Movimento de Educação de Base – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Movimento de Educação de Base (MEB), fundado em 21 de março de 1961, é um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), constituído como sociedade civil, de direito privado, sem fins lucrativos.

Sua missão é "Contribuir para promoção humana integral e superação da desigualdade social por meio de programas de educação popular libertadora ao longo da vida." Atua na educação de jovens e adultos, se utilizando do método ver, julgar a agir, em sintonia com os princípios filosóficos do educador Paulo Freire.[1][2]

Na década de 1950, Dom Eugênio de Araújo Salles, então Bispo de Natal (RN), visitou a Colômbia para conhecer as Escolas Radiofônicas da Colômbia, iniciadas pelo Padre Salcedo no povoado de Sutatenza, em 1947.

Em 1958, teve início a transmissão de programas educativos pela emissora católica da Diocese de Natal.[3] Posteriormente, ações semelhantes tiveram início em outros estados do Brasil.

Essas ações eram coordenadas por leigos, a maioria deles ligados aos movimentos estudantis católicos (Juventude Estudantil Católica (JEC) e Juventude Universitária Católica (JUC)). Além disso, contavam com o apoio de entidades estudantis laicas como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e as Uniões Estaduais dos Estudantes (UEE's).

Essas experiências ocorriam isoladamente, até que, no segundo semestre de 1960, a Rede Nacional de Emissoras Católicas (Renec) promoveu o 1º Seminário de Educação de Base em Aracaju (Sergipe), onde foi debatida a criação de um Movimento Nacional de Educação de Base.

No final de 1960, Dom José Vicente Távora, Arcebispo de Aracaju e Presidente da Renec, enviou uma carta ao Presidente da República, em nome da CNBB, propondo a criação do MEB.

Como resultado, foi publicado o Decreto nº 50.370, de 21 de março de 1961, que previu repasse de recursos do orçamento da União para o MEB, gerido pela CNBB, que se utilizaria de Escolas Radiofônicas nas áreas subdesenvolvidas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.[4]

Em 1963, foi publicado o Decreto nº 52.267, de 17 de julho de 1963, que reafirmou o apoio do governo federal ao MEB.[5]

Voltado para o trabalhador rural e tendo quadros vinculados à Ação Católica Brasileira (ACB), o MEB foi muito além da mera alfabetização, pois procurou realizar um trabalho social mais amplo: conscientizando os camponeses sobre as possibilidades de transformar a realidade. Portanto, temas como sindicalismo, cooperativismo e reforma agrária eram objeto das ações do MEB.

A evolução do trabalho se deu no contato com as próprias comunidades, a partir trocas de ideias constantes entre o MEB e os trabalhadores rurais e entre os integrantes do próprio MEB. Essa dinâmica se estabeleceu devido à disposição de aprender com as comunidades e pelo sucesso do MEB-Nacional na promoção do contato entre as Equipes, por meio de encontros, estágios, treinamentos, etc.

O educando assumia a programação educativa do MEB numa linha de ação e reflexão sobre suas necessidades concretas, tais como acesso: à assistência a saúde, a um trabalho digno, à habitação, a formas de produção, ao universo cultural, além de refletir sobre sua pessoa diante de Deus, de sua comunidade e da sociedade em geral. Desse modo, buscava superar níveis de marginalização sócio-econômica, cultural e religiosa, visando à própria libertação integral.

O MEB o produziu cartilhas "Saber para Viver" e "Viver é Lutar", "Mutirão" (1 e 2), essas com desenhos do cartunista Ziraldo, "O Homem do Campo" e "Sucupira".[3]

Com o golpe militar de 1964, o MEB sofreu o peso da repressão política, além de pressões da própria hierarquia da Igreja para realizar mudanças em sua linha de ação. Em dois ou três anos, o Movimento havia praticamente desaparecido.

Na década de 1970, o MEB ressurgiu, mas com outras características.[6][7]

Após mudanças na linha de ação o MEB traz uma nova ideia de educação de base, baseado em uma visão de consciência e realidade histórica, buscando contribuir para promoção humana integral e superação da desigualdade social por meio de programas de educação popular libertadora ao longo da vida.[1]

Atualmente o MEB, com toda a sua estrutura e organização traz consigo um modo de educação para jovens e adultos, que vai além da sala de aula, eles prezam por integrar a cultura do meio que se vive a alfabetização e educação de base, buscam ensinar por meio de oficinas de ofícios diversos, não é uma educação para índices é uma educação para que se tenha uma vida melhor.[8]

A área de atuação do Movimento de Educação de Base se dá nas seguintes regiões: Rio Grande do Norte, Alagoas, Amazonas, São Paulo, Distrito Federal, Piauí, Maranhão, Ceará, Roraima atuando também no Norte e Nordeste do estado de Minas Gerais, em regime de parceria com o governo estadual.[1]

A opção preferencial por essas regiões está definida em Estatuto, como áreas populacionais do País em que os indicadores socioeconômicos revelam situação de pobreza e, consequentemente, índices sociais e econômicos abaixo dos desejados.[1]

As ações de mobilização social, de alfabetização de jovens e adultos e de educação de base são responsabilidade de equipes regionais em cada uma das unidades da federação em que atuam. A coordenação pedagógica, o planejamento, o controle administrativo e a avaliação de resultados das ações são monitoradas a partir da Equipe Nacional, localizada em Brasília.[1]

Estrutura Organizacional

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  • Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
  • Conselho Diretor Nacional (CDN)
  • Secretaria Geral (SG)
  • Conselho Fiscal (CF)
  • Equipe Nacional (EN)
  • Equipe Local (EL)
  • Sistemas de Base (SB)
  • Secretaria Executiva[1]

Referências

  1. a b c d e f Conheça o MEB, acesso em 29 de setembro de 2016.
  2. Movimento de Educação de Base - MEB, acesso em 29 de setembro de 2016.
  3. a b Apresentação, acesso em 29 de setmbro de 2016.
  4. Decreto nº 50.370, de 21 de Março de 1961, acesso em 29 de setembro de 2016.
  5. Decreto nº 52.267, de 17 de Julho de 1963, acesso em 29 de setembro de 2016.
  6. Movimento de Educação de Base, MEB, acesso em 29 de setembro de 2016.
  7. MEB – MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE, acesso em 29 de setembro de 2016.
  8. FÁVERO, Osmar (2002). «MEB–Movimento de Educação de Base-primeiros tempos: 1961–1966.» (PDF). Paulo Freire: educação e transformação. Consultado em 24 de abril de 2018