Marquesa Ferreira – Wikipédia, a enciclopédia livre
Marquesa Ferreira | |
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Morte | c. 1590-c.1591 |
Etnia | Tupi |
Progenitores |
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Parentesco | neta de João Ramalho e Bartira bisneta Tibiriçá |
Cônjuge | Cristóvão Monteiro |
Filho(a)(s) | Catarina de Aguilar Monteiro Eliseu |
Marquesa Ferreira (identificada também como Marquesa de Ferreira) (c. 1525 – c. 1590-1591) foi uma aristocrata colonial brasileira de origem indígena. Sua trajetória está profundamente ligada à história da Fazenda de Santa Cruz, localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Marquesa Ferreira foi doadora, à Companhia de Jesus, das terras que deram origem à fazenda.[1]
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Biografia
[editar | editar código-fonte]Seus pais eram Jorge Ferreira, administrador português da capitania de São Vicente, (tendo sido capitão-mor de 1556 a 1558 e de 1567 a 1572) e Joana Ramalho, filha de João Ramalho e Bartira (nome de batismo Isabel Dias), mulher indígena e filha do líder tupiniquim Tibiriçá.
Apesar de descender de uma importante família indígena do período colonial, Marquesa Ferreira tem sua ancestralidade nativa apagada na maioria dos relatos em que é citada. Sua posição de prestígio social aparece, quase exclusivamente, vinculada ao matrimônio com Cristóvão Monteiro, com quem teve dois filhos: Eliseu e Catarina Monteiro.
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Além disso, essa posição de privilégio fez com que se acreditasse, por muito tempo, que ela tinha origem europeia, com algumas fontes, inclusive, afirmando que ela nasceu em Portugal.[2]
O matrimônio com Cristóvão Monteiro, ocorrido em torno de 1542, levou Marquesa ao Rio de Janeiro, pois Monteiro participou da luta contra os franceses, cuja tentativa de colonizar a Baía de Guanabara foi enfim derrotada na década de 1560. Como recompensa pelos serviços prestados, Monteiro recebeu da coroa portuguesa vastas sesmarias localizadas onde hoje é a Baixada Fluminense e a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Ele também foi o primeiro ouvidor-mor da cidade recém-fundada, permanecendo no cargo entre 1568 e 1572.
Com a morte de Monteiro, em 1573, Marquesa Ferreira herdou as suas terras, mantendo controle sobre elas até 1589, quando doou parte delas aos jesuítas. A outra parcela ficou sob a custódia de sua filha, Catarina de Aguilar Monteiro.
Contexto Histórico
[editar | editar código-fonte]Marquesa Ferreira nasceu no momento em que os portugueses consolidavam a sua presença no planalto paulista através das relações de aliança com os povos indígenas, especialmente os vinculados à família de Tibiriçá. João Ramalho, o seu avô, foi um dos maiores responsáveis por construir tais relações com os tupiniquins.[3]
A sociedade colonial consolidada em São Paulo (estado) foi fundamental para as conquistas dos portugueses em espaços onde havia resistência indígena ao domínio europeu.
Memória
[editar | editar código-fonte]Atualmente, o nome de Marquesa Ferreira é pouco lembrado, seja em trabalhos acadêmicos, seja em lugares de memória. Quando mencionado, é quase sempre ligado à Fazenda Santa Cruz. Existem duas ruas com seu nome, uma em Santa Cruz (bairro do Rio de Janeiro) e outra no município de Duque de Caxias (Rio de Janeiro).[4]
Não se conhece nenhuma gravura ou estátua que represente a Marquesa Ferreira.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ JULIO, Suelen Siqueira. Gentias da terra: gênero e etnia no Rio de Janeiro colonial. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da UFF. Niterói, 2022.
- ↑ JULIO, Suelen Siqueira. Gentias da terra: gênero e etnia no Rio de Janeiro colonial. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da UFF. Niterói, 2022.
- ↑ MONTEIRO, John (1994). Negros da terra. São Paulo: Companhia das Letras
- ↑ «Rua Marquesa Ferreira, Rio de Janeiro (Zona Oeste do Rio de Janeiro, Santa Cruz)». brazil-streets.openalfa.com (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2022