Maria de Módena – Wikipédia, a enciclopédia livre
Maria | |
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Retrato por Simon Pietersz Verelst, 1680 | |
Rainha Consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda | |
Reinado | 6 de fevereiro de 1685 a 11 de dezembro de 1688 |
Coroação | 23 de abril de 1685 |
Predecessora | Catarina de Bragança |
Sucessor(a) | Jorge da Dinamarca |
Nascimento | 5 de outubro de 1658 |
Palácio Ducal, Módena, Módena e Reggio, Sacro Império Romano-Germânico | |
Morte | 7 de maio de 1718 (59 anos) |
Castelo de Saint-Germain-en-Laye, Saint-Germain-en-Laye, Ilha de França, França | |
Sepultado em | Convento das Visitações, Chaillot, França |
Nome completo | |
Maria Beatriz Ana Margarida Isabel | |
Marido | Jaime II & VII |
Descendência | Isabel Stuart Carlos, Duque de Cambridge Jaime Francisco Eduardo Stuart Luísa Maria Teresa Stuart |
Casa | Este (por nascimento) Stuart (por casamento) |
Pai | Afonso IV, Duque de Módena |
Mãe | Laura Martinozzi |
Religião | Catolicismo |
Brasão |
Maria Beatriz Ana Margarida Isabel de Módena[1] (Módena, 5 de outubro de 1658 – Saint-Germain-en-Laye, 7 de maio de 1718) foi a segunda esposa do rei Jaime II & VII e Rainha Consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1685 até a deposição de seu marido no final de 1688 durante a Revolução Gloriosa. Era uma católica devota e se casou em 1673 com o viúvo Jaime, irmão mais novo e herdeiro presuntivo do rei Carlos II.[2][3] Ela não se interessava por política e era totalmente dedicada ao marido e aos filhos, dois dos quais chegaram na idade adulta: Jaime Francisco Eduardo e Luísa Maria Teresa.
Ela nasceu como uma princesa do Ducado de Módena e Reggio e é mais lembrada pelo nascimento controverso de Jaime Francisco Eduardo. Na época acreditou-se que ele era uma criança trocada, levada para dentro do quarto escondido em uma panela a fim de perpetuar a dinastia católica de seu marido. Apesar da acusação ser inteiramente falsa, com as investigações do Conselho Privado confirmando isso, o nascimento do menino foi um dos principais fatores que contribuíram para a Revolução Gloriosa, que depôs Jaime II & VII e o substituiu por sua filha protestante Maria II, fruto de seu primeiro casamento com Ana Hyde, e seu sobrinho e genro Guilherme III & II.
Maria passou o resto de sua vida exilada na França junto com seu marido e seus filhos, morando no Castelo de Saint-Germain-en-Laye dado pelo rei Luís XIV de França. Ela era popular entre os cortesãos franceses, em contraste com Jaime que era visto como tedioso. Ele morreu em 1701 e ela passou sua viuvez junto com as freiras do Convento das Visitações em Chaillot. Como Jaime Francisco Eduardo era muito jovem para assumir o governo nominal após a morte do pai, Maria atuou como sua regente até ele completar dezesseis anos. Seu filho deixou a França por causa do Tratado de Utrecht de 1713, porém ela ficou apesar de não ter nenhum familiar. Maria morreu de câncer de mama em 1718.
Início de vida
[editar | editar código-fonte]Maria era a segunda filha, e única menina, de Afonso IV, Duque de Módena e da sua esposa Laura Martinozzi. Ela nasceu em 5 de outubro de 1658[nota 1] em Módena, Ducado de Módena e Reggio.[3] Seu único irmão sobrevivente, Francisco, sucedeu seu pai como duque após a morte deste em 1662, ano em que Maria completou quatro anos.[4] A mãe de Maria e Francisco, Laura, foi rigorosa com os filhos e atuou como regente do ducado até Francisco atingir a maioridade.[5][6] Maria recebeu uma excelente educação,[7] ela falava francês e italiano fluentemente, conhecia bem o latim e, mais tarde, dominou o inglês.[8][9]
Maria foi descrita pelos contemporâneos como "alta e admiravelmente modelada", e foi procurada como noiva para Jaime, Duque de Iorque pelo Lorde Peterborough.[10][11] Jaime era o irmão mais novo e herdeiro do rei Carlos II de Inglaterra.[12] Inicialmente a mãe de Maria, a duquesa Laura, relutou em aceitar a proposta de Peterborough, aspirando, de acordo com o embaixador francês, um casamento entre sua filha e o rei Carlos II de Espanha.[13][14] Todavia, a relutância inicial de Laura foi vencida, ela finalmente aceitou a proposta em nome da filha e Jaime e Maria se casaram por procuração em 30 de setembro de 1673.[15]
Módena estava na esfera de influência do rei Luís XIV de França, que endossou a candidatura de Maria e a saudou calorosamente em Paris, na estádia da mesma na capital francesa, durante sua viagem para a Inglaterra, dando-lhe um broche no valor de 8 000 libras.[16][nota 2] Em contraste, sua recepção na Inglaterra foi fria.[17]
O Parlamento, que era inteiramente composto por protestantes, reagiu mal às notícias de um casamento católico, temendo que fosse uma conspiração "papista" contra o país.[17] O povo inglês, predominantemente protestante, rotulou a nova duquesa de Iorque - título ao qual Maria ficaria conhecida até a ascensão do marido ao trono - como a "filha do papa".[18] O Parlamento ameaçou anular o casamento,[18] levando o rei Carlos II a suspender o parlamento até 7 de janeiro de 1674, para garantir que o casamento fosse honrado e salvaguardando a reputação da casa de Stuart.[12]
Duquesa de Iorque
[editar | editar código-fonte]O duque de Iorque, um católico declarado, era vinte e cinco anos mais velho que sua noiva, marcado pela varíola e gagueira.[19] Ele secretamente se converteu ao catolicismo por volta de 1668.[20] Maria viu o marido pela primeira vez em 23 de novembro de 1673, no dia da cerimônia de casamento.[21][22] Jaime ficou satisfeito com sua noiva,[23] Maria, no entanto, a princípio não gostou dele, e chorava cada vez que o via.[24] No entanto, ela logo se apaixonou por Jaime.[25] Do seu primeiro casamento com Ana Hyde, que morreu em 1671, Jaime teve duas filhas: Maria e Ana.[26] Elas foram apresentados a Maria por Jaime, que pronunciou as palavras: "Trouxe uma nova companheira para brincar".[26] Ao contrário de Maria, Ana não gostou da nova esposa de seu pai, tendo Maria se empenhado para ganhar seu carinho.[27]
A duquesa de Iorque recebia anualmente 5 000 libras e tinha sua própria comitiva, chefiada por Carey Fraser, Condessa de Peterborough e composta por damas selecionas pelo seu marido como Frances Stuart, Duquesa de Richmond - antiga amante do rei Carlos II - e Anne Scott, 1.ª Duquesa de Buccleuch.[12][28][29][30] O fato da duquesa de Iorque odiar o jogo não impediu que suas damas a obrigassem a jogá-lo quase todos os dias.[31] Elas acreditavam que "se ela se contivesse, poderia ficar doente".[31] Consequentemente, Maria adquiriu pequenas dívidas de jogo.[31]
O nascimento da primeira filha da duquesa de Iorque, Catarina Laura - que recebeu o seu nome em homenagem a rainha Catarina - em 10 de janeiro de 1675, representou o início de uma série de filhos que morreriam na infância.[32] Nessa época, ela tinha excelentes relações com a filha mais velha de Jaime, Maria, e a visitou em Haia depois que a jovem Maria se casou com Guilherme de Orange. Ela viajou incógnita e levou Ana com ela.[33]
Trama Papista
[editar | editar código-fonte]O secretário católico da duquesa de Iorque, Edward Colman, foi, em 1678, falsamente implicado por Titus Oates em uma suposta conspiração contra o rei.[34] A trama, conhecida como complô papista, levou ao movimento exclusionista, liderado por Anthony Ashley Cooper, 1.º Conde de Shaftesbury.[35] Os exclusionistas procuravam retirar da linha de sucessão o católico duque de Iorque.[36] Com sua reputação em frangalhos, o duque e a duquesa de Iorque foram relutantemente exilados em Bruxelas, sob domínio do rei da Espanha, ostensivamente para visitar a filha mais velha de Jaime - desde 1677 casada com o príncipe Guilherme de Orange.[37][38][39] Acompanhada pela filha de três anos Isabel e sua enteada mais nova, a duquesa de Iorque ficou aborrecida com o caso extraconjugal de Jaime com Catherine Sedley.[40] A alegria de Maria foi brevemente revivida por uma visita a sua mãe, que morava em Roma.[41]
Uma notícia de que o rei Carlos II estava muito doente enviou o duque e a duquesa de Iorque de volta à Inglaterra prontamente.[42] Jaime temia que o filho ilegítimo do rei, Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth, e comandante das forças armadas da Inglaterra, pudesse usurpar a coroa se Carlos morresse em sua ausência.[42][43] Os rumores foram agravados pelo fato de Monmouth contar com o apoio dos exclusionistas, que possuíam maioria na Câmara dos Comuns da Inglaterra.[42] Carlos sobreviveu, mas, sentindo que o duque e a duquesa de Iorque voltaram a corte prematuramente, enviou o casal para Edimburgo, onde permaneceram pelos próximos três anos.[44][45] O casal foi instalado no Palácio de Holyrood, já Isabel e Ana ficaram em Londres sob as ordens de Carlos.[46] O duque e a duquesa de Iorque foram convocados para Londres em fevereiro de 1680, apenas para Jaime ser empossado comissário do rei na Escócia,[47] retornando novamente a Edimburgo naquele mesmo outono. Separada da filha Isabel mais uma vez, Maria caiu em profunda tristeza, temerosa pela possível aprovação do projeto de exclusão tramitando na Câmara dos Comuns.[48][49] Isabel, até então a a única filha de Maria a sobreviver à infância, morreu em fevereiro de 1681.[50] A morte de Isabel mergulhou Maria em um fanatismo religioso, preocupando seu médico.[50] Ao mesmo tempo em que as notícias da morte de sua filha chegaram à morte Holyrood, a mãe de Maria foi falsamente acusada de oferecer 10.000 libras pelo assassinato do rei.[50] O acusador, um panfletário, foi executado por ordem do rei.[50]
Rainha
[editar | editar código-fonte]Apesar de todo o furor pelo exclusionismo, Jaime ascendeu facilmente aos tronos da Inglaterra e Escócia como Jaime II & VII após a morte de seu irmão Carlos II, que ocorreu em 6 de fevereiro de 1685, possivelmente porque a alternativa, o duque de Monmouth, poderia provocar outra guerra civil.[51] Maria lamentou sinceramente a morte de Carlos, lembrando mais tarde: "Ele sempre foi gentil comigo".[52] A cerimônia de coroação conjunta de 119 000 libras de Maria e Jaime, ocorrida em 23 de abril de 1685, no dia de São Jorge, foi meticulosamente planejada.[53][54] Documentos de coroações precedentes foram consultados por Maria, dado que não havia ocorrido uma coroação conjunta desde a cerimônia realizada para Henrique VIII de Inglaterra e Catarina de Aragão.[53]
A saúde da rainha Maria ainda não havia se recuperado após a morte de sua filha Isabel. Tanto que, o embaixador do Grão-duque da Toscana na Inglaterra começou a orquestrar um casamento entre Jaime e a filha do grão-duque Ana Maria Luísa de Médici. O embaixador relatou ao grão-duque que "a opinião geral se volta [para a sucessora de Maria] na direção da princesa, filha de Sua Alteza".[55][56] A França também estava se preparando para a iminente morte da rainha, apresentando como candidata à nova esposa de Jaime, a filha do duque de Enghien.[55] Todavia, a rainha sobreviveu e, aproveitando as boas relações com a Toscana, tentou arranjar um casamento entre seu irmão, o duque de Módena e a filha do grão-duque, mas a princesa considerou o estatuto de Duque demasiado baixo em termos de protocolo para a filha de um Grão-duque.[57]
Em fevereiro de 1687, a rainha, na época irritada pelo caso do rei com Catherine Sedley, Condessa de Dorchester, mudou-se para novos apartamentos no Palácio de Whitehall. Whitehall abrigava uma capela católica desde dezembro de 1686.[58][59] Seus apartamentos foram projetados por Christopher Wren ao custo de 13.000 libras.[60] Como a reforma do palácio estava inacabada até então, o rei recebia os embaixadores em seu quarto, para grande desgosto da rainha.[61] Cinco meses depois, logo após a crise no casamento, a mãe da rainha, a duquesa Laura, morreu[62] e toda a corte inglesa entrou em luto.[62] A duquesa Laura deixou a Maria "uma quantia considerável de dinheiro" e algumas jóias.[63] Guilherme III de Orange, genro de Jaime, sentindo o descontentamento popular com o governo de Jaime, usou da morte da mãe de Maria como pretexto para enviar seu meio-tio, o Conde Zuylestein, para a Inglaterra, para prestar condolências a rainha Maria, com o real objetivo do meio-tio atuar como seu espião.[64][65]
Tendo visitado Bath, na esperança de que suas águas ajudassem na concepção, a rainha Maria engravidou no final de 1687.[66] Quando a gravidez se tornou pública, pouco antes do Natal, os católicos se alegraram.[67] Entretanto, os protestantes, que haviam tolerado o governo católico de Jaime por este não ter herdeiro católico, ficaram preocupados.[68] A desilusão protestante veio à tona depois que a criança concebida era um varão, e muitos protestantes espalharam rumores de que a criança era espúria.[69] A opinião pública alegou que a criança, nomeada Jaime Francisco Eduardo, havia sido trocada afim de perpetuar a dinastia católica de Jaime.[69] Rumores diziam que a criança foi contrabandeada para a câmara real de nascimento em uma panela de aquecimento e que o filho real de Jaime e Maria era um natimorto.[69] Principalmente por má administração por parte de Jaime, esses rumores tinham algum fundamento, pois, por preconceito pessoal, ele havia excluído muitos da cerimônia cujo testemunho seria considerado valioso - a maioria das testemunhas era católica ou estrangeira e vários protestantes, como a princesa Ana da Dinamarca[nota 3], os prelados da Igreja da Inglaterra e parte da família, foram excluídos. Mais tarde, Ana respondeu a um memorando de dezoito perguntas sobre o nascimento de Jaime Francisco Eduardo para sua irmã, a Princesa de Orange.[64] As respostas de Ana, tendenciosas e pouco confiáveis, convenceram a Princesa de Orange de que seu pai lançara uma criança trocada sobre a nação.[64] O Conde Zuylestein, retornou à Holanda logo após o nascimento da criança, e pactuou com o memorando de Ana.[64]
Emitido por sete nobres Whigs, o convite para Guilherme invadir a Inglaterra sinalizou o início de uma revolução que culminou na deposição de Jaime II.[70] O convite assegurou a Guilherme que "dezenove partes de vinte das pessoas em todo o reino" desejavam uma intervenção.[70] A revolução, conhecida como Revolução Gloriosa, privou Jaime Francisco Eduardo de seu direito ao trono inglês, alegando que ele não era o verdadeiro filho do rei e, mais tarde, porque era católico.[70] Com a Inglaterra nas mãos do exército de 15.000 soldados de Guilherme de Orange, Jaime e Maria foram para o exílio na França.[70] Lá, eles viveram à custa do primo de Jaime, o rei Luís XIV, que apoiou a causa jacobita.[70][71]
Exílio
[editar | editar código-fonte]Na corte do Rei Sol
[editar | editar código-fonte]Como Maria II e Guilherme III & II haviam ascendido aos tronos inglês e escocês, Maria de Módena deixou de ser rainha da Inglaterra em 11 de dezembro de 1688 e da Escócia em 11 de maio de 1689.[72] Isso foi concomitante ao depoimento formal de seu marido. Jaime II, no entanto, apoiado por Luís XIV de França, ainda se considerava rei por direito divino e sustentava que não era da prerrogativa do parlamento depor um monarca.
Luís XIV deu ao rei e à rainha exilados o uso do Castelo de Saint-Germain-en-Laye, onde montaram a corte no exílio.[71][73] Maria logo se tornou uma figura popular na corte de Luís XIV em Versalhes, onde a diarista Madame de Sévigné a aclamava por seu "comportamento diferenciado e seu raciocínio rápido".[74] Questões de precedência, no entanto, zangaram as relações de Maria com a delfina da França.[74] Como Maria manteve suas prerrogativas como rainha, Maria Ana era precedida por ela.[74] Todavia, Maria Ana recusou-se a ver Maria, sendo a etiqueta um assunto delicado em Versalhes.[75] Apesar disso, Luís XIV e sua esposa secreta, Madame de Maintenon, se tornaram amigos íntimos de Maria.[74] Com a morte da rainha Maria Teresa em 1683 e, da delfina em 1690, Maria teve precedência sobre todas as mulheres da corte francesa e da casa real francesa, assim como sua filha na dignidade de princesa real até o casamento de Luís, Duque da Borgonha e Maria Adelaide de Saboia em 1711.[76] Jaime foi amplamente excluído da vida social na corte francesa. Seus contemporâneos o consideravam chato, e os cortesões franceses brincavam com frequência que "quando se fala com ele, se entende por que ele está aqui".[74][77] Maria deu à luz a sua última filha, a princesa Luísa Maria, em 1692.
Inicialmente apoiado pelos católicos irlandeses em seu esforço para recuperar o trono, Jaime se lançou numa expedição à Irlanda em março de 1689.[78] Ele recuou após sua derrota na Batalha do Boyne em 1690.[78] Durante a campanha de Jaime, Maria apoiou sua causa nas Ilhas Britânicas - ela enviou três navios de suprimentos franceses para a Baía de Bantry e 2 000 libras para rebeldes jacobitas em Dundee.[79] Ela financiou essas medidas vendendo suas jóias.[80] Os problemas financeiros afetaram o corte de Stuart no exílio, apesar de uma pensão substancial de Luís XIV de 50 000 libras.[71] Maria fez o possível para ajudar os apoiadores do marido e incentivou seus filhos a doarem parte de seu dinheiro a causa jacobita.[81][82][83]
Sucessão
[editar | editar código-fonte]Em março de 1701, Jaime II sofreu um derrame durante uma missa no Castelo de Saint-Germain-en-Laye, deixando-o parcialmente paralisado.[84] Guy Crescent Fagon, médico pessoal de Luís XIV, recomenda as águas de Bourbon-l'Archambault, para tratar a paralisia do rei.[85] As águas, no entanto, tiveram pouco efeito, e Jaime II morreu de hemorragia cerebral em 16 de setembro de 1701.[86] Luís XIV, em violação da Paz de Ryswick, declarou Jaime Francisco Eduardo como rei da Inglaterra, Irlanda e Escócia sob o nome de "Jaime III & VIII".[87] Este ato enfureceu o rei Guilherme III, que governava sozinho desde a morte de sua esposa, Maria II.[88] Como Jaime Francisco Eduardo era menor de idade, a rainha Maria agiu como regente nominal para seu filho.[89] Maria, também, presidida seu conselho de regência, embora não se interessasse em política.[89] Antes de sua morte, Jaime II expressou seu desejo de que a regência de Maria não durasse mais que o aniversário de dezoito anos do filho.[90]
Vestida de luto pelo resto de sua vida, o primeiro ato da rainha Maria como regente foi disseminar um manifesto, descrevendo as alegações de Jaime Francisco Eduardo.[91] O ato foi amplamente ignorado na Inglaterra[91]. Na Escócia, no entanto, os senhores confederados enviaram Lorde Belhaven a Saint-Germain, para convencer a rainha a entregar-lhes a custódia de Jaime Francisco Eduardo e a consentir sobre sua conversão ao protestantismo.[91]
A conversão, assegurou Belhaven, permitiria a ascensão de Jaime Francisco Eduardo ao trono inglês após a morte de Guilherme III.[92][nota 4] A rainha regente relutou em permitir a conversão de seu filho, então um acordo foi alcançado - Jaime Francisco Eduardo, se tornasse rei, limitaria o número de padres católicos romanos na Inglaterra e prometeria não adulterar a Igreja Anglicana estabelecida na Inglaterra.[92] Em troca, os senhores confederados fariam tudo ao seu alcance para impedir a passagem da sucessão hanoveriana no parlamento escocês.[92]
Quando, em março de 1702, Guilherme III morreu, Simon Fraser, 11.º Lorde Lovat, declarou Jaime Francisco Eduardo rei em Inverness.[94] Logo depois, Lovat viajou para a corte no exílio em Saint-Germain e implorou à rainha regente que permitisse que seu filho viesse para a Escócia.[94] Lovat pretendia levantar um exército de 15.000 soldados na Escócia, para tomar o trono em favor de Jaime Francisco Eduardo.[94] Maria se recusou a se separar do filho, e o levante fracassou.[94] A regência de Maria cessou com o aniversario de dezesseis anos do filho.[95]
Últimos anos e morte
[editar | editar código-fonte]Tendo desejado tornar-se freira em sua juventude, a rainha Maria buscou refúgio do estresse do exílio no Convento das Visitações, em Chaillot, perto de Paris, onde fez amizade com a antiga amante de Luís XIV, Louise de La Vallière.[96] Lá, Maria ficou com a filha por longos períodos, quase todo verão.[97] Foi também no convento que, em 1711, a rainha Maria descobriu que, como parte do Tratado de Utrecht, seu filho Jaime Francisco Eduardo deveria perder o reconhecimento explícito de Luís XIV e ser forçado a deixar a França.[97] No ano seguinte, quando Jaime Francisco Eduardo foi expulso e Luísa Maria morreu de varíola, Maria ficou inconsolável[98] - de acordo com sua amiga íntima Madame de Maintenon, Maria era "um modelo de desolação".[98] Privada da companhia de sua família, a rainha Maria viveu o resto de seus dias entre Chaillot e Saint-Germain, incapaz de viajar por seus próprios meios, porque todos os seus cavalos haviam morrido e ela não podia se dar ao luxo de substituí-los.[99]
Maria morreu de câncer de mama em 7 de maio de 1718 no Castelo de Saint-Germain-en-Laye. Ela foi enterrada no Convento das Visitações, em Chaillot.[100] Seu túmulo, assim como o convento como um todo, foi destruído durante a Revolução Francesa.[nota 5] Após sua morte, Maria foi lembrada com carinho por seus contemporâneos franceses, três dos quais, a Princesa Palatina, o Duque de São Simão e o Marquês de Dangeau, a consideravam uma "santa".[101][102]
Títulos, estilos e brasão
[editar | editar código-fonte]Títulos e estilos
[editar | editar código-fonte]- 5 de outubro de 1658 – 20 de setembro de 1673: "Sua Alteza, a Princesa Maria de Módena"
- 20 de setembro de 1673 – 6 de fevereiro de 1685: "Sua Alteza Real, a Duquesa de Iorque"
- 6 de fevereiro de 1685 – 11 de dezembro de 1688: "Sua Majestade, a Rainha"
- 11 de dezembro de 1688 – 7 de maio de 1718: "Sua Majestade, a Rainha Maria"
Brasão
[editar | editar código-fonte]Descendência
[editar | editar código-fonte]Nome | Nascimento | Morte | Notas |
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Aborto | Março de 1674 | ||
Catarina Laura | 10 de janeiro de 1675 | 3 de outubro de 1675 | Morreu de convulsões.[104] |
Filho natimorto | Outubro de 1675 | ||
Isabel | 28 de agosto de 1676 | 2 de março de 1681 | Morreu na infância. |
Carlos, Duque de Cambridge | 7 de novembro de 1677 | 12 de dezembro de 1677 | Morreu de varíola.[104] |
Isabel | 1678 | Morreu imediatamente após o nascimento. | |
Filho natimorto | Fevereiro de 1681 | ||
Carlota Maria | 16 de agosto de 1682 | 16 de outubro de 1682 | Morreu de convulsões.[104] |
Filho natimorto | Outubro de 1683 | ||
Aborto | Maio de 1684 | ||
Jaime Francisco Eduardo | 10 de junho de 1688 | 1 de janeiro de 1766 | Casou-se com Maria Clementina Sobieska, com descendência. |
Luísa Maria Teresa | 28 de junho de 1692 | 20 de abril de 1712 | Morreu solteira e sem descendência. |
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Maria de Módena | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Notas
- ↑ Módena e França usavam o calendário gregoriano, enquanto que a Inglaterra e a Escócia e alguns países protestantes da Europa central como Holanda, Alemanha e Suíça ainda usavam o calendário juliano. Portanto, durante o século XVII, as datas na Inglaterra estavam dez dias atrasados em relação a Módena e França e como a maior parte do resto da Europa continental. De 29 de fevereiro de 1700 a 14 de setembro de 1752, a diferença foi de onze dias.
- ↑ Equivalente a 1.251.568 de libras esterlinas em valores atuais.
- ↑ A filha de Jaime, a Srta. Ana, casou-se com o príncipe Jorge da Dinamarca em 1683.
- ↑ Em conformidade com a Declaração de Direitos de 1689, estavam excluídos da sucessão quaisquer católicos e qualquer um que se casasse com um católico.[93]
- ↑ Leia o artigo em francês sobre o Convento das Visitações, de Chaillot.
Referências
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- ↑ Oman, p 247.
- ↑ Fraser, Love and Louis XIV, p 383.
- ↑ Oman, p 245.
- ↑ Louda, Maclagan, 1999, p. 27
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Bibliografia
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Retratos de Maria de Módena (em inglês) na National Portrait Gallery
Maria de Módena Casa de Este 5 de outubro de 1658 – 7 de maio de 1718 | ||
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Precedida por Catarina de Bragança | Rainha Consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda 6 de fevereiro de 1685 – 11 de dezembro de 1688 | Sucedida por Jorge da Dinamarca |