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Os Cus de Judas
Autor(es) António Lobo Antunes
Idioma português
País Portugal Portugal
Assunto Guerra Colonial em Angola
Série Ciclo da aprendizagem
Editora Vega
Formato 21 cm
Lançamento Julho de 1979
Páginas 196
Cronologia
Memória de Elefante (1979)
Conhecimento do Inferno (1980)

Os Cus de Judas é um livro de António Lobo Antunes editado pela primeira vez em 1979.

É o segundo livro do autor e valeu-lhe em 1987 um prémio da embaixada de França em Lisboa.

“Do que gostava mais no Jardim Zoológico era do ringue de patinagem sob as árvores e do professor preto muito direito a deslizar para trás no cimento em elipses vagarosas sem mover um músculo sequer, rodeado de meninas de saias curtas e botas brancas, que, se falassem, possuíam seguramente vozes tão de gaze como as que nos aeroportos anunciam a partida dos aviões, sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fios de rebuçado na concha da língua.”
Assim começa este testemunho sobre os horrores a que assistiu durante os dois anos em que esteve destacado na ex-colónia portuguesa[1].

Retrata a experiência pessoal de Lobo Antunes como médico de campanha enviado para Angola na Guerra Colonial portuguesa. Ao longo do livro, o leitor que assume mesmo a dimensão de "interlocutora" do personagem principal, constata uma Angola degradada, em plena guerra colonial, esse "inacreditável absurdo da guerra". Muito mais do que uma opinião, a descrição do autor é a explosão de uma dura experiência, focando-se em vários pontos: as inúmeras baixas da guerra (desprezadas pelo Estado), os inocentes da vida (as pobres crianças de Angola e as miseráveis condições em que viviam), a distância de casa, a perda dos laços familiares, o medo da morte mas, sobretudo, a eterna incompreensão dessa guerra.

Critica ainda as senhoras do Movimento Nacional Feminino que visitavam os soldados e lhes levavam "medalhas da Senhora de Fátima e porta-chaves com a efígie de Salazar, acompanhadas de padres-nossos nacionalistas e de ameaças do inferno bíblico de Peniche".

O livro foi escrito quando António Lobo Antunes era interno do professor Eduardo Cortesão. Ele tinha uma casa na Praia da Luz e o autor ia para lá escrever. Após a recusa de publicar por várias editoras, Daniel Sampaio entregou o livro ao editor da Vega, Assírio Bacelar. O livro foi publicado em Julho de 1979 e em Setembro tinha vendido bem[2].

Referências

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