Nildo Ouriques – Wikipédia, a enciclopédia livre
Nildo Ouriques | |
---|---|
Nascimento | 21 de janeiro de 1959 Joaçaba |
Ocupação | economista |
Nildo Domingos Ouriques (nascido em 21 de janeiro de 1959) é um economista e acadêmico brasileiro. Foi presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federal de Santa Catarina e professor de economia na mesma universidade.[1] Ao longo de sua carreira acadêmica, lecionou em instituições de todo o mundo, incluindo a Universidade Nacional de Tucumán na Argentina, a Universidade de Pádua na Itália, a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), a Universidade Bolivariana da Venezuela e a Universidade Simón Bolívar em Quito, Equador.[2] Em 2020, Ouriques foi incluído na lista dos chamados “detratores do governo” na academia e no jornalismo.[3][4]
Vida e carreira acadêmica
[editar | editar código-fonte]Ouriques nasceu em Joaçaba, Santa Catarina, Brasil, cidade onde morou até os 17 anos, quando terminou o ensino médio.[5] Durante a sua juventude, Ouriques foi ativo no movimento estudantil contra a ditadura militar.[6] Ouriques tem doutorado em economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e pós-doutorado pela Universidade de Buenos Aires.[7] Grande parte de seu trabalho se concentra na relação entre marxismo e nacionalismo, bem como na teoria marxista da dependência de forma mais geral.[8]
Atividade e visões políticas
[editar | editar código-fonte]Ouriques, que por duas décadas foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT),[9] de esquerda, deixou o partido, citando seu descontentamento com o que chamou de "sistema petucano" (uma aglutinação de petista, membro do PT, com tucano, membro do PSDB, de centro-direita).[5] Segundo Ouriques, embora o PT tenha nascido do "protesto dos trabalhadores contra a ditadura", o partido sucumbiu à "ordem burguesa" no poder.[10] Ouriques criticou Luiz Inácio Lula da Silva por não ter trabalhado de perto o suficiente com o presidente Hugo Chávez da Venezuela para criar um "bloco regional coeso" anti-imperialista durante sua presidência.[11]
Ouriques é um crítico ferrenho da presidência de Jair Bolsonaro, argumentando que a política externa do Brasil havia se tornado a de uma república das bananas sob seu governo.[12] Ele argumentou que o PT e a "esquerda liberal" estão despreparados para enfrentar as ameaças representadas pelo governo de Bolsonaro.[13] Ouriques comparou Bolsonaro a Augusto Pinochet, o ditador de direita do Chile de 1974 a 1990.[14] Além disso, Ouriques argumentou que o governo Bolsonaro destruiu o status do Brasil como uma potência emergente e relegou o país a ser um representante dos interesses dos EUA na região.[15]
O vice-presidente Hamilton Mourão, general aposentado do Exército Brasileiro, tem sido alvo constante de críticas de Ouriques. Ouriques disse que Mourão é efetivamente "um homem dos Estados Unidos", que está plenamente "em sintonia com a doutrina de segurança hemisférica dos Estados Unidos". Ouriques argumenta que o relativo comedimento de Mourão em ambientes públicos em comparação com o mais bombástico Bolsonaro o torna mais perigoso do que o presidente sob o qual ele serve.[16]
Natural do estado de Santa Catarina, Ouriques falou sobre o legado da imigração europeia e do sistema latifúndio nos atuais padrões de votação de direita na região.[17] Ouriques é ativo na sede local do PSOL em Santa Catarina, tendo se juntado ao comício de lançamento dos candidatos do partido que disputaram nas eleições de 2018.[18]
Campanha presidencial de 2018
[editar | editar código-fonte]Nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, Ouriques tentou concorrer à presidência como membro do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).[19][20][21] No entanto, ele perdeu a indicação do partido para o líder trabalhista Guilherme Boulos.[22][23][24] Ouriques acusou a liderança do PSOL de favoritismo injusto a Boulos.[25]
Trabalhos selecionados
[editar | editar código-fonte]- "O colapso do figurino francês: crítica às ciências sociais no Brasil"[26] - 2014
- "Dependência e Marxismo: Contribuições ao Debate Crítico Latino-Americano"[27] - 2016
- "Crítica à razão acadêmica: reflexão sobre a universidade contemporânea"[28] - 2017
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Nildo Ouriques». IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos
- ↑ «Nildo Domingos Ouriques». Escavador. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Quem são os jornalistas e youtubers chamados de 'detratores do governo'?». DCI. 3 de dezembro de 2020. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Professor da UFSC aparece em lista de jornalistas e influenciadores em relatório do governo». www.nsctotal.com.br. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ a b «Conheça o catarinense Nildo Ouriques, que pode ser candidato à presidência pelo PSOL». www.nsctotal.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Entrevista com Nildo Ouriques, pré-candidato à presidência pelo PSOL - Diário Liberdade». gz.diarioliberdade.org. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Professor da UFSC, Nildo Ouriques dará palestra no sindicato sobre liberalismo». Sintrajud. 14 de maio de 2019. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Nildo Ouriques». PORTAL RESISTENTES. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Nildo Ouriques» [ligação inativa]
- ↑ «Nildo Ouriques e o 5º Encontro nacional do PT». Página 13. 28 de dezembro de 2020. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ Silva, Roberto Bitencourt da (10 de novembro de 2017). «A "Revolução Brasileira" de Nildo Ouriques, por Roberto Bitencourt da Silva | GGN». Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «"A política externa do Brasil é de república bananeira, um desastre", afirma professor da UFSC». www.nsctotal.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ Sanson, Cesar. «"O governo Bolsonaro trará mais violência e desigualdade, mas a esquerda liberal não tem respostas à altura". Entrevista com Nildo Ouriques». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «A revolução brasileira tematizada por Nildo Ouriques: ou massa ou classe social ou ambas?». IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos. 15 de março de 2020
- ↑ admin (6 de fevereiro de 2019). «El fin de Brasil como potencia global emergente». UninomadaSUR (em espanhol). Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Ouriques ataca 'alternativa' Mourão: "É um homem dos Estados Unidos"». Programa Faixa Livre. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Bolsonaro criou "uma bolha de interesses conservadores e liberais" no sul do país, avalia sociólogo». RFI. 18 de outubro de 2018. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ Mirante, O. (20 de fevereiro de 2018). «Com presença de presidenciável, PSOL lança Adilson Mariano na disputa ao Congresso». O Mirante. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Os candidatos à Presidência e quais dificuldades têm de superar durante a campanha». BBC News Brasil. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Filiação de Boulos é criticada por postulantes do PSOL». Blog de Jamildo. 8 de março de 2018. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Chico Alencar deve ser candidato ao Senado pelo Rio». O Globo. 16 de outubro de 2017. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Nildo Ouriques e os novos desafios do PSOL». O Cafezinho. 15 de junho de 2019. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Nildo Ouriques: 'Minha candidatura é pelas prévias'». Esquerda Online. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Guilherme Boulos é confirmado pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL». ISTOÉ DINHEIRO. 10 de março de 2018. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «Candidatura de Boulos racha Psol | Brasil | O Dia». odia.ig.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021
- ↑ «The Collapse of the French Costume» (PDF) [ligação inativa]
- ↑ «Dependência e Marxism» [ligação inativa]
- ↑ «Critique of Academic Reason» [ligação inativa]