María Casares – Wikipédia, a enciclopédia livre
María Casares | |
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Nascimento | Maria Victoria Casares Pérez 21 de novembro de 1922 Corunha |
Morte | 22 de novembro de 1996 (74 anos) Alloue |
Cidadania | França, Espanha |
Progenitores | |
Cônjuge | André Schlesser |
Alma mater |
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Ocupação | atriz de teatro, atriz de cinema |
Distinções |
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Causa da morte | câncer |
Assinatura | |
Maria Victoria Casares Quiroga y Pérez (Corunha, 21 de novembro de 1922 - La Vergne, 22 de novembro de 1996) foi uma atriz franco-espanhola com notório sucesso no teatro, mas também na televisão e no cinema francês.[1][2] Foi creditada como Maria Casarès nos filmes franceses que estrelou.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Casares nasceu María Victoria Casares Quiroga y Pérez em Corunha, Galícia, a filha de Santiago Casares Quiroga, um ministro do governo de Manuel Azaña e Primeiro Ministro da Espanha, e de Gloria Pérez. Ela era voluntária em hospitais de Madrid já aos quatorze anos. Seu pai era um membro do governo republicano, então com a eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936), a família foi forçada a fugir da Espanha.[3] Seu pai foi para Londres, mas ela e sua mãe buscaram refúgio em Paris.
Na França, María frequentou a escola Victor Duruy, onde aprendeu francês e fez amizade com um professor e sua esposa espanhola, que a inspiraram a entrar no teatro. Após a formatura, ela teve aulas de canto com René Simon. Ela se matriculou no Paris Conservatoire, onde ganhou o Primeiro Prêmio de tragédia e o Segundo Prêmio de comédia.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1942, ela fez um teste para Marcel Herrand que a contratou para seu Théâtre des Mathurins. Lá, ao longo dos próximos três anos, ela apareceu em várias peças, incluindo "Deirdre of the Sorrows" por J. M. Synge, "The Master Builder" ("Solness, o construtor") por Henrik Ibsen, "Le Malentendu" ("O mal-entendido"), por Albert Camus (com quem mais tarde teria um caso extraconjugal), e uma estreia especialmente importante, "Fédérico", depois de Prosper Mérimée, com Gérard Philipe.
Filmes
[editar | editar código-fonte]Ela começou a aparecer em filmes. Seu primeiro papel no cinema foi em "Les Enfants du Paradis" ("O boulevard do crime"), de Marcel Carné (1945), um dos grandes clássicos do cinema francês. Ela também fez "Les Dames du Bois de Boulogne", de Robert Bresson (1945), "La Chartreuse de Parme" ("A Cartuxa de Parma"), de Christian-Jaque (1948), co-estrelado por Gérard Philipe. Para Cocteau, ela interpretou A Morte em "Orphée" (1950), com Jean Marais e François Périer, e em "Testament d'Orphée" ("Testamento de Orfeu"), de 1960.
Em 1989, ela foi indicada ao César de melhor atriz secundária, por seu papel em "La Lectrice".
Sucesso no palco
[editar | editar código-fonte]A partir de 1952, embora com a contínua aparição em filmes ocasionais, ela se dedicava principalmente aos palcos. Ela se juntou ao Festival D'Avignon, Comédie-Française e ao Théâtre National Populaire sob a liderança de Jean Vilar. Antes dela, nenhum ator ou atriz de origem estrangeira jamais haviam se apresentado na Comédie-Française. Ela viajou extensivamente por todo o mundo, aparecendo nos grandes clássicos do teatro francês, incluindo "Le Cid", de Pierre Corneille, "Marie Tudor", de Victor Hugo, e "Le Triomphe de l'Amour" (O Triunfo do Amor), de Marivaux, na Broadway, em 1958.
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]María Casares publicou sua autobiografia, Résidente privilégiée (Residente Privilegiado) em 1980, na qual ela descreveu seu caso de 16 anos com Albert Camus.[4][5][6][7][8] Em 1943, María atuou em uma peça surrealista de Pablo Picasso, "Désir attrapé par la queue" (Desejo pego pela cauda). Nessa ocasião, Albert Camus a convidou para representar a personagem "Martha" em um de seus enredos, "Le Maletendu" (O equívoco), que ele próprio participou, no Théâtre des Mathurins. Sem tardar, eles se apaixonam um pelo outro. No entanto, Camus é casado com Francine Faure, professora de matemática e pianista especializada em Bach, que mora então em Oran, na Argélia; ela muda-se para Paris no fim da Segunda Guerra Mundial. O caso extraconjugal de María e Albert termina quando Casares dá à luz, em 1945, a um casal de gêmeos, Catherine e Jean. Nos anos anteriores, María ameaçava terminar o tempestuoso caso pela recusa de Albert em se separar de Francine.[9][10]
O casal nunca se casou, mas sua extensa correspondência, publicada pela primeira vez na França no final de 2017, durou de 1944, com uma pausa de cinco anos, até 1949, quando novamente tiveram um encontro casual quando sua paixão foi reacendida até o fim da vida de Camus.[11][12][13][14] Para o desespero de Francine, os dois amantes recomeçaram o relacionamento tórrido que só terminara com a morte de Camus, em janeiro de 1960, em um acidente automobilístico.[15][16][17][18]
Casamento e fim da vida
[editar | editar código-fonte]Casares assumiu a nacionalidade francesa em 1975 e três anos depois se casou com André Schlesser, ator conhecido profissionalmente como "Dade", que havia sido seu companheiro de longa data e co-estrela teatral.[3] Em 1961, Casares e Schlesser compraram juntos um solar em La Vergne, no município de Alloue. Em 1978, eles oficializam a união pelo casamento.
André Schlesser faleceu em 15 de fevereiro de 1985. A atriz morreu de câncer de cólon em sua casa de campo, Château de La Vergne, na aldeia de Alloue, em Poitou-Charentes, no dia seguinte ao seu 74º aniversário, em 22 de novembro de 1996.[19][20] Ela legou a propriedade para a aldeia. Hoje, o Domaine de La Vergne é uma residência para artistas e um cenário para performances.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Maria Casarès: Résidente privilégiée, Fayard, 1980. ISBN 9782213007793
- Manuel Rivas: El periodismo es un cuento / "La mujer rebelde", Alfaguara, 1997. ISBN 9788420479071
- Javier Figuero & Marie-Hélène Carbonel: Maria Casarès: L'étrangère, Fayard, 2005. ISBN 9782213624013
- Javier Figuero: La extranjera, CreateSpace Independent Publishing Platform, 2017. ISBN 9781542994071
- Florence M.-Forsythe: Tu me vertiges. L'amour interdit de Maria Casarès et Albert Camus, Le Passeur Éditeur, 2017. ISBN 9782368905203
- Albert Camus, Maria Casarès. Correspondance inédite (1944-1959). Avant-propos de Catherine Camus. Gallimard, 2017. ISBN 9782072746161
Referências
- ↑ Séverine Mabille. «Maria Casarès : Esquisse d'une tragédienne». Regie Theatrale
- ↑ María Casares (1922-1996) IMDb
- ↑ a b John Calder. «Obituary: Maria Casares». The Independent
- ↑ «Camus and his women». The Guardian. 15 de outubro de 1997. Consultado em 19 de julho de 2016
- ↑ Catherine Camus presenta la biografía de Olivier Todd sobre su padre, ABC – Madrid, 12 de junho de 1997.
- ↑ Charting the amazing love life of the amorous existentialist, The Independent, 11 de outubro de 1997.
- ↑ Las mujeres de Camus, Vanguardia (12 de abril de 2012).
- ↑ Anna Mellado García – Centenario del nacimiento de Albert Camus – "Por una memoria histórica aún no recuperada", CCOO; Consultado em 8 de outubro de 2017.
- ↑ "Camus: Portrait of a Moralist" by Stephen Eric Bronner (Chapter 3: "Resistance").
- ↑ Zaretsky, Robert (4 de março de 2018). «'No Longer the Person I Was': The Dazzling Correspondence of Albert Camus and Maria Casarès». Los Angeles Review of Books. Consultado em 13 de abril de 2018
- ↑ Catherine Camus, ed. (2017). Albert Camus - Maria Casarès, Correspondance inédite (1944-1959). Col: Colléction Blanche (em francês). Paris: Gallimard - Édition de Béatrice Vaillant. ISBN 9782072746161
- ↑ Marlowe, Lara (25 de novembro de 2017). «Albert Camus's sizzling letters to one of his three lovers». The Irish Times. Consultado em 13 de abril de 2018
- ↑ "Albert Camus: A Life" by Olivier Todd (Chapter 34: "The Unique One")
- ↑ LaCava, Stephanie (11 de abril de 2018). «Illicit Love Letters: Albert Camus and Maria Casares». The Paris Review. Consultado em 13 de abril de 2018
- ↑ Vanessa Thorpe (11 de outubro de 1997). «The Amazing Love Life of the Amorous Existentialist». The Independent
- ↑ «ABC Madrid, Page 53». ABC Madrid. 12 de junho de 1997
- ↑ «Las Mujeres de Camus». Vanguardia. Consultado em 29 de setembro de 2015
- ↑ Anna Mellado García. «Por una memoria histórica aún no recuperada» (PDF). Consultado em 8 de novembro de 2013
- ↑ María Casares
- ↑ Thibaudat, Jean-Pierre (6 de julho de 2002). «La Vergne, habitée par Maria Casarès». Libération Next. Consultado em 4 de janeiro de 2018