Manuel Corte-Real, Senhor da Terra Nova – Wikipédia, a enciclopédia livre
Manuel Corte-Real, Senhor da Terra Nova | |
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Nascimento | 1510 Angra do Heroísmo |
Morte | 1578 Lisboa |
Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | aristocrata |
Manuel Corte-Real (Angra, c. 1510 — Lisboa, 1578) foi o 3.º capitão do donatário nas capitanias de Angra (ilha Terceira) e da ilha de São Jorge, cargos que exerceu de 1537 até falecer.[1] Pertencente à família Corte-Real, uma família fidalga de navegadores, em rápida ascensão social, com sucessivos casamentos com membros da melhor aristocracia do reino, fez parte da primeira geração de capitães que passou a viver em Lisboa, deixando as capitanias entregues aos cuidados dos seus ouvidores.[2][3][4]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Manuel Corte-Real nasceu na então vila de Angra, filho de Vasco Anes Corte-Real, o segundo do nome, ao tempo capitão do donatário em Angra e na ilha de São Jorge, e de sua esposa Joana da Silva.[5][2]
Ainda criança, por carta régia de 20 de abril de 1518, recebeu em doação a saboaria branca e preta das ilhas Terceira e São Jorge, que haviam ficado vagas pelo falecimento de seu irmão Cristóvão Corte-Real. Por carta de 21 de abril de 1520, confirmada por outra de 4 de setembro de 1522, teve uma mercê de 10$000 réis cada ano. A 2 de abril de 1527 foram-lhe doados todos os bens pertencentes a Pedro de Góis da Silva, condenado à morte por ter assassinado a esposa, D. Iria Corte-Real, tia de manuel Corte-Real, nas casas do capitão do donatário, em Angra.[6][2]
Era cavaleiro fidalgo da casa de D. João III com 2$400 réis de moradia[7] e fidalgo de cota de armas por carta de 10 de março de 1544 com o escudo pleno de Corte-Real que fora concedido a seu pai.[8][2] Foi do Conselho do rei D. João III, de quem era, diz Gaspar Frutuoso, muito privado, residindo permanentemente na corte de Lisboa.[9]
Como primogénito, sucedeu a seu pai, Vasco Anes Corte Real, nas capitanias de Angra e de São Jorge por carta régia de 3 de agosto de 1538[10][3] quando já se encontrava desde 1534 instalada a Diocese de Angra, localidade que entretanto, naquele mesmo ano, fora elevada a cidade.
Em 1576 foi o primeiro alcaide-mor da Fortaleza de São Sebastião de Angra, ao tempo recém construída, cargo para o qual foi confirmado por carta régia de 25 de outubro de 1576, na qual o rei D. Sebastião afirma que aquele castelo «se ora por meu mandato se faz na dita cidade para defensão do porto della [...] para que a dita alcaidaria-mor ande juntamente com a dita capitania no sucessor della».[2]
Foi como seus antecessores senhor da Terra Nova, confirmado por cartas de 6 de agosto de 1538 e de 12 de julho de 1574, tendo pretendido ter a posse efectiva dessas paragens, pelo que em 1567 preparou três navios com gente da ilha Terceira para a povoarem.[11] O projecto terá contudo tido insucesso, não se conhecendo as causas.[2][12]
Foi o 1.º administrador do morgado de Vale da Palma, em Évora, património que passou para o seu filho, o humanista e poeta Jerónimo Corte-Real. Nas capitanias de Angra e da ilha de São Jorge foi sucedido por seu filho Vasco Anes Corte Real, o terceiro deste nome.
Família
[editar | editar código-fonte]Casou com a espanhola D. Beatriz de Mendoza, filha de Iñigo López de Mendoza e de Maria Bazán, dama da rainha D. Catarina, filha do 2.º visconde de Palacios de Valduerna.[2] Associava assim na sua ascendência a família Corte-Real às ilustres famílias espanholas de Mendoza e de Bazán. O casal teve os seguintes filhos:
- Vasco Anes Corte-Real (III) (1530 - 1581), o terceiro do nome. Casou com D. Catarina da Silva e foi o 4.º capitão do donatário em Angra e na ilha de São Jorge.
- João Vaz Corte-Real, o segundo deste nome, que sendo solteiro, «o matou por desastre um criado de seu pai».[2][13]
- Jerónimo Corte-Real, humanista e poeta.
- Filipa de Mendonça (1540 -?) casou com João Nunes da Cunha.
- Maria de Mendonça (1530 -?), casou por três vezes, a primeira com D. Manuel de Lima, capitão de Baçaim e Ormuz, a segunda com D. Francisco de Faro, 4.º senhor de Vimieiro e a terceira com João Gomes da Silva, alcaide-mor de Seia.
- Margarida de Mendonça Côrte-Real (c. 1530 -?), senhora do morgado da herdade de Vale da Palma, casou com D. Manuel de Portugal, comendador de Vimioso.
- Beatriz de Mendonça (c. 1540 -?), casou com D. João Telo de Menezes, comendador de Santa Maria de Ancede.
- Joana, freira no Convento da Esperança de Lisboa.
- Violante, freira no Convento da Esperança de Lisboa.
- Isabel, freira no Convento de Santa Mónica de Évora.
- Inês, freira no Convento de Santa Mónica de Évora.
- Antónia, freira em Estremoz.
Notas
- ↑ Archivo dos Açores, vol. IV, p. 162 e p. 406.
- ↑ a b c d e f g h António Maria Mendes & Jorge Forjaz, Genealogias da ilha Terceira, vol. III, pp. 478-479. DisLivro Histórica, Lisboa, 2007 (ISBN 978-972-8876-98-2).
- ↑ a b «Corte-Real, Manuel» na Enciclopédia Açoriana.
- ↑ Ernesto do Canto, Os Corte Reais. Memória Histórica. Arquivo dos Açores, (2), IV: 405.
- ↑ Felgueiras Gayo, Nobiliário de Famílias de Portugal.
- ↑ Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence, vol. III, p. 21.
- ↑ António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portugueza, tomo II, p. 822.
- ↑ Sanches de Baena, Archivo Heraldico-Genealogico, p. 473, n.º 1872.
- ↑ Gaspar Frutuoso, Livro Sexto das Saudades da Terra, p. 79. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1963.
- ↑ Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence, vol. III, p. 17.
- ↑ Archivo dos Açores, vol. 4, p. 337.
- ↑ Dionísio David, «Corte-Real, Manuel» in Luís de Albuquerque (coord.), Dicionário de História dos Descobrimentos, vol. I, p. 303. Círculo de Leitores, Lisboa, 1993.
- ↑ Alão de Morais, Pedatura Lusitana, vol. I, p. 356.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- Felgueiras Gayo, Nobiliário das Famílias de Portugal, vol. IV, p. 650 (Corte-Reais). 2.ª Edição, Braga, 1989.
- Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana, vol. III, p. 185. 2ª Edição, Braga, 1997.