Lucêncio de Conímbriga – Wikipédia, a enciclopédia livre
Lucêncio | |
---|---|
Bispo da Igreja Católica | |
Bispo | |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Diocese de Conímbriga |
Sucessor | Possidónio |
Mandato | antes de 561– c. 580 |
Ordenação e nomeação | |
Dados pessoais | |
Morte | Lorvão (ou Conímbriga)? 10 de abril de 580 |
Residência | Conímbriga, Lusitânia |
Bispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo | |
Lucêncio, bispo de Conímbriga (? – Lorvão[1], 10 de abril de 580[2]), foi um prelado da Igreja Católica, tendo sido o primeiro bispo da Diocese de Conímbriga, signatário do primeiro e segundo Concílios de Braga como tal, e tendo sido, presumivelmente, o primeiro abade do Mosteiro de Lorvão.[2][1][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Início de vida
[editar | editar código-fonte]Lucêncio nasceu em data e locais incertos, entre finais de século V d.C e inícios do século VI. Pela etimologia de seu nome, poder-se-á inferir que Lucêncio teria ascendência e, ou, cultura romana.[1]
O início de sua atividade de vida está intrinsecamente ligada ao Mosteiro de Lorvão, sendo apontado como o primeiro abade deste mosteiro, tendo tido um papel evangelizador pela população rural local.[1] Existem várias teorias sobre a data de fundação deste. No entanto, tomando como correta a informação dada por frei Bernardo de Brito, este mesmo mosteiro é inaugurado a 29 de maio de 537.[2][4] Por esta altura, o mosteiro é caracterizado por um sistema eclético, designado por Regula mixta (regra mista), podendo eventualmente ter sido um mosteiro dobrado.[1][5]
Mandato como bispo de Conímbriga
[editar | editar código-fonte]A meados de século sexto, entre 537 e 561, Lucêncio torna-se bispo de Conímbriga, sendo, assim, o seu primeiro e último bispo com sede diocesana na antiga cidade romana de Conímbriga, visto, após a sua morte, a sede do bispado se ter deslocado para a atual Coimbra (Emínio).[1][6][7]
Enquanto bispo da sede de Conímbriga, Lucêncio intervém ativamente no urbanismo da antiga cidade romana, completando a demolição do já devoluto Augusteum (antigo templo de culto imperial), construindo pelo menos um edifício próximo do forum, com uma arquitetura inovadora relativamente às pré-existentes, e permitindo a divulgação da prática do enterramento ad sanctos.[7] Apesar da localização da sede, a cidade mais populosa e importante já seria a atual Coimbra.[8][9][10][11][12][13]
Durante o seu mandato, Lucêncio assiste a vários Concílios regionais, importantíssimos, tanto em matéria teológica como administrativa. No ano de 561, assiste ao Primeiro Concílio de Braga, presidido por Lucrécio.[14][15] De mesma forma, no ano de 569, presumivelmente, está presente no Concílio de Lugo, onde se reafirma, neste caso, da presença de Coimbra (Aemino) na jurisdição da diocese de Conímbriga. Por fim, no ano de 572, está de mesma forma presente no Segundo Concílio de Braga, onde são afirmados e reforçados pontos de vista teológico, anti-maniqueístas e anti-priscilianistas, teorias essas presentes nas crenças dos cristãos ibéricos da altura, assinando logo a seguir a S. Martinho de Dume.[16][17][18]
Pelo documento fornecido por Bernardo de Brito, e reforçado por Leão de São Tomás e outros, Lucêncio falece a 10 de abril de 580, de idade avançada, tendo já, presumivelmente, renunciado ao cargo de bispo e retornado ao Lorvão, sucedendo-lhe na prelatura Possidónio.[2][1]
Atualmente, uma pequena rua em Celas, cidade de Coimbra, enverga o seu nome.[19]
Precedido por — | Bispo de Coimbra circa 540 – 580 | Sucedido por Possidónio |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f g Correia Borges, Nelson (1984). «Lucêncio, bispo de Conímbriga, e as origens do Mosteiro de Lorvão» (PDF). Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ a b c d de Brito, Fr. Bernardo (1690). Segunda Parte da Monarchia Lusytana. Lisboa: [s.n.] p. 263
- ↑ Clède, Nicolas de La (1781). Historia geral de Portugal. [S.l.]: Rolland
- ↑ de Brito, Fr. Bernardo (1602). «XXIV». Primeira Parte da Chrónia de Cister. VI. Lisboa: [s.n.] p. 447
- ↑ de Assunção, Tomás Lino (1899). As freiras do Lorvão. Coimbra: França Amado. pp. 35–49
- ↑ de Alarcão, Jorge (1973). Portugal Romano. Lisboa: [s.n.] p. 182
- ↑ a b Correia, Virgílio Hipólito. Conimbriga: a vida de uma cidade da Lusitânia. [S.l.]: Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press
- ↑ «Visualização de Sobre as origens da diocese do Porto na Alta Idade Média. Uma reflexão sobre o Parochiale Suevorum e a diocese de Magneto/Meinedo (sécs. VI-VII).». ojs.letras.up.pt. Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ Alarcão, Jorge de. «Os limites das dioceses suevas de Bracara e Portucale» (PDF). Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ de Almeida Fernandes, Armando (1997). Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas. Arouca: Associação para a defesa da cultura Arouquense, Câmara Municipal de Arouca
- ↑ de Figueiredo, Borges (1884). Conímbriga. [S.l.: s.n.]
- ↑ de Figueiredo, Borges (1884). Aemino. [S.l.: s.n.]
- ↑ de Figueiredo, Borges (1886). Coimbra Antiga e Moderna. [S.l.: s.n.]
- ↑ «Concilium Bracarense I - Praefatio [0563-0563] Full Text at Documenta Catholica Omnia». www.documentacatholicaomnia.eu. Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ «Concilium Bracarense I - Documenta Omnia [0563-0563] Full Text at Documenta Catholica Omnia». www.documentacatholicaomnia.eu. Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ «Synodus Bracarensis secunda». www.benedictus.mgh.de. Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ «Synodus Bracarensis secunda (ata do segundo concílio)». www.benedictus.mgh.de. Consultado em 12 de janeiro de 2025
- ↑ Florez, Henrique (1786). Espana Sagrada. Theatro geographico-historico de la iglesia de Espana. Origen, divisiones, y limites de todas sus provincias. Antiguedad, traslaciones, y estado antiguo, y presente de sus sillas, con varias dissertaciones criticas. Tomo 1. [-?] ... Por el R.P.M. Fr. Henrique Florez, doctor y cathedratico de Theologia de la Universidad de Alcalà, y ex-provincial de su provincia de Castilla de N.P.S. Augustin, &c: De las Iglesias de Abila, Caliabria, Coria, Coimbra, Ebora, Egitania, Lamego, Lisboa, Osonoba, Pacense, Salamanca, Viseo, y Zamora, segun su estado antiguo. ... Su autor el Rmo. P.M.Fr. Fr. Henrique Florez, .. (em espanhol). [S.l.]: en la oficina de Pedro Marin
- ↑ «Código Postal». Código Postal. Consultado em 12 de janeiro de 2025