo da saída do canal de lgarapé-Miri, em terrenos doados por Antônio Dornelas de Sousa à Irmandade do Divino Espírito Santo, em julho de 1754.

Quando o bispo Dom Frei Miguel de Bulhões, em visita pastoral, hospedou-se no sítio desse cidadão, correspondendo aos desejos do povo, criou a freguesia sob a invocação do orago da Irmandade existente.

Decaiu o núcleo de povoado, após a sua primitiva criação em freguesia, ao ponto de ser completamente abandonado dos poderes públicos, desaparecendo inteiramente a categoria eclesiástica que lhe fora concedida, entrando esquecido para o período da Independência.

Em 1839 obteve a atual sede municipal a categoria de freguesia novamente, com toda a jurisdição dos rios Acará e Moju.

A Lei n.º 279, de 28 de agosto de 1856, criou o município do Moju.

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de Moju pela Lei Estadual n.º 14, de 09-09-1839, subordinado ao município de Igarapé-Miri.

Elevado à categoria de vila com a denominação de Moju pelas Leis Provinciais n.º 279, de 28-08-1856, n.º 441, de 20-08-1864, e n.º 628, de 06-10-1870. Instalada em 05-08-1871.

A Lei Provincial n.º 839, de 19-04-1875, desmembra do município de Moju o distrito de Acará, elevado à categoria de município.

Pela Lei Provincial n.º 1307, de 28-11-1887, a vila é extinta, sendo seu território anexado ao município de Igarapé Miri.

Elevado novamente à categoria de vila com a denominação de Moju pela Lei n.º 1.399, de 05-10-1889.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911 o município é constituído do distrito sede.

Pelo Decreto Estadual n.º 6, de 04-11-1930, o município de Moju é extinto, sendo seu território anexado ao município de Belém.

Pelo Decreto Estadual n.º 78, de 27-12-1930, o distrito de Moju passou a pertencer ao município de Igarapé-Miri.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933 o distrito de Moju permanece no município de Igarapé-Miri.

Elevado novamente à categoria de município com a denominação de Moju pela Lei Estadual n.º 8, de 31-10-1935.

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937 o município aparece constituído de 3 distritos: Moju, Baixo e Cairari.

Pelo Decreto-lei Estadual n.º 2.972, de 31-03-1938, é extinto o distrito de Baixo, sendo seu território anexado ao distrito sede do município de Moju.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960 o município é constituído de 2 distritos: Moju e Cairari. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2014.

FONTE: PROJ ETO GESPAN - Gestão Participativa de Recursos Naturais. (Informações básicas sobre o município de Moju, Pará: uma contribuição para o seu planejamento

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/406554/1/Informacoes-basicas-sobre-o-municipio.pdf)


No município de Moju situa-se a Reserva Indígena do Povo Anambé, com 79 krn', localizada à margem direita do curso do Rio Caiari, afluente do Rio Moju. Habitada por uma população de 132 índios, que têm modo de vida muito semelhante aos dos caboclos da região. No entanto mantém viva parte de sua cultura tradicional, simbolizada na figura do velho "AYPAN". Cultivam mandioca, milho, arroz, feijão, banana e batata. A proteína animal é obtida pela caça, cada vez mais rara, de anta, porco-do-mato, veado, caititu e paca.

1879 - Capanema (Quatipuru)

[editar | editar código-fonte]

Criada em 1879, desmembrada de Bragança; extinta em 1900; recriada em 1932; em 1908, a sede transfere-se para Miraselvas.

1897 - Barcarena

[editar | editar código-fonte]

Originária da aldeia de Gibrié ou Curuçá; passou à categoria de vila em 1897.

- FONTE: INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA DE BARCARENA (Disponível em: http://www.setur.pa.gov.br/sites/default/files/pdf/inventario_barcarena2011final_2.pdf. Acesso em 24/07/2023):

A origem histórica de Barcarena é imprecisa em virtude da escassez de material bibliográfico. Diversos pesquisadores (BAENA, 1967), (BETTENDORFF, 1990), (LEITE,1938) dentre outros, apontam locais e datas distintos como início da ocupação do território de Barcarena. A história oficial do Município (*12) diz que as terras do que é hoje Barcarena foi habitada pelos índios denominados “TAPUIOS ARUANS”. Porém, seu processo de colonização está ligado ao extinto povoado que surgiu no entorno do Engenho Mojuquara, fundado pela Companhia de Jesus, no Igarapé de mesmo nome. É fato que os jesuítas, na época do Brasil colônia, uma vez instalados, em pouco tempo, se destacavam como grandes exportadores. Cultivavam cana-de-açúcar, café e algodão, tornavam-se proprietários de fábrica de açúcar e aguardente, oficinas de carpintaria, olarias e outros serviços básicos. Desta forma, é provável que o Engenho de Mojuquara tenha sido, de fato, a primeira área de colonização em terras do município. Sobre a olaria Mojuquara é certo dizer que, sua grande especialidade foi a fabricação deformas para rapadura, com três furos centrais e que foram, na época, adotadas em todo o Grão-Pará. Fabricavam-se, também em Mojuquara panelas, lamparinas e vasos de barro. Algumas destas louças podem ser encontradas no Museu Paroquial de Barcarena.

*12 Síntese organizada em 1947 e que hoje integra o acervo do DEPAH-SECULT (In Conceição & Guimarães, 1999).


A instituição da Política Pombalina (1755) vai trazer como principais consequências na Amazônia, a criação da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão; a aprovação da Lei dos Diretórios, retirando do poder dos jesuítas a administração dos aldeamentos e a secularização do ensino que, até o momento, era ministrado pela Igreja Católica, passando para a responsabilidade do Estado ou de instituições privadas. Para Leite (1938) (*13), em se tratando de aldeamento, sem dúvida, Mortigura (atual Vila do Conde),foi a primeira aldeia da Companhia no Grão-Pará. Doação do governador Inácio do Rego Barreto em1653, por determinação do Rei de Portugal, em cujo local os jesuítas já tinham fundado uma capela e um colégio. Em 1658, Manuel David Souto-Maior propôs que Mortigura, então chamada de "arca de Noé", por encontrar-se cheia de índios, não se destinasse somente aos serviços do Colégio e que fosse enquadrada no regime de repartição (*14). A primeira igreja de Mortigura foi de palma, mas em 1655, por ordem do Pe. Francisco da Veiga foi construída a residência de São João Batista. Sobre isto, Pe. Bettendorff que esteve nela em 1661, refere-se a essa Mortigura de 1661, como Mortigura-a-velha, em contraposição de Mortigura-a-nova. A data mais precisa que pode orientar o entendimento sobre a origem do nome do Município é o ano de 1758 quando, por determinação de Francisco Xavier de Mendonça Furtado (*15), foi dada a Missão Gibirié (atual Vila de São Francisco) o nome de Barcarena, em homenagem a sua esposa, D. Violante Velasco Felçueiras, nascida na Barcarena de Portugal. Entendendo-se assim, o ano de 1758, como o marco do início da administração civil, de Barcarena. Sobre a Missão de Gibirié (com outras grafias: Gibiré e Gibrié), Conceição & Guimarães (1999), afirmam que foi uma doação feita, antes de 1709, por Francisco Rodrigues Pimenta, ao Colégio do Pará. Constava do inventário, uma propriedade com três léguas de terra, com dois cacoais e duas roças grandes. Havia nela serralharia, serraria, dois teares, casa de canoas, pequena residência e igreja que media 55 para 60 palmos de comprimento e 25 palmos de largura, tendo como orago São Francisco Xavier.

*13 História da Companhia de Jesus no Brasil.

*14 Os aldeamentos missionários, chamados também de “aldeias de repartição”, tinham como principal objetivo concentrar índios, de diferentes nações, em um local de fácil acesso, onde pudessem ser "civilizados", aprendendo os princípios da religião cristã e certos valores como obediência e disciplina. Posteriormente eram alugados, distribuídos ou repartidos entre os colonos, os missionários e o Serviço Real da Coroa Portuguesa, para quem deviam, obrigatoriamente, trabalhar em troca de um pagamento, por um determinado período que poderia variar entre dois a seis meses, ao final do prazo, estes índios deveriam ser devolvidos à aldeia.

*15 Segundo Raymundo (2006), foi endereçada a Mendonça Furtado, 19º Governador e Capitão Geral do Maranhão e Grão-Pará, “Instruções Régias Políticas e Secretas”. Dentre estas “três questões indissociáveis: a “liberdade” dos índios; a supressão do poder temporal dos religiosos (poder este tanto político, quanto econômico); e a criação da Companhia Geraldo Grão-Pará e Maranhão”. (RAYMUNDO, 2006, p. 125)

No Século XX, Barcarena sofreu uma série de contratempos políticos estando ligada a diversos outros municípios. De acordo com o Decreto-Lei de nº 2.972, de 31 de março de 1938, a denominação oficial do lugar aparece simplesmente como Barcarena, considerada como Sub-Prefeitura e subordinada administrativamente a Belém. Com a promulgação do Decreto-Lei Estadual nº 3.331, de31 de outubro de 1938, Barcarena perdeu o território da área do Caeté, em favor do Município de Mojú. O atual Município de Barcarena foi criado pelo Decreto-Lei Estadual (*16) n° 4.505, de 30 de Dezembro de 1943, que fixa os limites e sua localização geográfica. A atual configuração político-administrativa de Barcarena é composta pelos distritos Sede, Murucupi, Vila do Conde, além de duas localidades importantes: Estrada e Ilhas. (BARCARENA, 2006, p8).

*16 Ato do Exmo. Sr. Coronel Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, Interventor Federal do Estado, na época.

- Em Compêndio das Eras Província do Pará, Baena cita MORTIGURA, atual Vila do Conde em Barcarena:

Período Republicano (1889-1993)

[editar | editar código-fonte]

1906 - Igarapé-açu

[editar | editar código-fonte]

Criado em 1903, ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, no km 112; em 1931, passou a denominar-se de João Pessoa, e em 1938,volta a denominar-se Igarapé-Açu.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/igarape-acu/historico)


Quando construíram a Estrada de Ferro Bragança em terras do atual Município de Igarapé-assú já existiam habitantes nas margens dos rios Jambú-assú, Maracanã, Peixe-Boi e seus afluentes, havendo mesmo uma colônia espanhola entre os rios Jambú-assú e Caripi. O povoamento inicial organizado foi realizado com a fundação do Núcleo Agrícola Jambú-assú em 1896.

Predominou no povoamento, o elemento inicial da população, acrescida, posteriormente, por cearenses e riograndenses do norte, acossados pelas secas ou pela crise da borracha.

Os colonos espanhóis não recebendo mais o auxílio do Estado foram se retirando havendo hoje poucos elementos.

Quanto ao elemento indígena, ao sul do município existia nas margens dos rios do Prato, Jepi, Limão e Maracanã, uma tribo de 'Tembes', da qual se encontram remanescentes, que foram beneficiados pelas catequese de frades franciscanos que aí fundaram um educandário, o Instituto do Prata, transformado posteriormente em Colônia correcional e depois Lazarópolis do Prata.

Pode-se dizer que foi com a passagem da Estrada de Ferro pelo seu território em 1906, e o posterior desenvolvimento agrícola, que o município começou apresentar condições de capacidade para vida política e autonomia administrativa. Em 26 de outubro de 1906, pela Lei nº 095 foi elevado à categoria de município sendo instalado a 1º de janeiro de 1907 durante o governo do Dr. Augusto Montenegro.

Anteriormente pertenceu este município ao de Belém tendo também sofrido diversos desmembramentos no seu território em favor de Guamé, Maracanã e Capanema.

O município está, de acordo com o decreto estadual de 31-10-1938 dividido em 5 distritos: Sede, Nova Timboteua, Peixe-Boi, São Luiz e Timboteua.

Atualmente o município de Igarapé-assú possui a categoria de Comarca criada em 25-01-1932 pelo dec. nº 595, sendo seu primeiro juiz de direito Dr. Anibal Fonseca de Figueredo. A sede municípal se eleva no quilometro 111 da Estrada de Ferro Bragança, rodeada pelos cursos d'água Igarapé-assú e Páu-Cheiroso.

As construções são na sua maioria de taipa, cobertas com telhas de barro havendo regular número de prédios em alvenaria. A cidade é formada por três largas avenidas, correndo pela principal a estrada de ferro, duas grandes praças, uma menor e sete travessas, todas traçadas em linhas simétricas.


Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Igarape-Açú, pela lei estadual nº 985, de 26-10-1906, criado com território do extinto município de Santarém Novo. Sede na vila de Igarapé-Açú. Instalado em 01-01-1907.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede.

Pelo decreto-lei estadual nº 264, de 04-04-1931, o município de Igarapé-Açú passou a denominar-se João Pessoa.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município já denominado João Pessoa é constituído do distrito sede.

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o município aparece constituído de 6 distritos. João Pessoa, Porto Seguro, Tassiateua, Santa Maria, Peixe-Boi e Nova Timboteua.

Pelo decreto-lei estadual nº 2972, de 31-03-1938, o município de João Pessoa volta a denominar-se Igarape-Açú. Sob a mesma lei acima citado os distritos de Porto Seguro, Santa Maria, Tassiateua foram extintos sendo seus territórios anexados ao distrito sede do município de Igarapé-Açú.

No quadro fixado, para vigorar no período de 1939-1943, o município já denominado Igarape-Açú aparece constituído de 5 distritos: Igarapé-Açú, São Luís, Nova Timboteua, Peixe-Boi e Timboteua.

Pelo decreto-lei estadual nº 4505, de 30-12-1943, desmembra do município de Igarapé-Açu os distritos de Nova Timboteua, Peixe Boi e Timboteua, para formar o novo município de Nova Timboteua. Sob o mesmo decreto acima citado o distrito de São Luís passou a denominar-se Cariri.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Igarapé-Açu e Caripi ex-São Luís.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.


Alterações toponímicas municipais

Igarapé-Açu para João Pessoa, alterado pelo decreto-lei estadual nº 264, de 04-04-1931. João Pessoa para Igarapé-Açu, alterado pelo decreto-lei estadual nº 2972, de 31-03-1938.

1931 - Santa Izabel do Pará/João Coelho

[editar | editar código-fonte]

Originário de povoado fundado na Estrada de Ferro Belém-Bragança, no km-42; município criado em 1931; extinto em 1932; e recriado em 1933.

- FONTE: Site da Prefeitura  (https://santaizabel.pa.gov.br/o-municipio/historia/)


Santa Izabel teve categoria de Vila pela Lei Estadual nº 646 de 6 de junho de 1899, no governo do Dr. Paes de Carvalho.

Em 1931 algumas localidades mais progressistas do município de Belém passaram a obter condições de Sub-prefeituras e, por essa razão coube a Santa Izabel figurar entre as mesmas.

Foi o seu único sub-prefeito municipal o agrônomo Laurênio Getúlio de Castro, cargo que exerceu em um ano somente, em virtude da criação de um município de curta duração.

Pela Lei nº 565 de 30 de dezembro de 1931, Santa Izabel teve a categoria de Município, envolvendo todo o núcleo colonial de Nossa Senhora do Carmo em Benevides, indo fazer extrema com o município de Igarapé-Açú através do rio Jambú-Açú.

1932 - Castanhal

[editar | editar código-fonte]

Surge com a implantação da Estrada de Ferro Belém-Bragança em 1899; criado como município em 1932.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/castanhal/historico)


A origem do município de Castanhal é atribuída a um povoamento de colonos e imigrantes nordestinos.

O desenvolvimento do Núcleo de Castanhal começou mesmo a partir do momento em que o Governo decidiu dar início à execução do tão discutido e até mesmo desacreditado por alguns homens da Província, Projeto de construção da ferrovia que ligaria Belém e Bragança, cuja obra conforme a região passou a ser chamada de Estrada de Ferro de Bragança.

Em 1885, os trilhos chegaram à localidade de Itaqui às proximidades de Apeú, graças ao incansável trabalho desenvolvido por um dos heróis, que para essa promissora terra se deslocara como parte integrante da imigração nordestina, o coronel Antonio de Souza Leal, a quem o Governo confiara o comando de tão importante obra.

A chegada dos trilhos, que muitos já não acreditavam mais, deu um impulso espetacular para esse acontecimento. Portanto, 76 anos depois da Proclamação da Adesão do Pará à Independência do Brasil e cinco meses antes da Proclamação da República, o Núcleo de Castanhal, por força da Lei nº. 646, de 06-06-1899, passou a categoria de Vila. Sua instalação solene só deu-se a 15-08-1901, justamente na data comemorativa a Adesão do Pará à Independência, como também, já no regime Republicano.

A conclusão da Estrada de Ferro de Bragança, que aconteceu a 01-12-1900, constituiu-se num dos fatos mais importantes do Governo do Dr. Augusto Montenegro, ainda na 1ª. República 1889-1930. Algo, que beneficiaria não só a então Vila de Castanhal, mas grande parte da população Paraense.

Em 1902, o então Governador Dr. Augusto Montenegro, certamente visando controlar melhor a produção da região, achou que o melhor meio seria centralizar tudo e para isso, dividiu a área pertencente a Castanhal, em sete colônias: “José de Alencar” que corresponde hoje ao (centro da cidade), Anita Garibaldi, Ianetama, Iracema, Inhangapi, Antonio Baena e Marapanim. Mas ainda faltaria mão-de-obra para a produção, então estabeleceu-se um convênio com o governo espanhol, porém os imigrantes oriundos desse país não se adaptaram às condições climáticas e deixaram a região. Quem acabou por povoar e desenvolver a região foram os imigrantes nordestinos

Existem duas versões que tentam explicar a origem do nome Castanhal. A primeira delas, diz respeito ao fato que, apesar da área em questão nunca ter se caracterizado, nem no passado e nem nos dias de hoje, como uma área onde seja frequente a ocorrência de castanheiras, o nome do município foi dado em homenagem a essa espécie vegetal. A segunda versão remete-se à época da construção da estrada de ferro que ligava Belém a Bragança, quando uma das suas estações ficou localizada sob a sombra de uma frondosa castanheira e, a partir daí, o local foi batizado como Castanhal, constituindo-se o núcleo urbano.


Formação Administrativa

Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1-IX-1920, figura no município de Belém o distrito de Castanhal.

Elevado à categoria de município com a denominação de Castanhal, pelo Decreto Estadual n.º 600, de 28-01-1932, desmembrado de Belém. Sede no antigo distrito de Castanhal. Constituído do distrito sede. Instalado em 22-02-1932.

Pelo Decreto Estadual n.º 680, de 27-06-1932, Castanhal adquiriu do município de Marapamim o distrito de Curuça.

Pelo Decreto Estadual n.º 1.136, de 28-12-1933, é desmembrado do município de Castanhal o distrito de Curuça. Elevado à categoria de município.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído do distrito sede.

Em divisões territoriais de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o município aparece constituído de 4 distritos: Castanhal, Anhanga, Apéu e Inhangapi.

Pelo Decreto-lei n.º 4.505, de 30-12-1943, é desmembrado do município de Castanhal os distritos de Anhanga e Inhagapi, elevados à categoria de município.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Castanhal e Apéu.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.


Surge, com a implantação da Estrada de Ferro Belém-Bragança em 1899, o município de Castanhal em 1932. Este município comportava mais três distritos: Anhangá, Apeú e Inhangapi até 1943, quando o Decreto nº 4505, de 30/12/1943, desmembrou de Castanhal os distritos Anhangá e Inhangapi. E, no dia 01/07/1960, o município é constituído de dois distritos: Castanhal e Apeú.

Segundo o historiador e ancião castanhalense, senhor José Guimarães, no filme documentário “Era uma vez em Castanhal” de Edivaldo Moura e Amílcar Carneiro, fala que o topônimo da “Castanhal” surge das castanheiras históricas plantadas por indígenas Tupinambá e colonos que vinham das matas nas margens do igarapé Castanhal.

De acordo com GUIMARÃES e MOTA FILHO, no livro “Castanhal um pouco da sua história”, a comunidade de Castanhal surgiu antes da abertura da estrada de ferro “Belém-Bragança”, pois já existia o “Caminho do Maranhão”, o qual se iniciava desde uma localidade chamada Aurá (Pará), e terminava em Tapuitapera (Maranhão). Os historidores afirmam que este caminho foi, inicialmente, aberto e utilizado por indígenas Tupinambá e, depois, por Pedro Teixeira e outros colonos. Assim, as comunidades de Castanhal, Anhangá, Inhangapi e Apeú eram comunidades composta por indígenas Tupinambá, inicialmente.

1943 - São Francisco do Pará (Anhangá)

[editar | editar código-fonte]

Originário de povoado fundado em 1903, na Estrada de Ferro Belém-Bragança no km-83; criado como município em 1943, quando foi desmembrado de Belém.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/sao-francisco-do-para/historico)


O MUNICÍPIO de São Francisco do Pará, localiza-se na zona fisiográfica Bragantina. Os fundamentos históricos desta unidade foram lançados em tempos remotos, no governo de Augusto Montenegro.

Naquela época, região onde está erigido o atual município, era conhecida por Vila de São Francisco, Augusto Montenegro e km. 95. Com a chegada dos desbravadores José Mariano da Silva, José Porfírio de Souza e outros, a localidade progrediu, e, em 1903, já estava ali criada a povoação de Anhanga. Incialmente, fora incorporada ao município de Belém passando, mais tarde, à jurisdição de Castanhal.

Com a evolução da densidade demográfica tornou-se necessário o desmembramento de certas áreas. Assim, em 1943, Anhanga adquiriu sua emancipação político-administrativa, cuja denominação permaneceu até 1961, quando passou a chamar-se São Francisco do Pará.

Gentílico: franciscano


Formação Administrativa

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, figura no município de Castanhal o distrito de Anhanga.

No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o distrito de Anhanga permanece no município de Castanhal.

Elevado à categoria de município com a denominação de Anhanga, pelo decreto-lei estadual nº 4505, de 30-12-1943, desmembrado de Castanhal. Sede no antigo distrito de Anhanga. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1944.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído do distrito sede.

Pela lei estadual nº 2460, de 29-12-1961, o município de Anhanga passou a denominar-se São Francisco do Pará. Sob a mesma lei acima citado é criado o distrito de Jambuaçu e anexado ao município

Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: São Francisco do Pará e Jambuaçu.

Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: São Francisco e Jambuaçu.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-I-1979.

Em divisão territorial datada de 18-VIII-1988, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.


Antes de haver o município de São Franscisco, em seu lugar, havia a comunidade Anhangá. Em 1903, ela foi agregada ao município de Belém. Depois, Anhangá passou da jurisdição de Belém para a de Castanhal.

Em 1943, por conta do seu crescimento populacional, Anhanga adquire sua emancipação político-administrativa. Sua denominação permaneceu até 1961, quando foi, finalmente, denominado município de São Francisco do Pará. Segundo o historiador e ancião José Guimarães (2023), Anhanga foi habitada pelos indígenas tupinambá e, por isso, o topônimo “Anhanga” provém do Tupi. 

1943 - Nova Timboteua

[editar | editar código-fonte]

Originário de povoado fundado em 1895,na Estrada de Ferro Belém-Bragança, no km147; sendo criado como município em 1943, quando foi desmembrado de Igarapé-Açu.


- FONTE: Site da Prefeitura do município (https://novatimboteua.pa.gov.br/o-municipio/)


Nova Timboteua localiza-se na mesorregião do Nordeste Paraense e na Microrregião Bragantina, a uma latitude 01º12’28” Sul e a uma longitude 47º23’33” Oeste, estando a uma altitude de 51 metros. Sua população estimada, em 2017, era de 14.942 habitantes.

Em 1888, Serafim dos Anjos Costa, o primeiro a chegar na localidade, requereu junto ao Governo Provincial a área de terras onde hoje se localiza a Vila de Timboteua que, em conjunto com outros moradores, atraíram mais pessoas e expandiram o núcleo habitacional.

A Lei nº 324, de 6 de julho de 1895, reconheceu oficialmente o povoado de Vila Timboteua, porém a população entrou em decadência. Isto fez com que, em 1906, em um lugar pouco distante da Vila Timboteua, surgisse um núcleo às margens da Estrada de Ferro de Bragança, denominada de Tabuleta, por causa da existência de um marco de quilometragem da via férrea.

Em 1915, devido ao progresso, a localidade de Tabuleta atingiu a condição de povoado. A denominação Tabuleta não perdurou, e recebeu outros nomes como, “Timbó-Açú” “Assis Brasil” “Timborana”, até chegar ao de de Nova Timboteua, diferenciando da Vila de Velha Timboteua.

O município de Nova Timboteua foi criado pelo Decreto Lei nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, com território desmembrado de Igarapé-Açu.

O significado do nome “Timboteua” deu-se pelo fato de que os primeiros habitantes, ao subirem as margens do rio Peixe-boi, que passa bem próximo ao município, encontraram grande quantidade de Timbó, uma planta cuja raiz serve como veneno para a pesca. A junção de Timbó ao termo “Teua”, que no vocabulário Tupi-Guarani significa “Lugar de Abundância”, deu origem a Timboteua: “Lugar em abundância de Timbó”.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/nova-timboteua/historico)


As terras do atual município localizam-se na zona Bragantina, antes pertencentes à Belém.

Em 1885, os pioneiros colonos exploradores de Nova Timboteua subiram o Rio Peixe-Boi e localizaram-se na confluência desse rio, com os igarapés timboteua e jaburu. Serafim dos Anjos Costa, requerendo a área onde hoje se localiza o município, ali fixou residência com Afonso Roberto Pimentel e Manoel Maria, constatando grande quantidade de timbó, às margens de um igarapé existente nos fundos da propriedade, deram-lhe aquele nome.

O topônimo é locução hídrica - português e tupi. O termo Nova Timboteua foi adotado para destinguir do mais antigo Timboteua. Timboteua provém de timbó, do gênero sapindáceas, também chamado cururu-apé, e, eua, que significa abundância, a formação da palavra timbo-eua ou timboteua, traduz timbó em abundância.

Em 1895, a localidade foi elevada à categoria de povoado, instalado no mesmo ano. Em 1906, o então povoado extinguiu-se e suas terras passaram a pertencer ao novo Município de Igarapé-Açu, que ao tempo da sua instalação, apenas havia passado ali o pico da antiga Estrada de Ferro de Bragança. Às margens dos igarapés Maracanã, Livramento, São Luiz, Timboteua e Peixe-Boi, foram construídos vários barracões pertencentes à Ferrovia e também uma Escola de Beneficiamento Agrícola com o nome de Escola Experimental de Agricultura Prática, mais tarde denominada Estação Experimental Augusto Montenegro.


Formação Administrativa

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, figura no município de João Pessoa, o distrito de Nova Timboteva.

Pelo decreto-lei estadual nº 2972, de 31-03-1938, o Município de João Pessoa passou a denominar-se Igarape-Açu, passando o distrito de Nova Timboteua a pertencer ao município de Igarape-Açu.

No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o distrito de Nova Timboteua permanece no município de Igarape-Açu.

Elevado à categoria de município com a denominação de Nova Timboteua, pelo decreto-lei estadual nº 4505, de 30-12-1943, desmembrado de Igarape-Açu. Sede no antigo distrito de Nova Timboteua. Constituído de 3 distritos: Nova Timboteua, Peixe Boi e Timboteua. Desmembrados de Igarape-Açu. Instalado em 01-01-1994.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 3 distritos: Nova Timboteua, Peixe Boi e Timboteua.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.

Pela lei estadual nº 2460, de 29-12-1961, desmembra do município de Nova Timboteua o distrito de Peixe Boi. Elevado categoria de município.

Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o municípios é constituído de 2 distritos: Nova Timboteua e Timboteua.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

1961 - Benevides

[editar | editar código-fonte]

Originário da colônia de Benevides (186l) Belém-Bragança. Criado como município em1961; desmembrado de Belém.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/benevides/historico)


Nos registros da sua história, Benevides surge como uma colônia agrícola, que foi reconhecida como povoado, sob a invocação de São Miguel Arcanjo, através de um ato da Assembléia Legislativa Provincial, em 10 de junho de 1878. Os trabalhos históricos de Theodoro Braga informam que, em 30 de março de 1884, com a presença do então Presidente da Província do Grão Pará, o General Visconde de Maracaju, foi realizada uma sessão solene, na qual foi concedida a liberdade a todos os escravos residentes nesse território.

Relata-se, igualmente, que o ato teve como cenário a sede da Sociedade Libertadora de Benevides, alcançando enorme repercussão, a ponto de atrair para o lugar uma grande quantidade de escravos que se encontravam na condição de fugitivos, em outras localidades. A libertação concedida provocou uma concentração de mão-de-obra que foi empregada nas atividades agrícolas, fazendo Benevides progredir.

O nome de Benevides se constitui numa homenagem prestada ao Governador Francisco de Sá e Benevides.


Formação Administrativa


Pela Lei n.º 646, de 6 de junho de 1899, o então povoado foi elevado à categoria de vila, sem que isso representasse a sua transformação em município, pois ficou estipulado que, em tal condição, continuaria vinculado ao município de Belém.

Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de I-IX-1920, figura no município de Belém o distrito de Benevides.

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o distrito de Benevides figura no município de Santa Isabel.

Pelo Decreto-lei Estadual n.º 4.505, de 31-12-1943, o município de Santa Isabel passou a denominar-se João Coelho. Sob o mesmo Decreto é criado o município de Ananindeua, desmembrado do município de Santa Isabel, passando o distrito de Benevides a figurar no município de Ananindeua.

Em divisão territorial datada em 01-VII-1950 o distrito de Benevides permanece no município de Ananindeua.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.

Elevado à categoria de município com a denominação de Benevides pela Lei Estadual n.º 2.460, de 29-12-1961, sendo desmembrado de Ananindeua e Santa Isabel do Pará. Sede no antigo distrito de Benevides. Constituído de 3 distritos: Benevides, Benfica e Santa Bárbara. Instalado em 11-03-1962. Sob a mesma Lei o município de João Coelho voltou a denominar-se Santa Isabel do Pará.

Em divisão territorial datada de 18-VIII-1988 o município é constituído de 3 distritos: Benevides, Benfica e Santa Bárbara.

A Lei Estadual n.º 5.693, de 13-12-1991, desmembra do município Benevides o distrito de Santa Bárbara do Pará, elevado à categoria de município.

Em divisão territorial datada de 1997 o município é constituído de 2 distritos: Benevides e Benfica.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2015.

1961 - Peixe-boi

[editar | editar código-fonte]

Criado em 1961, na área de influência da Belém-Brasília.


- FONTE: IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/peixe-boi/historico)


O desbravamento da região, onde está situado o atual município, teve início em 1885, quando os primeiros colonos subiram o rio Peixe-boi e se estabeleceram em sua confluência com rio Timboteua e igarapé Jaburu.

O território de Peixe-boi, localizado a nordeste do Estado do Pará, pertenceu, inicialmente, ao município de Nova Timboteua, donde foi desmembrado. Sabe-se que, em tempos remotos, ali existiu uma estação da extinta estrada de ferro de Braganç. Inaugurada em 1907. Em decorrência dessa estrada, surgiram diversas povoações que originaram os atuais municípios da zona bragantina.

Com a expansão das culturas da fibra e da malva, entre outras, a localidade se desenvolveu e, em 1961, adquiriu categoria de município e sua Sede foros de Cidade.

O topônimo deve-se ao rio que banha o município e, também, ao fato de existir, nos rios e lagos da Amazônia, o peixe-boi, mamífero da família dos triquequideos, gênero trichehus, que se alimenta das ervas ribeirinhas e chega a medir 3 metros de comprimento, pesando até 2.000 quilos.

1994 - Marituba

[editar | editar código-fonte]

(Maris ou Umaris: árvore da família das Icacináceas, que dá frutos comestíveis/ tuba: lugar abundante)

Criado pela lei n. 5.857, de 22 de abril de 1994. Desmembrado de Benevides.


A ocupação da área onde mais tarde seria fundado o município de Marituba decorreu das medidas políticas do governo provinciano, traçadas na segunda metade do século XIX, cujos objetivos eram a colonização da região Bragantina e a implantação de uma estrada de ferro que deveria fazer a ligação entre os diversos núcleos coloniais que iriam ser fundados. Com isso Marituba nasceu em função da Estrada de Ferro de Bragança - ferrovia com 293 quilômetros de extensão suas obras duraram 25 anos.

Na época, os limites de Belém estendiam-se por quase todo o território das atuais zonas Bragantina, Guajarina e Salgado. Entre aquele centro urbano e Belém existia uma vasta área completamente despovoada e que precisava urgentemente ser ocupada. Os primeiros imigrantes eram de origem francesa, italiana e espanhola, chegaram em Belém no dia 25 de abril de 1875. Outros vieram depois. Instalou-se em vários núcleos agrícolas, e esses núcleos – Apeú, Castanhal, Inhangapi. São hoje progressivos municípios da chamada Zona Bragantina.

O plano do Governo Imperial era colonizar essa imensa região, tida como rica e fértil, e adequada para a prática agrícola, cuja produção iria ser necessária para alimentar a população da capital da província que se expandia anualmente.

É bom lembrar, que sempre houve uma relação positiva entre a ferrovia, a colonização e a exploração da zona Bragantina: na medida em que os trilhos iam sendo colocada região adentro, novas colônias eram implantadas na área, ou simples povoados surgiam nas imediações das paradas da Estrada de Ferro.

Por volta de 1905, quando a via-férrea já se encontrava nas imediações da cidade de Capanema, o governador Augusto Montenegro iniciou a construção das oficinas dos trens da Estrada de Ferro de Bragança. Já com suas instalações quase concluídas, percebeu-se ser necessária a construção de uma vila de casas, para abrigar seus operários de manutenção e demais funcionários dessa Estrada. Nessa época, já haviam sido erigidas as estações do Entroncamento e de Ananindeua. Os trabalhos de construção da referida vila foram concluídos em 1907. Coube ao Doutor Swindeler diretor da companhia construtora, em conjunto com outras autoridades e futuros moradores, a responsabilidade de inaugurar a Vila Operária, dando origem ao povoado de Marituba. Suas terras pertenciam ao município de Belém. Com a criação do município de Ananindeua, em 1943, passou a pertencer ao novo município. Já em 1961, passou a pertencer ao município de Benevides.

A origem do topônimo Marituba vem da língua indígena (nhengatu), que significa “Lugar abundante de Maris (ou Umaris)”. Maris ou Umaris é uma árvore da família das Icacináceas, que dá frutos comestíveis; “Tuba” significa “lugar abundante”. Da junção desses dois vocábulos surgiu o nome Marituba, que graças ao agrado dos filhos da terra, até hoje permanece.

No Natal de 1909, os moradores do então vilarejo de Marituba, realizaram uma missa campal em frente da antiga escola primária. Nos anos seguintes, essa missa passou a ser celebrada no interior da escola, depois disso, passou a ter missa dominical na cidade. Em 1917, uma das casas da vila foi adaptada para servir de capela, fazendo parte da Paróquia de Santa Isabel. Neste local, encontra-se construída atualmente a Igreja Matriz de Marituba.

Em 1918, fundava-se o Cemitério da Vila.

Naquela época, a vida no vilarejo era muito difícil. Os primeiros moradores eram quase todos empregados da Estrada de Ferro de Bragança. Havia também, uma pequena parcela da população que vivia da roça e da produção de carvão que ia para Belém no trem de carga. Produziam a lenha que era destinada à Estrada de Ferro de Bragança, e à algumas empresas, como a Pará Elétrica, a primeira empresa que explorou a energia elétrica em Belém. Essa atividade de extrativismo predominou durante muito tempo e até hoje ainda existe vestígio dela em Marituba. Até meados dos anos 40, a economia da vila girava em torno das atividades comerciais de apoio à ferrovia, e de uma incipiente agricultura de subsistência composta de mandioca, arroz e milho, produzidos geralmente para autoconsumo.

Começaram a surgir na vila os primeiros comerciantes, como, o português Deomano Pacheco, a família Bastos que trabalhava no ramo farmacêutico, a família Falcão no ramo da estiva, o português Agostinho dono da Cerâmica Marajó e Francisco Cunha entre outros. O vilarejo expandia-se, a cada ano, ganhando aspecto de cidade à medida que iam sendo implantados novos equipamentos, indo assim adquirindo característica de cidade.

A elevação de Marituba à categoria de município refletiu um antigo anseio da sua população. Segundo informações de alguns líderes locais, Marituba para se desenvolver teria que conseguir sua autonomia política e administrativa. Desde 1983, o povo maritubense vinha se organizando no sentido de buscar a autonomia para a vila. Foram três os movimentos populares para a sua emancipação; o primeiro foi realizado em 1983; o segundo em 1991 e finalmente em 1993.

1994 - Tracuateua

[editar | editar código-fonte]

(Tracuá: formiga/Teua: terra/lugar de abundância)

Criado pela lei n. 5.858, de 29 de setembro de 1994. Desmembrado de Bragança. Originário de um povoado da antiga Estrada de Ferro Belém- Bragança.


- FONTE: Site da Prefeitura do Município (https://tracuateua.pa.gov.br/o-municipio/historia/#:~:text=O%20nome%20foi%20dado%20pelos,tarde%20deu%20nome%20ao%20povoado)

O surgimento de Tracuateua está ligado à construção da ferrovia Belém-Bragança, concluída em abril de 1908. Até os anos de 1880, antes do início obra, o povoamento entre Bragança e Belém era pequeno. O que se sabe do período anterior à ferrovia é pouco e impreciso. Na localidade conhecida por Jurussaca, viveram os índios Cariabas e negros refugiados, remanescentes das fazendas próximas à Bragança, provavelmente, estes e mais alguns imigrantes portugueses e espanhóis, foram os que iniciaram a colonização nos arredores. Raimundo Aruar e Mariano Pereira da Silva construíram as primeiras casas na região.

O nome foi dado pelos trabalhadores que abriam caminho para a futura ferrovia (1888). Esses chegaram a margens de um rio para merendar, e foram surpreendidos por uma infinidade de formigas grandes e pretas, conhecidas como Tracuás. Desde então, denominaram de Rio Tracuateua, que mais tarde deu nome ao povoado.

Referências

  1. Pereira, Carlos Simões (28 de outubro de 2020). «Das origens da Belém seiscentista e sua herança Tupinambá». Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento (10): 146–160. ISSN 2448-0959. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  2. «Levante dos Tupinambás – Bahia | Revoltas | Impressões Rebeldes». www.historia.uff.br. Consultado em 17 de novembro de 2017 
  3. «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  4. «Capitania do Grão-Pará». Atlas Digital da América Lusa. Consultado em 27 de dezembro de 2017 
  5. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  6. BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio; et al. (1977). História da civilização: curso moderno : área de estudos sociais 4 ed. São Paulo: Nacional. 282 páginas 
  7. a b c d OLIVEIRA, Mauro Leonardo da Costa de (2001). Escravidão indígena na Amazônia Colonial (PDF). Dissertação de Mestrado em História das Sociedades Agrárias. [S.l.]: Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Goiás 
  8. a b SILVA, Francisco Ribeiro da (2000). «A Legislação Seiscentista Portuguesa e os Índios do Brasil». In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Brasil colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 417 páginas. ISBN 85-209-1014-9 
  9. CHAMBOULEYRON, Rafael (2003). Em torno das missões jesuíticas na Amazônia (século XVII) (PDF). Col: Lusitânia sacra. v. 15. [S.l.: s.n.] p. 163–209 
  10. HOORNAERT, Eduardo (1992). «Apresentação». In: HOORNAERT, Eduardo. História da Igreja na Amazónia. Petrópolis: Vozes 
  11. HOORNAERT, Eduardo (1992). «A Amazônia e a cobiça dos europeus». In: HOORNAERT, Eduardo. História da Igreja na Amazónia. Petrópolis: Vozes 
  12. PERRONE-MOISÉS, Beatriz (1992). Índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista do período colonial (séculos XVI a XVIII). Col: História dos índios no Brasil. v. 2. [S.l.: s.n.] p. 116–132 
  13. GUZMÁN, Décio de Alencar (2008). «A colonização nas Amazônias: guerras, comércio e escravidão nos séculos XVII e XVIII» (PDF). Revista Estudos Amazônicos, Belém. v. 3 (n. 2): 103–39 
  14. a b DOMINGUES, Angela (2000). «Os conceitos de guerra justa e resgate e os ameríndios do Norte do Brasil». In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Brasil colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 417 páginas 
  15. Brasília, Fabrícia Peixoto Da BBC Brasil em. «Linha do tempo: Entenda como ocorreu a ocupação da Amazônia». BBC Brasil. Consultado em 19 de novembro de 2017 
  16. a b c REZENDE, Tadeu Valdir Freitas de (2006). A conquista e a ocupação da Amazônia brasileira no período colonial: a definição das fronteiras. Tese de Doutorado. [S.l.]: Universidade de São Paulo 
  17. a b c d AB'SÁBER, Aziz Nacib; et al. (2003). A época colonial: do descobrimento à expansão territorial. Col: História geral da civilização brasileira 13 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 412 páginas 
  18. FARAGE, Nádia (1991). As muralhas dos sertões: os povos indígenas no Rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra/ANPOCS 
  19. Gadelha, Regina Maria A. Fonseca (Agosto de 2002). «Conquista e ocupação da Amazônia: a fronteira Norte do Brasil». Estudos Avançados. v. 16 (n. 45): 63–80. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40142002000200005. Consultado em 22 de novembro de 2017. Arquivado do original em 20 de dezembro de 2010 
  20. SOUBLIN, Jean; ANDRADE, Lais (2003). História da Amazônia. [S.l.]: Biblioteca do Exército Editora 
  21. a b Júnior, Almir Diniz de Carvalho (30 de junho de 2016). «A revolta dos primeiros índios cristãos: guerra e conflitos na construção da Amazônia portuguesa – século XVII». Fronteiras & Debates. v. 2 (n. 1): 21–49. ISSN 2446-8215