Ofensiva no noroeste da Síria de 2019–2020 – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ofensiva no Noroeste da Síria (2019-presente) | |||
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Guerra Civil Síria Intervenção militar turca na província de Idlib | |||
Mapa ilustrativo dos avanços das forças do Exército Árabe Sírio e aliados | |||
Data | 19 de dezembro de 2019 - presente | ||
Local | Noroeste da Síria | ||
Situação | Cessar-fogo - Vitória estratégica e decisiva do Exército Árabe Sírio (EAS) e aliados | ||
Mudanças territoriais |
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A Ofensiva no Noroeste da Síria, denominada como "Amanhecer de Idlib 2"[1], é uma operação militar iniciada pelas forças armadas da República Árabe Síria, Rússia, Irão, Hezbollah e outros grupos aliados contra territórios controlados pelos jihadistas de Tahrir al-Sham, Centro de Operações Incitem os Crentes, o Partido Islâmico do Turquestão na Síria e outros grupos radicais, bem como, contra o movimento pró-turco Exército Nacional Sírio na província de Idlib[2]. A ofensiva começou a 19 de dezembro de 2019, e cerca de 980.000 civis ficaram deslocados como consequência do avanço das forças governamentais nos territórios controlados pelas forças da oposição[3][4]. Outra consequência deste avanço das tropas sírias foi o cerco a vários postos de observação controlados pelas forças armadas da Turquia, instalados em territórios rebeldes e jihadistas como consequência do acordo de Sochi de 2018 para desmilitarizar a província[5][6][7].
Em 27 de fevereiro de 2020, a Turquia formalizou uma operação militar, denominada "Operação Escudo da Primavera", com o objectivo de expulsar as forças governamentais sírias dos territórios rebeldes capturados e forçar o governo sírio a recuar para as fronteiras pré-ofensiva[8]. Apesar de fortes ataques contra posições sírias e ofensivas rebeldes apoiados pelas forças turcas, a operação fracassou[9].
A 5 de março de 2020, após uma reunião entre o presidente turco Erdogan e o presidente russo Vladimir Putin, foi anunciado um cessar-fogo a começar à meia-noite do dia 6 de março[10]. O acordo russo-turco de cessar-fogo reconhece como irreversíveis os ganhos efetuados pelas forças governamentais sírias, em especial a importante ligação rodoviária M5 que liga Damasco a Alepo e que passa por Saraqib (importante bastião da oposição capturado pelo governo), bem como estabelece uma zona de segurança de 6 km ao longo de outra autoestrada, a M4, que liga a zona costeira a Alepo. O acordo prevê patrulhas conjuntas a começarem a partir de 15 de março, com a Turquia a ser obrigada a expulsar as forças anti-governo desta zona, com a ressalva que a Síria e Rússia poderão retomar a ofensiva caso tal não seja cumprido[11][12][13][14].
Reações
[editar | editar código-fonte]Supranacionais
[editar | editar código-fonte]- Organização das Nações Unidas: O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos Rupert Colville, questionado sobre se a Síria e a Rússia estavam intencionalmente atingindo civis e edifícios protegidos, dizendo: "A vasta quantidade de ataques em hospitais, instalações médicas, e escolas sugerem que (os ataques) não podem ser todos acidentais"[15]. A Alta-Comissária da Comissão da ONU para os Direitos Humanos Michelle Bachelet disse: "Famílias inteiras, algumas que fugiram de um canto da Síria para o outro ao longo da última década, estão tragicamente encontrando bombas como parte do seu dia-a-dia. Como é que alguém poderá justificar cometer ataques tão desumanos e indiscriminados?"[16].
Nacionais
[editar | editar código-fonte]- Itália: Em 25 de dezembro de 2019, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Luigi Di Maio, enquanto falava da vontade do seu país em estabelecer um cessar-fogo na Guerra Civil Líbia, disse que as situações na Líbia e na Síria eram semelhantes[17].
- Câmara dos Representantes da Líbia: Em 2 de março de 2020, o governo sírio anunciou que a Embaixada da Líbia em Damasco iria ser reaberta após 8 anos de encerramento[18]. O governo líbio de Khalifa Hafter assinou um memorando de entendimento com o governo sírio para reabrir embaixadas nos respectivos países e enfrentar a "interferência turca"[19].
- Turquia: Em 31 de janeiro de 2020, o presidente Recep Tayyip Erdoğan pediu ao governo sírio para parar a sua ofensiva na província de Idlib, e ameaçou com uma intervenção militar caso tal não acontecesse[20].
- Emirados Árabes Unidos: No 48.º aniversário do Dia Nacional dos EAU (2 de dezembro de 2019), um oficial da Embaixada do país na Síria elogiou as ações do governo sírio e afirmando que o presidente sírio Bashar al-Assad estava agindo de forma sábia[21].
- Estados Unidos: Em 26 de dezembro de 2019, presidente Donald Trump avisou através do Twitter que "Rússia, Síria e Irão estão a matar, ou em vias de matar, milhares de civis inocentes na província de Idlib", e acrescentando que "a Turquia estão a trabalhar duramente para travar o massacre."[22] O Embaixador dos EUA para a Síria James Jeffrey avisou que a ofensiva iria criar uma crise humanitária[20]. O Secretário de Estado Mike Pompeo condenou as ações da Rússia, Irão, Hezbollah e o Governo Sírio na província de Idlib e disse que estes estavam intencionalmente impedir a implementação de um cessar-fogo no norte da Síria[23].
- China: O Embaixador chinês na ONU Zhang Jun disse a 28 de janeiro de 2020 que o "terrorismo é um facto subjacente" no conflito e "erradicar tais forças é um requisito necessário para a restauração de paz e estabilidade na Síria. [Terroristas] devem ser totalmente esmagados, e portos seguros estabelecidos pelas forças terroristas na Síria devem ser liquidados. Ao mesmo tempo, operações anti-terrorismo devem tomar precauções para não afetarem civis."[24]
Locais
[editar | editar código-fonte]- Ficheiro:Flag of Hayat Tahrir al-Sham.svg Tahrir al-Sham: Em resposta à ofensiva iniciada a 19 de dezembro, o líder de Tahrir al-Sham Abu Mohammad al-Julani disse numa declaração vídeo que a ofensiva iria afetar estabilidade regional e as vidas de pessoas pela região, nomeadamente no Levante, Turquia, Arábia Saudita, Iémen, Iraque e Golfo Pérsico. Julani também afirmou que HTS conseguiu muitos dos seus objetivos na Síria, como enfraquecer o estado do Exército Árabe Sírio e a economia síria; Julani criticou o papel da Rússia em apoiar o governo Sírio como uma tentativa de recuperar a influência que a Rússia tinha na era soviética[25].
Referências
- ↑ Gurcan, Metin (30 de dezembro de 2019). «Turkish troops in Syria threatened at Idlib outposts». Al-Monitor (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «After 9 days of bloody clashes, Hayyaat Tahrir al-Sham with the "jihadi" factions control about 80% of the area of what is left for the opposition factions within Syrian territory». OSDH. 9 de janeiro de 2020. Consultado em 8 de março de 2020 zero width space character character in
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at position 116 (ajuda) - ↑ «Russian, Syrian Regime Forces Step Up Attacks on Rebel Stronghold Idlib | Voice of America - English». www.voanews.com (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Nearly 700,000 Displaced in NW Syria as Regime Fire Spikes». Asharq AL-awsat (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ Washington, Bethan McKernan Julian Borger in (22 de outubro de 2019). «Turkey and Russia agree on deal over buffer zone in northern Syria». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077
- ↑ «Syrian Army Regains Control over More Areas in Idlib's Southeast (+Video) - World news». Tasnim News Agency (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «In conjunction with the absence of Air Force for four consecutive hours, hit-and-run clashes take place in Maarrat al-Nu'man countryside». OSDH. 24 de dezembro de 2019. Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Turkey launches Operation Spring Shield». Hürriyet Daily News (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Syria army retakes Saraqib city in Idlib from opposition». Middle East Monitor (em inglês). 2 de março de 2020. Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Russia, Turkey agree ceasefire deal for Syria's Idlib». Reuters (em inglês). 6 de março de 2020
- ↑ «Ceasefire starts in Syria's Idlib». BBC News (em inglês). 6 de março de 2020
- ↑ Desk, News (5 de março de 2020). «Idlib ceasefire announced after meeting between Russia, Turkey». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Russia, Turkey agree ceasefire deal for Syria's Idlib». ABC News (em inglês). 6 de março de 2020. Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ Kirby, Jen (6 de março de 2020). «Turkey and Russia reached a ceasefire in Syria. Will it hold?». Vox (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Air strikes hit hospitals, camps in northwest Syria, Turkey demands pull-back». Reuters (em inglês). 18 de fevereiro de 2020
- ↑ «UN human rights chief horrified by escalating humanitarian crisis in Syria [EN/AR] - Syrian Arab Republic». ReliefWeb (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Italy intends to promote an EU ceasefire mission in Libya | The Libya Observer». www.libyaobserver.ly (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «Libya's eastern government opens Damascus embassy, pledges united fight against Turkey». Reuters (em inglês). 3 de março de 2020
- ↑ «Libyan embassy in Syria to re-open March 3 after 8-year shutdown». EgyptToday. Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ a b «Jihadist car bomb attacks target Syrian pro-government forces in Aleppo». Reuters (em inglês). 1 de fevereiro de 2020
- ↑ «UAE official praises Assad as his forces kill civilians in Idlib». Middle East Eye (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ Oprysko, Caitlin. «Trump warns Syria, Russia and Iran against killing 'innocent civilians' in Idlib province». POLITICO (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ Desk, News (28 de janeiro de 2020). «Pompeo accuses Syrian gov't Russia, Iran, Hezbollah of preventing ceasefire in Syria». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «UN chief urges Syria cease-fire but Russia and China oppose». AP NEWS. 28 de fevereiro de 2020. Consultado em 8 de março de 2020
- ↑ «New video message from Hay'at Taḥrīr al-Shām's Abū Muḥammad al-Jawlānī: "The War of Liberation and Independence"». jihadology.net. Consultado em 8 de março de 2020