Martim Afonso Telo de Meneses – Wikipédia, a enciclopédia livre
Martim Afonso Teles de Meneses | |
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Nascimento | Portugal |
Morte | 26 de janeiro de 1356 |
Toro, Espanha | |
Cônjuge | Aldonça Anes de Vasconcelos |
Pai | Afonso Teles Raposo |
Mãe | Berengária Lourenço de Valadares |
Martim Afonso Telo de Meneses[a] (m. Toro, 26 de Janeiro de 1356), foi um rico-homem português, membro da linhagem dos Teles de Meneses, e o pai de Leonor Teles de Meneses, rainha de Portugal.
Era o filho primogénito de Afonso Teles Raposo, que foi vassalo de Afonso IV de Portugal, e de Berengária Lourenço de Valadares,[1] filha de Lourenço Soares de Valadares e de Sancha Nunes de Chacim.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Foi mordomo-mor da rainha consorte de Castela Maria de Portugal,[2][3] esposa do rei Afonso XI, e a mãe do rei Pedro I o Cruel. Em 26 de Janeiro de 1356, Martim Afonso estava com a rainha e outros nobres no Alcazar de Toro quando o rei Pedro, acompanhado por vários escudeiros, entrou no Alcazar e mandou matar muitos dos nobres que estavam lá com a rainha.[2] Pedro López de Ayala na crónica dos reinados de Pedro e três de seus sucessores, descreveu os acontecimentos da seguinte forma:[4][b]
“ | E então logo enviou dizer el Rei à Rainha Dona Maria, sua mãe, que estava dentro do Alcácer que saísse de ali e se viesse para ele. E a Rainha enviou-lhe pedir mercê para aqueles Cavaleiros que ali estavam com ela, que os perdoasse. E el Rei enviou-lhe dizer que ela se viesse, que depois ele saberia que fazer com dos Cavaleiros que com ela estavam (...) E a Rainha saiu do Alcácer, e vinha com ela a condessa dona Juana, mulher do conde Dom Henrique, outrossim om Pero Estevanez Carpentero, Mestre que se chamava de Calatrava, e Ruy Gonçalves de Castanheda, e Alfonso Tellez Girón, e Martin Alfonso Tello (...) Outro Escudeiro chegou e matou a Martim Alfonso Tello (...) E a Rainha Dona Maria, mãe del Rei, quando viu matar assim a estes Cavaleiros, caiu em terra sem nenhum sentido, como morta (...) e depois levantaram-na e viu os Cavaleiros mortos em derredor de si, e desnudos e começou a dar grandes vozes maldizendo ao Rei seu filho, e dizendo que a desonrara e lastimara para sempre, e que mais já queria morrer, que não viver. | ” |
Matrimónio e descendência
[editar | editar código-fonte]Martim Afonso casou com Aldonça Anes de Vasconcelos, filha de João Mendes de Vasconcelos,[5][6] alcaide-mor de Estremoz, e de Aldara Afonso Alcoforado. Deste matrimónio nasceram os seguintes filhos:[c][7]
- João Afonso Telo o Moço (m. 1385 na Batalha de Aljubarrota), foi alcaide-mor de Lisboa em 1372, almirate do reino, e 6.º conde de Barcelos em 1382. Casou com Beatriz Afonso de Albuquerque, irmã de sua cunhada Maria, ambas filhas ilegítimas de João Afonso de Albuquerque o do Ataúde (m. 1354), VI senhor de Albuquerque e chanceler-mor do rei Pedro I de Castela, e de Maria Rodrigues Barba;[8]
- Gonçalo Teles (m. 28 Junho de 1403), conde de Neiva e senhor de Faria, casou com Maria Afonso de Albuquerque (ainda era viva em Outubro de 1429), filha legitimada de João Afonso de Albuquerque;[9][10]
- Maria Teles (m. Novembro de 1379), esposa de Álvaro Dias de Sousa, (m. ca. 1365), com quem teve a Lope Dias de Sousa. Depois de enviuvar, contraiu matrimónio com o infante João, duque de Valência de Campos, filho do rei Pedro I de Portugal, com quem teve a Fernando de Portugal, senhor de Eça (n. 1378).[11] Foi assassinada pelo seu esposo João;[12]
- Leonor Teles, rainha consorte de Portugal pelo seu casamento com o rei Fernando I de Portugal.[13][14]
Teve uma filha fora de matrimónio:
- Joana Teles, a esposa de João Afonso Pimentel, primeiro conde de Benavente.[15]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ Pela grafia arcaica, Martim Affonso Tello de Menezes
- [b] ^ Segundo Braamcamp Freire, foi amante da rainha "e a seus pés, salpicando-a com seu sangue, recebeu a morte em Toro (...) aos maos dos sicarios de Pedro I, filho da sua própria amante."[2]
- [c] ^ Foi pai de dois filhos e três filhas; a saber: Dom João Afonso Telo, que foi Conde de Barcelos, e o Conde Dom Gonçalo, que foi Conde de Neiva e de Faria; e as filhas, uma bastarda, que houve o nome de Dona Joana, foi comendadeira de Santos, e deixou a comenda, como o fazer podia segundo a sua ordem, e casou com João Afonso Pimentel; e outra foi Dona Maria Teles, casada com Lopo Dias de Sousa, e a outra chamaram Dona Lionor Teles, mulher que foi de João Lourenço da Cunha, filho de Martim Lourenço da Cunha, senhor do morgado de Pombeiro. Cfr. Fernão Lopes, Crónica de el-rei D. Fernando, capítulo LVII.
Referências
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 240.
- ↑ a b c Braamcamp Freire 1921, p. 108.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 203.
- ↑ López de Ayala 1780, p. 207-208, Ano sexto, capítulo II.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 203 e 241.
- ↑ Braamcamp Freire 1921, p. 109.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 241.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 205 e 232.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 204 e 232.
- ↑ Braamcamp Freire 1921, p. 110–111.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 204.
- ↑ Braamcamp Freire 1921, p. 88–97 e 110.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 24 e 242.
- ↑ Braamcamp Freire 1921, p. 110.
- ↑ Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 242.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Braamcamp Freire, Anselmo (1921–1930). Brasões da Sala de Sintra- Livro Primeiro. Coimbra: Imprenta da Universidade. OCLC 794223590
- Lopes, Fernão (1895–1896). Chronica de el-rei D. Fernando. Lisboa: Escriptorio. Serie: Bibliotheca de classicos portugueses (VI). OCLC 2634915
- López de Ayala, Pedro (1780). Crónica de los Reyes de Castilla, Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III. Madrid: Imprenta de D. Antonio de Sancha. OCLC 2921347
- Sotto Mayor Pizarro, José Augusto P. (1987). Os Patronos do Mosteiro de Grijo: Evolução e Estrutura da Familia Nobre Séculos XI a XIV. Oporto: [s.n.]