Miguel Andreolo – Wikipédia, a enciclopédia livre
O treinador Vittorio Pozzo com a taça Jules Rimet, rodeado por seus jogadores após a final da Copa do Mundo FIFA de 1938. Andreolo é o último jogador agachado. | ||
Informações pessoais | ||
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Nome completo | Miguel Ángel Andriolo Frodella (como uruguaio) Michele Andreolo (como italiano) | |
Data de nascimento | 6 de setembro de 1912 | |
Local de nascimento | Dolores, Uruguai | |
Data da morte | 14 de maio de 1981 (68 anos) | |
Local da morte | Potenza, Itália | |
Altura | 1,69 m | |
Apelido | Chivo | |
Informações profissionais | ||
Posição | Meio-campista | |
Clubes de juventude | ||
?-1931 | Libertad de Dolores | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1932-1935 1935-1943 1943-1944 1945-1948 1948-1949 1949-1950 | Nacional Bologna Lazio Napoli Catania Forli | ? (?) 165 (24) 14 (1) 93 (11) ? (?) |
Seleção nacional | ||
1935 1936-1942 | Uruguai Itália | 0 (0) 26 (1) |
Miguel Ángel Andriolo Frodella [1][2] - em italiano, Michele Andreolo (Dolores, 6 de maio de 1912 - Potenza, 14 de maio de 1981)- foi um futebolista ítalo-uruguaio que, atuando como meio-campista da Seleção Italiana, conquistou a Copa do Mundo FIFA de 1938.[3]
Chegou antes a ser convocado pela Seleção Uruguaia para a Copa América de 1935. O país a venceu, mas Andreolo, na época atleta do Nacional, não chegou a joga-la;[2] Também esteve presente em quatro títulos do Bologna no campeonato italiano,[4] no que foi a fase áurea deste clube, na época repleto de outros uruguaios.[5]
Jogador forte e temperamental e apelidado no Uruguai de El Chivo,[6] Andreolo chegou a ser escalado em 1980 para a "seleção italiana dos sonhos", em votação promovida pelo jornal La Gazzetta dello Sport.[7] Ele é o jogador uruguaio que mais vezes defendeu a Itália, 26 vezes, mais de vinte acima dos segundos, Ricardo Faccio e Alcides Ghiggia (ambos cinco vezes).[carece de fontes]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Uruguai
[editar | editar código-fonte]Andriolo iniciou a carreira no Libertad, clube de sua cidade natal de Dolores, onde permaneceria até 1931.[6] Em 1932, o futebol uruguaio se profissionalizou oficialmente[carece de fontes] e ele foi contratado pelo Nacional, sendo campeão uruguaio em 1933 e 1934.[6] O clube não vencia o torneio desde 1924, mas conseguiu assim o primeiro bicampeonato seguido da era profissional.[carece de fontes]
O torneio de 1933, na realidade, só foi finalizado em novembro de 1934,[8] quando o campeonato próprio pelo ano de 1934 já se encontrava desde julho em andamento.[9] Peñarol e Nacional haviam encerrado o ano de 1933 empatados na liderança, o que forçou uma série de finais, seguidamente empatadas. A primeira foi marcada para maio de 1934 e as seguintes ocorreram aproximadamente a cada dois meses até a vitória enfim ocorrer, a favor dos tricolores, em novembro, finalizando o campeonato uruguaio mais largo da história.[8]
A primeira desses clássicos decisivos terminou de modo polêmico. O jogo terminou em 0-0, mas ficou conhecido pelo "gol da mala", pois um arremate do adversário brasileiro João de Almeida "Bahia" foi para fora. A bola voltou a campo após rebater na mala de um membro da comissão técnica do Nacional, e assim o aurinegro Braulio Castro chutou para as redes. O árbitro não era famoso e seus gestos confundiram os jogadores do Nacional, que acreditaram que ele estava validando o lance, gerando um tumulto que suspendeu a partida no minuto 70. O capitão José Nasazzi e Juan Labraga foram expulsos por agressões ao juiz, e suspensos por um ano.[8]
Em agosto, acertou-se a continuação da partida para disputar-se os vinte minutos restantes. Como o 0-0 permaneceu, jogou-se uma prorrogação, que durou 60 minutos, com o 0-0 permanecendo. Como a partida era uma continuação daquela em que o Nacional teve dois jogadores expulsos, os tricolores precisaram jogar 80 minutos com nove jogadores aquele reencontro. A invencibilidade nessas circunstâncias na principal rivalidade do país em partida válida pelo campeonato não teve precedentes.[8] Andriolo, assim, foi um dos heróis do clássico conhecido como o "dos nove contra onze".[6]
O campeonato de 1934, por sua vez, alargou-se até abril do ano seguinte, encerrando-se com o clássico com o Peñarol na rodada final. O empate em 1-1 favoreceu o Nacional, apesar dos tricolores, novamente, precisarem jogar com dois jogadores a menos, dessa vez na meia hora final, devido às expulsões de Aníbal Ciocca e de Héctor Castro. Andriolo, assim foi um dos convocados à seleção uruguaia para a Copa América de 1935. Foi campeão,[9] mas sem entrar em campo,[2] o que não impediu que se transferisse ao futebol italiano em seguida. Ao todo, incluindo-se amistosos, foram quarenta partidas e apenas três derrotas pelo Nacional, e sete gols marcados.[1]
Itália
[editar | editar código-fonte]Foi contratado pelo Bologna, a primeira equipe italiana a apostar largamente em uruguaios. Andreolo formou uma "colônia" com os compatriotas Federico Fedullo, Rafael Sansone e Héctor Puricelli, duas vezes artilheiro do campeonato italiano.[5] Andreolo foi campeão em suas duas primeiras temporadas, em 1935-36 e 1936-37,[6] estreando pela Seleção Italiana já em maio de 1936, em empate em 2-2 com a Áustria em Roma,[carece de fontes] no qual jogou ao lado de outro uruguaio, Ricardo Faccio.[6]
Na Itália, seu nome passou de Miguel Ángel Andriolo para Michele Andreolo.[4] Se tornaria o uruguaio com mais partidas pela Azzurra e Faccio, o segundo de nove nomes.[carece de fontes] El Chivo foi titular na Copa do Mundo FIFA de 1938, ganha pela Itália,[4] que na época tornou-se a seleção mais vezes campeã e a primeira bicampeã seguida. No time titular que jogou a final, Andreolo e Amadeo Biavati eram os representantes do Bologna na seleção campeã, mesmo número de jogadores da Juventus (Alfredo Foni e Pietro Rava).[4] Somente a Internazionale, campeã italiana da temporada anterior ao torneio,[carece de fontes]> estava mais representada, com um a mais (Ugo Locatelli, Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari).[4]
Na competição, Andreolo curiosamente enfrentou outro uruguaio, Héctor Cazenave, da seleção francesa.[10] Foi na ocasião em que a Itália, em função da anfitriã França também usar a cor azul, vestiu-se totalmente de preto, o que gerou polêmica devido à associação da cor alternativa ao fascismo.[11] O Uruguai natal de Andreolo e Cazenave havia se negado a disputar o torneio, oficialmente ainda em retaliação à larga ausência europeia na Copa do Mundo FIFA de 1930, apesar do empenho pessoal de Jules Rimet em trazer a Celeste por conta da ótima impressão que ela havia deixado localmente nas Olimpíadas de 1924; também interpretou-se que a ausência devia-se exatamente ao receio de perder este prestígio, após o mediano quarto lugar do país na Copa América de 1937.[12]
O desempenho de Andreolo na competição foi descrito como impecável, aparecendo especialmente para a assistência a Gino Colaussi no lance do primeiro gol italiano na semifinal contra o Brasil e por interceptar um escanteio da Hungria e iniciar o contra-ataque a resultar no primeiro gol da final, ainda aos 6 minutos de jogo.[10] O uruguaio, posteriormente, foi campeão com o Bologna também nas temporadas 1938-39 e 1940-41.[6] Na época, a equipe rossoblù tinha mais títulos que o Milan, Internazionale e Torino e somente um a menos que a Juventus; tinha seis conquistas[carece de fontes] e o início da década de 1940 encerrou o período mais áureo do clube, que perdurava desde meados da década de 1920. O Bologna ganhou apenas mais um campeonato posteriormente, e com o tempo passou a ser mais associado a lutas contra o rebaixamento, embora ainda seja a quinta equipe com mais títulos italianos, à frente dos três da Roma e dos dois cada de Fiorentina, Napoli e Lazio.[13]
Andreolo, considerado entre os quinze maiores jogadores uruguaios do futebol italiano,[5] defendeu a seleção até abril de 1942, em vitória por 4-0 sobre a Espanha em Milão.[carece de fontes] Prosseguiu uma bem sucedida carreira em outros clubes do país e nela ganhou muito dinheiro, mas faleceria esquecido e na miséria em 1981, aos 69 anos, na cidade italiana de Potenza.[4] Uma última homenagem em vida ocorrera no ano anterior: o uruguaio foi escalado para a "seleção italiana dos sonhos" no ano anterior, em votação promovida pelo jornal La Gazzetta dello Sport. A escalação completa foi Aldo Olivieri, Virginio Rosetta e Giacinto Facchetti, Pietro Serantoni, Armando Picchi, Andreolo e Gianni Rivera, Amadeo Biavati, Giuseppe Meazza, Silvio Piola e Luigi Riva.[7]
Títulos
[editar | editar código-fonte]Competições Nacionais
[editar | editar código-fonte]- Nacional
- Campeonato Uruguaio: 1933 e 1934 [6]
- Bologna
- Campeonato Italiano: 1935-36, 1936-37, 1938-39 e 1940-41 [6]
Competições Internacionais
[editar | editar código-fonte]- Seleção Uruguaia
- Seleção Italiana
Torneios Internacionais
[editar | editar código-fonte]- Bologna
- Torneio Internacional de Paris: 1937
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b «ANDRIOLO, MIGUEL ÁNGEL». Atilio Software. Consultado em 8 de junho de 2023
- ↑ a b c «Miguel Ángel Andriolo». Asociación Uruguaya de Fútbol. Consultado em 8 de junho de 2023
- ↑ Página da FIFA com estatísticas sobre o jogador(em inglês)
- ↑ a b c d e f GEHRINGER, Max (novembro de 2005). Os campeões. Placar: A Saga da Jules Rimet, fascículo 3 - 1938 França. Editora Abril, p.p 42-43
- ↑ a b c MOURA, Anderson (outubro de 2014). «Os 10 maiores uruguaios do futebol italiano». Calciopédia. Consultado em 10 de setembro de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j k BASSORELLI, Gerardo (2012). El Chivo Andreolo. Héroes de Nacional. Montevidéu: Editorial Fin de Siglo, p. 81
- ↑ a b Placar Mundial (22 fev. 1980). Placar n. 512. São Paulo: Editora Abril, p. 82
- ↑ a b c d MELOS PRIETO, Juan José (2012). 1933 - El Año de la Máquina. El Campeonato más largo de la historia. El Padre de la Gloria. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 68-73
- ↑ a b MELOS PRIETO, Juan José (2012). 1934. El Padre de la Gloria. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 74-77
- ↑ a b CASTRO, Robert (2014). Capítulo IV - Francia 1938. Historia de los Mundiales. Montevidéu: Editorial Fín de Siglo, pp. 56-78
- ↑ GEHRINGER, Max (nov. 2005). Fascistas. Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 3 - 1938 França". São Paulo: Editora Abril, p. 36
- ↑ GEHRINGER, Max. Dívida de honra (nov. 2005). Placar Especial "A Saga da Jules Rimet fascículo 3 - 1938 França". São Paulo: Editora Abril, pp. 6-8
- ↑ ANTONELLI, Rodrigo (setembro de 2015). «Os 10 maiores jogadores da história do Bologna». Calciopédia. Consultado em 15 de setembro de 2017