Miriam Pillar Grossi – Wikipédia, a enciclopédia livre
Miriam Pillar Grossi | |
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Nascimento | 1958 Porto Alegre |
Cidadania | Brasil |
Alma mater | |
Ocupação | antropóloga |
Empregador(a) | Universidade Federal de Santa Catarina |
Obras destacadas | estudos de gênero, feminismo |
Miriam Pillar Grossi (Porto Alegre, 1958) é uma antropóloga e acadêmica brasileira. Professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) onde atua desde 1989, atualmente aposentada e atuando como voluntária junto ao Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) [1]e pesquisadora destacada pelos trabalhos na área de gênero, sexualidade e violências, educação, história da antropologia e ciências [1][2]. Atribui ao ativismo político [2] [3] aproximação ao seu campo de pesquisa, tendo tido cargos de relevância política e institucional no campo da ciência como na presidência da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), presidência da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), na vice- presidência da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) e como membro da diretoria da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), entre outros, ao longo da carreira[1][4][5][6].
Vida
[editar | editar código-fonte]Miriam Pillar Grossi nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul[1]. De uma família de professores, seu pai foi pediatra e professor da Faculdade de Medicina da atual Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), ao passo que sua mãe, Esther Pillar Grossi, além de carreira na política, é renomada educadora, tendo sido uma das fundadoras, na década de 1970, do Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA). Miriam se habituou desde muito nova com a circulação de intelectuais, cientistas e artistas envolvidos nos ideais políticos progressistas, devido ao engajamento de seus pais, que se conheceram nos anos 1950 na JUC (Juventude Universitária Católica). Mudou-se pela primeira vez para França em 1968, acompanhada dos pais, onde frequentou a escola primária em Boulogne Billancourt, retornando ao Brasil em 1970[3]. Após sua volta, estudou na Aliança Francesa de Porto Alegre, onde, após finalização dos 3 anos de Diploma Superior de Língua Francesa da Universidade de Nancy - atuou por vários anos como professora de francês[7]. Em Porto Alegre estudou no Colégio Israelita Brasileiro, onde teve participação em Grêmios Estudantis e no campo do teatro.
Estudou na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS), onde concluiu sua graduação em Antropologia, em 1981, atribuindo a Maria Noemi Castilhos de Brito e Cláudia Fonseca a mentoria[2] na sua formação inicial na área de gênero.
Em 1983, obteve o título de DEA (Dipôme d'Études Approfondies) em Antropologia Social e Cultural pela Université de Paris, Paris V com pesquisa de campo sobre alimentação na região da Bretanha[3]. Na continuidade desenvolveu seu doutorado sobre feministas e frequentadores do SOS Mulher de Porto Alegre, defendido na Université Paris Descartes em 1988, com título “Représentations sur les femmes battues - la violence contre les femmes au Rio Grande do Sul”, sob a orientação de Louis Vincent Thomas[7].
É companheira de Carmen Rial, antropóloga brasileira.[3] [8]
Realizações
[editar | editar código-fonte]Desde 1991 é docente e pesquisadora na Universidade Federal de Santa Catarina, onde é fundadora e coordenadora Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (Nigs)[9] e pesquisadora do Instituto de Estudos de Gênero (IEG)[10], grupos de pesquisa referência nacional nas áreas do feminismo, educação, gênero e sexualidade[5][2]. Orientou, desde o final dos anos 1980 mais de 200 estudantes em pesquisas de Iniciação Cientifica, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado[9].
Fo professora visitante na Universidade de Brasília (UNB), Universidad de Chile, Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS), Instituto Universitário de Lisboa (ICTE) e ocupou as cátedra Ruth Cardoso junto à Columbia University[11] em 2017 e Chercheur invité no IHEAL – Institut des Hautes Études en Amérique Latine da Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 em 2022[9].
Ao longo da carreira se destacou também pela contribuição na gestão de instituições ligadas ao desenvolvimento do ensino e da pesquisa no Brasil e no exterior, de associações cientificas e em conselhos. Foi presidente da ABA – Associação Brasileira de Antropologia (gestão 2004/2006)[1][3][5][8], vice-presidente da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) na gestão 2013-2018 e 2024-2027 [12], presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciências Sociais - ANPOCS (gestão 2019-2020)[13], do Conselho Deliberativo (CD) do CNPq [14]como representante da comunidade científica (2020/2024) e Membro da diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC (gestão 2021-2023)[4].
Prêmios
[editar | editar código-fonte]- Prêmio Pierre Verger, “Mauss e suas alunas”, Associação Brasileira de Antropologia - ABA, 2000 [15]
- Melhor livro acadêmico sobre Sexualidade para o livro “Conjugalidades, Parentalidades e Identidades Lésbicas, Gays e Travestis” - Sociedade Brasileira de Sexologia, 2007[15]
- Medalha Roquette Pinto de Contribuição à Antropologia Brasileira, Associação Brasileira de Antropologia - ABA, 2008[16]
- Medalha Professor João David Ferreira Lima pela prestação de serviços relevantes serviços ao ensino superior no Município de Florianópolis - Câmara Municipal de Florianópolis, 2008[17]
- Prêmio de Excelência no Ensino de Antropologia no Brasil, Associação Brasileira de Antropologia - ABA, 2022[16]
Escritos
[editar | editar código-fonte]Livros e Coletâneas organizadas
[editar | editar código-fonte]- Tecendo redes em Antropologia feminista e estudos de gênero: 30 anos do NIGS UFSC. 1. ed. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2022 (org. com SILVA, Simone Lira da; COSTA, Patrícia Rosalba Moura). ISBN 978-65-86602-41-8
- Teoria Feminista e Produção de Conhecimento Situado: Ciências Humanas, Biológicas, Exatas e Engenharias. Florianópolis/Salvador: Tribo da Ilha/Devires, 2020. v. 1. 325p (org. com Com REA, Caterina). ISBN 978-65-86602-03-6
- Etnografia de um Congresso: a organização do 18o Congresso Mundial de Antropologia no Brasil. Florianópolis/Brasília: Tribo da Ilha/ABA Publicações, 2020. v. 1. 383p (org. com WELTER, Tânia). ISBN 978-65-86602-06-7
- Cientistas Sociais e o Coronavírus. 1. ed. São Paulo/Florianópolis: ANPOCS/Tribo da Ilha, 2020. v. 1. 722p (org. com TONIOL, Rodrigo). ISBN 978-65-86602-13-5
- Jeito de freira: uma etnografia da vocação religiosa feminina no século XX. 1. ed. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2020. v. 1. 97p. ISBN 978-65-86602-10-4
- Família, gênero e memória: diálogos interdisciplinares entre França e Brasil. Brasília (DF) :ABA; Florianópolis (SC) : Tribo da Ilha, 2020. 521p. (organizado com OLTRAMARI, L.C.; FERREIRA, V.K). ISBN 978-65-86602-22-7
- Caminhos feministas no Brasil : teorias e movimentos sociais. Tubarão (SC): Copiart; Florianópolis (SC): Tribo da Ilha, 2018 (org. com BONETTI, Alinne). ISBN 978-85-8388-114-8
- Conference Proceedings Anais 18th IUAES World Congress. Florianópolis: Editora Tribo da Ilha, 2018. v. 4. 456p (org. com LIRA DA SILVA, S. ; PORFIRIO, I.; VALE DOS SANTOS, C. A. ; LOPEZ ZAMORA, G.D. ; TERTULIANO, G. ; SCHEREN, M. L. ; CALUEIO, F. T.). ISBN 978-85-62946-96-7
- Transformando a Educação em Santa Catarina. Tubarão: Perito, 2017. v. 1. 280p (GARCIA, O. R. Z. ; ZANDONA, J). ISBN 978-85-93073-02-1
- Antropologia, Gênero e Educação em Santa Catarina. Florianópolis: Editora Mulheres, 2017. v. 1. 277p. (org. com WELTER, Tania, GRAUPE, Mareli .). ISBN 978-85-8388-091-2
- Sexualidades, Juventude e Representações Docentes: Uma etnografia em escolas públicas de Santa Catarina. Tubarão: Tribo da Ilha/Copiart, 2017. v. 1. 221p . (org. com FERNANDES, Felipe Bruno Martins ; CARDOZO, Fernanda). ISBN 978.85.8388.101.8
- Especialização em Gênero e Diversidade na Escola Livro I – Módulo I. Tubarão: Copiart, 2015. v.1. 141p (org. com GARCIA, O. R. Z. e MAGRINI, P. R.). ISBN 978.85.8388.055.4
- Especialização em Gênero e Diversidade na Escola Livro II – Módulo II. Tubarão: Copiart, 2015. v. 1. 139p (org. com GARCIA, O. R. Z. e MAGRINI, P. R.). ISBN 978.85.8388.056.1
- Especialização em Gênero e Diversidade na Escola Livro III – Módulo III. Tubarão: Copiart, 2015. v. 1. 152p (org. com LAGO, M. C. S., GARCIA, O. R. Z. MAGRINI, P. R.). ISBN 978-85-8388-039-4
- Especialização em Gênero e Diversidade na Escola Livro IV – Módulo IV. Tubarão: Copiart, 2015. v. 1. 160p. ISBN 978.85.8388043.1
- Especialização em Gênero e Diversidade na Escola Livro V- Módulo V e VI. Tubarão: Copiart, 2015. 320p. (org. com GARCIA, O. R. Z. e MAGRINI, P. R.). ISBN 978-85-8388-053-0
- Desafios da formação em Gênero, Sexualidade e Diversidade Étnico-raciais em Santa Catarina. 1. ed. Tubarão: Copiart, 2014. v. 1. 190p. (org. com GARCIA, O. R. Z. e GRAUPE, M. E).
- Fuxico: uma maneira lúdica de contribuir para o aprendizado das questões de gênero, sexualidades e raça/etnia. Florianópolis: Editora Copiart, 2013. v. 1. 503p. (org. com GARCIA, O. R. Z.).
- Conjugalidades, Parentalidades e Identidades Lésbicas, Gays e Travestis. 1. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. v. 1. 429p. (org. com P.; UZIEL, A. P. ; MELLO, L.). ISBN 978-85-7617-121-8
- Conferências e Diálogos: Saberes e Práticas Antropológicas. Blumenau: Nova Letra, 2007. v. 1. 284p. (org. com GROSSI, M. P. ; ECKERT, C. ; FRY, P.). ISBN 978-85-7682-205-9
- Gênero e Violência: Pesquisas acadêmicas brasileiras (1975-2005). Florianópolis: Editora Mulheres, 2006. v. 1. 92p. (org. com MENDES, J. C.C. ; MINELLA, L. S.). ISBN 85-86501-53-0
- Depoimentos: Trinta anos de pesquisas feministas brasileiras sobre violências. Florianópolis: Mulheres, 2006. 381p. (org. com MINELLA, L. S.; PORTO, R. M.). ISBN 85-86501-51-9
- Antropologia Francesa no Século XX. Recife: Massangana, 2006. v. 1. 350p. (MOTTA, A., CAVIGNAC, J. ). ISBN: 85.719.439.0
- Ensino de Antropologia no Brasil: Formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Blumenau: Nova Letra, 2006. v. 1. 454p. (TASSINARI, A. RIAL, C.). ISBN 85-7682-146-X
- Antropologia e Direitos Humanos 4. Blumenau: Nova Letra, 2006. v. 1. 423p. (org. com HEILBORN, M. L., Zanotta Machado). ISBN 85-7682-147-8
- Política e Cotidiano: Estudos Antropológicos sobre Gênero, Família e Sexualidade. Blumenau: Nova Letra, 2006. v. 1. 335p. (org. com SCHWADE, E.). ISBN 85-7682-148-6
- Movimentos Sociais, Educação e Sexualidades. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. v. 1. 277p. (org. com MENDES, J. C., PORTO, R. M. Muller, Rita, BECKER, S.Org.). ISBN 85-7617-069-8
- Interdisciplinaridade em Diálogos de Gênero. Florianópolis: Editora Mulheres, 2004. v. 1. 283p. (org. com ROCHA, C. T. C., LAGO, M. C. S., SENA, T., GARCIA, O. R. Z.). ISBN 85.86501.39.5
- Novas Tecnologias Reprodutivas Conceptivas: Questões e Desafios. Brasília: Letras Livres, 2003. v. 1. 196p. (org. com PORTO, Rozeli, TAMIANI, Marlene). ISBN 85-98070-01-7
- Cadernos NIGS – Série Extensão. Florianópolis: NIGS – Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades, 2003. v. 1. 140p. (org. com SILVA, Anelise, MARIANO, Rayani, WEISS, Fatima).
- Masculino, Feminino, Plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Editora Mulheres, 1998. v. 1. 318p. (org. com PEDRO, Joana). ISBN 85-86501-05-0
- Trabalho de Campo & Subjetividades. Florianópolis: UFSC, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 1992. 70 p.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e BONETTI, OLIVEIRA, Alinne, Amurabi (2022). «Miriam Pillar Grossi - uma antropóloga feminista educadora». Novos Debates: Fórum de Antropologia (Associação Brasileira de Antropologia). Novos Debates, 8 (2) (v. 8 n. 2 (2022)). Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b c d Lesnovski, Melissa Merino. «podcast #45 Miriam Grossi». Edu Voices - Instituto para Inovação em Educação. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b c d e Castro, Celso (8 de junho de 2014). «FGV/ Memorias das Ciências Sociais - Miriam Grossi». Fundação Getulio Vargas - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 15 de setembro de 2024
- ↑ a b «Miriam Grossi Participa de Programa UFSC Entrevista». Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 12 de abril de 2023. Consultado em 13 de setembro 2024
- ↑ a b c «Antropóloga Miriam Grossi ministra conferência na UFBA». Univerdade Federal da Bahia. 25 de julho de 2016. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ Grossi, Miriam (12 de abril de 2023). «UFSC Entrevista - Miriam Grossi». TV UFSC. Consultado em 15 de setembro de 2024
- ↑ a b "Ferreira", "Rea", "Vinicius", "Caterina" (22 de abril de 2012). «DE UM PAÍS AO OUTRO: PASSAGENS ENTRE A FRANÇA E O BRASIL - ENTREVISTA COM MIRIAM PILLAR GROSSI». Associação dos Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na França. Passagens de Paris (7-2012): p.19. Consultado em 23 de setembro de 2024
- ↑ a b «Miriam Pillar - Professora e pesquisadora de Estudos de Gênero e do Departamento de Antropologia». Aqui tem Diversidade UFSC
- ↑ a b c «Coordenadoras do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades». Universidade Federal de Santa Catarina. Consultado em 13 de setembro 2024
- ↑ «Equipe e Pesquisadoras do IEG». Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ Dequech, Gabriela (23 de abril de 2015). «Programa 'Cátedra doutora Ruth Cardoso' da Universidade de Columbia seleciona professora da UFSC». Notícias da UFSC. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ «Leadership/ Executive Committee». Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ «Diretorias, Comissões, Secretaria». anpocs.org.br. Consultado em 23 de setembro de 2024
- ↑ «Dalila Andrade Oliveira e Miriam Grossi assumem vaga no CD-CNPQ a partir de indicação da área». ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação -. 16 de setembro de 2020. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b Diana, Alita (23 de abril de 2010). «Presença das mulheres na antropologia do século XX em debate na UFSC». Noticias da UFSC. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b «Prêmios da ABA - Associação Brasileira de Antropologia, fundada em 1955». Associação Brasileira de Antropologia. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ «Professores da UFSC recebem a Medalha João David Ferreira Lima». Agencia de Notícias da UFSC. 11 de março de 2008. Consultado em 13 de setembro de 2024
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Página Pessoal
- Publicações do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades - NIGS
- Centro de Documentação - CEDOC do Instituto de Estudos de Gênero - IEG que reúne um conjunto de materiais digitais e físicos do campo dos estudos de gênero, feminismos e sexualidades.