Padeira de Aljubarrota – Wikipédia, a enciclopédia livre

Imagem ilustrativa "Padeira de Aljubarrota"
A história da padeira de Aljubarrota em azulejos.

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria matado sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.

Brites de Almeida teria nascido em Faro em 1350,[1] de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.

Teria 6 dedos em cada mão,[1] o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.

Brasão da freguesia de Prazeres de Aljubarrota, com a pá de Brites no escudo.

Vendeu os poucos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.

Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saído para ajudar nas escaramuças que ocorriam.

Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. De seguida, tê-los-à cozido, no seu forno, juntamente com o pão com chouriço. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituído uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.

Os historiadores tomam em linha de conta que a história de Brites de Almeida é uma lenda; mas, assim mesmo, é inegável que Brites se tornou uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.

Referências

  1. a b Portugal antigo e moderno diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal e grande número de aldeias, Augusto Soares d'Almeida Barbosa de Pinho Leal, (obra concluída por Pedro Augusto Ferreira (Abade de Miragaia), Lisboa, Livraria Editora Mattos Moreira & Companhia, (12 vols.), 1873-1890
  • Histórias mal-assombradas de Portugal e Espanha, Adriano Messias, Editora Biruta, 2010.
  • Dicionário Prático Ilustrado Lello, José Lello e Edgar Lello, ed. Lello & Irmãos, 1964, pág. 1389
  • Cancioneiro Portuguez, António Francisco Barata de António Francisco, Imprensa litteraria, 1866 (204 páginas), pág. 43
  • Heroínas de Guerra: Resenha Sucinta Dalgumas Mulheres que Foram Soldados, João Paulo Freire, J.P. Freire, 1941 (94 páginas), pág. 26
  • Litteratura, Música e Bellas-artes, José Maria de Andrade Ferreira, Rolland & Semiond, 1872, pág. 101
  • Carta a respeito da heroina de Aljubarrota: Brites de Almeida, que com a pá …, F. M. F., Imprensa Académica, 1880
  • Auto novo, e curioso da forneira de Aljubartora, "Brites de Almeida" em que…, André da Luz, Off. dos herd. de Antonio Pedrozo Galram, 1743

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