Pato-corredor – Wikipédia, a enciclopédia livre
Pato-corredor | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Estado de conservação | |||||||||||||||
Quase ameaçada | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Neochen jubata (Spix, 1825) | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
O pato-corredor[1] ou ganso-do-orinoco (Neochen jubata) é um ave anseriforme, da família dos anatídeos, em diversas regiões também é chamado de ganso-do-orinoco, marrecão, marrecão do banhado, roncador, além disso recebeu o nome de wa-na-ná, sendo esta denominação utilizada por índios kamaiurá que vivem em regiões do Mato Grosso. Parente dos patos, gansos e cisnes. Ele é o único membro vivo do gênero Neochen.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Etimologia: do (grego) neos = novo; e khën = ganso, alusão ao seu voo similar ao animal; e do (latim) iuba, iubatus = crista, possui uma crista, ou seja, ''Novo ganso com crista.''
Nomes vernáculos
[editar | editar código-fonte]- Proto-Mamoré-Guaporé[2]: *βonono
- Sáliba[3]: hunana
Características
[editar | editar código-fonte]Seus indivíduos apresentam entre 61 e 76 centímetros. Possuem flancos de cor castanha, cabeça e peito cinza-amarelados, manto e asas escuras com um espéculo branco. Seu bico possui as cores preto e rosa. Não há distinção entre as cores de plumagens entre machos e fêmeas, apenas entre o tamanho, sendo o macho maior do que a fêmea.
Segundo Hidalgo (2010), a plumagem dos indivíduos jovens é muito similar aos adultos, sendo assim, a identificação dos mais jovens é dificultada através dessa característica.
É uma espécie basicamente terrestre, porém, apresenta facilidade para se empoleirar em árvores, não costuma ser visto nadando, esta é uma característica diferente dos demais anatídeos (patos, gansos e cisnes). Possui o costume de ficar nas margens, onde se destaca devido sua agilidade e velocidade se comparado aos outros patos. Seu voo é similar ao de um ganso.
Alimentação
[editar | editar código-fonte]A sua dieta alimentar é bastante equilibrada, alimentando-se de partes tenras de vegetais, pequenos invertebrados como insetos, vermes e moluscos (Carboneras, 1992). Encontra sua comida através do forrageamento na terra, pastando (del Hoyo, 1992).
Reprodução
[editar | editar código-fonte]O pato-corredor é uma espécie muito territorial na época de reprodução, e, geralmente, faz seus ninhos em árvores ocas, apenas ocasionalmente no chão.
O ninho é construído com as penas retiradas do próprio peito do animal. Sua postura é de 6 a 10 ovos, que possuem medidas de 60x42mm, de cor creme e lustrosos, incubados por cerca de 30 dias (Santos, 1979).
O acasalamento ocorre através de várias danças e contorções onde ambos os parceiros se movem com pequenos passos, intercalando momentos em que ficam com seus corpos enrijecidos e pescoços esticados. O macho bate as asas vigorosamente em frente da fêmea da sua escolha. Intensos combates podem ocorrer entre machos rivais. O macho tem um assovio de alta frequência, e os cacarejos do sexo feminino, são muito parecidos com o do ganso egípcio.
Hábitos
[editar | editar código-fonte]Possui ampla distribuição, mas está ficando cada vez menos comum, com exceção de áreas protegidas e remotas. Frequenta praias abertas, pedregosas, de rios das regiões quentes (Sick 1997), beiras florestadas de rios tropicais e também em espaços abertos de savanas alagadas, geralmente abaixo de 500 m de altitude (del Hoyo 1992). Está desaparecendo dos rios navegáveis (Sick 1997).
Migração
[editar | editar código-fonte]Segundo descreveu Caboneras (1992), é uma espécie que não apresenta deslocamento migratório longo, já que é do tipo residente. Recentemente cientistas registraram um importante deslocamento migratório desta espécie na amazônia.
Estado de conservação
[editar | editar código-fonte]As unidades de conservação do Araguaia possuem uma importância primordial para a perpetuação da espécie. Segundo a pesquisa feita pelo doutor em ecologia pela Universidade de Brasília, Paulo de Tarso Zuquim Antas. Quando o rio Araguaia baixa, o pato-corredor (Neochen jubata) procura as praias do Parque Nacional do Araguaia ou do Parque Estadual do Cantão para se reproduzir. Quando o rio sobe, o animal se desloca para as plantações de arrozais, na procura de alimentos. E são muitos, o Araguaia concentra a maior população de Neochen jubata do sul da Amazônia.
O desaparecimento da espécie do estado de São Paulo no Brasil, deve-se ao represamento de grande parte dos rios que correm no interior de São Paulo, levando à supressão de praias e grandes extensões de matas ciliares, ambientes chave para a alimentação e reprodução da espécie.
Distribuição Geográfica
[editar | editar código-fonte]O Pato-corredor (Neochen jubata), segundo (Sick 1997), apresenta distribuição geral, ocorrendo na Amazônia e Brasil Central. Pode ocorrer a leste dos Andes, desde o norte da América do Sul até o norte da Argentina (Carboneras, 1992).
Ele é um anatídeo de distribuição estritamente da América do Sul, abrangendo o leste da Colombia, Venezuela, Equador, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, zonas amazônicas do Brasil, extremo leste do Peru, Bolívia, oeste do Paraguai, onde é raro, e extremo noroeste da Argentina (BirdLife International 2009). Atualmente, a região do médio curso do rio Juruá, no estado do Amazonas, é onde se encontra a maior população reportada da espécie no bioma Amazônico (Endo et al. 2014). Ainda de acordo com a Birdlife (2006), as maiores populações desta espécie encontram-se no norte da Bolívia e no centro-oeste do Brasil, na Ilha do Bananal.
É raro ou ausente ao longo da costa nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Comumente observado em praias arenosas ao longo de rios de médio e grande porte, com mata ciliar bem desenvolvida. Encontrado também em savanas alagadiças e extensos banhados de água doce (Carboneras, 1992).
Referências
- ↑ Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022
- ↑ Jolkesky, Marcelo (2016). Uma reconstrução do proto-mamoré-guaporé (família arawák). LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, 16(1), 7-37. doi:10.20396/liames.v16i1.8646164
- ↑ Jolkesky, Marcelo. 2009. Macro-Daha: reconstrução de um tronco lingüístico do noroeste amazônico. ROSAE - I Congresso Internacional de Lingüística Histórica, 26-29 July 2009.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BirdLife International (2006). Neochen jubata (em inglês). IUCN 2006. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2006. Página visitada em 11 Maio 2006.
- The World Bird Database, AVIBASE; http://avibase.bsc-eoc.orgspecies.jsp?avibaseid=FA5A25B2FA057FE0
- Sick, Helmut. Ornitologia brasileira. Nova Fronteira, 1997.
- Carboneras, C. (1992) Anatidae (Ducks, Geese, and Swans). Pp. 536-628 in del Hoyo, J., Elliott, A. and Sargatal, J., eds. Handbook of the birds of the world. Barcelona, Spain: Lynx Edicions.
- del Hoyo, J.; et al., (2014). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.
- Develey, Pedro e de Lucca, André (2009), - Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - VERTEBRADOS; Governo do Estado de São Paulo; Secretaria do Meio Ambiente; Fundação Parque Zoológico de São Paulo.
- BirdLife International (2006) - Species factsheet: (Neochen jubata).