Maria Júdice da Costa – Wikipédia, a enciclopédia livre
Maria Júdice da Costa | |
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Retrato de Maria Júdice da Costa, publicado na Ilustração Portuguesa de 7 de Março de 1910 | |
Nascimento | Maria Resende Júdice da Costa 12 de junho de 1870 Lisboa |
Morte | 16 de maio de 1960 (89 anos) |
Nacionalidade | Portugal |
Alma mater | Conservatório de Música de Lisboa |
Ocupação | Cantora lírica |
Maria Resende Júdice da Costa, mais conhecida pelo nome artístico de Maria Júdice, (Lisboa, 12 de Junho de 1870 - 16 de Maio de 1960) foi uma cantora lírica portuguesa.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]Nasceu na cidade de Lisboa[1] em 12 de Junho de 1870, filha de António Maria Júdice da Costa, oficial do Ministério da Fazenda e originário de uma família algarvia.[2]
Mostrou os seus dotes musicais desde a infância, tendo cantado em público pela primeira vez aos seis anos, numa festa infantil na vila de Portimão, onde recitou a obra A Judia de Tomás Ribeiro com grande sucesso.[2]
Matriculou-se no curso de piano do Conservatório de Música de Lisboa, embora tenha mudado depois para o de canto, por exortação do maestro Melchior Oliver.[1] Demonstrou um grande talento para o canto, tendo recebido prémios todos os anos em que esteve naquele curso, e a primeira aluna a sair já preparada para seguir uma carreira como cantora lírica.[2] No final do curso, cantou na ópera La Cenerentola para cerca de 500 pessoas, onde foi muito aplaudida.[2]
Carreira artística
[editar | editar código-fonte]Aos 17 anos, cantou ao público pela primeira vez, num evento da imprensa a favor das vítimas do desastre do Teatro Baquet.[2] Actuou depois num concerto promovido pelo governo durante a visita do Rei da Suécia a Portugal, onde cantou a cavatina da ópera Semiramis.[2] O monarca ficou tão admirado com a tenra idade de Maria Júdice, que a chamou depois à tribuna real, tendo sido igualmente elogiada pela rainha D. Amélia de Orleães.[2] Participou depois em vários concertos de beneficiência, sempre com muito sucesso.[2]
Fez a sua estreia profissional em 31 de Janeiro de 1890, aos vinte anos, no Teatro de São Carlos, cantando na ópera La Gioconda de Amilcare Ponchielli, onde foi muito aclamada.[1] Foi depois para Itália, em conjunto com a sua irmã Hortênsia, para melhorar o seu canto lírico.[1]
Em 1896, esteve na cidade de Lagos, para actuar durante dois dias no teatro Gil Vicente.[1] Viajou por toda a Europa e em diversas nações americanas como soprano dramático, tendo estado por exemplo em São Petersburgo.[1] Fez uma audição privada para o Czar e a corte da Rússia, pela qual recebeu vários presentes.[1] Foi considerada uma das melhores intérpretes das óperas de Richard Wagner, especialmente no papel de Bunilda na peça A Valquíria.[1] Nos finais da Década de 1920, actuou em teatro declamado em Lisboa, onde atingiu um grande sucesso junto do público.[1]
Também foi actriz de cinema em dois filmes, no Mulheres da Beira no papel de madre superiora, e no Fátima Milagrosa como marquesa de Vinhais, este último estreado em 12 de Maio de 1928.[1]
Também exerceu como professora de canto.[1]
Em 1939, Maria Júdice da Costa partiu para Itália a bordo do paquete Saturnia, para se alojar na Casa di Riposo per Musicisti, criada por Giuseppe Verdi em Milão.[1]
Falecimento e família
[editar | editar código-fonte]Regressou depois a Portugal, onde faleceu 16 de Maio de 1960, aos 89 anos.[1]
Casou com o tenor italiano Guglielmo Caruson, tendo tido dois filhos e uma filha, Brunilde Júdice, que também se destacou como actriz, tendo por algumas vezes contracenado com a sua mãe.[1]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Maria Júdice da Costa foi uma das artistas homenageadas na exposição Mulheres Algarvias do Teatro e do Cinema, no Centro Cultural de Lagos, onde foram apresentadas algumas fotografias suas, cedidas pelo Museu do Teatro.[1] Recebeu o título de sócia honorária da Academia Musical de Lisboa.[2]
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MARREIROS, Glória Maria (2015). Algarvios pelo coração, algarvios por nascimento. Lisboa: Edições Colibri. 432 páginas. ISBN 978-989-689-519-8
Ligações externas
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