Luz de Almeida – Wikipédia, a enciclopédia livre
Luz de Almeida | |
---|---|
Nascimento | 25 de março de 1867 Alenquer |
Morte | 4 de março de 1939 Lisboa |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Ocupação | bibliotecário, político, terrorista, revolucionário |
Artur Augusto Duarte da Luz de Almeida, conhecido na época e historicamente como Luz de Almeida (Alenquer, 25 de Março de 1867 – Lisboa, 4 de Março de 1939) foi um bibliotecário, arquivista, panfletista, franco-mação, carbonário e político português. Foi o fundador, principal dirigente e dinamizador das organizações secretas e clandestinas Maçonaria Académica e da Carbonária Portuguesa.
Biografia social e política
[editar | editar código-fonte]Fez o Curso dos Liceus e Superior de Letras em Lisboa.
Bibliotecário e arquivista, começou como ajudante de conservador da Biblioteca Municipal da Rua do Saco.[1]
Iniciou-se na Maçonaria em 1897 na R∴L∴ Luís de Camões do então Grande Oriente de Portugal dissidência minoritária e fugaz (1897 até 1909) do então Grande Oriente Lusitano Unido, e foi depois fundador e Venerável, em 1900, da R∴L∴ Montanha um Mestre influente e incontornável do então Grande Oriente Lusitano Unido.
De entre os inúmeros folhetos de propaganda que escreveu é-lhe atribuída a Cartilha do Cidadão, amplamente distribuído pelos regimentos, mas que na realidade foi redigida por Machado dos Santos.[1][2]
Morador em São Vicente de Fora na cidade de Lisboa, e repetidamente denunciado como conspirador, foi preso pela polícia nas vésperas do 28 de Janeiro de 1908 nas vésperas da Janeirada,[3] também conhecido como Golpe do elevador da Biblioteca,[4] e ficaria detido até 6 de Fevereiro de 1908.
É forçado a exilar-se em 1909, depois de o implicarem num homicídio que deu muito que falar nesse ano e que ficou conhecido como o "crime de Cascais",[5][6] para escapar ao mandato de captura policial, António Maria da Silva obriga Luz Almeida a fugir no automóvel de Américo de Oliveira,[1] o exílio decorreu primeiro na Bélgica e a partir de 22 de Janeiro de 1909 em França, volta depois da Proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910.
Quando voltou tornou-se conservador da Biblioteca Municipal da Rua do Saco, foi eleito deputado da Assembleia Nacional Constituinte em 1911 pelo círculo de Lisboa-Oriental[1] mas não chegou a assumir o cargo na mesma pois nesse ano deslocou-se para o norte a fim de assumir a direcção dos grupos da Carbonária, que lutavam contra a primeira incursão monárquica,[1] a Monarquia do Norte.
Foi nomeado Inspector das Bibliotecas Populares e Móveis na reorganização dos Serviços das Bibliotecas e Arquivos Nacionais e publicou no âmbito desse trabalho, em 1918, Bibliotecas Populares e Móveis em Portugal, Relatório.
Faleceu em Lisboa, aposentado da sua função de conservador de Biblioteca, em 4 de Março de 1939 tendo antes colaborado, em 1932 na História do Regime Republicano em Portugal, no Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas dirigida pelo historiador republicano Luís de Montalvor, texto este incontornável para quem queira entender a história da Carbonária Portuguesa.
Funções políticas
[editar | editar código-fonte]Cargos políticos que desempenhou:
- Deputado eleito da Assembleia Nacional Constituinte em 1911 pelo círculo de Lisboa-Oriental;[1]
- Inspector das Bibliotecas Populares e Móveis na reorganização dos Serviços das Bibliotecas e Arquivos Nacionais.
Funções maçónicas
[editar | editar código-fonte]- Iniciado em 1897 na R∴L∴ Luís de Camões do então Grande Oriente de Portugal dissidência do então Grande Oriente Lusitano Unido;
- Fundador e Venerável, em 1900, da R∴L∴ Montanha do então Grande Oriente Lusitano Unido entre 1900 e 1909 e de 1910 até data desconhecida;
- Representante no Concelho da Ordem da R∴L∴ Montanha do Grande Oriente Lusitano Unido enquanto exerceu as funções de seu Venerável Mestre;
- Inspector geral em 1905 do Grande Oriente Lusitano Unido, elaborando um relatório sobre a sua situação, que foi publicado no Anuário desta Obediência Maçónica;[7]
- Grande Secretário Maçónico do Governo Federal do Grande Oriente Lusitano Unido.
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- Cartilha do Cidadão: diálogos entre o médico militar Dr. João Ribeiro e João Magala, Lisboa, 1909;
- Bibliotecas Populares e Móveis em Portugal, Relatório, Lisboa, 1918;
- História do Regime Republicano em Portugal, colaborador escrevendo o Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas (pp. 202–56, Vol II), dirigida por MONTALVOR, Luís de. Lisboa, 1932.
Nos média
[editar | editar código-fonte]Aparece como personagem (interpretada pelo actor João Grosso) da série de TV O Dia do Regicídio, evocativa do centenário do Regicídio de 1908.
Referências
- ↑ a b c d e f «Cronologia do Século XX - Luz de Almeida». Fundação Mário Soares. Fmsoares.pt[ligação inativa]
- ↑ Republicano, Almanaque. «Almanaque Republicano: CARTILHA DO CIDADÃO». Almanaque Republicano. Consultado em 15 de outubro de 2015
- ↑ A Janeirada foi planeada por António José de Almeida e tinha como organizador na sombra, Luz de Almeida, este na altura chefiava a Alta Venda da Carbonária Portuguesa, onde era secundado por Machado dos Santos e António Maria da Silva, este golpe deu-se depois que António José de Almeida na sequência do Congresso Republicano de Setúbal realizado em 1907, ter ficado de organizar a tomada do poder pelos republicanos por via revolucionária. António José de Almeida acabaria por ser preso com os conspiradores no Elevador da Biblioteca.
- ↑ O Elevador da Biblioteca, que já não existe, era um Elevador similar ao Elevador da Bica que ligava a Praça do Município (chamada então de Largo do Pelourinho) e o Largo da Biblioteca em Lisboa e foi o local onde alguns dos principais revolucionários republicanos do golpe de 28 de Janeiro de 1908 se deixaram encurralar e foram presos, por esse motivo esta revolução para além de ser conhecida por Janeirada foi mais popularmente denominada por Golpe do Elevador da Biblioteca.
- ↑ «António Maria de Azevedo Machado Santos O fundador da República Portuguesa: 1875 - 1921». António Maria da Silva garante que a Carbonária nada teve a ver com o caso, e muito menos Luz de Almeida, que desconhecia totalmente o assunto. Contudo, este é obrigado a abandonar rapidamente o País, dado que a sua vida estava em grande perigo se continuasse em Portugal. Vidaslusofonas.pt. Arquivado do original em 27 de outubro de 2011
- ↑ «Cronologia do Século XX - Luz de Almeida». Fundação Mário Soares. Neste caso diziam que ele estaria implicado na célebre morte de Manuel Nunes Pedro. Fmsoares.pt[ligação inativa]
- ↑ Anuário do Grande Oriente Lusitano Unido para 1906 (pp.28 e segs.)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Livros Horizonte, 2008 (2.ª Ed.), ISBN 978-972-24-1587-3
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Artur Augusto Duarte da Luz de Almeida. In Infopédia Em linha: Porto Editora». , 2003-2008. Consultado em 14 de maio de 2008;
- «António Maria de Azevedo Machado Santos O fundador da República Portuguesa: 1875». - 1921;
- «Cronologia do Século XX - Luz de Almeida». - Fundação Mário Soares.