Mosteiro de Likir – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Mosteiro de Likir | |
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O mosteiro visto da estrada de acesso | |
Informações gerais | |
Nomes alternativos | Klu-Kkhjil |
Tipo | gompa |
Estilo dominante | tibetano |
Construção | 1065 |
Aberto ao público | |
Religião | Budismo tibetano (Gelug) |
Geografia | |
País | Índia |
Cidade | Likir |
Território da União | Ladaque |
Distrito | Lé |
Coordenadas | 34° 16′ 36″ N, 77° 12′ 54″ L |
Localização do Mosteiro de Likir no Ladaque |
O Mosteiro de Likir ou Gompa de Likir, conhecido popularmente[1] como Klu-Kkhjil ("espíritos da águas")[2] é um mosteiro budista tibetano (gompa) da seita Gelug ("Chapéus Amarelos") do Ladaque, noroeste da Índia. Situa-se junto à aldeia de Likir, cerca de 52 km a noroeste de Lé, a capital regional. Pertence à seita Gelug e foi fundado em 1065 pelo lama Duwang Chosje, por ordem do quinto rei do Ladaque, Lhachen Gyalpo (Lha-chen-rgyal-po).[3]
O mosteiro ocupa o cimo de um monte a 3 750 metros de altitude, acima de um vale, cerca de 14 km a norte do curso do rio Indo. Fica 10 km a norte da estrada Srinigar–Lé, 21 km a nordeste de Alchi e 50 km a leste de Khaltsi. Apesar de estar relativamente isolado, junto a ele passava uma antiga rota comercial importante, que vinha de oeste, por Tingmosgang e Hemis Shukpachan e seguia para leste, em direção a Lé.[4]
História
[editar | editar código-fonte]A gompa é mencionada nas crónicas ladaques como tendo sido erigida pelo rei Lhachen Gyalpo (Lha-chen-rgyal-po; r. c. 1050-1080).[5] Likir significa "naga enrolada", uma referências aos dois espíritos-serpente, as Naga-rajas Nanda e Taksako.[6] Presumivelmente, pertenceu originalmente à ordem Kadampa do budismo tibetano.[7][8] Quando o tibetologista August Hermann Francke visitou o mosteiro em 1909 foi-lhe mostrada uma longa inscrição escrita em tinta negra numa parede que resumia a história do mosteiro, que Francke copiou e interpretou da seguinte forma:
“ | O rei Lha-chen-rgyal-po fundou o mosteiro no século XI. No século XV, o lama Lha-dbang-chos-rje (um discípulo famoso de Tsongkhapa) converteu os lamas às doutrinas reformadas da ordem Ge-lug-pa e refundou o mosteiro como um estabelecimento Ge-lug-pa. Diz-se que depois, passada sete gerações de Lha-chen-rgyal-po, o rei Lha-chen-dngos-grub (r. ca. 1290–1320) subiu ao trono e instituiu o costume de enviar todos os noviços para Lassa. Esta afirmação é encontrada exatamente com as mesmas palavras que encontramos no rGyal-rabs. [9] | ” |
Dezoito gerações mais tarde, o rei bDe-legs-rnam-rgyal reinou, mas o seu nome foi apagado da inscrição porque ele foi forçado a converter-se ao islão depois da batalha de Basgo, em 1646-1647. A inscrição data do reinado de Thse-dbang-rnam-rgyal II (Tsewang Namgyal II; ca. 1760-1780), que reparou o mosteiro depois dum fogo de grandes proporções.[5][10] Francke descreveu também uma grande estupa que já não existe, situada abaixo do mosteiro, que no interior tinha frescos representando Tsongkhapa e outros lamas do seu tempo.
“ | Pintada acima da porta, encontra-se uma figura muito estranha que se parece muito com uma das representações comuns de Srong-btsan-sgam-po (Songtsen Gampo).[nt 1] Os lamas disseram-me que ele representa um lama do tempo de Srong-btsan-sgam-po. A figura tem um chapéu com três pontas de cor branca e carrega dois leopardos debaixo dos braços. A parte mais baixa do chorten é uma sala quadrada que um lama me disse ser o templo mais antigo em Likir, que já lá estava quando o rei Lha-chenrgyal-po construiu o mosteiro. [5] | ” |
O mosteiro de Likir tem sido dirigido por sucessivas reencarnações de Ngari Rinpoche (ou Naris Rinpoche),[3] cuja reencarnação atual é o irmão mais novo do Dalai Lama, que embora não resida em Likir permanentemente, é quem dirige as pujas budistas mais importantes.[11]
Em meados da década de 2010, o mosteiro tinha mais 120 monges e estudantes.[1] Na década anterior, na escola do mosteiro estudavam pouco menos de 30 alunos. A escola é administrada pelo Instituto Central de Estudos Budistas (Central Institute of Buddhist Studies) de Lé e nela são lecionadas aulas em hindi, sânscrito e inglês.[6]
O evento mais importante e famoso que ocorre no mosteiro é o Dosmochey, durante o qual são feitas oferendas votivas e realizadas danças sagradas. Tem lugar entre o 27.º e o 29.º dia do 12.º mês do calendário tibetano (segunda quinzena de fevereiro).[3]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]O mosteiro situa-se no cimo de um monte, acima de campos agrícolas da aldeia de Likir. O templo principal ocupa o planalto mais alto do complexo. Além do templo principal, as partes mais importantes do mosteiro são dois dukhangs (salas de assembleia ou de oração), alojamentos para os monges e edifícios de serviços, como a cozinha e o refeitório. As diversas partes do mosteiro foram modificadas, construídas e reconstruídas ao longo da sua extensa história e na sua forma atual sugerem um mosteiro bem fortificado, compacto e estrategicamente situado.[carece de fontes]
Dukhangs
[editar | editar código-fonte]O dukhang mais antigo situa-se no lado direito do pátio central. Nele há seis filas de assentos para os lamas, um trono para o lama chefe.[8] Lá se encontram estátuas de um bodisatva, outra de Amitaba, três de Sakyamuni de grandes dimensões, uma de Maitreya e outra de Tsongkhapa, o fundador da seita dos "Chapéus Amarelos" (Gelug).[3] A varanda tem thangkas (pinturas) dos Guardiões das Quatro Direções e de Yama segurando uma mandala da Roda da Vida.
Ainda no mesmo dukhang, há armários envidraçados onde são guardados exemplares obras como o Kandshur[nt 2] e o Thandshur.[nt 3] Nas vigas junto à entrada estão penduradas duas thangkas com representações de Sakyamuni e da divindade protetora de Likir.[8] Por cima do telhado ergue-se uma estátua dourada de Maitreya com 23 metros de altura, completada em 1999.[13] No pátio há uma grande árvore de espécie muito rara.[8][necessário esclarecer]
O dukhang novo tem cerca de 200 anos e situa-se no lado diagonalmente oposto à entrada do pátio. Contém uma estátua de Avalokiteshvara com mil braços e onze cabeças. Ao lado da estátua há armários com os volumes do Sumbum, que relatam a vida e os ensinamentos de Tsongkhapa. A parede à esquerda tem pinturas com os 35 Budas Confessionais, enquanto a da esquerda tem uma imagem de Sakyamuni ladeado por dois dos seus discípulos.[8]
Zinchun e gonkhang
[editar | editar código-fonte]Uma escadaria conduz para fora do dukhang novo, a qual conduz a um portal que se abre para um pátio. Nesse pátio encontra-se o zinchun, a sala do lama chefe, que contém principalmente thangkas, imagens de lamas e as 21 manifestações da Tara Branca, a consorte de Avalokiteshvara.[8]
Descendo as escadas exteriores ao pátio do zinchun chega-se ao à sala do gonkhang[14] ("templo do protetor" e das oferendas rituais).[15] O gonkhang foi construído entre 1983 e 1984, quando o mosteiro passou por uma renovação.[14] Nas suas paredes há thangkas com as divindades protetoras. O mesmo se passa na sala fechada por um vidro que se encontra em frente ao gonkhang.[8]
Além de de manuscritos antigos, o mosteiro conserva importantes coleções de thangkas, vestuário antigo e cerâmica.[8][6]
Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Likir Monastery», especificamente desta versão.
- ↑ Songtsen Gampo foi o fundador do Império Tibetano e segundo a tradição foi quem introduziu o budismo no Tibete. Nasceu entre 557 e 617 e morreu em 649.
- ↑ O Kandshur é uma coleção de dezenas de livros com traduções dos ensinamentos de Buda.[12]
- ↑ O Thandshur é uma coleção de 225 volumes de comentários ao Kandshur compilada pelo mestre religioso Du-ston (1290–1364).[12]
Referências
- ↑ a b Rajput, Anil (2014). «Likir Gompa, Monastery, Ladakh» (em inglês). promarktravels.com. Consultado em 10 de agosto de 2016
- ↑ «Likir Monastery» (em inglês). chokhortravels.com. Consultado em 10 de agosto de 2016
- ↑ a b c d «Likir Gompa» (em inglês). www.buddhist-temples.com. Consultado em 10 de agosto de 2016
- ↑ Francke 1977, p. 91.
- ↑ a b c Francke 1914, p. 87.
- ↑ a b c Jina 1996, p. 210.
- ↑ Rizvi 1994, p. 241.
- ↑ a b c d e f g h «Likir Monastery, J&K» (em inglês). www.buddhist-tourism.com. Consultado em 10 de agosto de 2016. Arquivado do original em 1 de julho de 2012
- ↑ Francke 1914, pp. 24, 87.
- ↑ Francke 1914, p. 130.
- ↑ Rizvi 1996, pp. 242-242.
- ↑ a b «Phyang Gompa Ladakh» (em inglês). www.cultureholidays.com. Consultado em 10 de agosto de 2016
- ↑ Banerjee 2010, p. 131.
- ↑ a b «Likir Gompa» (em inglês). www.cultureholidays.com. Consultado em 10 de agosto de 2016
- ↑ «Glossary: Monastery, Residence & Retreat Terminology» (em inglês). Himalayan Art Resources. www.himalayanart.org. Consultado em 10 de agosto de 2016
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Banerjee, Partha S. (2010), Ladakh, Kashmir & Manali: The Essential Guide, ISBN 9788190327022 (em inglês) 2.ª ed. , Calcutá: Milestone Books
- Francke, August Hermann (1907), A History of Western Tibet: One of the Unknown Empires, ISBN 9788120610439 (em inglês), Londres (publicado em 1977), consultado em 8 de agosto de 2016
- Francke, August Hermann (1914), Thomas, Frederick William, ed., Antiquities of Indian Tibet: Personal narrative (em inglês), Nova Deli: S. Chand (publicado em 1972), consultado em 8 de agosto de 2016
- Jina, Prem Singh (1996), Ladakh: The Land and the People, ISBN 9788173870576 (em inglês), Indus Publishing, consultado em 10 de agosto de 2016
- Jina, Prem Singh (2009), «10. Likir A Geluk-pa Monastery in Ladakh», Cultural Heritage of Ladakh Himalaya, ISBN 9788178357454 (em inglês), Gyan Publishing House, pp. 121–162, consultado em 10 de agosto de 2016
- Rizvi, Janet (1996), Ladakh: Crossroads of High Asia, ISBN 9780195645460 (em inglês) 2ª ed. , Deli: Oxford University Press India
- Shankar, Pratyush; Memon, Anar (2007), Likir Monastery — The structuring principles of the complex (em inglês), Catmandu: International Centre for Integrated Mountain Development (ICIMOD), consultado em 10 de agosto de 2016