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Bromazepam
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC 9-bromo-6-pyridin-2-yl- 2,5-diazabicyclo [5.4.0]undeca- 5,8,10,12-tetraen- 3-one
Identificadores
Número CAS 1812-30-2
PubChem 2441
DrugBank DB01558
ChemSpider 2347
Código ATC N05BA08
SMILES
DCB n° 01366
Propriedades
Fórmula química C14H10BrN3O
Massa molar 316.15 g mol-1
Farmacologia
Biodisponibilidade 84%
Via(s) de administração oral
Metabolismo hepático
Meia-vida biológica 12 a 20 h
Excreção renal
Classificação legal

Lista de substâncias sujeitas a controle especial - Lista B1 (BR)



Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Bromazepam (nomes comerciais: Lexotan, Ultramidol, entre outros) é fármaco benzodiazepínico de longa duração de ação, com propriedades ansiolíticas, hipnóticas, relaxante neuro-músculo-esquelético e sedativo.[1]

Indicado no tratamento da ansiedade e patologias associadas quando se trata de perturbações graves ou incapacitantes. É usado como adjuvante nas perturbações psiquiátricas, como alterações do humor e esquizofrenia. O tratamento não deve exceder 8-12 semanas.

Quando administrado em doses baixas reduz a tensão e a ansiedade. Administrado em doses altas é responsável pela sedação e miorelaxamento.

Reações Adversas[2]

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Perturbações psiquiátricas:

  • Confusão
  • Depressão
  • Agitação
  • Delírio
  • Pesadelos
  • Alucinações

Do sistema nervoso:

  • Sonolência
  • Cefaleia
  • Tonturas
  • Vigília reduzida
  • Ataxia
  • Amnésia anterógrada

Outras reações: gastrointestinais, oculares, reações cutâneas, fadiga, fraqueza muscular, depressão respiratória, insuficiência cardíaca, dependência física e psíquica.

Contraindicações[2]

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  • Hipersensibilidade ao bromazepam
  • Doentes com insuficiência respiratória grave
  • Doentes com Miastenia gravis
  • Doentes com insuficiência hepática grave
  • Síndrome da apneia do sono
  • Histórico de abuso de substâncias
  • Contraindicado na monoterapia da depressão
  • Não é indicado como primeira linha de terapêutica na doença psicótica.

Farmacodinâmica

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As benzodiazepinas atuam como moduladoras alostéricas positivas do GABA-A, induzindo mudança conformacional fazendo com que o ácido gama-aminobutírico (GABA) se ligue aos recetores. Este, por sua vez, vai induzir uma mudança conformacional no canal de cloreto do recetor, responsável por hiperpolarizar a célula e pelo efeito inibitório do GABA no sistema nervoso central.[2][3]

Farmacocinética

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O bromazepam é uma benzodiazepina lipofílica, com absorção máxima de 2 horas após administração oral e biodisponibilidade de 60%. Circula ligado a proteínas plasmáticas (70%), acumulando-se no tecido adiposo e no sistema nervoso central.[2][3]

É metabolizado pelo citocromo P450, no fígado, originando os metabolitos: 3-hidroxi-bromazepam e o 2-(2-amino5-bromo3-hidroxibenzoil)piridina.[4][5][6]

O seu tempo de semivida equivale a 20 horas e é excretado pela forma dos seus metabolitos, na urina.[2]

Não existem evidências de potencial carcinogénico e estudos in vivo e in vitro também não revelaram genotoxicidade.

Quanto à toxicidade crónica, observou-se um aumento do peso do fígado, com hipertrofia hepatocelular centrolobular. Relativamente à toxicidade aguda, foram relatados efeitos de sedação, ataxia, crises convulsivas e elevação ocasional da fosfatase alcalina sérica.

Estudos em animais grávidos expostos ao bromazepam levaram ao aumento de nados mortos, aumento da mortalidade dos fetos, diminuição da sobrevivência das crias e diminuição do peso dos fetos e da progenitora, durante a gravidez.

Doses até 125mg/kg/dia não demonstraram potencial teratogénico nos ratos.[2]

Os níveis plasmáticos de bromazepam aumentam quando administrado conjuntamente com antifúngicos azóis, inibidores da protease e macrólidos.

A fluoxetina pode aumentar a exposição ao bromazepam e aumentar o seu tempo de eliminação.

A cimetidina pode diminuir a depuração plasmática do bromazepam, aumentando o seu tempo de eliminação.

Narcóticos, como a morfina, podem aumentar o risco de euforia e dependência.

A administração conjunta do bromazepam com álcool e fármacos depressores do SNC tem um efeito aditivo, podendo levar ao aumento da sedação.

Ver artigo principal: Dependência de benzodiazepinas

Os jovens adultos ocupam a maior percentagem no índice de abuso de benzodiazepinas. Benzodiazepinas com tempo de semivida menor apresentam um maior potencial de dependência.

Nos casos de dependência física, a suspensão abrupta do tratamento provoca sintomas de privação (síndrome de privação).

Aquando da suspensão do tratamento com benzodiazepinas pode ocorrer ansiedade (síndrome transitório), alterações de humor, distúrbios do sono e inquietação.

O uso indevido destes fármacos está fortemente relacionado com transtornos psiquiátricos, bem como historial familiar de transtornos por uso de substâncias.

A dependência é maior em doentes com precedentes de alcoolismo e/ou toxicodependência.[7][8][9]

Intoxicação

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Quando utilizado em monoterapia, a sobredosagem do bromazepam não apresenta risco de vida, mas pode ocorrer arreflexia, apneia, hipotensão, depressão cardiorrespiratória e coma.

O tratamento da intoxicação consiste na administração de carvão ativado, mantendo as vias aéreas abertas em doentes que apresentem sonolência.

Se ocorrer sobredosagem com ingestão simultânea de outras substâncias deve ser feita uma lavagem gástrica. Caso o doente apresente depressão do sistema nervoso central grave deve ser administrado flumazenilo, fármaco antagonista das benzodiazepinas.[2][10]

Contaminação Ambiental[11]

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As benzodiazepinas são fármacos abundantemente prescritos. Desta forma são vistas como contaminantes ambientais.

Compostos halogenados, tais como as benzodiazepinas, reduzem a sua biodegradação.

Estes compostos foram detetados em águas residuais provenientes de hospitais e efluentes de estações de tratamento de águas residuais.

Referências

  1. PubChem. «Bromazepam». pubchem.ncbi.nlm.nih.gov (em inglês). Consultado em 21 de abril de 2022 
  2. a b c d e f g h i «Infomed». extranet.infarmed.pt. Consultado em 21 de abril de 2022 
  3. a b Griffin, Charles E.; Kaye, Adam M.; Bueno, Franklin Rivera; Kaye, Alan D. (2013). «Benzodiazepine Pharmacology and Central Nervous System–Mediated Effects». The Ochsner Journal (2): 214–223. ISSN 1524-5012. PMC 3684331Acessível livremente. PMID 23789008. Consultado em 21 de abril de 2022 
  4. Oda, Manami; Kotegawa, Tsutomu; Tsutsumi, Kimiko; Ohtani, Yasukiyo; Kuwatani, Keiji; Nakano, Shigeyuki (novembro de 2003). «The effect of itraconazole on the pharmacokinetics and pharmacodynamics of bromazepam in healthy volunteers». European Journal of Clinical Pharmacology (8-9): 615–619. ISSN 0031-6970. PMID 14517708. doi:10.1007/s00228-003-0681-4. Consultado em 21 de abril de 2022 
  5. Ohtani, Yasukiyo; Kotegawa, Tsutomu; Tsutsumi, Kimiko; Morimoto, Takuya; Hirose, Yumiko; Nakano, Shigeyuki (fevereiro de 2002). «Effect of fluconazole on the pharmacokinetics and pharmacodynamics of oral and rectal bromazepam: an application of electroencephalography as the pharmacodynamic method». Journal of Clinical Pharmacology (2): 183–191. ISSN 0091-2700. PMID 11831541. doi:10.1177/00912700222011229. Consultado em 21 de abril de 2022 
  6. van Harten, J. (1995). «Overview of the pharmacokinetics of fluvoxamine». Clinical Pharmacokinetics: 1–9. ISSN 0312-5963. PMID 8846617. doi:10.2165/00003088-199500291-00003. Consultado em 21 de abril de 2022 
  7. Schmitz, Allison (1 de janeiro de 2016). «Benzodiazepine use, misuse, and abuse: A review». Mental Health Clinician (em inglês) (3): 120–126. ISSN 2168-9709. PMC 6007645Acessível livremente. PMID 29955458. doi:10.9740/mhc.2016.05.120. Consultado em 23 de abril de 2022 
  8. Bouvier, Benjamin A.; Waye, Katherine M.; Elston, Beth; Hadland, Scott E.; Green, Traci C.; Marshall, Brandon D. L. (1 de fevereiro de 2018). «Prevalence and correlates of benzodiazepine use and misuse among young adults who use prescription opioids non-medically». Drug and Alcohol Dependence (em inglês): 73–77. ISSN 0376-8716. PMC 5803376Acessível livremente. PMID 29241103. doi:10.1016/j.drugalcdep.2017.10.023. Consultado em 23 de abril de 2022 
  9. Becker, William C.; Fiellin, David A.; Desai, Rani A. (8 de outubro de 2007). «Non-medical use, abuse and dependence on sedatives and tranquilizers among U.S. adults: psychiatric and socio-demographic correlates». Drug and Alcohol Dependence (2-3): 280–287. ISSN 0376-8716. PMC 3745028Acessível livremente. PMID 17544227. doi:10.1016/j.drugalcdep.2007.04.009. Consultado em 23 de abril de 2022 
  10. Kang, Michael; Galuska, Michael A.; Ghassemzadeh, Sassan (2022). «Benzodiazepine Toxicity». Treasure Island (FL): StatPearls Publishing. PMID 29489152. Consultado em 23 de abril de 2022 
  11. Kosjek, T.; Perko, S.; Zupanc, M.; Zanoški Hren, M.; Landeka Dragičević, T.; Žigon, D.; Kompare, B.; Heath, E. (1 de fevereiro de 2012). «Environmental occurrence, fate and transformation of benzodiazepines in water treatment». Water Research (em inglês) (2): 355–368. ISSN 0043-1354. doi:10.1016/j.watres.2011.10.056. Consultado em 21 de abril de 2022 


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