Lu Ban – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fotografia de uma escultura de Lu Ban, carpinteiro, engenheiro, filósofo, inventor, pensador militar, estadista chinês, em frente ao Museu Kite, na cidade de Weifang, Shandong, China.

Lu Ban (chinês: 鲁班; pinyin: Lǔ Bān; 507444 a.C.) era um arquiteto famoso da China antiga.[1] Terá sido o primeiro arquiteto e o mais grandioso de sempre segundo muitos. Além de arquiteto, foi mestre carpinteiro, engenheiro estrutural e inventor, durante a Dinastia Zhou. Ele é reverenciado como a divindade chinesa (patrono) dos construtores e empreiteiros.

Seu nome original era Gongshu Yizhi. Ele também foi conhecido como Gongshu Ban (公输般) ou Pan. Mas, como viveu no Ducado de Lu durante o Período da Primavera e do Outono (770 a.C. - 476 a.C.), mudou o nome para Lu Ban.

Lu Ban nasceu no estado de Lu; algumas fontes afirmam que ele nasceu mais a oeste, em Dunhuang,[2][3] em uma família de carpinteiros ou artesãos durante o período de primavera e outono da dinastia Zhou.

Ele era supostamente um aluno indiferente até que seu amor pelo aprendizado foi despertado pelo estudioso Zi Xia.

Mais tarde, ele aprendeu marcenaria com Bao Laodong. A grande demanda por seu trabalho supostamente o obrigou a inventar ou melhorar diversas ferramentas de carpinteiro - a serra, o esquadro, a plaina, a furadeira, a pá e uma ferramenta de marcação de tinta - para concluir seus muitos projetos mais rapidamente. Sua esposa também recebeu o crédito por ter inventado o guarda-chuva para permitir que ele trabalhasse em condições climáticas adversas. [3]

Segundo a lenda, foi ele que inventou a sombrinha de papel e a ponte em arco. Como nessa época a maioria dos edifícios eram feitos em madeira, não chegaram intactos aos nossos dias. Apenas prevaleceu a lenda e alguns documentos escritos. Um dos únicos edifícios que se pensa que Lu Ban teria projetado e continua de pé é a Ponte de Zhaozhou (ou Ponte Anji), mas não existe nada que o prove.

De acordo com a tradição, ele foi responsável por várias invenções:[4]

  • Escada de nuvem—uma escada móvel de cerco com contrapeso. [b]
  • Ganchos de agarramento e aríete—instrumentos para guerra naval.[d]
  • Pássaro de madeira—um pássaro de madeira não motorizado, capaz de voar por três dias. Sugeriu-se que fosse um protótipo de uma pipa.[f]
  • A serra—a lenda conta que, ao segurar troncos de árvores para subir uma encosta íngreme enquanto coletava lenha, sua mão foi cortada por uma folha de textura espinhosa. Ele então percebeu que poderia transformar a textura da folha em uma ferramenta mais eficiente para cortar árvores, a serra.
  • O cadeado de Lu Ban—um brinquedo feito de seis peças de madeira entrelaçadas, usando técnicas de encaixe.[g]

Outras invenções também foram atribuídas a ele, como um implemento de elevação para auxiliar no sepultamento,[5] uma carruagem de cavalo de madeira e cocheiro,[6] uma bicicleta movida a pedal,[7] e outros trabalhos em madeira mencionados em vários textos, o que levou Lu Ban a ser reconhecido como um mestre artesão:

  • O Livro das Linhagens (Shiben), escrito por volta do século III a.C.
  • Os Contos do Maravilhoso (述異記), por Ren Fang, escrito por volta do século V d.C.
  • Os Registros de Origem de Coisas e Assuntos (事物紀原), por Gao Cheng, escrito por volta do século XI.
  • A Origem das Coisas (物原), por Luo Qi, escrito por volta do século XV.
  • O Tratado de Lu Ban (魯班經), atribuído a Lu Ban, escrito nos séculos XIII, XIV ou XV.

Lu Ban é reverenciado como o deus da carpintaria e da alvenaria na religião popular chinesa. Sua personalidade é assumida pelo mestre carpinteiro envolvido na construção de casas entre os Dong.[8] Ele às vezes é contado entre os Cinco Reis dos Imortais da Água, deuses taoístas da água invocados pelos marinheiros para proteção durante a realização de viagens.

Ele é referenciado em várias expressões chinesas. O equivalente chinês de "ensinar o padre a rezar" é "brandir o machado na porta de Lu Ban" (班门弄斧[9]).[10] Seu companheiro cultural é o pedreiro Wang Er, que viveu na mesma época.

A régua Lu Ban (魯班尺) é usada nas práticas de feng shui.[11]

Referências

  1. «Lu Ban 鲁班 - o Carpinteiro Chinês 2000 Anos à Frente de Leonardo da Vinci». Conexão China. 17 de janeiro de 2021. Consultado em 28 de março de 2021 
  2. Youyang Zazu, Vol. XXIV.
  3. a b Yan (2007).
  4. Mozi, Cap. 49 & 50.
  5. Liji, Cap. 4.
  6. Lunheng, Cap. 85, por Wang Chong (n. 27).
  7. Phillips, Tom (24 de março de 2010). «Was this the world's first-ever cycle?». Metro UK. Consultado em 11 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2023 
  8. Jones, Peter Blundell; Meagher, Mark (17 de dezembro de 2014). Architecture and Movement: the Dynamic Experience of Buildings and Landscapes (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  9. Colville, Alex (19 de outubro de 2020). «Lu Ban, China's inventor of everything». The China Project (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  10. Needham, Joseph; Ronan, Colin A. (24 de junho de 1994). The Shorter Science and Civilisation in China: Volume 4 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press 
  11. The Redbrick Team. «"The Magic Ruler"». REDBRICK MORTGAGE ADVISORY. Consultado em 9 de setembro de 2024 
  1. Mozi, Cap. 50, Par. 1.
  2. 公輸盤爲楚造雲梯之械,成,將以攻宋。 "Gongshu Ban concluiu a construção das Escadas de Nuvem para o Estado de Chu e ia usá-las para atacar o Estado de Song."[a]
  3. Mozi, Cap. 49, Par. 20.
  4. 公輸子自魯南遊楚,焉始爲舟戰之器,作爲鉤強之備,退者鉤之,進者強之,量其鉤強之長,而製爲之兵。楚之兵節,越之兵不節,楚人因此若埶,亟敗越人。 "Gongshuzi veio do Estado de Lu para o Estado de Chu, e começou a fazer instrumentos para guerra naval, que consistiam em ganchos de agarramento e aríetes. Quando o inimigo recuava, usavam os ganchos. Quando o inimigo avançava, usavam os aríetes. E as armas eram feitas de acordo com o comprimento desses ganchos e aríetes. As armas do Estado de Chu, assim, foram todas padronizadas, e as do Estado de Yue não. E, com essa vantagem, o povo de Chu derrotou grandemente o povo de Yue."[c]
  5. Mozi, Cap. 49, Par. 21.
  6. 公輸子削竹木以為鵲,成而飛之,三日不下。 "Gongshuzi construiu um pássaro de bambu e madeira e, quando foi concluído, ele o fez voar. Ele ficou no ar por três dias."[e]
  7. Guo, Li; Eyman, Douglas; Sun, Hongmei (2024). «Introduction». In: Guo, Li; Eyman, Douglas; Sun, Hongmei. Games & Play in Chinese & Sinophone Cultures. Seattle, WA: University of Washington Press. 6 páginas. ISBN 9780295752402