Mutum-do-sudeste – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Mutum-do-sudeste macho
Mutum-do-sudeste macho
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Galliformes
Família: Cracidae
Género: Crax
Espécie: C. blumenbachii
Nome binomial
Crax blumenbachii
(Spix, 1825)
Distribuição geográfica
Distribuição do mutum-do-sudeste
Distribuição do mutum-do-sudeste

O mutum-do-sudeste[2] ou mutum-de-bico-vermelho[3] (nome científico: Crax blumenbachii) é uma espécie de ave galiforme da família dos cracídeos (Cracidae).[4] É uma ave de grande porte, habitando estritamente as florestas do sudeste do Brasil.[5] Ameaçada de extinção, sua população está diminuindo devido à caça e ao desmatamento.[6]

O vernáculo mutum deriva do tupi mï'tũ no sentido de 'ave galiforme'. Seu primeiro registro ocorreu em 1584, como mutũ, depois reaparecendo como motum em 1587, motu em 1594, mutus em 1618 e finalmente mutum em 1631.[7]

A espécie mede entre 82–92 centímetros (32–36 in) de comprimento[8] e pesa cerca de 3,5 quilos, vivendo na natureza, em média, 10 anos.[2] O macho tem a parte superior totalmente preta com uma grande crista preta e a parte inferior da barriga branca. O macho pode ser distinguido do mutum-fava (Crax globulosa) por ser menos preto-azulado e do mutumporanga (Crax alector) por ser menos preto-arroxeado.[8] A fêmea não tem barbatanas e tem partes superiores pretas, uma crista com barras pretas e brancas, asas marrom-avermelhadas com barras e manchas pretas, com as partes inferiores sendo marrom-avermelhadas ou ocre.[8]

Comportamento

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É uma ave que vive principalmente no solo.[1] Diante de sua dificuldade de voar e por preferir o solo, foi comparada com a galinha.[2] Alimenta-se de sementes, frutos, gomos e pequenos invertebrados. Os machos podem ser ouvidos emitindo seus altos booms em setembro e outubro. As fêmeas põem uma ninhada de um a quatro ovos e os filhotes emplumam no final do ano.[1]

Abrangência e conservação

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O mutum-do-sudeste é endêmico da Mata Atlântica brasileira, sendo encontrada em apenas poucos locais da Bahia e do Espírito Santo.[2] Sua população está diminuindo devido à perda de habitat e à caça. A floresta virgem em que vive foi amplamente convertida em terras agrícolas e plantações.[1] Em 2020, foi estimado que existiam apenas 250 indivíduos adultos na natureza.[2] O mutum-do-sudeste é mantido também em reservas, mas mesmo nestes locais é caçado e capturado para fins comerciais.[1] Também é vulnerável a ataques de animais domésticos.[2] Possivelmente já foi extirpada de Minas Gerais.[6] No entanto, tanto em Minas Gerais como no Rio de Janeiro, está sendo reintroduzida por meio da criação em cativeiros.[9]

Apesar dessas iniciativas, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) a classificou como espécie em perigo em sua Lista Vermelha.[1] Em 2005, foi classificado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[10] em 2010, como criticamente em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[11] em 2014, como criticamente em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[12] em 2017, como criticamente em perigo na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia;[13] e em 2018, como criticamente no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)[14] e como possivelmente extinto na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[15] Também é registrado no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).[16]

Referências

  1. a b c d e f «Red-billed Curassow: Crax blumenbachii». BirdLife International. 2016. p. e.T22678544A92777952. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22678544A92777952.en. Consultado em 15 de julho de 2021 
  2. a b c d e f «Mutum-do-sudeste - Caça e devastação fizeram com que restassem apenas 250 indivíduos dessa espécie endêmica da Mata Atlântica na natureza». National Geographic Brasil. 17 de abril de 2020. Consultado em 17 de abril de 2022 
  3. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 101. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  4. «Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii)». Ambiente Brasil. 2021. Consultado em 15 de julho de 2021 
  5. «mutum-de-bico-vermelho». e-Bird. 2021. Consultado em 15 de julho de 2021 
  6. a b Bianchi, Carlos A.; Olmos, Fabio; Silveira, Luís Fábio (Janeiro de 2004). «Plano de Ação para a Conservação do Mutum-do-sudeste Crax blumenbachii». Ministério do Meio Ambiente. ISBN 85-7300-172-0. Consultado em 15 de julho de 2021 
  7. Grande Dicionário Houaiss, verbete mutum
  8. a b c Emmet Reid Blake (1 de julho de 1977). Manual of Neotropical Birds. Chicago: Imprensa da Universidade de Chicago. p. 432. ISBN 978-0-226-05641-8 
  9. Suzano Camargo (27 de janeiro de 2021). «Como a paixão de um brasileiro pelo mutum-do-sudeste conseguiu trazer esperança para a sobrevivência da espécie». Conexão Planeta. Consultado em 15 de julho de 2021 
  10. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  11. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  12. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  13. «Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.» (PDF). Secretaria do Meio Ambiente. Agosto de 2017. Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de abril de 2022 
  14. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  15. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  16. «Crax blumenbachii Spix, 1825». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022