Madrigal – Wikipédia, a enciclopédia livre
Madrigal é um gênero musical secular ou a sua composição poética, que surgiu entre os séculos XIII e XVI.
Há três hipóteses para sua etimologia: matricale, canto popular materno; materialis, como componente poético profano e matricalis, canto polifônico de igrejas.[1] Madrigal pode referir-se tanto à forma poética e musical que ocorre na Itália no séc. XIV quanto a partituras sobre versos seculares, nos séc. XVI ou séc. XVII.[2]
O madrigal aborda assuntos heróicos, pastoris, e até libertinos. Por sua flexibilidade, que nenhuma outra forma musical havia até então oferecido aos músicos, assim como pela variedade dos textos sobre os quais se constrói, ele favorece a imaginação criadora e o lirismo de expressão.
Juntamente com outras formas musicais que utilizavam o canto, o madrigal leva à origem da ópera.
Origens e influências na música do séc. XVI
[editar | editar código-fonte]Os madrigais começaram a ser cantados na Itália nos finais do séc. XIII (exemplos de Giovanni da Caccia e de Jacopo da Bologna) e difundem-se pela Europa no séc. XVI, influenciando a maioria das invenções musicais da época[3] Jacob Arcadelt, Philippe Verdelot e Adrian Willaert retomaram-nos no séc. XVI de uma maneira diferente. No séc. XVII foram substituídos pela Cantata.
Características, inovações
[editar | editar código-fonte]Os madrigalistas da segunda metade do séc. XVI foram particularmente engenhosos com os chamados "madrigalismos" — passagens nas quais a música aplicada a uma determinada palavra expressa o seu sentido, por exemplo, atribuindo à palavra "riso" uma passagem com notas rápidas como numa gargalhada, ou à palavra "suspiro" uma nota que recai na nota inferior; construindo efeitos de eco e contraponto; fazendo corresponder a palavras monossilábicas italianas como sol, mi, fa, re, as notas musicais homônimas; utilizando as semínimas (ou, ao contrário, as mínimas), para exprimir sentimentos de tristeza ou alegria; compondo uma melodia ascendente para corresponder à palavra "céu" e fazendo-a descer para corresponder à palavra "profundo". Essa técnica é também chamada de "pintura musical" ou "música visual" e pode ser encontrada não apenas em madrigais, mas em outras músicas vocais desse período.
Compositores musicais
[editar | editar código-fonte]Dentre os madrigalistas italianos mais rigorosos estão o flamengo Orlando di Lasso, Giovanni Pierluigi da Palestrina, autores de madrigais profanos e sacros, o veneziano Andrea Gabrieli, que adota o recitativo coral e o diálogo, seu neto Giovanni Gabrieli e Luca Marenzio, Carlo Gesualdo, e Cláudio Monteverdi, que introduziu em 1605 o baixo contínuo na forma e, mais tarde, compôs o livro Madrigali guerrieri et amorosi (1638) (Madrigais de Guerra e Amor), que é, no entanto, um exemplo de madrigal Barroco; algumas das composições desse livro carregam uma pequena relação com os madrigais a cappella do século anterior. Na ária de soprano "Blute nur" da Paixão segundo São Mateus, Bach compôs melodias sinuosas para fazer corresponder à palavra "serpente".
Poesia
[editar | editar código-fonte]Enquanto forma poética, Massaud Moisés refere que "vingou, (…), a tendência para se resumir numa única estrofe de cerca de dez versos, em que se alternam o decassílabo e o hexassílabo."[4] Teve o seu apogeu no Barroco, cultivada por Faria e Sousa,[4] Francisco Manuel de Melo e Manuel Botelho de Oliveira,[5] na língua portuguesa, e Francisco de Quevedo[6] e Góngora[7], na língua espanhola.
Notas e referências
- ↑ Moisés, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo, Cultrix, 1995, p.317
- ↑ Dicionário Grove de Música.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1994, p.563
- ↑ Moisés, Massaud. Op.Cit., idem
- ↑ a b Moisés, Massaud (1997). Dicionário de termos literários. [S.l.]: Editora Cultrix. ISBN 9788531601309
- ↑ «Musica do Parnasso dividida em quatro coros de rimas portuguesas, castelhanas, italianas & latinas, Lisboa, 1705 - Biblioteca Nacional Digital». purl.pt. Consultado em 11 de fevereiro de 2018
- ↑ «Romances de Quevedo». www.los-poetas.com. Consultado em 11 de fevereiro de 2018
- ↑ [http://www.los-poetas.com/h/gongo1.htm «Poemas de Luis de G�ngora y Argote»]. www.los-poetas.com. Consultado em 11 de fevereiro de 2018 replacement character character in
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Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Moisés, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo, Cultrix, 1995.
- Dicionário Grove de Música.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1994.
- Obras de Filinto Elysio. - Nova ed. - Lisboa : Typ. Rollandiana, 1836-1840. - 22 v., Tomo I.
- James Haar, Anthony Newcomb, Glenn Watkins, Nigel Fortune, Joseph Kerman, Jerome Roche: "Madrigal", emThe New Grove Dictionary of Music and Musicians, ed. Stanley Sadie. 20 vol. London, Macmillan Publishers Ltd., 1980. ISBN 1561591742
- Gustave Reese, Music in the Renaissance. New York, W. W. Norton & Co., 1954. ISBN 0393095304
- Alfred Einstein, The Italian Madrigal. 3 volumes. Princeton, New Jersey, Princeton University Press, 1949. ISBN 0-691-09112-9
- Allan W. Atlas, Renaissance Music: Music in Western Europe, 1400–1600. New York, W. W. Norton & Co., 1998. ISBN 0-393-97169-4
- Howard Mayer Brown, Music in the Renaissance. Prentice Hall History of Music Series. Englewood Cliffs, New Jersey; Prentice-Hall, Inc., 1976. ISBN 0-13-608497-4