Palais de l'Industrie – Wikipédia, a enciclopédia livre
O Palais de l'Industrie et des Beaux-arts (Palácio da Indústria e das Belas Artes), chamado mais vulgarmente de Palais de l'Industrie (Palácio da Indústria), foi um palácio de exposições construído para a Exposição Universal de 1855 nos Champs-Élysées, Paris. Foi obra do arquitecto Victor Viel e do engenheiro Alexis Barrault.
História
[editar | editar código-fonte]Inaugurado no dia 15 de Maio de 1855 por Luís-Napolão Bonaparte, recentemente tornado Imperador Napoleão III de França, o palácio foi o emblema da primeira Exposição Universal francesa. Essa exposição, que atingiu mais se cinco milhões de visitantes, foi a resposta do chefe de Estado francês ao sucesso da Exposição Universal londrina de 1851, elogiada, nomeadamente, pela audácia e a novidade do seu Crystal Palace.[1]
Ao inverso da maioria dos edifícios construídos por ocasião dessas exposições, e nomeadamente no caso do já citado Crystal Palace, o Palais de l'Industrie tinha por objectivo oferecer um cenário de exposições permanentes em pleno coração de Paris.
Oficialmente baptizado de Palais de l'Industrie et des Beaux-arts, a exposição de belas-artes deu-se, na realidade, num palácio adjacente (situado nos números 16-18 da Avenue Montaigne. Os dois edifícios assumiram, assim, os nomes respectivos de Palais de l'Industrie e Palais des Beaux-arts. Este palácio estava, com efeito, destinado a abrigar a exposição de inovações técnicas e artesanais, em 21.779 stands.[2] Serviu, para além da inauguração, para numerosas cerimónias de recompensa e, nomeadamente, para a distribuição de medalhas no dia 15 de Novembro de 1855, em presença de cerca de 40 000 convidados e duma orquestra dirigida por Hector Berlioz. Foram distribuídas 11 000 medalhas pelo Júri, às quais é preciso acrescentar 40 distinções pessoais da parte do Imperador. Essas recompensas permitiram a alguns obter rendas vitalícias por "serviços prestados à civilização".
O edifício serviu para as Exposições Universais de 1855, 1878 et 1889, além se ser utilizado para os salões artísticos de 1857 1897, exposições agrícolas e hortícolas, concursos hípicos, festas e cerimónias públicas. No dia 4 de Maio de 1897, são para ali levados os corpos calcinados das vítimas do incêndio do Bazar de la Charité a fim de que as famílias os pudessem reconhecer.
Para preparar a Exposição Universal de 1900, o edifício foi destruído a partir de 1896 para dar lugar ao Petit Palais e ao Grand Palais. O seu desaparecimento permitiu ligar o Hôtel des Invalides ao Palais de l'Élysée pela Ponte Alexandre III e criar uma grande perspectiva qualificada por muito tempo por axe républicain ("eixo republicano").
Descrição
[editar | editar código-fonte]Construído ao longo dos Champs-Élysées, no grand carré des Jeux, no eixo do Palais de l'Élysée e da Avenue de Marigny,[3] o Palais de l'Industrie ocupava um espaço que a Cidade de Paris inha devolvido ao Estado, com vista à sua construção, em 1852.
O palácio apresentava uma arquitectura racionalista de ferro e vidro característica daquele período por trás duma fachada em pedra de estilo ecléctico, destinado tanto a dar-lhe um carácter monumental como a esconder a estrutura.[4]
Este gigantesco palácio oferecia uma fachada com 205 metros de comprimento,[5] ornada por um gigantesco pórtico em arco de triunfo abrindo para uma grande nave central. A fachada, dividida em dois níveis por arcos, volta perfeita, era pontuada por quatro imponentes pavilhões de esquina. Com os seus 47 metros de largura (108 metros de profundidade incluindo a Galeria das Máquinas), o edifício estendia-se por mais de dois hectares. Atingia os 35 metros de altura e comportava 408 janelas.
A cornija superior do pórtico monumental estava decorada por um grupo escultórico, esculpido por Elias Robert, representando "A França distribuindo coroas ao Comércio e à indústria", rodeado por símbolos imperiais, cartucho com águia segurado por crianças, obra de Georges Diebolt.[6]
O Palais de l'Industrie dava acesso por uma rotunda, dita do "Panorama",[7] à famosa galeria anexa, chamada de "Galeria das Máquinas", uma imensa galeria de 1 200 metros de comprimento por 17 de altura, correndo ao longo do cais do Sena.
O escritor Amédée Achard descreve assim o edifício:
"Um dia, o governo teve a ideia de construir um palácio para a Exposição Universal, que por algum tempo foram alojados aleatoriamente em cabanas de tábuas e sob um prédio de papelão. Existia precisamente, entre a Cours-la-Reine e a avenue des Champs-Élysées, um grande espaço vazio onde pacíficos arrendatários jogavam bocha e que charlatões lotavam nos dias de festa. Era chamado de Carré-Marigny. Dois ou três mil trabalhadores foram logo levados para lá, e o Palácio de Exposições foi construído. Com as portas abertas, e apesar da extensão de suas proporções, verificou-se que era muito pequeno; e o monumento que iria abrigar gerações de industriais vindos de todas as partes do mundo rompeu com a Exposição Universal. Faz não é totalmente desnecessário. Na primavera estão penduradas as duas ou três mil pinturas que os artistas vivos completam a cada ano para o prazer de seus contemporâneos, e de vez em quando, no verão como no outono, às vezes no inverno, exibimos por sua vez as mais belas produtos das espécies bovina, ovina e suína, os melhores alunos de todos os canis franceses, as aves mais gordurosas de todos os quintais nacionais e os queijos mais saborosos de todos os nossos departamentos."[8]
Referências
- ↑ Construído inteiramente em ferro e vidro pelo engenheiro Joseph Paxton, essa grande "estufa" constituida por elementos pré-fabricados desmontáveis e transportáveis, elevava-se por mais de 30 metros de altura.
- ↑ Para um total de 25.600 no conjunto da exposição.
- ↑ Paralelo ao Sena, hoje estaria sobre a Avenue Winston-Chuchill, com uma entrada prncipal face à Grille du Coq do Palais de l'Élysée.
- ↑ Numerosos edifícios da época respondem a este esquema de construção,como a Gare du Nord a Gare d'Orsay ou a Ópera Garnier.
- ↑ Para comparação, a fachada do Hôtel des Invalides tem 224 metros.
- ↑ Alguns vstígios desta escultura estão hoje conservados no fundo do Parque de Saint-Cloud, com um "Grupo de crianças" de Georges Diebolt.
- ↑ Tratava-se do antigo Panorama edificado segundo planos de Jacques Hittorff em 1839 e integrado nos edifícios da primeira Exposição Universal como sala de exposição onde foram apresentados os produtos de manufactura de Sèvres e dos Gobelins assim como as jóias da Coroa de França.
- ↑ Paris-Guide par les principaux écrivains et artistes de la France, ed.Librairie Internationale, 1867.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Marc Gaillard, PARIS, Les Expositions Universelles de 1855 à 1937, Paris : Les Presses Franciliennes, 2003 ISBN 2-9520091-1-2
- Sur les traces des Expositions universelles à Saint-Cloud, catálogo da exposição do museu dos Avelines (25 de Março a 31 de Maio de 2009), Saint-Cloud, 2009.
- Sur les traces des Expositions universelles de Paris-1855-1937, Edições Parigramme, por Sylvain Ageorges.