Limiar auditivo – Wikipédia, a enciclopédia livre
O limiar auditivo consiste na determinação da resposta para estímulos sonoros em 50% das vezes em que foi apresentado, representando uma aproximação da sensibilidade auditiva absoluta.[1] Se relaciona com a intensidade sonora, associada à pressão e energia gerada pela propagação por meio da vibração de ondas sonoras, ou seja, a altura e pressão (som fraco e forte) contidos na onda se expressam em decibel (dB).[2]
Para determinar o limiar auditivo de um indivíduo é necessário realizar o exame de audiometria, que leva em consideração análises comportamentais e psicoacústicas do nível de pressão sonora necessária para provocar uma sensação auditiva.[3] O exame de audiometria tonal liminar (ATL) tem por objetivo principal determinar a integridade do sistema auditivo, além de identificar tipo, grau e configuração da perda auditiva em cada orelha. O grau da perda auditiva é estabelecido a partir do cálculo de uma média tritonal dos limiares das frequências de 500 kHz, 1 kHz e 2 kHz, ou quadritonal das frequências de 500 kHz, 1 kHz, 2 kHz e 4 kHz , conforme a ultima classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS),em 2021[4], para ser considerado dentro do padrão da normalidade, a média deve ser inferior a 20 dB conforme a média quadritonal, levando em conta as consequências funcionais na comunicação.[5] A mudança de limiar auditivo poderá ser permanente ou temporária, a causa pode ser decorrente pela exposição intensa à elevados níveis de pressão sonora (ruído), que irá variar conforme o tempo de exposição (horas/anos). A mudança temporária pode ser definida como uma elevação do limiar de audibilidade que se recupera gradualmente após exposição ao ruído.[6]
A permanência constante à exposição a ruído e vibração sonora, em um maior ou menor grau, sinaliza um prognóstico de suscetibilidade para a perda auditiva induzida por ruído (PAIR), se a exposição ao ruído contínuo for de cunho ocupacional. Tal perda é caracterizada por uma perda auditiva sensorioneural, bilateral, irreversível e de início progressivo nas frequências de 3 kHz, 4 kHz e 6kHz, 8kHz e posteriormente as frequências medianas. Esta perda auditiva pode trazer desconforto aos sons intensos (recrutamento auditivo), zumbido, dificuldade na discriminação de palavras e localização sonora, o que poderá trazer prejuízos à comunicação e outras alterações não auditivas, como o estresse, irritabilidade e distúrbios do sono.[7] As questões de exposição ocupacional, são normalmente preveníeis por meio do gerenciamento audiológico, ações estratégicas referente à saúde auditiva e medidas preventivas elaboradas sob as normas regulamentadoras trabalhistas.[8]
Também é possível realizar a pesquisa do limiar auditivo por meio de teste de audiometria de altas frequências, de 8 a 18 kHz. Este tem por objetivo a investigação de danos e perda auditiva principalmente em alterações sensorioneurais, que geralmente têm seu início a partir das frequências mais altas,[9] podendo esclarecer as dificuldades de compreensão de fala em ambientes ruidosos, pois são associadas as altas frequências a decodificação dos sinais e discriminação dos sons consonantais para o reconhecimento de fala.[3]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ BOECHAT, E. M; et al. (2015). Tratado de Audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 25. ISBN 978-8527727327
- ↑ Paulucci, Bruno (2005). «Fisiologia da audição» (PDF). Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ a b Oppitz, Sheila Jacques; Silva, Luize Caroline Lima da; Garcia, Michele Vargas; Silveira, Aron Ferreira da (30 de julho de 2018). «Limiares de audibilidade de altas frequências em indivíduos adultos normo-ouvintes». CoDAS: e20170165. ISSN 2317-1782. doi:10.1590/2317-1782/20182017165. Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ «Relatório Mundial sobre Audição (Inglês) - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde». www.paho.org. 14 de janeiro de 2022. Consultado em 3 de maio de 2024
- ↑ Fonoaudiologia, Sistema Brasileiro de Conselhos (Julho de 2023). «Guia de Orientação na Avaliação Audiológica» (PDF). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Consultado em 03 de maio de 2024 Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ Barros, Samanta Marissane da Silva; Frota, Silvana; Atherino, Ciríaco Cristovão Tavares; Osterne, Francisco (outubro de 2007). «A eficiência das emissões otoacústicas transientes e audiometria tonal na detecção de mudanças temporárias nos limiares auditivos após exposição a níveis elevados de pressão sonora». Revista Brasileira de Otorrinolaringologia (5): 592–598. ISSN 0034-7299. doi:10.1590/S0034-72992007000500003. Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ Hillesheim, Danúbia; Zucki, Fernanda; Roggia, Simone Mariotti; Paiva, Karina Mary de (2021). «Dificuldade auditiva autorreferida e exposição ocupacional a agentes otoagressores: um estudo de base populacional». Cadernos de Saúde Pública (10): e00202220. ISSN 1678-4464. doi:10.1590/0102-311x00202220. Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ Bernardo, Valéria da Rocha Silveira (2018). «PERDA AUDITIVA OCUPACIONAL E SEUS FATORES ASSOCIADOS»
- ↑ Sá, Leonardo Conrado Barbosa de; Lima, Marco Antonio de Melo Tavares de; Tomita, Shiro; Frota, Silvana Maria Monte Coelho; Santos, Gisele de Aquino; Garcia, Tatiana Rodrigues (abril de 2007). «Avaliação dos limiares de audibilidade das altas freqüências em indivíduos entre 18 e 29 anos sem queixas otológicas». Revista Brasileira de Otorrinolaringologia: 215–225. ISSN 0034-7299. doi:10.1590/S0034-72992007000200012. Consultado em 18 de março de 2023