Liceu Literário Português – Wikipédia, a enciclopédia livre

Liceu Literário Português
Liceu Literário Português
Fachada do Liceu no Largo da Carioca
Informações gerais
Estilo dominante Neomanuelino
Arquiteto Raul Pena Firme
Início da construção 1932 (sede atual)
Fim da construção 1938
Website http://www.liceuliterario.org.br/
Geografia
País  Brasil
Cidade Rio de Janeiro
Coordenadas 22° 54′ 32″ S, 43° 11′ 12″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

O Liceu Literário Português é uma histórica instituição de ensino filantrópica, sem fins lucrativos, fundada em 1868 por imigrantes portugueses no Rio de Janeiro, no Brasil. Sua sede localiza-se atualmente na rua Senador Dantas, em frente ao Largo da Carioca, no centro da cidade. O seu lema é "Deus, Pátria e Liberdade".

Detalhe dos janelões neomanuelinos da fachada

A história do Liceu está relacionada ao Retiro Literário Português, uma sociedade literária fundada em 1859 no Rio de Janeiro, cujos membros se reuniam periodicamente para ouvir conferências e ler.[1] A 10 de setembro de 1868, um grupo de 28 sócios dissidentes do Retiro, reunidos na rua da Saúde, resolveu desligar-se da associação anterior e fundar uma nova: o Liceu Literário Português.[1][2][3] À frente do grupo estavam Manuel de Faria[1] e José João Martins de Pinho, futuro Conde de Alto Mearim.[2] Inicialmente, o Liceu era uma sociedade literária semelhante ao Retiro até que, em 1869, por sugestão do sócio Francisco Baptista Marques Pinheiro, o Liceu passou a ser uma escola de ensino noturno para portugueses e brasileiros.[1] O objetivo da instituição era, assim, difundir a cultura e oferecer oportunidades de ensino, especialmente para os jovens imigrantes portugueses da cidade, que em geral chegavam com pouca instrução ao país, assim como brasileiros.[2] No seu primeiro ano de funcionamento, o Liceu atendeu gratuitamente 94 alunos num edifício da rua dos Ourives.[1]

Entrada decorada com azulejos de Jorge Colaço.

O Liceu funcionou sucessivamente em vários locais na rua da Carioca, rua dos Ourives e rua Sete de Setembro. Em 1883, foi adquirido um edifício na rua da Saúde (atualmente Travessa do Liceu), no Largo da Prainha, atual Praça Mauá.[3][4] O palacete histórico havia pertencido a Felipe Nery de Carvalho e ali havia funcionado a Academia de Marinha.[3][4] À inauguração da nova sede, ocorrida a 11 de junho de 1884, assistiram vários ministros e personalidades, inclusive o próprio Imperador D. Pedro II.[4][3] As instalações de iluminação a gás permitiram que fossem oferecidos cursos noturnos, uma novidade à época no Rio de Janeiro.[4] Na sede da rua da Saúde foram ministrados, durante 20 anos, cursos noturnos gratuitos de ensino de 1º e 2º graus, além de cursos livres de astronomia e arte náutica.[1][2] O próprio Imperador frequentou algumas destas aulas.[2]

Para expandir suas atividades, o edifício da rua da Saúde foi vendido em 1912 e o Liceu, sob a presidência de Faustino de Sá e Gama, se mudou para uma nova sede, localizada na rua Senador Dantas, no Largo da Carioca.[2][3] Este sofreu um incêndio em 1932, o que levou o presidente do Liceu, comendador José Raínho da Silva Carneiro, a impulsar a edificação da atual sede, um edifício de nove andares em estilo neomanuelino, com projeto do arquiteto Raul Pena Firme. A inauguração ocorreu a 10 de setembro de 1938.[2][3]

O hall de entrada do edifício está decorado com grandes painéis de azulejos do artista português Jorge Colaço. Um painel representa o rei D. Afonso Henriques e o Milagre de Ourique, e o outro representa o Infante D. Henrique. Também há representações de navegantes e guerreiros medievais mouros e portugueses. Um painel contém a assinatura do artista e a legenda "Lisboa, 30-7-1937".

Em 13 de dezembro de 2007 foi inaugurado o edifício do Centro Cultural, na Rua Pereira da Silva, 322, nas Laranjeiras, onde passa a funcionar o Instituto de Língua Portuguesa.[3]

Azulejos de Jorge Colaço no hall de entrada do Liceu.

O Liceu Literário Português é uma entidade filantrópica, sem fins de lucro, cujo objetivo é promover o ensino da língua portuguesa através de cursos, seminários, palestras, edição de livros e outras atividades. Também incentiva o intercâmbio de acadêmicos da lusofonia e mantém cursos de pós-graduação em temas relacionados à língua.[2]

O Centro de Estudos Luso-Brasileiros, mantido pelo Liceu, possui as seguintes unidades:[2]

  • Instituto de Língua Portuguesa
  • Instituto Luso-Brasileiro de História
  • Instituto de Estudos Portugueses Afrânio Peixoto
  • Instituto Luso-Brasileiro de Folclore

Além disso, o Liceu edita a revista semestral Confluência, dedicada a estudos linguísticos, particularmente da língua portuguesa.[5] A revista é hoje dirigida por Evanildo Bechara e Ricardo Cavaliere.[5]

Referências

  1. a b c d e f Elisa Muller. A organização sociocomunitária portuguesa no Rio de Janeiro. in Os Lusíadas na aventura do Rio Moderno. Carlos Lessa, organizador. Editora Record, 2002, Rio de Janeiro. ISBN 85-01-06356-8
  2. a b c d e f g h i Síntesis histórica ' no sítio oficial do Liceu Literário Português
  3. a b c d e f g Liceu Literário Português[ligação inativa] no sítio do Guia das Associações Cariocas
  4. a b c d Milton de Mendonça Teixeira. Liceu Literário Português no sítio do Museu das Migrações e das Comunidades de Fafe
  5. a b Revista Confluência no sítio oficial do Liceu Literário Português

Ligações externas

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