Colinas de Golã – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Lago Ram próximo ao monte Hérmon (ao fundo), no nordeste das colinas de Golã. | ||
Localização | ||
Localização das colinas de Golã. | ||
Coordenadas | ||
País | Território sírio ocupado por Israel.[1] | |
Características geográficas | ||
Área total | 1 800 km² |
As colinas de Golã ou montes Golã (em árabe: هضبة الجولان, Hadhbat al-Jaulan, Haḍbatu 'l-Jawlān ou مرتفعات الجولان, Murtafaʕātu 'l-Jawlān; em hebraico: רמת הגולן Ramat HaGolan), antes conhecidas como colinas Sírias,[2][3][4][5] são uma região localizada no Levante.
A área exata definida como o território das colinas de Golã muda de acordo com a disciplina abordada:
- Como região geopolítica, as colinas de Golã são a área conquistada por Israel da Síria durante a Guerra dos Seis Dias, e posteriormente anexada pelo governo israelense em 1981. Esta região inclui os dois terços ocidentais das colinas de Golã geológicas, assim como a parte do monte Hérmon sob ocupação israelense. Internacionalmente reconhecida como território sírio, as colinas de Golã estão sob ocupação e administração de Israel desde 1967, quando a área foi capturada durante a Guerra dos Seis Dias. Após o cessar-fogo entre Israel e Síria, a chamada Linha Roxa passou a funcionar como limite entre os dois países.[6]
- Como região geológica e biogeográfica, as colinas de Golã são um planalto basáltico que tem suas fronteiras definidas pelo rio Jarmuque, no sul, o mar da Galileia e o vale de Hula, no oeste, o Antilíbano e o monte Hérmon, no norte, e o uádi Ruqqad no leste. Os dois terços ocidentais da região são atualmente ocupados por Israel, enquanto que a parte oriental é controlada pela Síria.
História
[editar | editar código-fonte]Os primeiros indícios de ocupação humana remontam ao período Paleolítico Superior.[7]
De acordo com o relato bíblico, um reino amorita em Basã foi conquistado pelos hebreus durante o reinado de Ogue.[8] Durante todo o período do Antigo Testamento, Golã era "o foco de uma luta de poder entre os reis de Israel e os arameus que estavam baseados perto da atual Damasco".[9] Na Mixná, a região é chamada de Gablān, nome similar aos nomes em aramaico: Gawlāna, Guwlana e Gublānā.[10]
Os iturianos, um povo árabe ou aramaico, estabeleceram-se na região no século II a.C. e lá permaneceram até o final do período bizantino. Na época, a região era chamada de "Gaulanita" (em grego: Γαυλανῖτις, transl.: Gaulanitis).[10][11][12][13] Assentamentos judaicos organizados na região chegaram ao fim do ano 636, quando a área foi conquistada pelos árabes sob Omar.[14] No século XVI, Golã foi conquistada pelo Império Otomano e foi parte do Vilaiete de Damasco, até ser transferida para o controle francês em 1918. Quando o mandato terminou em 1946, a região tornou-se parte da recém-independente República Árabe Síria.
Em 19 de junho de 1967, o gabinete israelense votou por devolver Golã à Síria em troca de um acordo de paz. Essas ofertas foram recusadas pelo mundo árabe com a Resolução de Cartum em 1 de setembro de 1967.[15][16] Após a Guerra do Yom Kippur em 1973, Israel concordou em devolver cerca de 5% do território ao controle civil sírio. Esta parte foi incorporada a uma zona desmilitarizada ao longo da linha de cessar-fogo e se estende à leste. Essa faixa está sob o controle militar da Força das Nações Unidas de Observação da Separação (UNDOF).
A construção de assentamentos israelenses começou no restante do território mantido por Israel, que estava sob administração militar até que Israel aprovou a Lei das Colinas de Golã, estendendo a legislação e a administração israelense a todo o território em 1981.[17] Esta atitude foi condenada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na Resolução 497,[18] afirmando que "a decisão de Israel de impor suas leis, jurisdição e administração nas ocupadas colinas de Golã sírias é nula e sem efeito jurídico internacional". Israel afirma que tem o direito de manter Golã, citando o texto da Resolução 242 da ONU, que clama por "fronteiras seguras e reconhecidas, livres de ameaças ou atos de força".[19] No entanto, a comunidade internacional rejeita as reivindicações israelenses de posse da área e considera a região como um território soberano sírio.[20]
Os primeiros-ministros israelenses, Yitzhak Rabin, Ehud Barak e Ehud Olmert afirmaram que estavam dispostos a trocar Golã pela paz com a Síria. Aproximadamente 10% dos drusos sírios que vivem em Golã aceitaram a cidadania israelense.[21] De acordo com o CIA World Factbook, em 2010, "existiam 41 assentamentos israelenses e terras de uso civil nas Colinas de Golã ocupadas por Israel".[22]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Golan Heights profile». BBC. Consultado em 30 de novembro de 2011
- ↑ Reuven Pedatzur (25 Nov. 2009). «Keeping the Golan won't protect Israel from Syria». Haaretz
- ↑ Edgar S. Marshall (2002). Israel: Current Issues and Historical Background. [S.l.]: Nova Science Publishers. p. 32. ISBN 159033325X
- ↑ H.P. Willmott (2002). When Men Lost Faith in Reason: Reflections on War and Society in the Twentieth Century. [S.l.]: Greenwood Press. p. 189. ISBN 0275976653
- ↑ Baruch Kimmerling (2003). Politicide: Ariel Sharon's war against the Palestinians. [S.l.]: Verso Books. p. 28. ISBN 1859845177
- ↑ «Agreement on Disengagement between Israeli and Syrian Force». Report of the Secretary-General concerning the Agreement on Disengagement between Israeli and Syrian Forces. United Nations. Consultado em 29 de novembro de 2011. Arquivado do original em 21 de abril de 2012
- ↑ Tina Shepardson. Stones and Stories: Reconstructing the Christianization of the Golan Arquivado em 15 de abril de 2001, no Wayback Machine., Biblisches Forum, 1999.
- ↑ Deuteronômio 3:1, Deuteronômio 3:2, Deuteronômio 3:3, Deuteronômio 3:4, Deuteronômio 3:5, Deuteronômio 3:6, Deuteronômio 3:7
- ↑ Tatro, Nicolas. «The Golan Heights: A Battlefield of the Ages». The Los Angeles Times. Consultado em 29 de novembro de 2011
- ↑ a b Moshe Sharon (2004). Corpus inscriptionum Arabicarum Palaestinae, (CIAP) Hardcover ed. [S.l.]: Brill Academic Publishers. p. 211. ISBN 90-04-13197-3
- ↑ Avraham Negev, Shimon Gibson (2005). Archaeological Encyclopedia of the Holy Land Paperback ed. [S.l.]: Continuum. p. 249. ISBN 0-8264-8571-5
- ↑ Dan Urman; Paul Virgil McCracken Flesher (1998). Ancient synagogues: historical analysis and archaeological discovery. [S.l.]: BRILL. p. 423. ISBN 978-90-04-11254-4. Consultado em 2 de março de 2011
- ↑ Eric M. Meyers (1996). The Oxford encyclopedia of archaeology in the Near East, Volume 2 Hardcover ed. [S.l.]: Oxford University Press. p. 421. ISBN 0-19-511216-4
- ↑ «The Golan Heights: Geography, Geology and History». Jewish Virtual Library. Consultado em 29 de novembro de 2011
- ↑ Dunstan, Simon (2009). The Six Day War 1967: Jordan and Syria. [S.l.]: Osprey
- ↑ Herzog, Chaim, The Arab Israeli Wars, New York: Random House (1982) p.190-191
- ↑ Golan Heights Law, MFA.
- ↑ UN Security Council Resolution 497
- ↑ Y.Z Blum "Secure Boundaries and Middle East Peace in the Light of International Law and Practice" (1971) pages 24–46
- ↑ International Labour Office (2009). The situation of workers of the occupied Arab territories International government publication ed. [S.l.]: International Labour Office. p. 23. ISBN 978-92-2-120630-9
- ↑ At a Glance: The Golan Heights World News Australia, 6 June 2011
- ↑ CIA - The World Factbook - Syria
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- The Syrian Golan – Permanent Mission of the Syrian Arab Republic to the United Nations
- Jawlan.org (em árabe)
- BBC Brasil sobre as Colinas de Golã