O Homem do Povo – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Homem do Povo
O Homem do Povo
Periodicidade Semanal
Sede São Paulo, SP
Fundação 27 de março de 1931
Fundador(es) Oswald de Andrade e Patrícia Galvão
Término de publicação 13 de abril de 1931

O Homem do Povo foi um semanário político, publicado por Oswald de Andrade e Patrícia Galvão entre março e abril de 1931.

1ª edição - sexta-feira, 27 de março de 1931

2ª edição - sábado, 28 de março de 1931

3ª edição - terça-feira, 31 de março de 1931

4ª edição - quinta-feira, 2 de abril de 1931

5ª edição - sábado, 4 de abril de 1931

6ª edição - terça-feira, 7 de abril de 1931

7ª edição - quinta-feira, 9 de abril de 1931

8ª edição - segunda-feira, 13 de abril de 1931

Marcado por efêmera existência foram publicados somente oito números de O Homem do Povo, entre os meses de março e abril de 1931. Criado poucos anos após a Revista de Antropofagia (1928-29), esse semanário tinha uma feição diferente da revista, era a manifestação das primeiras aproximações de Oswald com o ativismo e o marxismo, questão essa que aparecerá em sua produção ao longo dos anos de 1930-40. Por isso é que no mesmo momento da publicação do jornal ocorre sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, que se estenderá até o ano de 1945. A partir desse momento, deu-se início a uma incessante autoconstrução de sua imagem como intelectual militante, algo como uma reiterada “escrita de si mesmo”, no sentido da criação ou legitimação do seu papel e atuação como figura autorizada no que tange à sua participação política.

Linha política

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Já na primeira edição percebemos em letras garrafais o título O Homem de Povo ocupando um quarto da página. Logo a seguir, a indicação que o mesmo seria dirigido pelo homem do povo – impresso em letras minúsculas –, e a referência de que se tratava de uma publicação que abordaria os problemas da cidade, do país e do mundo. Essas características, por conseguinte, acompanharam todas as edições seguintes.

Em editorial assinado pelo próprio Oswald de Andrade, intitulado “Ordem e Progresso”, uma espécie de manifesto das razões de ser da publicação, podemos ler:

Em artigo intitulado “O nosso programa”, também publicado no primeiro número do impresso, Hélio Negro [2] faz eco aos posicionamentos de Oswald de Andrade. Segundo o artigo,

O Homem do Povo teve curta duração porque foi proibido por policiais depois de uma briga com estudantes de direito, em apenas oito edições o jornal satirizava a sociedade capitalista e burguesa no Brasil, trazia textos políticos e contou com a participação de Queiroz Lima e do crítico Astrojildo Pereira. Nessas 8 edições Pagu publicou tiras e ilustrou o jornal e publicou sua coluna “Mulher do Povo”.[4]

O Homem do Povo, através de sua iconografia com charges, fotografias e propagandas provocativas eram voltadas, primordialmente, a atingir a elite. O que demonstra qual era o público que queriam atingir (não era o “povo”, mas a nata social paulista). O jornal representava a luta pelos ideais que a sociedade daquela época carecia, principalmente a proletária. A vida do jornal por isso mesmo foi inevitavelmente atrapalhada pela elite.[carece de fontes?]

Desta forma, justificam-se as publicações do panfletário, (rebatido com críticas e, por fim, impedido de circular). Como bem afirmou Carvalho, “Uma das características apontadas por todos os que já estudaram esses panfletos e jornais é a violência da linguagem, o ataque pessoal, o argumento ad personam”.[5]

Sua breve duração, no entanto, não impede que ele seja apropriado como um objeto para estudar as relações de Oswald de Andrade com as ideias políticas que circulavam no início da década de 1930,o jornal Homem do Povo, foi um periódico de publicidade do ideal socialista, a partir dos instrumentos metodológicos dos Estudos Culturais. A teoria de cultura de Williams, a dimensão de cultura que descreve os trabalhos e práticas de atividade intelectual, o “modo de luta” de Oswald de Andrade, a sua experiência de luta política, a sua forma de crítica social. O Povo, categoria de análise, é situado no repensar da teoria da cultura, de redefinir o status de arte e encontrar seu elo com a vida social ordinária. Para tanto, utilizaremos preferencialmente a obra Marxismo e Literatura, que imprime o método do Materialismo Cultural, contribuição para a teoria marxista da cultura e definido como uma teoria das especificidades da produção material e literária. [6]

Referências

  1. O Homem do Povo: março/abril de 1931, p. 1
  2. pseudônimo de Antonio Candeias Duarte dono da Editorial Marenglen, proprietário da tipografia. CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Editando a desordem. In: “Livros proibidos, idéias malditas.” São Paulo: FAPESP, 2002. p. 55-69
  3. O Homem do Povo: março/abril de 1931, p. 2
  4. «As tiras de Pagu in Lady's Comic. Consultado em 8 de fevereiro de 2012 
  5. CARVALHO, José Murilo. A História Intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura. Topoi, Rio de Janeiro, nº 1, p. 139
  6. Marcio Luiz Carrieri, OSWALD DE ANDRADE E O PCB NA DÉCADA DE 1930: MODERNO, MODERNIDADE E DIÁLOGO SOCIAL, XXVII Simpósio Nacional de História, Natal RN 22 a 26 de julho de 2013