Muraenidae – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura a moreia formada por um glaciar, veja Morena (geologia). Se procura região do Peloponeso, veja Moreia (região).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaMuraenidae
moreias e moreões
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Anguilliformes
Família: Muraenidae
Subfamílias
Gymnothorax javanicus.
Muraena helena mostrando a morfologia típica das moreias: um robusto corpo "anguiliforme", a falta de barbatana peitoral e opérculos circulares.
Esquema do maxilares de uma moreia

Muraenidae é uma família de peixes ósseos anguiliformes,[1] que agrupa as espécies conhecidas pelos nomes comuns de moreias e moreões. Uma das principais características deste grupo é o corpo longo e cilíndrico,[2] semelhante em configuração a uma serpente. Conhecem-se cerca de 200 espécies, distribuídas por 15 géneros,[1] das quais a maior mede 4 metros de comprimento. Os murenídeos habitam cavidades rochosas e são carnívoros, caçando com base num olfacto muito apurado.[1] Não têm escamas , para protecção, algumas espécies segregam da pele um muco que contém toxinas. A maior parte das moreias não tem barbatanas peitorais ou pélvicas. A sua pele tem padrões elaborados que servem como camuflagem.[1]

Distribuição e habitat

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Muraenidae é uma família de peixes anguiliformes conhecidos vulgarmente por moreias ou moreões. Têm distribuição natural alargada nas águas tropicais, subtropicais e temperadas de todos os oceanos, particularmente nas regiões onde existam recifes coralinos.

A distribuição da família tende a ser cosmopolita, ocorrendo tanto nos mares tropicais como nos mares subtropicais e temperados, embora a sua maior riqueza em espécies se encontre nos recifes das regiões oceânicas de águas quentes. Poucas espécies vivem fora das águas tropicais e subtropicais, a não ser ocasionalmente.

Vivem a profundidades que vão desde a superfície a uma centena de metros, onde passam a maior parte do tempo dissimuladas no interior de fendas e pequenas cavernas, onde repousam durante o dia.

Apesar de muitas espécies ocorrerem regularmente em águas salobras, muito poucas espécies marinhas penetram nas águas doces, embora as espécies Gymnothorax polyuranodon e Echidna rhodochilus sejam dulçaquícolas.

Sendo predadores especializados na caça junto aos fundos e nas fendas das rochas e das formações coralinas, apresentam um corpo serpentiforme, que nalgumas espécies pode atingir 4 m (embora a média seja 150 cm) de comprimento. Essa morfologia serpiforme permite penetrar em aberturas estreitas e manter uma elevada mobilidade junto ao fundo, fazendo destes animais caçadores eficazes nesse ambiente.

A barbatana dorsal inicia-se imediatamente atrás da cabeça, percorrendo todo o dorso e unindo-se à caudal e à anal. A maioria das espécies carece de barbatana peitoral e de barbatana pélvica, o que contribui para acentuar o aspecto de serpente destes peixes.

Os olhos são comparativamente pequenos face à dimensão do animal, sendo que esta característica é compensada pelo olfacto, razão pela qual as moreias e moreões dependem do seu sentido de olfacto altamente desenvolvido, mantendo-se quietos e ocultos para emboscar as suas presas.

O corpo geralmente apresenta padrões coloridos para favorecer a cripse. Em algumas espécies, até o interior da boca apresenta padrões da mesma natureza.

As mandíbulas são largas, marcando um focinho que sobressai da cabeça. A maioria apresenta grandes dentes que usam para cortar a carne ou agarrar presas que possam ser escorregadias. Um número relativamente pequeno de espécies, por exemplo as espécies Echidna nebulosa e Gymnomuraena zebra, alimentam-se principalmente de crustáceos e outros animais de concha dura, possuem molares rombos especiais para quebrar a carapaça das suas presas.

A cabeça das moreias é demasiado estreita para criar as baixas pressões no seu interior que a maioria dos peixes usa para engolir as presas. Provavelmente devido a esta característica, apresentam um segundo par de mandíbulas, localizadas na garganta, denominadas mandíbulas faríngeas , que também apresentam dentes (como ocorre nas tilápias). Quando se alimenta, o animal desloca estas mandíbulas em direcção à boca, onde agarram a presa e a transportam para dentro da garganta e do aparelho digestivo. Estes peixes são os únicos animais que usam as mandíbulas faríngeas para capturar e reter activamente as presas.[3][4][5]

As espécies da família Muraenidae secretam um muco protector, que em algumas espécies é venenoso, revestindo a sua pela suave e sem escamas. Apresentam uma pele muito grossa, com uma alta densidade de células caliciformes na epiderme que permitem produzir muco muito mais rapidamente que nas espécies de enguias. A presença deste muco também permite que os grão de areia adiram aos lados dos esconderijos das espécies que caçam em meio arenoso,[6] tornando as paredes do abrigo mais permanentes devido à glicosilação das mucinas presentes no muco.

As guelras são pequenas e circulares, localizadas nos lados posteriores da boca, o que obriga o animal a manter um espaço vazio para facilitar a respiração.

As moreias e moreões são carnívoros, alimentando-se principalmente de peixes mais pequenos, polvos, crustáceos, lulas e chocos.

Entre os poucos predadores que caçam moreias estão os meros, as barracudas e as serpentes marinhas do grupo Hydrophiidae. Algumas espécies de moreia são pescadas para uso comercial, apesar de algumas poderem produzir intoxicação por ciguatera.

Classificação

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Gymnothorax javanicus, uma espécie com distribuição alargada no Indo-Pacífico tropical, é uma das espécies de maiores dimensões, podendo atingir 3 m de comprimento e pesar 70 kg.

Conhecem-se cerca de 202 espécies de moreias e moreões, repartidos por 6 géneros, o mais diverso dos quais é de longe Gymnothorax, que agrupa mais de metade das espécies de moreias que se conhecem. A família Muraenidae é composta por duas subfamílias e quinze géneros:[7]

As espécies mais comuns de moreia na costa portuguesa são:

As moreias recebem o nome de caramuru do povo indígena brasileiro Tupinambá e foi a alcunha dada por este povo ao português Diogo Álvares Correia, náufrago que viveu com estes índios. Em Portugal, as moreias são pescadas para alimentação.

Notas

  1. a b c d H. Kuiter, Rudie (1997). "Southeast Asia Tropical Fish Guide" (em inglês) segunda ed. Frankfurt: Ikan-Unterwasserarchiv. pp. 34–39 
  2. Allen, Gerry (2000). "Marine Fishes of South-East Asia" (em inglês). Singapore: Periplus Editions. p. 54. ISBN 962-953-267-4 Verifique |isbn= (ajuda) 
  3. Mehtal, Rita S.; Peter C. Wainwright (6 de setembro de 2007). «Raptorial jaws in the throat help moray eels swallow large prey». Nature. 449 (7158): 79–82. PMID 17805293. doi:10.1038/nature06062. Consultado em 6 de setembro de 2007 
  4. Hopkin, Michael (5 de setembro de 2007). «Eels imitate alien: Fearsome fish have protruding jaws in their throats to grab prey.». Nature News. doi:10.1038/news070903-11. Consultado em 6 de setembro de 2007 
  5. National Science Foundation (Sep. 5, 2007)
  6. Fishelson L (setembro de 1996). «Skin morphology and cytology in marine eels adapted to different lifestyles». Anat Rec. 246 (1): 15–29. PMID 8876820. doi:10.1002/(SICI)1097-0185(199609)246:1<15::AID-AR3>3.0.CO;2-E 
  7. ITIS

Ligações externas

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